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Estação Literária
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E-book119 páginas1 hora

Estação Literária

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Sobre este e-book

Autores de diversas partes do Brasil embelezam esse trabalho, que sem se conhecerem, se conectam no mundo da Literatura através dos contos, desenvolvendo histórias, definindo os seus talentos, sendo um conto mais curto que uma novela, ou romance, quase se aproximando de uma poesia.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento11 de jan. de 2023
Estação Literária

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    Estação Literária - Diversos

    A Casa

    Dias iguais, nada especial. Um ano se passou, durante o confinamento não há muito o que fazer.  Por longos intermináveis dias, ela acordara tentando sabotar o tempo. No princípio começou a trocar a noite pelo dia. Para não perceber a passagem das horas, passou a dormir ao trautear do galo, mas acordava indisposta e irritada. Assim, tomava o café ao meio dia, almoçava no fim da tarde e jantava no outro dia. Diferente do que acontecera com muita gente, durante essa estação, começou a reduzir medidas estruturais. Só não imaginara que estava ficando permanentemente, sozinha. 

    E lá se findava mais um dia, em que ela acordava mais tarde, despertava mal-humorada. Mal raiava o sol e já começava a se queixar. Ao se levantar, ia direto para cozinha lavar a louça e fazer o café, sempre a décima segunda hora do dia. Lavava algumas roupas, apenas pijamas, meias.  Expurgava ligeiramente o chão. O ácaro encobrira toda a mobília, não enxergava mais os raios de luz do antigo espelho veneziano. O relógio de parede Vintage parou às nove horas. Mas essa rotina começava a emarear e se tornar enfastiante. Os dias se tornavam iguais, não sabia mais reconhecê-los na semana, nem nomear os meses, ou pôr em ordem as datas, nem tão pouco a própria vida.

    Começou a ler, listara alguns títulos, terminou todos os livros. Se matriculou em diversos cursos online, perdera as datas do envio das atividades, não concluíra nenhum. Pensou em adotar uma nova dieta, cortou todas as fontes de carboidratos e açucares, no entanto seu paladar resistia; o corpo passara a lutar e a ansiedade a fazer moradia. A casa ficara cada vez mais despovoada, silente e fria, onde o medo e a incerteza passaram a domiciliar-se.

    Telefones mudos, caixas de correios vazias, não há entregas, mas também quem enviaria. Correio, só eletrônico. Portas fechadas. O antigo chevette parado ao lado, quase enferrujado, sem roncos, nem idas ou vindas. Nem mesmo o miado dos bichanos, ou o ladrar dos caninos a cativa, não há entusiasmo em uma vida sozinha.

    De repente ouviu-se sons, um agitado barulho a mexia. Fazia tempo que não ouvira ruído algum, ou movimentos internos. As vozes passaram a usurpá-la, passara a sublimar os dias seguintes, feito um Hit. Num dado momento houve uma inesperada confissão de íntimos pensamentos. 

    Neste instante a casa emitia diversos sons advindos de todos os cômodos, num instante, uma verdadeira orquestra sinfônica se formava a partir de uma execução de confidências, trazendo à tona muitas reflexões.  O quarto estava escuro e gélido, aspirava um sentido para viver, as janelas permanentemente de braços cruzados para o hospitaleiro sol; da cozinha acontecia uma dança embalada pelos sons dos talheres, das panelas e das caçarolas; na sala de estar, o sofá estafado de abancar o tédio, vibrava velozmente; no banheiro as águas saiam dos aquedutos desnorteadas, atravessando paredes; na antessala as lembranças emolduradas se despencavam ao chão. Já não havia mais lembranças dos melhores momentos que renasciam as paredes da casa, nem mais o reconhecimento do próprio estilo e existência.

    A casa estava revolta e inconformada, havia perdido o doce perfume de lar. Sentira saudade do cheiro do amanhecer, anunciado pelo aroma do café, acompanhado ao som dos pássaros. Não se recordara mais da Nona Sinfonia que lhe despertara rigorosamente todos os dias.  Mas seu maior desejo era recuperar o sabor do tempero da mamãe, da sua identidade olfativa. A casa já não se sentia moradia, receava ser demolida pelas inseguranças pandêmicas e ser transformada em ruínas de amofinação. Aspirava sentir-se parte de algo, ou simplesmente, casa.

    Roberto Silva

    Roberto Ribeiro da Silva nasceu em Caieiras/SP em 19 de dezembro de 1985.

    É graduado e pós-graduado em Educação Musical, pela UniFaccamp, desde 2013. Hoje é um educador de Educação Básica, em Itupeva/SP, onde também atua como Gestor Escolar. Graduou-se em Pedagogia, pela Faculdade Cruzeiro do Sul, em 2015, e formou-se em Letras, em 2020, pela Universidade Estácio.

    Autor do livro Bosque dos Sentimentos (2018/Clube de Autores) e Fora do Bosque dos Sentimentos (2022/ Editora Frutificando). coautor da Antologia Nós(2019), do livro O Misterioso Caso da Royal Street(2020), das antologias Contos de Natal(2019), Ano Zero(2021) e A Última Visita(2023), todos pela Lura Editoral.

    Fundador do grupo 7 Literário que foi criado em 2022 com o intuito de ajudar novos escritores a divulgar seus textos, seus primeiros trabalhos de editoração e publicação foram os livros A História da Minha Vida(2021) e Poesia, Café e Pão de Queijo(2022) da autora Maria Onília (Uiclap e Amazon) e também o livro Sobre Ciganos e Lobos e Outras Histórias(2022) do autor Yuri Osti (Uiclap e Amazon).

    Pela Academia Virtual de Escritores Brasileiros (AVEB) foi organizador e editor dos livros, Brasil em Contos – Conexões Imaginárias (2019), Brasil em Contos – Encanto em Todos os Cantos (2020) Brasil em Contos – Cultura e Diversidade de um País Plural (2021), Brasil em Contos – Do Sonho à Realidade (2022), Brasil em Versos – Mãe, Amor Infinito (2020), Brasil em Versos – Introspecções da Quarentena (2020), Brasil em Versos – Versos que Encantam (2022) e Acrósticos (2021) todos disponíveis nas livrarias virtuais Uiclap e Amazon.

    A Cyber Revolução

    O ano é 3015 após a guerra entre os dois mundos. Pouco sobrou então e muito das riquezas eram guardadas pela Elite, o que era jogado fora era para o povo, e esse povo estava totalmente divido.

    Muitos tentavam derrubar os que estavam acima, eles tinham tudo que era essencial, tinham a melhor comida, cuidados médicos, tinham todo o luxo que podia se esperar, mesmo vivendo em um mundo tão complicado quanto aquele que havia se tornado. Ali próximo do Setor 15, podia se ouvir uma bomba explodindo:

    — Corre, senão eles vão nos descobrir — Aquele grito misterioso ecoava pelos becos sombrios.

    — Mathews, não me deixe para trás — Perryh tentava andar o mais rápido que podia.

    Eles eram da resistência, um grupo que vive para destruir a Elite. Mathews e Perryh andavam juntos desde pequenos, sempre sofrendo pela injustiça de serem tratados como a escória da humanidade.

    Ao correr, Perryh puxa em sua mente o dia em que tiveram a ideia de começar os ataques contra a Elite:

    — Está vendo aquela torre ali, Mathews – Perryh aponta para o local.

    — Sim, o que que tem?

    — É uma torre de energia. Ela sustenta todo aquele Setor desses porcos imundos.

    — E daí? — Mathews não compreende o que seu amigo estava tentado falar.

    — É simples, se destruirmos, eles ficariam sem força e sem recursos. Daríamos a eles um grande prejuízo — Perryh dá um meio sorriso quando termina.

    — Mas também iríamos ficar sem energia.

    — Verdade, mas nós já estamos acostumados com pouco, mas para eles seria algo muito mais incômodo.

    — Eu acho que você está viajando. Não sei por que fazer algo dessa natureza, por nada.

    Perryh fica chatedo, mas não iria desistir tão fácil.

    Não demorou muito para que fosse mandado a polícia para o Setor 02. Eles faziam sua ronda e pegavam tudo o que gostavam. Quando um conhecido de Mathews se negou a entregar seu óculos estiloso que havia encontrado próximo aos portões que separam todo o lixo que é jogado da Elite, com

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