Elias, um amor para sempre : amor e sexo, juntos ou separados?
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Sobre este e-book
E este não é diferente. Porém, acredito que, como são várias histórias menores dentro de uma maior, este romance irá atingir mais pessoas ao mesmo tempo, mais acontecimentos irão se assemelhar a esta aventura amorosa, ou aventuras amorosas, porque são vários os personagens, cada um com as suas verdades, amor, dor, saudade, coragem, vivências, decepções, enfim, são vários os acontecimentos, e com certeza um deles estará perto do seu.
Entretanto, devo lembrar ao autor que se alguma parte do que escrevi assemelhar-se com sua vida, é mera coincidência, toda a obra é uma ficção.
Mas, mesmo como ficção, poderá ser de grande ajuda a você que de repente quer fazer, porém não encontra o caminho. Aqui, os personagens tiveram coragem e foram adiante em suas fantasias. Talvez isso lhe ajude a dar o primeiro passo rumo à felicidade, ao desprendimento amoroso, sexual e de imenso prazer, rumo à felicidade plena. É só ler e pôr em prática o que mais lhe convier.
IMPRÓPRIO PARA MENORES DE 18 ANOS.
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Elias, um amor para sempre - Idelmar Miranda
Brasil
Apresentação
Amor é carinho, sexo é dinheiro. Mas você quer saber se é possível haver sexo sem amor? Sim, de certa forma sim. Bem, assim como todo surdo é mudo e nem todo mudo é surdo, é possível e é fato que o sexo sem amor existe, e muito, mas amor sem sexo não, ou seja, se há amor é necessário que haja sexo, já se há sexo, não é necessário que haja amor. O sexo pode acontecer por dinheiro, poder, ascensão social, luxúria, carência, putaria mesmo, mas o mais comum é por dinheiro. Agora, o amor, quando verdadeiro, se sustenta por si só — é claro que entre um homem e uma mulher. O amor sozinho não aguenta, tem de haver o sexo ou uma razão muito forte que o impeça, então o amor sozinho se supera e permanece.
Capítulo
1
Eram nove horas da manhã, o sol já clareava todo o vale, já havia sugado todas as gotículas de orvalho que durante a noite o sereno depositara sobre as folhas dos arbustos, e naquele dia parece que ele estava mais alegre, forte, digamos excessivamente radiante. O vento soprava uma brisa suave, a passarada fazia grande algazarra na copa dos pinheiros entoando lindas melodias, lindas borboletas com suas asas coloridas sobrevoavam as flores recém-desabrochadas fazendo um turbilhão de cores; e pela janela entreaberta a brisa serena e suave fazia balançar a cortina do quarto do segundo andar, o que dava para o jardim que se encontrava com o lago onde os cisnes brincavam de mergulhar e catar pedrinhas. Um lago de águas azuis como o céu refletia raios coloridos produzidos pelo encontro do sol com a água, que com o vento cintilava e fazia uma variação de cores refletidas no espaço. Um fenômeno raro que só era visto em dias límpidos e calmos como esse.
O vento, em determinado momento, soprou um pouco mais forte, esparramando as folhas das árvores que se desprenderam de seus galhos e voaram livres, pousando suavemente sobre a grama macia e verde. Com elas, pequenas pétalas de flores, ainda carregadas de perfume, coloriam a grama como se fosse um imenso tapete, e sobre a grama espalhavam o seu perfume.
De repente o vento soprou um pouco mais forte e fez com que as cortinas da janela do quarto levantassem um pouco mais, o suficiente para o sol entrar pela fresta que se abrira, iluminando todo o quarto, tocando suavemente a pele daquele corpo lindo, divinamente formado. E na cama, deitada, quando ela sentiu o sol lhe acariciando a pele, rolou para um lado, espreguiçou-se, abrindo os braços, e lentamente os elevou acima da cabeça, abrindo a boca e respirando fundo o ar límpido com um aroma de flores do campo. Ela então se retorceu, olhou para a janela e viu que as cortinas lhe acenavam, e por entre os acenos o sol iluminava todo o quarto, e a convidava a sair da cama.
Ela levanta bem devagar, afinal estava de férias, não tinha por que ter pressa, a não ser pela saudade que sentia da vovó. Resolve descer sem se banhar ou tomar qualquer outra atitude, como passar uma água no rosto. Vestia apenas uma camisa de algodão que lhe cobria o corpo todo até a altura do meio das coxas, a mesma com a qual dormira. O seu cabelo longo, liso e preto como a noite, que brilhava à luz do sol, ela joga para a frente para encobrir os seios. Sai do quarto e vai pelo corredor, distraída; de repente para em frente a um quadro pendurado na parede do hall que dá acesso à escada, onde estão as fotos de todos da família. Dá um sorriso ao ver sua foto ali com três anos, linda em um vestidinho branco com babados cor-de-rosa, todo rodado, sentada no colo da vovó, com os dedos na boca como se fosse uma deliciosa maçã. Em uma das orelhas dava para ver o brinco de ouro que a avó lhe dera no dia em que foi batizada. Nesse instante leva a mão à orelha, pois lembrara que não havia tirado os brincos para dormir, só que estes eram duas pedras de diamante pequeninas, mas belos diamantes. Ela os ganhara de seus pais quando completara quinze anos. Mais um sorriso, e vestida só com a camiseta e os brincos segue em frente, desce as escadas de madeira grossa entalhada, vai escorregando a mão pelo corrimão enquanto as lembranças lhe tomam todo o pensamento. Quantas vezes fizera esse mesmo trajeto, e lá ao pé da escada sempre estava a avó ou o avô a esperá-la. É, faz muito tempo!
, imagina ela.
Chega ao fim da escada que dava na sala de estar, uma sala enorme, pé-direito bem alto, toda envidraçada. Da sala podia ver todo o pomar e os jardins; podia, porque agora não dá mais para ver muita coisa, as árvores cresceram e criaram uma espécie de barreira verde; ainda é tudo muito lindo, mas diferente. Continua em direção à cozinha, atravessando a sala de jantar, que também era enorme. No centro, uma mesa de madeira com catorze lugares. Contorna a mesa e vai escorregando a mão sobre o encosto das cadeiras seguindo as curvinhas da madeira entalhada em uma moldura estilo clássico barroco; passa por uma das portas altas, que divide a sala de jantar da cozinha, contorna a ilha de pedra de mármore italiano branco com leves manchas cinza clarinho e dirige-se à pia.
Pega um copo de vidro no aparador e vai até o filtro para tomar água. Espia ao mesmo tempo pela janela e vê que a avó está no pomar mexendo na terra, colhendo rabanetes e outros legumes, certamente para o almoço. Um lindo sorriso sai de seus lábios, um pequeno aceno com a cabeça; e o sorriso vira uma risada baixinha, quando vê que a vovó se desequilibra ao arrancar um pé de rabanete e quase cai. O sol brilhava forte nas folhas orvalhadas do pomar. Mas de repente sua atenção é chamada pelo vulto que se deslocava por trás das laranjeiras. Ela fixou o olhar e acompanhou o movimento; e quando ele saiu de trás das plantas, ela pôde ver que era um homem, mas não um homem qualquer, e sim Elias, aquele jovem que ela tinha visto pela última vez com dezoito anos. Agora tinha vinte e três, um corpo descomunal, bem formado, de pele bronzeada. Gotículas de suor escoriam pela pele desde a cabeça até onde ela podia ver. Ombros largos, bíceps avolumados, cabelo escuro, olhar firme no horizonte.
Ela dá um pequeno sorriso enquanto seu corpo se arrepia todinho. Era ele o amor da sua infância, agora estava ali, adulto, pronto, completo. Seus olhos não desgrudaram dele enquanto ele se dirigia para debaixo de um enorme pé de manga que havia ali no quintal e fazia uma sombra gostosa. Quantas vezes brincara ali com seus primos! E quantas outras só observava os meninos jogarem bolinha de gude! E seu favorito a vencer era sempre ele.
Ele abaixa-se e deita ali, encostado ao tronco da mangueira. Encaixa seu corpo entre duas raízes enormes como se fosse em uma cadeira de balanço, recosta a cabeça no tronco da árvore e dá um suspiro profundo, sentindo-se confortável. Ela continua a admirar tamanha beleza, quando uma manga cai bem próxima dele, ele apenas estende a mão e pega a fruta com muito carinho. Ela, em sua imaginação, sente que aquelas mãos a estão agarrando. Ele limpa a manga, esfregando suavemente a mão grande sobre a fruta; ela imagina aquela mão em seu corpo. Os pensamentos a traem, e ela começa a se movimentar sentindo o corpo se contorcer de prazer. Quando ele leva a manga bem devagar à boca, abre os lábios carnudos, introduz e a morde suavemente, ela sente os lábios de Elias em seus seios firmes e ainda virgens; um pequeno tremor lhe toma o corpo todo, quando ele afasta a manga da boca. Ela sente a pele ruborizar-se e os mamilos crescerem. Afastando a camisa do peito, o cabelo escorrega para o lado fazendo cosquinhas nos mamilos, ela se imagina nas nuvens. A casa toda sumira. Ela estava suspensa no ar, totalmente envolvida em um sentimento de amor e carinho. Ela lembrou no mesmo instante que foi ali naquele local, naquela saliência do pé de manga, que doze anos atrás ganhara seu primeiro beijo; ela tinha completado oito anos de idade, era sua festa de aniversário. E ele a levara lá para debaixo do pé de manga com a desculpa de que seu presente estava lá, e quando lá chegaram ele lhe deu um beijo, primeiro no rosto, e depois escorregou e foi em direção à sua boca. Apesar do nojo que sentiu, ela lembra com clareza que gostou, achou linda a forma que ele a beijara; não entendeu nada, mas gostou e agora as lembranças completam o ciclo daquele beijo, ainda tinha o gosto em seus lábios.
Não percebeu que a avó já havia deixado a horta e estava logo ali, atrás dela. A avó via a cena e preferiu deixar que ela sentisse por mais alguns segundos o que estava sentindo, e depois de alguns segundos, que pareceram uma eternidade, a avó fala baixinho, para não assustar Cristine.
— É, ele cresceu, é um homem agora, e um belo homem — diz a avó.
Cristine leva um susto e, sem saber o que falar, somente concorda com a avó.
— Excepcionalmente belo — diz ela.
Vira-se lentamente para a avó e dá um grito.
— Vovóóó, que saudadeee! Eu estava aqui a espiar a senhora lá na horta colhendo estes belos e saborosos legumes.
A avó concorda, mas contesta.
— Sei, você estava me espiando, mas não viu quando eu saí de lá e vim para a cozinha; ou você estava olhando em outra direção, ou você adquiriu um poder de ver as coisas em câmera lenta! — diz a avó.
As duas deram uma bela gargalhada e se abraçaram com muito amor e saudade.
— Vó, como está linda a sua horta, e que belo pomar! — diz Cristine meio sem graça e conclui. — Mas me diz, vó, como a senhora está? Aliás, a senhora está mais jovem do que quando a vi pela última vez. Faz quantos anos? Dois, quase três? Já não me lembro. De lá para cá a senhora rejuvenesceu… Qual o segredo, vovó? Me diz, vai! Eu quero chegar aos oitenta igual à senhora, com tudo no lugar, igualzinho à senhora, jovem e bela.
— Não se preocupe — diz a avó. — Nós temos o mesmo DNA, você vai ficar igualzinha a mim, com certeza — e dá um longo sorriso. Cristine então pergunta:
— E meu príncipe, vó, como está?
A avó responde:
— Você não viu pela janela? Ele ficou comigo ontem até a uma hora da manhã. Só foi dormir, aliás, nos só fomos dormir depois que o Jarbas ligou e falou que o voo de vocês estava atrasado e que a previsão era para as cinco horas. Imagina, o sono veio e nos rendemos a ele, mas ele já me perguntou se você havia chegado. Respondi que sim, pois logo cedo passei lá pelo seu quarto, dei uma espiada e vi você na cama e fiquei tranquila e muito feliz por ver você; levei até um susto quando você foi daqui pela última vez, ainda era uma menina e eu vi lá na cama uma mulher, reconheci que era você pela pinta de nascença que você tem aí na virilha, que é igual à minha.
— Nossa, vó, que olho que a senhora tem! Que bom, eu gosto de sua admiração por mim, fico muito feliz, me sinto protegida, eu vou lá vê-lo e cumprimentá-lo, estou com tanta saudade dele, que a senhora nem imagina.
— Mais que de mim? — quis saber a avó.
— Não, vó, mas são sentimentos diferentes, a senhora sabe.
— Sei não, só sei que se você quer ir lá vê-lo, primeiro suba e troque de roupa. Onde é que já se viu uma mulher ir ver o amigo depois de quatro ou cinco anos e ir desnuda?!
— Mas vovó, estou vestida com uma camisa grande; não dá para ver nada.
— Você que pensa. Eu que já tenho oitenta, a vista ruim… Tô vendo tudo, inclusive sua marca de nascença. Imagina ele com vinte e três anos, com os olhos de um gavião: vai ver tudo, e com a imaginação, muito mais! Inclusive, vai ver que você está sem calcinhas. Negativo, vai trocar de roupa sim.
Cristine, muito a contragosto, concorda com a avó e resolve subir para trocar de roupa, mas antes comenta com a vovó o almoço.
— Ei, vovó, o que vai ser de almoço? — quis saber Cristine. E a vó responde:
— Dá uma olhada na cesta e me diz o que você vê!
— Rabanete, almeirão e… Quiabo… Vovó, não me diga que a senhora vai fazer franguinho com quiabo?
— Sim, vou, você gosta muito, Elias ama, então, eu… Bem, você sabe, é meu prato favorito.
— Nossa, vó, a senhora não sabe o trabalho que dá para manter este corpo assim; e a senhora vai me seduzir com suas delícias da culinária. Acho que vou sofrer mais de abstinência da comida do que do meu amor pelo meu primo.
— Você já tomou café? — pergunta a avó.
— Não — responde Cristine e continua —, mas algo me diz que a senhora preparou alguma coisa deliciosa para mim.
— Deliciosa, com certeza — responde a avó, e abre o forninho que está sobre a pia, aquele que ela usa para assar pão de queijo, e de dentro retira uma travessa de porcelana branca, toda trabalhada com desenhos azuis-turquesa, cheia de rabanada e coloca sobre a mesa e fala para Cristine:
— O leite quente com canela está na garrafa térmica bem aí na sua frente.
— Nossa, vovó, assim não vale! Eu não quero engordar, mas como resistir às suas tentações?!
— Não resista, coma! — diz a avó com um certo carinho na voz.
Ela então começa a saborear as deliciosas rabanadas com leite quente com leve sabor de canela.
— Vó, e estas mangas?
— São para você. Foi o Elias quem as trouxe logo cedo, pode chupá-las.
— Credo, vó, que coisa feia chupar!
— Então tá, pode comê-las, mas quando chegar no caroço não vai ter jeito, vai ter que chu…
— Vó, pode parar — Cristine a interrompe e muda de assunto, a avó então dá uma gargalhada e fala:
— Como vocês veem maldade em tudo! É comum falar eu vou chupar uma manga, uma laranja ou até mesmo um abacaxi ou uma melancia
, que mal há nestas palavras?
Cristine então pondera:
— Vó, nas palavras não há mal algum, mas no tom. E na forma como elas foram ditas a senhora há de convir que existiu uma certa sexualidade… Ou não?
A avó ri baixinho e fala:
— Somos adultas, não? Eu tenho oitenta e dois e você é uma doutora. Um pouco de descontração não faz mal a ninguém. Vai, pega a manga e coma, estão deliciosas.
Cristine, então, disfarçando o assunto, pega a manga, passa a mão sobre ela como se estivesse limpando e pergunta pela auxiliar de sua vovó.
— Vó, eu ainda não vi a Lola. Ela continua aqui com a senhora?
Ela queria saber da empregada que já havia alguns anos trabalhava com a avó.
— Sim, ela continua, mas só que deixo que ela mesma faça seu horário; ela chega sempre mais tarde e tem dias que ela nem vem. Ela já está bem velhinha, parece até que é mais velha que eu, apesar de ser vinte anos mais nova. Inclusive, ontem ela não veio. Por isso que o Elias não foi ao aeroporto. Eu não posso ficar sozinha, assim pedimos ao Jarbas para ir buscar você e acabou que você veio de táxi, mas ela está bem, eu acho.
— É, vó, ela sofreu muito com a doença, seguida da morte do marido; e sem ter tido filhos, deve ter sofrido mais ainda. E agora, na velhice, deve fazer muita falta uma companhia. Eu só não entendo por que que ela nunca mais se casou; ela era, e acredito que ainda é, uma mulher muito bonita. Uma vez ela me mostrou uma foto de quando tinha trinta anos. Vó, vou lhe contar: era linda, um mulherão! Não sei por que nunca mais ela quis saber de homem, nem para uma namorada… Aliás, é o que a gente sabe.
— Mas é mesmo — confirma a vó —, depois que o compadre Aparício morreu nunca mais ela quis ver o cegonho de ninguém, há, há, há!
— A solidão é dolorida — comenta Cristine.
— Eu é que sei — concorda a vovó. — Se não fosse você, o Elias e a sua prima Elizabete, eu também estaria só. Os pais de vocês vivem no mundo, seus irmãos também; seus tios, estes é que sumiram mesmo! Já faz três anos que eu não os vejo. Mas sobe logo e vá trocar de roupa, porque o Elias está para entrar aqui. Normalmente por volta das dez horas ele vem filar um cafezinho e ver como estou; e sua prima Elizabete ligou mais cedo dizendo que chega por volta das onze horas… Vai, vai.
— A Elizabete está vindo? Mas ela não come frango, muito menos ao molho de quiabo! — pondera Cristine.
— Eu sei. Aliás, você é que não sabe — agora ela é praticante do veganismo. Só na verdura… nem ovo ela come mais. Mas os meninos, o Vitor e o Rafael, eles adoram.
— Nossa, vó, é radical assim. Na verdade, eu não sei se faz alguma diferença na vida da gente. A senhora mesma sempre comeu de tudo e está aí firme e forte sobre seus oitenta e dois anos de vida e muito bem vividos; eu diria, pelo que lhe conheço, a senhora sempre trabalhou muito. Mas cada um com os seus problemas e ideias. O que sinto é