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Os Mariolas e a Senhora das Sombras
Os Mariolas e a Senhora das Sombras
Os Mariolas e a Senhora das Sombras
E-book150 páginas2 horas

Os Mariolas e a Senhora das Sombras

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Sobre este e-book

Hoje tem Mariolas?
Os Mariolas são adolescentes fazendo coisas de adolescentes como qualquer adolescente, não fossem eles: um dragão fêmea zen que medita numa casa com sistema anti-incêndio... Uma fada malhadora... Um menino híbrido (meio terrestre, meio lutoniano), uma criatura mágica da floresta mesmo depois da "Grande Sombra"... Uma bruxinha estudiosa até nas férias!
É assim que João Ricardo – este menino contador de histórias – e sua mãe, Lucilaine Reis, sua parceira na vida e na escrevinhadura deste livro, nos convidam para este universo de realismo fantástico dos Mariolas.
Uma aventura que mistura humor, amor, diversidade e amizade.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento23 de fev. de 2021
ISBN9786586655452
Os Mariolas e a Senhora das Sombras

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    Os Mariolas e a Senhora das Sombras - Lucilaine Reis

    livro.

    Prefácio

    Hoje tem Mariolas? Tem sim, senhorxs! Os Mariolas são um grupo de adolescentes fazendo coisas de adolescentes como qualquer adolescente não fossem eles: um dragão fêmea zen que medita numa casa com sistema anti-incêndio... Uma fada malhadora com o corpo do Hulk e o sorriso do Tom Cruise... Um menino híbrido (meio terrestre, meio lutoniano, num entre-lugar, diante da difícil escolha entre ser menino e adolescer ou ter que ver o tempo passar rápido demais)... Uma criatura mágica da floresta mesmo depois da Grande Sombra... Uma bruxinha estudiosa até nas férias!

    É assim que João Ricardo – este menino contador de histórias – e sua mãe, Lucilaine Reis, sua parceira na vida e na escrevinhadura deste livro, nos convidam para este universo de realismo fantástico dos Mariolas. Uma aventura que mistura humor, amor, diversidade e amizade. Daquelas amizades danadas que nos fazem caminhar de mãos dadas. E os Mariolas nos dão a passagem de ida para esta viagem numa história pintada com as cores do imaginário, num mistério atravessado pelas cotidianidades da Cidade Sorriso. Uma Niterói visitada de modo tão corriqueiro como se cada um ao ler este livro pudesse ser, também, um pouco papa-goiaba, nascido nestas antigas terras de Banda d’Além.

    Uma narrativa cosmopolita e tecnológica traz consigo muitas das referências de nossa cultura popular. A Cuca, os sacis, a curupira, a Iara, o Boitatá e a caipora – seres antigos – permeiam as aventuras dos Mariolas. E nos lembram da tão atual, urgente e necessária consciência ambiental para uma vida sustentável em tempos de queimadas, destruição de florestas e ecossistemas fundamentais para a sobrevivência da humanidade.

    Há, também, uma força na travessia desses adolescentes, uma presença constante da ancestralidade, das tradições orais, daquelas histórias com cheiro de colo de vó e bolo de laranja quentinho nas tardes de domingo. Junto com esta trupe nos reconectamos à natureza e aos que vieram antes de nós...

    Do mesmo modo, a relação interespécies dos adolescentes fantásticos nos mostram um caminho, mesmo que a história não se pretenda ser um tratado de lições e morais. "Qual a probabilidade de um dragão que medita, uma elfo soturna, uma bruxinha nerd, um menino fada frequentador de shopping e um meio alienígena desajeitado serem bons amigos? A resposta mora no respeito à diversidade contra as sombras da intolerância que assolam o mundo contemporâneo. Que tal, a exemplo dos Mariolas, aprendermos a conjurar nossos feitiços de diferentes tradições? Poderíamos aprender a ver" além do que nossos olhos enxergam...

    Mas o que teria acontecido com os livros élficos sagrados? Um fusca falante no meio da floresta? Um pelotão de Hulks azuis num shopping? Uma Sombra que bloqueia livros e telas de computador?

    Como a Sombra não bloqueou o livro dos Mariolas, cabe a vocês, leitorxs, descobrirem em que enrascada estes personagens incríveis com seus poderes maravilhosos se meteram. É só abrir a primeira página encantada repleta de perigos, humor e segredos a serem desvendados. A viagem com Zênia, E-Laurio, João Bruce, Annael, Valentina e Vermelhildo vai começar! E já nos deixa um gostinho de quero mais...

    Renata Correa

    Capítulo 1

    Zênia

    Zênia estava flutuando a trinta centímetros de sua cama de lençóis floridos. Pernas em posição de lótus, mãos sobre os joelhos. Pequenos anéis de fumaça azul saíam de suas narinas a intervalos regulares. O quarto era pequeno e simples, muito claro e ventilado, mas o ar que circulava no quarto era quente, no auge do verão. Dois ventiladores giravam fazendo um zumbido constante e espalhando a fumaça do incenso pelo cômodo. Paredes brancas e móveis que não combinavam uns com os outros davam um ar de descontração e despojamento. Não havia nada na decoração que não tivesse uma utilidade. Talvez nem desse pra chamar aqueles elementos de decoração. Estavam mais pra utensílios mesmo. De frente para a cama um pequeno altar com algumas pedras coloridas, uma fonte de água e um porta-retratos vazio. Um dia aquele porta-retratos teria uma foto. Mas por hora ainda não.

    A cada respiração, seu corpo subia e descia alguns centímetros. Suas escamas metálicas reluziam os raios de sol que entravam pela janela. Muitas pessoas costumavam ter problemas com o calor no verão do Rio de Janeiro, mas sendo Zênia um dragão, ela tinha uma certa facilidade em lidar com altas temperaturas.

    Seus pais estavam trabalhando. Negócios de dragões.

    Zênia estava tentando meditar, manter o foco na respiração, deixar os pensamentos que por acaso surgissem fossem embora sem perturbá-la. Não fazer nada, apenas respirar e deixar-se ficar.

    Respirando com suavidade, as pálpebras semicerradas, sentiu a energia do elemento ar espalhando pelo seu corpo, preparou-se para se concentrar no calor curativo do elemento fogo, respirou e... Os vidros da casa tremeram, Zênia desabou sobre a cama, o quarto foi invadido por um som ensurdecedor:

    – OLHA A MEXERICA PONKAN, FREGUESA! UM BALDE POR CINCO REAIS! UM BALDÃO DE MEXERICA POR CINCO REAIS! ISSO MESMO FREGUESA! MAS O BALDE NÃO É PRA LEVAR, NÃO! É SÓ PARA MEDIR!

    No primeiro olha a mexerica, Zênia errou a respiração, engoliu uma faísca que quicou no estômago e voltou em forma de soluço. Então, ela vomitou grandes labaredas azuis alaranjadas. O fogo bateu no teto e voltou em sua cama, incendiando seus lindos lençóis floridos.

    Imediatamente o alarme de incêndio disparou, esguichando água por todos os lados (moradias de dragões sempre têm sistemas anti-incêndio). Zênia sentiu toda a paz desaparecer de seu corpo, sendo substituída por uma fúria que a invadiu completamente. Fora de controle, soube que explodiria numa língua de fogo violenta.

    Com a face vermelha e olhos lilases soltando faíscas, ela colocou a cabeça para fora da janela procurando o criminoso da mexerica, considerando seriamente a possibilidade de incinerá-lo...

    Percebeu então, que a razão de toda aquela barulheira era um adolescente franzino, sentado numa bicicleta com um alto falante. As mexericas na cesta da frente, o potente alto-falante, na garupa. O menino olhou pra ela e acenou com um sorriso, que funcionou como um raio congelante sobre sua fúria: e ela, sem graça, molhada e chamuscada perguntou ao garoto:

    – Quanto é a mexerica mesmo?

    Zênia, na verdade, adorava a vida, o barulho e a animação do Largo da Batalha, mas os vizinhos poderiam ser um pouquinho menos barulhentos. Como era difícil a vida de um dragão urbano.

    Capítulo 2

    E-Laurio

    E-Laurio abriu os olhos, mas não quis se levantar, ficou deitado e viu que horas eram. Era tarde. Mas decidiu ficar um pouco mais na cama. Adorava esse lance de cama. Olhou para o teto em acabamento de gesso. Gostava da sensação de maciez que havia nos desenhos que se formavam nas bordas. Lembravam glacê de bolo. Adorava bolo. Adorava enfiar a cara no glacê do bolo. Tão macio e fofinho. Ploft. Cara no bolo.

    Gostava de pensar em si mesmo como um sujeito que amava essas coisas de que não precisava. Não precisava dormir, mas dormia. Não precisava comer, mas comia. Não precisava de tetos de gesso, de lençóis macios com bordados, mas gostava assim mesmo. Sobretudo, não precisava malhar. Seu corpo podia assumir a forma que quisesse sem muito esforço, mas adorava malhar. Malhar pra ele era quase uma religião. O esforço, a dor, a superação dos próprios limites, o suor. Amava muito tudo isso. Pena que era mentira. Seu corpo de fada não estava subordinado às leis da física, nem às da biologia humana, então não sentia nada disso. Mas fazia muitas caras e poses e adorava estar junto da galera. Isso era bem verdadeiro.

    Depois de alguns minutos acordado, decidiu se levantar, flutuando lentamente e saindo da cama. Planou até a ampla janela envidraçada e olhou o céu ao longe, o mar tranquilo e as pessoas que passeavam no calçadão. Amava morar numa cobertura, na Praia de Icaraí e poder acordar e olhar o mar. Alguns vizinhos humanos se incomodavam com a presença de fadas no prédio. Eles argumentavam que fadas deveriam morar em moradias de fadas (o que quer que isso significasse). Mas sua família tinha dinheiro para pagar, então nem tomava conhecimento do que um ou outro vizinho ranzinza dizia.

    Vestiu magicamente a roupa de ginástica. Olhou no espelho e gostou do que viu. Tinha um bumbum bem bonitinho. Resolveu comer alguma coisa antes de descer para o treino.

    Conjurou magicamente uma bela sapatonada gratinada aos quatro queijos. Como que por magia (ou por magia mesmo) sua mãe surgiu na porta gritando:

    – Quantas vezes eu tenho que dizer que comer sapatos em jejum não é saudável!

    – Mas, mamãe, a minha sapatonada é super rica em fibras! O queijo ainda acrescenta proteína! Perfeito pra comer antes de malhar! – A mãe revirou os olhos como quem desiste da discussão.

    – Então ao menos, coma os seus próprios sapatos!

    Descendo pelo elevador até o calçadão (poderia viajar por magia, mas que graça teria isso), olhou-se novamente no espelho. Aproveitou para inflar magicamente os músculos, clarear o sorriso e fazer o cabelo crescer caindo na testa. Gostava de pensar em si mesmo como o corpo do Incrível Hulk, com o sorriso do Tom Cruise. Agitou as asinhas, queria que fossem um pouco mais másculas. Era a única parte do seu corpo de que não gostava e também a única que não poderia transmutar. Era nas asas que morava a magia das fadas.

    Chegou ao calçadão, todas as vidraças de prédios e vidros de carros pareciam refletir a sua bela figura, mas ninguém além dele mesmo pareceu notar. Sentiu-se anônimo. Como assim ninguém estava olhando? Ninguém admirando seu charme, sua força, sua beleza?

    Teve uma ideia pra se enturmar. Viu um grupo logo à frente e decidiu propor um handebol de areia. Voou até o coqueiro mais próximo. Preferia os cocos às bolas nesse tipo de jogo, encaixavam melhor na mão e eram mais pesados, tornando o desafio maior. Escolheu o maior dos cocos. Achou que ele zumbia na sua mão. Mas imaginou que o coco ficara emocionado de ser escolhido por ele. Voou em direção ao grupo e quando estava suficientemente perto, chamou:

    – Ei galera! Que tal uma partidinha? – E jogou o coco.

    Nesse exato momento sua mãe apareceu de novo, numa explosão de luz e cor e gritou:

    – Pelo amor de Lady Gaga, E-Laurio, isso não é um coco, é uma colmeia.

    Capítulo 3

    João Bruce

    João Bruce acordou com a peculiar sensação de falta de gravidade. Do lado de fora da janela estava escuro. Sempre é escuro no espaço, pontilhado ao longe por corpos celestes. Os planetas do sistema solar já

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