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Crime no Café (Um Mistério de Lacey Doyle — Livro 3)
Crime no Café (Um Mistério de Lacey Doyle — Livro 3)
Crime no Café (Um Mistério de Lacey Doyle — Livro 3)
E-book265 páginas4 horas

Crime no Café (Um Mistério de Lacey Doyle — Livro 3)

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Sobre este e-book

CRIME NO CAFÉ (UM MISTÉRIO DE LACEY DOYLE — LIVRO 3) é o terceiro livro de uma nova e charmosa série de Fiona Grace.
Lacey, 39 anos e recém-divorciada, fez uma mudança drástica: ela abandonou a vida agitada de Nova York e se estabeleceu na pitoresca cidadezinha litorânea de Wilfordshire.

O verão está chegando e Lacey se apaixonou ainda mais pela cidade e por seu namorado chef de cozinha. Ela até fez mais uma grande amizade: a nova dona de uma pousada local. E quando sua amiga precisa de seus serviços para decorar seu estabelecimento, comprando quase tudo na loja de antiguidades de Lacey, seu negócio até ganha um impulso extra.

Tudo estava indo perfeitamente bem — até que alguém morre misteriosamente na nova pousada de sua amiga.

Com a cidade de ponta-cabeça e o meio de vida de sua nova amiga em risco, depende de Lacey e de seu cão chegar ao fundo desse mistério.

O livro 4 também está disponível!
IdiomaPortuguês
Data de lançamento12 de mai. de 2021
ISBN9781094346113
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    Crime no Café (Um Mistério de Lacey Doyle — Livro 3) - Fiona Grace

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    CRIME NO CAFÉ

    (UM MISTÉRIO DE LACEY DOYLE — LIVRO TRÊS)

    FIONA GRACE

    Fiona Grace

    A escritora estreante Fiona Grace é autora da série OS MISTÉRIOS DE LACEY DOYLE, que inclui os livros ASSASSINATO NA MANSÃO (Livro 1), MORTE E UM CÃO (Livro 2), CRIME NO CAFÉ (Livro 3), VISITA FORA DE HORA (Livro 4) e MORTO COM UM BEIJO (Livro 5). Fiona também é autora da série MISTÉRIOS EM UM VINHEDO NA TOSCANA.

    Fiona adora ouvir a opinião de seus leitores, então, visite www.fionagraceauthor.com para ganhar e-books de graça, saber as últimas novidades e manter contato.

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    Copyright © 2019 por Fiona Grace. Todos os direitos reservados. Exceto como permitido pelo Ato de Direitos Autorais dos EUA, publicado em 1976, nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida, distribuída ou transmitida em qualquer formato ou por qualquer meio, ou armazenada num banco de dados ou sistema de recuperação, sem permissão prévia da autora. Este eBook está licenciado apenas para uso pessoal. Este eBook não pode ser revendido ou doado a outras pesoas. Se você quiser compartilhar este eBook com outra pessoa, por favor, compre uma cópia adicional para cada indivíduo. Se você está lendo este livro sem tê-lo comprado, ou se não foi adquirido apenas para seu uso, por favor, devolva-o e compre seu próprio exemplar. Obrigado por respeitar o trabalho da autora. Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, empresas, organizações, lugares, eventos e incidentes são produto da imaginação da autora ou usados de forma fictícia. Qualquer semelhança com pessoas reais, vivas ou mortas, é mera coincidência. Foto da capa: Helen Hotson, todos os direitos reservados. Usada sob licença da Shutterstock.com.

    LIVROS DE FIONA GRACE

    MISTÉRIOS DE LACEY DOYLE

    ASSASSINATO NA MANSÃO (Livro 1)

    MORTE E UM CÃO (Livro 2)

    CRIME NO CAFÉ (Livro 3)

    ÍNDICE

    CAPÍTULO UM

    CAPÍTULO DOIS

    CAPÍTULO TRÊS

    CAPÍTULO QUATRO

    CAPÍTULO CINCO

    CAPÍTULO SEIS

    CAPÍTULO SETE

    CAPÍTULO OITO

    CAPÍTULO NOVE

    CAPÍTULO DEZ

    CAPÍTULO ONZE

    CAPÍTULO DOZE

    CAPÍTULO TREZE

    CAPÍTULO QUATORZE

    CAPÍTULO QUINZE

    CAPÍTULO DEZESSEIS

    CAPÍTULO DEZESSETE

    CAPÍTULO DEZOITO

    CAPÍTULO DEZENOVE

    CAPÍTULO VINTE

    CAPÍTULO VINTE E UM

    CAPÍTULO VINTE E DOIS

    CAPÍTULO VINTE E TRÊS

    EPÍLOGO

    CAPÍTULO UM

    – Ei, Lacey! – a voz de Gina veio da sala dos fundos da loja de antiguidades. – Venha aqui um minuto.

    Delicadamente, Lacey depositou no balcão o antigo candelabro de bronze que estava polindo. O baque suave que ele emitiu fez Chester, seu pastor inglês, erguer a cabeça.

    Ele dormia em seu lugar habitual, esticado nas tábuas do assoalho ao lado do balcão, banhado por um raio de luz do sol de junho. Ele levantou os olhos castanhos para Lacey e os tufos de suas sobrancelhas contorceram-se com evidente curiosidade.

    – Gina precisa de mim – Lacey disse a ele. A expressão perceptiva dele sempre a fazia sentir como se ele entendesse cada palavra que dizia. – Fique de olho na loja e, se algum cliente entrar, é só latir. Entendeu?

    Chester relinchou em confirmação e afundou a cabeça sobre as patas de novo.

    Lacey atravessou o arco em abóbada que separava o piso principal da loja e a grande, recém-convertida sala de leilões. Tinha o formato de um vagão de trem – longo e estreito –, mas o teto alto se estendia como o de uma igreja.

    Lacey adorava esta sala. Mas a verdade era que amava tudo em sua loja, desde a seção de móveis retrô, onde utilizara na curadoria seu conhecimento prévio como assistente de designer de interiores em Nova Iorque, até a horta nos fundos. A loja era seu orgulho, mesmo que algumas vezes parecia não valer a pena pelos problemas que trazia.

    Atravessando o arco, uma brisa morna entrou pela porta aberta nos fundos, trazendo consigo fragrâncias do jardim de flores que Gina cultivava. Mas a mulher em questão não se encontrava.

    Lacey examinou a sala de leilões, depois deduziu que Gina devia estar lhe chamando do jardim e foi em direção às portas francesas abertas. Porém, ao caminhar, ouviu um barulho de papéis vindo do corredor à esquerda.

    O corredor abrigava as partes nem tão vistosas da loja – o escritório apertado cheio de armários de arquivos e cofres de ferro; a área da cozinha, onde habitavam sua fiel chaleira e uma variedade de bebidas cafeinadas; o banheiro (ou casa de banho, como todos em Wilfordshire se referiam a ele) e a sala do depósito em formato de caixa.

    – Gina? – Lacey chamou na escuridão. – Cadê você?

    – Oi! – a voz de sua amiga veio abafada, como se ela estivesse com a cabeça dentro de algum lugar. Conhecendo Gina, era provável que estivesse. – Estou no depósito!

    Lacey franziu a testa. Não havia motivo para Gina estar no depósito. Uma das condições para Lacey contratá-la era que ela não se esforçasse demais levantando peso. Mas, quando é que Gina dava ouvidos a qualquer coisa que Lacey dizia?

    Com um suspiro, Lacey cruzou o corredor e entrou no depósito. Encontrou Gina agachada diante de uma estante de prateleiras, seus fracos cabelos grisalhos amarrados no topo da cabeça em um coque com uma xuxinha de veludo roxa.

    – O que está fazendo aqui no fundo? – Lacey perguntou à amiga.

    Gina girou a cabeça para olhar para ela. Recentemente, ela tinha investido em um par de óculos com armação vermelha, alegando que eram a última moda em Shoreditch (mas por que motivo uma aposentada com mais de sessenta anos pegaria dicas de moda da badalada juventude londrina estava além da compreensão de Lacey), e os óculos tinham deslizado para a ponta de seu nariz. Ela usou o dedo indicador para empurrá-los de volta ao lugar, depois apontou para uma caixa de papelão retangular na prateleira à sua frente.

    – Aqui tem uma caixa lacrada – Gina anunciou. Então, com um tom intencionalmente conspiratório, acrescentou – E o selo diz que veio da Espanha.

    Imediatamente, Lacey sentiu suas bochechas esquentando. A encomenda era de Xavier Santino, o belo colecionador de antiguidades que havia participado do leilão com temática náutica no mês anterior, na tentativa de reunir a coleção de relíquias perdidas de sua família. Junto com Lacey, ele tinha acabado virando um suspeito no assassinato do turista americano. Haviam se tornado amigos durante o martírio, o vínculo entre eles ainda mais cimentado graças à coincidente conexão entre Xavier e seu pai desaparecido.

    – É só uma coisa que Xavier me mandou – Lacey disse, tentando disfarçar. – Você sabe que ele está me ajudando a juntar informações sobre o desaparecimento do meu pai.

    Gina levantou, forçando os joelhos, e olhou para Lacey com desconfiança. – Sei muito bem o que ele devia estar fazendo – ela disse, as mãos nos quadris. – O que não entendo é por que ele está te mandando presentes. É o terceiro este mês.

    – Presentes? – Lacey retrucou na defensiva, percebendo a insinuação de Gina. – Um envelope cheio de recibos da loja do meu pai da viagem de Xavier para Nova Iorque dificilmente constitui um presente, na minha visão.

    A expressão de Gina permaneceu confusa. Ela bateu o pé. – E a pintura?

    Em sua mente, Lacey imaginou a pintura a óleo do barco no mar que Xavier lhe enviara na semana anterior. Estava pendurada acima da lareira na sala de estar no Chalé do Penhasco.

    – É o tipo de barco que o tataravô dele capitaneava – contou à Gina defensivamente. – Xavier o encontrou em um mercado de pulgas e achou que eu poderia gostar. – Ela deu de ombros casualmente, tentando minimizar o fato.

    – Hum – Gina grunhiu, seus lábios pressionados em uma linha fina. – Vi isto e pensei em você. Você sabe como fica parecendo para alguém de fora...

    Lacey bufou. Sua paciência tinha se esgotado. – O que quer que esteja insinuando, por que não diz logo, na cara?

    – Tudo bem – sua amiga respondeu com audácia. – Acho que tem algo a mais nos presentes de Xavier do que você está disposta a aceitar. Eu acho que ele gosta de você.

    Embora Lacey imaginasse que aquilo fosse o que sua amiga estava insinuando, ainda se sentiu afrontada ao ouvi-lo ser dito de modo tão franco.

    – Estou perfeitamente feliz com Tom – argumentou, conjurando em sua mente a imagem do lindo confeiteiro de sorriso largo que ela tinha a sorte de chamar de amante. – Xavier só está tentando ajudar. Ele prometeu que ajudaria quando lhe dei o sextante do seu bisavô. Você só está inventando drama onde não existe.

    – Se não existe drama, – Gina respondeu calmamente – então por que está escondendo a encomenda de Xavier na prateleira mais baixa do armário do estoque?

    Lacey hesitou momentaneamente. As acusações de Gina a pegaram desprevenida e a deixaram confusa. Por um instante, esqueceu o motivo de ter guardado o pacote após recebê-lo, ao invés de abri-lo imediatamente. Então se lembrou; a papelada estava atrasada. Xavier dissera que era necessário assinar um certificado que viria acompanhando o pacote, então ela havia decidido guardá-lo por enquanto, caso estivesse violando alguma lei britânica cheia de frescura que ainda não conhecia. Com a quantidade de tempo que a polícia passava farejando sua loja, todo cuidado era pouco!

    – Não estou escondendo – Lacey disse. – Estou esperando o certificado chegar.

    – Você não sabe o que tem dentro? – Gina perguntou. – Xavier não te contou o que é?

    Lacey sacudiu a cabeça.

    – E você não perguntou? – sua amiga solicitou.

    Outra vez, Lacey balançou a cabeça.

    Então, notou que a expressão de acusação nos olhos de Gina começou a se dissipar. Ao invés disso, estava sendo tomada por curiosidade.

    – Você acha que pode ser alguma coisa... – Gina baixou a voz. – Ilegal?

    Apesar de confiar que Xavier não tinha lhe enviado algum item banido, Lacey ficou mais do que feliz em desviar o assunto para longe do presente, então resolveu dar corda.

    – Pode ser – ela disse.

    Os olhos de Gina se arregalaram ainda mais.

    – Que tipo de coisa? – ela perguntou, soando como uma criança maravilhada.

    – Marfim, por exemplo – Lacey disse a ela, relembrando informações de seus estudos sobre itens com venda proibida no Reino Unido, sendo antiguidades ou não. – Qualquer coisa feita com pelos de espécies ameaçadas. Estofados feitos de tecidos que não retardam fogo. Armas, obviamente...

    Todo traço de desconfiança havia abandonado a expressão de Gina; o drama com Xavier foi esquecido em um piscar de olhos com a probabilidade muito mais emocionante de haver uma arma dentro da caixa.

    – Uma arma? – Gina repetiu, um pequeno guincho em sua voz. – Podemos abrir para ver?

    Ela parecia tão empolgada quanto uma criança ao lado da árvore em noite de Natal.

    Lacey hesitou. Estivera ansiosa para abrir o pacote desde que havia chegado via transportadora expressa. Deve ter custado os olhos da cara para Xavier enviá-lo da Espanha, e, além do mais, a embalagem também era elaborada; o papelão grosso era resistente como madeira, todo fixado com grampos de tamanho industrial e amarrado com braçadeiras. O que quer que estivesse no interior, era obviamente muito precioso.

    – Está bem – Lacey disse, com um sentimento de rebeldia. – Que mal faz uma espiadinha?

    Ajeitou uma mecha indomável da franja de seus cabelos castanhos atrás da orelha e buscou o estilete. Com ele, cortou as braçadeiras e arrancou os grampos. Em seguida, abriu a caixa e remexeu na embalagem de isopor.

    – É uma maleta – disse, puxando a alça de couro e levantando com esforço uma pesada maleta de madeira. Pedaços de isopor se espalharam por toda parte.

    – Parece uma maleta de espião – Gina disse. – Ah, você não acha que seu pai era um espião, acha? Talvez um espião russo!

    Lacey revirou os olhos enquanto colocava a maleta pesada no chão.

    – Posso ter cogitado muitas teorias mirabolantes sobre o que aconteceu com o meu pai ao longo dos anos – ela disse, abrindo as travas da maleta uma por uma. – Mas espião russo nunca foi uma delas.

    Abriu a tampa e olhou dentro da maleta. Arquejou ao ver o que ela continha. Uma linda espingarda de caça antiga com mecanismo de pederneira.

    Gina começou a tossir e engasgar. – Você não pode guardar uma coisa dessas aqui! Pelo amor de Deus, provavelmente não pode ter uma coisa dessas na Inglaterra, ponto final! O que raios Xavier estava pensando em te mandar isso?

    Mas Lacey não estava escutando a explosão de sua amiga. Sua atenção estava fixada na espingarda. Estava em excelentes condições, apesar do fato de ter mais de cem anos, no mínimo.

    Cuidadosamente, Lacey a removeu da maleta, sentindo seu peso nas mãos. Havia algo familiar no gesto. Porém, ela nunca havia segurado uma espingarda, muito menos disparado uma, e, apesar da estranha sensação de déjà vu que ondulava dentro dela, não possuía memórias concretas ao que a atribuir.

    Gina começou a abanar as mãos. – Lacey, ponha isso de volta! Ponha de volta! Desculpe por ter feito você abrir. Eu não achei que realmente seria uma arma.

    – Gina, se acalme – Lacey disse.

    Mas sua amiga estava no embalo. – Você precisa de uma licença! Pode estar cometendo um crime só por ter isso no país! As coisas por aqui são muito diferentes de como são nos EUA!

    Os guinchos de Gina atingiram o ápice, mas Lacey a deixou prosseguir. Tinha aprendido que era impossível convencer Gina a parar durante seus desabafos cheios de pânico. Eventualmente eles chegavam ao fim por si só. Ou isso, ou Gina acabaria se exaurindo.

    Além disso, Lacey estava absorta demais na linda espingarda para prestar atenção nela. Ficou hipnotizada pela estranha sensação de familiaridade despertada dentro dela.

    Espiou dentro do cano da espingarda. Sentiu seu peso. Sua forma em suas mãos. Até mesmo seu cheiro. Havia algo magnífico naquela espingarda, como se fosse destinada a pertencer a ela.

    Naquele instante, Lacey deu-se conta do silêncio. Finalmente Gina havia parado de esbravejar. Lacey ergueu o olhar para ela.

    – Já acabou? – perguntou calmamente.

    Gina ainda encarava a espingarda como se um tigre de circo tivesse escapado da jaula, mas assentiu devagar com a cabeça.

    – Que bom – Lacey disse. – O que eu estava tentando te dizer é que eu não só fiz minha lição de casa a respeito das leis de uso e porte de armas de fogo no Reino Unido, mas também que, de fato, já tenho um certificado para comercializar legalmente armas antigas.

    Gina fez uma pausa, franzindo levemente as sobrancelhas, perplexa. – Tem?

    – Sim – Lacey a assegurou. – Quando eu estava avaliando o conteúdo da Mansão Penrose, a propriedade tinha uma coleção inteira de rifles de caça. Precisei solicitar uma licença imediatamente para poder realizar o leilão. Percy Johnson me ajudou a organizar tudo.

    Gina enrugou os lábios. Ela usava sua expressão de mãe substituta. – Por que eu não fiquei sabendo disso?

    – Bom, você não trabalhava para mim ainda, não é? Você só era a vizinha cujas ovelhas viviam invadindo a minha propriedade – Lacey deu uma risadinha com a amável lembrança de sua primeira manhã acordando no Chalé do Penhasco e encontrando um rebanho de ovelhas mastigando sua grama.

    Gina não sorriu de volta. Ela parecia estar em um humor teimoso.

    – Mesmo assim – ela disse, cruzando os braços. – Precisará registrá-la na polícia, não é? Registrá-la na base de dados de armas de fogo.

    Diante da menção à polícia, a imagem do rosto severo e inexpressivo do superintendente Karl Turner apareceu na mente de Lacey, rapidamente seguido do rosto de sua parceira estoica, a detetive inspetora Beth Lewis. Ela tivera encontros suficientes com os dois para uma vida inteira.

    – Na verdade, não preciso – disse à Gina. – É uma antiguidade e não está funcionando. Significa que é classificada como ornamental. Já te disse, fiz minha lição de casa!

    Mas Gina não iria ceder. Parecia determinada a encontrar uma brecha na questão.

    – Não funciona? – ela repetiu. – Como pode ter certeza? Pensei que disse que a papelada estava atrasada.

    Lacey hesitou. Tinha sido pega por Gina. Ainda não tinha visto a papelada, portanto não poderia ter cem por cento de certeza que a espingarda não funcionava. Mas a maleta não incluía nenhuma munição, para começar, e Lacey estava confiante que Xavier não lhe enviaria uma arma carregada pelos correios!

    – Gina – ela disse com a voz firme e definitiva. – Prometo que tenho tudo sob controle.

    A afirmação rolou facilmente da língua de Lacey. Ela não sabia naquele momento, mas em breve se arrependeria de algum dia ter proferido aquelas palavras.

    Gina pareceu ceder, embora não parecesse feliz com isso. – Está bem. Se você diz que está tudo sob controle, então está. Mas por que Xavier te mandaria uma maldita arma?

    Essa sim é uma boa pergunta – Lacey disse, subitamente perguntando-se o mesmo.

    Examinou o interior da maleta e encontrou um pedaço de papel dobrado no fundo. Retirou-o. A insinuação prévia de Gina de que Xavier queria mais que amizade fez com que se sentisse imediatamente constrangida. Limpou a garganta enquanto desdobrava a carta e leu em voz alta.

    "Querida Lacey,

    Como você sabe, estive recentemente em Oxford..."

    Ela pausou, sentindo o olhar de Gina se aguçando, como se sua amiga estivesse silenciosamente a julgando. Sentindo suas bochechas esquentarem, Lacey manobrou a carta para bloquear Gina de sua visão.

    "Como você sabe, estive recentemente em Oxford procurando relíquias antigas do meu bisavô. Vi esta espingarda e ela sacudiu minha memória. Seu pai tinha uma espingarda similar à venda em sua loja em Nova Iorque. Conversamos sobre ela. Ele me contou que tinha recentemente viajado à Inglaterra para caçar. Foi uma história engraçada. Ele disse que não sabia, mas estava fora da temporada, portanto, legalmente, só poderia caçar coelhos. Pesquisei sobre a temporada de caça na Inglaterra e é fora de temporada apenas no verão. Não me lembro de ele falar de Wilfordshire diretamente, mas lembro que você disse que era aonde ele tirava férias no verão? Talvez exista um clube de tiro local? Talvez possam tê-lo conhecido?

    Atenciosamente, Xavier".

    Lacey evitou o olhar escrutinador de Gina enquanto dobrava a carta. A mulher mais velha nem precisou falar para Lacey saber o que ela estava pensando – que Xavier poderia ter contado sobre a lembrança em uma mensagem de texto, ao invés do exagero de enviá-la uma espingarda! Mas Lacey não se importava de verdade. Estava mais interessada no conteúdo da carta do que em quaisquer possíveis noções românticas escorando as ações de Xavier.

    Então, seu pai gostava de caçar durante seus verões na Inglaterra, era isso? Aquilo era novidade para ela! Além do fato de não ter memórias de ele sequer possuir uma espingarda, não podia imaginar que sua mãe aceitaria isso. Ela

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