Encontre milhões de e-books, audiobooks e muito mais com um período de teste gratuito

Apenas $11.99/mês após o término do seu período de teste gratuito. Cancele a qualquer momento.

A Fazenda dos Animais: Uma fábula
A Fazenda dos Animais: Uma fábula
A Fazenda dos Animais: Uma fábula
E-book134 páginas2 horas

A Fazenda dos Animais: Uma fábula

Nota: 0 de 5 estrelas

()

Ler a amostra

Sobre este e-book

Na Fazenda do Solar, o porco Maioral tem um sonho e incita todos os outros animais a se rebelarem contra o jugo humano. À morte deste, Bola de Neve e Napoleão, porcos mais jovens, apropriam-se do seu legado e comandam uma revolta que resulta na expulsão do dono, o sr. Jones. A propriedade é rebatizada de Fazenda dos Animais e lá passa-se a promover a doutrina do Animalismo, segundo a qual "todos os animais são iguais" e humanos não merecem confiança. Mas a vida na fazenda toma rumos inesperados... Aclamado mundialmente como um dos romances mais importantes do século XX, "A Fazenda dos Animais" (publicado como "A revolução dos bichos" no Brasil), de George Orwell, é uma alegoria política, cujas possibilidades de leitura não cessam de se renovar.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento28 de jan. de 2021
ISBN9786556661353
A Fazenda dos Animais: Uma fábula
Autor

George Orwell

George Orwell (1903–1950), the pen name of Eric Arthur Blair, was an English novelist, essayist, and critic. He was born in India and educated at Eton. After service with the Indian Imperial Police in Burma, he returned to Europe to earn his living by writing. An author and journalist, Orwell was one of the most prominent and influential figures in twentieth-century literature. His unique political allegory Animal Farm was published in 1945, and it was this novel, together with the dystopia of 1984 (1949), which brought him worldwide fame. 

Relacionado a A Fazenda dos Animais

Ebooks relacionados

Ficção Geral para você

Visualizar mais

Artigos relacionados

Categorias relacionadas

Avaliações de A Fazenda dos Animais

Nota: 0 de 5 estrelas
0 notas

0 avaliação0 avaliação

O que você achou?

Toque para dar uma nota

A avaliação deve ter pelo menos 10 palavras

    Pré-visualização do livro

    A Fazenda dos Animais - George Orwell

    caparosto

    Prefácio do autor à edição ucraniana de A Fazenda dos Animais

    Pediram-me para escrever um prefácio à tradução ucraniana de A Fazenda dos Animais. Estou ciente de que escrevo para leitores sobre os quais nada sei, mas eles provavelmente tampouco tiveram qualquer ocasião de saber algo sobre mim.

    Por certo esperam que, nesse prefácio, eu conte alguma coisa sobre as origens de A Fazenda dos Animais, mas, antes disso, quero falar um pouco sobre mim e as experiências que me levaram à minha posição política.

    Nasci na Índia em 1903. O meu pai era funcionário da administração inglesa no país, e a minha família era uma daquelas famílias comuns de classe média de soldados, sacerdotes, funcionários públicos, professores, advogados, médicos etc. Estudei em Eton, a escola1 pública inglesa mais cara e mais esnobe de todas. Só entrei lá graças a uma bolsa de estudos; não fosse isso, o meu pai não teria tido condições de me enviar para esse tipo de escola.

    Logo depois de me formar (não tinha ainda completado vinte anos), fui para a Birmânia e ingressei na Polícia Imperial indiana. Era uma polícia armada, uma espécie de gendarmerie muito semelhante à Guardia Civil espanhola e à Garde Mobile francesa. Fiquei cinco anos no serviço. Não condizia comigo e me fez odiar o imperialismo, embora naquela época os sentimentos nacionalistas na Birmânia não fossem muito acentuados e as relações entre os ingleses e os birmaneses não fossem especialmente inamistosas. Quando estava em licença na Inglaterra em 1927, pedi dispensa e decidi virar escritor: de início, sem nenhum grande sucesso. Em 1928 e 1929, morei em Paris e escrevi contos e romances que ninguém quis publicar (depois destruí todos eles). Nos anos seguintes, vivi à míngua e várias vezes passei fome. Somente a partir de 1934, pude começar a viver do que escrevia. Nesse meio-tempo, algumas vezes passei meses a fio vivendo entre os pobres e delinquentes que moram nas piores áreas dos bairros mais pobres ou que ficam nas ruas, esmolando e roubando. Naquela época, associei-me a eles por falta de dinheiro, mas depois vim a me interessar muito por aquele tipo de vida em si. Passei muitos meses (dessa vez, mais sistematicamente) estudando as condições dos mineiros no norte da Inglaterra. Até 1931, não me via, de modo geral, como socialista. Na verdade, até então eu não tinha nenhuma posição política definida. Tornei-me pró-socialista mais por horror à opressão e ao descaso a que estava submetida a parcela mais pobre dos operários industriais do que por qualquer admiração teórica por uma sociedade planejada.

    Em 1936, casei-me. Quase na mesma semana, eclodiu a guerra civil na Espanha. Nós dois, a minha esposa e eu, queríamos ir para a Espanha e lutar pelo governo espanhol. Em seis meses estávamos prontos, logo depois que terminei o livro que estava escrevendo. Na Espanha, passei quase seis meses no front de Aragão até que, em Huesca, o disparo de um atirador fascista me atravessou a garganta.

    Nas fases iniciais da guerra, os estrangeiros em geral não sabiam das lutas internas entre os vários partidos políticos que apoiavam o governo. Por uma série de acasos, ingressei não na Brigada Internacional, como a maioria dos estrangeiros, mas sim na milícia do POUM (Partido Obrero de Unificación Marxista) – isto é, os trotskistas espanhóis.

    Assim, nos meados de 1937, quando os comunistas tomaram o controle (ou parte do controle) do governo espanhol e começaram a perseguir os trotskistas, a minha esposa e eu nos vimos entre as vítimas. Tivemos muita sorte em sair vivos da Espanha, e nem sequer chegamos a ser presos. Muitos amigos nossos foram fuzilados e outros passaram muito tempo na prisão ou simplesmente desapareceram.

    Essas caçadas humanas na Espanha se deram na mesma época dos grandes expurgos na URSS e serviam como uma espécie de suplementação deles. Na Espanha, assim como na Rússia, a natureza das acusações (a saber, conspiração com os fascistas) era a mesma e, no que se referia à Espanha, eu tinha todas as razões para crer que eram falsas. Ao passar por tudo isso, aprendi uma lição prática valiosa: vi com que facilidade a propaganda totalitária consegue controlar a opinião de pessoas esclarecidas em países democráticos.

    A minha esposa e eu vimos pessoas inocentes jogadas na prisão só por serem suspeitas de inortodoxia. Apesar disso, quando voltamos à Inglaterra, vimos muitos observadores sensatos e bem informados acreditando nas mais fantasiosas histórias de conspirações, traições e sabotagens noticiadas na imprensa a respeito dos processos em Moscou.

    E assim entendi, com clareza maior do que nunca, a influência negativa do mito soviético sobre o movimento socialista ocidental.

    E aqui faço uma pausa para apresentar a minha posição frente ao regime soviético.

    Nunca estive na Rússia e o meu conhecimento sobre ela consiste apenas no que se pode ler nos livros e jornais. Mesmo que eu tivesse poder para isso, não interferiria nos assuntos internos soviéticos: não condenaria Stálin e associados meramente pelos seus métodos bárbaros e não democráticos. É bem possível que, mesmo com as melhores das intenções, não pudessem agir de outra maneira nas condições vigentes.

    Mas, por outro lado, para mim era da máxima importância que as pessoas na Europa Ocidental enxergassem o regime soviético como realmente era. Desde 1930, eu via poucos indícios de que a URSS estivesse avançando para algo que se poderia realmente chamar de socialismo. Pelo contrário, eu percebia os claros sinais da sua transformação numa sociedade hierárquica, em que os dirigentes, tal como qualquer outra classe dirigente, não têm motivo algum para abrir mão do poder. Além disso, os trabalhadores e os intelectuais num país como a Inglaterra não conseguem entender que a URSS de hoje é totalmente diferente do que era em 1917. Isso se dá, em parte, porque não querem entender (isto é, querem acreditar que realmente existe em algum lugar um país verdadeiramente socialista) e, em parte, porque, estando acostumados a uma relativa liberdade e moderação na vida pública, o totalitarismo é totalmente incompreensível para eles.

    No entanto, é preciso lembrar que a Inglaterra não é inteiramente democrática. É também um país capitalista com grandes privilégios de classe e (mesmo agora, depois de uma guerra que tendeu a equalizar todos) com grandes diferenças de riqueza. Mas, mesmo assim, é um país onde as pessoas convivem há muitos séculos sem maiores conflitos, onde as leis são relativamente justas, onde as estatísticas e notícias oficiais são quase sempre fidedignas e onde, por fim e igualmente importante, a adoção e a manifestação de posições minoritárias não acarretam um perigo mortal. Numa atmosfera dessas, o homem comum não entende efetivamente coisas como campos de concentração, deportações em massa, prisões sem julgamento, censura da imprensa etc. Tudo o que ele lê sobre um país como a URSS é automaticamente traduzido para termos ingleses, e ele aceita de forma muito inocente as mentiras da propaganda totalitária. Até 1939, e mesmo depois, a maioria do povo inglês foi incapaz de avaliar a real natureza do regime nazista na Alemanha, e agora, com o regime soviético, ainda continua em larga medida sob o mesmo tipo de ilusão.

    Isso tem prejudicado muito o movimento socialista na Inglaterra e trouxe sérias consequências para a política externa inglesa. Na verdade, na minha opinião, nada contribuiu tanto para o corrompimento da concepção original do socialismo quanto a crença de que a Rússia é um país socialista e que todos os atos dos seus dirigentes devem ser desculpados, quando não imitados.

    Assim, faz dez anos que estou convencido de que, se quisermos um redespertar do movimento socialista, é essencial a destruição do mito soviético.

    Quando voltei da Espanha, pensei em desmascarar o mito soviético numa narrativa que quase todos entenderiam facilmente e facilmente poderia ser traduzida em outros idiomas. Mas os detalhes concretos da narrativa só me ocorreram algum tempo depois, num dia (eu morava então num pequeno povoado) em que vi um menino, com cerca de uns dez anos de idade, conduzindo uma carroça enorme puxada a cavalo numa trilha estreita e chicoteando o animal a cada vez que ele tentava virar. Ocorreu-me que, se esses animais algum dia se apercebessem da sua força, não teríamos nenhum poder sobre eles, e que os homens exploram os animais de uma maneira muito parecida como os ricos exploram o proletariado.

    Pus-me a analisar a teoria de Marx do ponto de vista dos animais. Para eles, era evidente que o conceito de uma luta de classes entre os seres humanos não passava de ilusão, visto que, sempre que era necessário explorar os animais, todos os seres humanos se uniam contra eles: a verdadeira luta se dá entre animais e seres humanos. Com esse ponto de partida, não foi difícil desenvolver a narrativa. Só vim a escrevê-la em 1943, pois estava sempre ocupado com algum trabalho que não me deixava tempo livre; no final, incluí alguns acontecimentos, por exemplo, a Conferência de Teerã, que estavam ocorrendo enquanto eu escrevia. Assim, tive as linhas principais da narrativa em mente por um período de seis anos, antes de começar a escrevê-la de fato.

    Não pretendo comentar a obra; se ela não falar por si só, é porque falhou. Mas gostaria de frisar dois aspectos. Primeiro, os vários episódios, embora sejam tomados à história real da Revolução Russa, são tratados esquematicamente e a sua ordem cronológica foi alterada; isso foi necessário por causa da simetria da narrativa. O segundo aspecto passou despercebido à maioria dos críticos, talvez porque eu não o tenha ressaltado o suficiente. Muitos leitores podem terminar o livro com a impressão de que há no fim uma reconciliação integral entre os porcos e os seres humanos. Não era essa a minha intenção; pelo contrário, quis encerrar com um enfático tom de discórdia, pois escrevi logo após a Conferência de Teerã que, segundo o que todos pensavam, estabelecera as melhores relações possíveis entre a URSS e o Ocidente. Pessoalmente, não acreditei que essas boas relações durariam muito; como depois mostraram os fatos, eu não estava muito errado.

    Não sei o que mais posso acrescentar. Se alguém estiver interessado em detalhes pessoais, digo que sou viúvo e tenho um filho com quase três anos de idade, sou escritor por profissão e desde o começo da guerra tenho trabalhado

    Está gostando da amostra?
    Página 1 de 1