Heróis de 59
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Heróis de 59 - Antônio Matos
Heróis de 59
copyright © 2019 Antônio Matos
Edição
Enéas Guerra
Valéria Pergentino
Projeto gráfico e design
Valéria Pergentino
Elaine Quirelli
Revisão do texto
Rogério Paiva
Em razão da época em que foram produzidas e também diante da falta de identificação, nem todas as imagens que ilustram este livro tiveram os créditos registrados. Decidi, entretanto, utilizá-las, por entender que contarei com a compreensão dos autores e por achar que a divulgação contribuirá para o resgate de momentos importantes da história do Campeonato Brasileiro de Futebol interclubes. Ressalto ainda o empenho para o reconhecimento da origem das fotos e o compromisso para, nas futuras edições, creditar as fontes daqueles que se manifestarem.
O autor
Todos os direitos desta edição reservados à Solisluna Design Editora Ltda.
55 71 3379.6691
www.solisluna.com.br
editora@solislunadesign.com.br
Contato do autor: antonius74@bol.com.br
A Matos e Olga, meus pais, a quem devo tudo.
A Lídia, bela e destemida companheira por mais de 50 anos e com quem sempre conto nos momentos mais difíceis.
Aos amados filhos Tico, Inho e Maninha.
Aos netinhos Clarita, Lipe e Du, meus tesouros.
Às irmãs Lygia e Lucinha, exemplos de mulheres determinadas.
A Aloysio, tio querido, compadre, padrinho e ferrenho tricolor.
A Bira, Cigarrilha e Sérgio, muito mais do que cunhados.
Aos amigos [representados por Fernando Escariz, que, apressadamente e sem avisar, resolveu se mudar para o céu], sem os quais a vida não teria o menor sentido.
A Quintino de Carvalho, jornalista completo, ícone da minha geração.
Ao radialista José Ataíde, que me deu a primeira oportunidade na imprensa.
A Ivan Pedro, que tão bem me acolheu no ‘Diário de Notícias’, logo após minha saída da ‘Tribuna da Bahia’.
A Reynivaldo Britto, responsável por minha ida para o jornal ‘A Tarde’, onde trabalhei por 20 anos.
Às professoras Zuleica Barreto [Literatura Portuguesa] e Judith Freitas [Língua Portuguesa], que me ajudaram a percorrer os difíceis caminhos da arte de escrever.
Aos delegados Antônio Medrado, Jurandir Moisés e Armando Campos, eternos símbolos da Polícia Civil da Bahia.
Quando quebrei minha viola, foi para não tocar mais
.
Annibal Alvim Teixeira, o querido ‘Tio Annibal’, estatístico, ao recusar convite, logo após se aposentar, para continuar trabalhando, num cargo comissionado, no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística [IBGE].
Pobre de quem acredita na glória e no dinheiro para ser feliz
.
Dorival Caymmi, extraordinário compositor baiano, no final da última estrofe de ‘Saudades da Bahia’.
Goleiro é como mulher que trai: é excelente o tempo todo, mas na primeira falha já não presta
.
Antônio Matos, jornalista e autor deste livro.
A vida passa tão rápido que quase não há tempo para festejar conquistas nem lamentar fracassos
.
Autor desconhecido.
Pela primeira vez a CBD está tranquila, sem sentir onda nos seus corredores, sem receio de ficar à mercê das politicagens dos clubes do Rio e de São Paulo, enciumados com a indicação deste ou daquele. Desta feita, enviaremos a Buenos Aires ou a outro local qualquer o legítimo campeão do Brasil, o Esporte Clube Bahia
.
João Havelange, presidente da Confederação Brasileira de Desportos, em mensagem divulgada em 6 de abril de 1960, criticando as agremiações cariocas e paulistas, que sempre reivindicavam benesses da entidade, e enaltecendo o título nacional conquistado havia oito dias pelo Bahia e sua presença na I Copa dos Campeões da América.
Agradecimentos
Afrânio Salles, Alberto Maraux, Alexandre Teixeira, Alírio Goes de Oliveira, Álvaro Claudino [Pe], Amaury Veloso [Pe], André Victor Rodrigues [Ce], Antônio Carlos Napoleão [RJ], Antônio Tillemont, Ariovaldo Leite [SP], Carlos Andrade, Carlos Casaes [jornalista], Carlos Casaes [repórter fotográfico], Carlos Henrique dos Santos [filho de Henrique], Carlos Libório, Caubi Nova, César Rasec, Clara Albuquerque, Daniela Leone [neta de Leone], Dirceu Paiva [Pe], Ed Cavalcante [Pe], Edna Santos, Eduardo Jorge Magalhães, Eliezer Varjão, Elmar Varjão, Elney Andrade [filho de Nei Andrade], Eugênio Fernandes [Ce], Evandro Simões, Fernando Cabus, Guilherme Guarche [SP], Henrique Luiz dos Santos [filho de Henrique], Ivan Pedro, Ivan Solón, Jacqueline da Matta [filha de Carioca], Joezil Barros [Pe], José Ataíde, José de Jesus Barreto, José Bomfim, Jorge Cordeiro, Jorge Lins [Ce], Jorge Sanmartin, Kleber Oliveira Costa, Lauthenay Perdigão [Al], Lenivaldo Aragão [Pe], Luiz Antônio Santos, o Tony [filho de Bacamarte], Luiz Mendonça Filho, Marcelo Cordeiro, Marcelo Tannus, Marcelo Valnei, Mário Freitas, Martinho Lélis, Moacir dos Santos [SP], Nelson Souza, Nílton Nogueira, Nivaldo Carvalho, Odir Cunha [SP], Otávio Henrique Santos Santana, Paulo César Vieira Lima, Paulo Lacerda, Paulo Moraes [Pe], Pedro Mapurunga [Ce], Renato Santana Souza, Rita Pereira [MG], Roberto Pessoa, Ronaldo Pessoa, Rubem de Oliveira Coelho, Rubinho dos Carnavais, Ruy Botelho, Sérgio Silveira [SP], Silvana Cândida dos Santos [filha de Flávio], Sinval Vieira da Silva, Ted Sartori [SP], Valber Carvalho, Valdir Santos Ferreira, Virgílio Elísio da Costa Neto, Vítor Barreto, Wellington Cerqueira e William Ribeiro [Pe].
Sumário
Prefácio
Apresentação
Histórico da competição
Fórmula para o sucesso
Jogos do Bahia
A mídia e um título inesperado
Carnaval e a festa das faixas
Números da TB de 1959
Perfis dos campeões
Uma surpresa na caixinha
Pelé, o Maracanã e o Bahia
Participação nas demais edições da Taça Brasil
Pontuando
Mais pontuando
Posfácio
Bibliografia e filmografia
Prefácio
Roberto Pessoa*
Gratificado com o convite para prefaciar a sua primeira obra, Antônio Matos, amigo de 50 anos, não me permitiu declinar dessa honraria.
Hesitei inicialmente em aceitá-la, pois na condição de testemunha da sua exitosa, ética e séria carreira jornalística, se Matos houvesse de firmar preferência, não teria a mínima dificuldade de eleger outros colegas e amigos que, assim como eu, o admiram e proclamam a sua capacidade profissional e conduta jornalística exemplar.
Aos amigos, tudo, até a superação dos nossos limites para prefaciar uma obra. O que nos auxilia nessa superação intelectual, além da amizade, é contar com um copy desk da categoria do autor, há décadas corrigindo meus textos, desde a época da ‘Tribuna da Bahia’, em sua Editoria de Esportes, em 1969, até os dias atuais, quando ouso editar algum artigo, seja de cunho jurídico ou esportivo.
Supero ainda as sobreditas limitações pessoais, diante do amor que tenho pelo Bahia. Nasci Bahia e vou morrer Bahia
[Fernando Schmidt]. E este sentimento se solidificou quando da conquista do primeiro título nacional, que esta obra registra, destaca e enaltece.
Tinha eu 15 anos. Tudo ficou e está fotografado na memória do coração juvenil do hoje septuagenário torcedor tricolor. Do desfile dos jogadores em jipes da Petrobras, do Aeroporto 2 de Julho à Praça Municipal, ao inesquecível quinteto ofensivo integrado por Marito, Alencar, Léo, Mário e Biriba.
Na afetividade da solicitação, constatei que Matos não elegeu o autor do prefácio por méritos jornalísticos ou outros que o currículo anota, mas quis homenagear o amigo, antigo colega de redação da ‘Tribuna’, que com ele compartilhou das aulas de ‘Técnica de Redação’ ministradas pelo mestre Quintino de Carvalho. E, por mais essa motivação, o convite se tornou irrecusável.
O jornalista de texto escorreito migrou com a mesma capacidade para a área editorial. Para mim, não é surpresa, pois esta é uma característica do autor, que conseguiu conciliar áreas diversas de suas atividades profissionais, o Jornalismo e o Direito.
Matos atua nestes dois segmentos com a mesma competência e desenvoltura, como faziam os pontas Marito e Biriba, do inesquecível time do Bahia de 1959 enaltecidos nesta obra, revezando-se nas extremidades do campo.
Sob o título ‘Fórmula para o sucesso’, explica, num capítulo específico, o trabalho feito pelo Bahia de 1959, para alcançar as retumbantes vitórias na I Taça Brasil. Relaciona os jogadores que participaram daquela fantástica equipe, lembrando que, dos 22 que integravam o elenco, somente o veterano atacante Carlito, já em final de carreira, e o ponta-esquerda Meruca não chegaram a ser aproveitados pelos técnicos Geninho e Carlos Volante.
Matos promoveu uma análise sociológica invejável sobre a origem desses profissionais. Os da terra, jogadores que aqui atuavam e baianos resgatados em clubes do Rio e São Paulo. Na primeira situação, elencou Biriba, Careca, Bombeiro, Marito e Jair e, na seguinte, relacionou Flávio [ex-Palmeiras] Léo [ex-Fluminense] e Nadinho [ex-Bangu].
A esse grupo baiano se incorporaram Ari, Beto e Mário [Botafogo], Vicente Arenari e Leone [Flamengo], Henrique [Portuguesa/RJ], Alencar [Ceará Sporting] e Nenzinho [Náutico].
No capítulo ‘Números da TB de 1959’, apresenta dados estatísticos e aponta a trajetória percorrida pelo ‘Esquadrão de Aço’ até chegar ao título de um difícil certame com a presença de 16 clubes campeões estaduais. Destaca os complicados compromissos diante do Ceará e o inesquecível triunfo de 2 x 0, frente ao Sport, na Ilha do Retiro, após ser goleado, 72 horas antes, por 6 x 0.
Relembra a inimaginável vitória, em pleno Maracanã, sobre o supersupercampeão Vasco da Gama, de Belini, Almir e Pinga, dentre outros craques, por 1 x 0, e a repetição deste placar na Fonte Nova, que o credenciou para a disputa final, com o famoso Santos, de Pelé, Coutinho, Zito e Pepe.
Denota-se a preocupação do autor em realçar a importância da conquista do título de campeão brasileiro na vida do Esporte Clube Bahia e também do futebol baiano, com a quebra de paradigmas e do estigma da superioridade futebolística dos clube do Sudeste do país.
Este livro é também resultado de um trabalho jornalístico minucioso e exemplar, com dados completos de toda a competição de fazer inveja ao sempre lembrado radialista Eurico Tavares, da equipe esportiva da Rádio Sociedade da Bahia, estatístico de mão cheia.
No resgate da final contra o Santos, no Maracanã, revela detalhes dos acontecimentos que antecederam ao jogo, como a presunção da conquista do título pelos dirigentes paulistas, que chegaram a dispensar Pelé de participar da decisão, para se submeter a uma simples operação de amígdalas.
Tenho certeza de que, depois da publicação desta obra, que agora, com muita satisfação, prefacio, o leitor baiano e, em especial o tricolor, reconhecerá a dimensão da conquista pelo Bahia da Taça Brasil de 1959, título chancelado, em 20 de dezembro de 2010 pela CBF, como o de primeiro campeão brasileiro de futebol.
* Advogado trabalhista com escritório em Brasília, foi desembargador federal do Trabalho, jornalista, jogador de futebol e bancário
Apresentação
Escrever um livro, contando a história da conquista da Taça Brasil de 1959, pelo Bahia, era um desejo antigo meu e que somente agora se materializa.
Entendo que este título, na minha ótica, mais importante do que o Campeonato Brasileiro de 1988, precisava de um amplo registro histórico, para que os torcedores mais antigos recordassem daquela façanha e os mais novos dela tomassem conhecimento, nos mínimos detalhes.
Duas publicações foram decisivas para que este projeto, adormecido há algum tempo, fosse deflagrado: os livros ‘Bahia – Esporte Clube da Felicidade. 70 anos de Glórias’, do jornalista Nestor Mendes Jr, lançado em 2001 e com um capítulo dedicado integralmente à Taça Brasil de 1959, e ‘Dossiê’, que trata da unificação dos títulos brasileiros de futebol a partir de 1959, de José Carlos Peres e Odir Cunha, e que chegou ao mercado em 2011.
Apaixonado por futebol e ypiranguense convicto, era apenas um menino, cursando o 2º ano do antigo ginásio, quando vi o Bahia, representando um Nordeste pobre, maltratado e esquecido, surpreender a todos.
Sem se intimidar diante do empoderado Santos, time pertencente a um estado como São Paulo, locomotiva do país, com um sem-número de fábricas e dono do porto mais importante da América Latina. Era o pequenino Davi enfrentando [e vencendo] o gigante Golias.
Tive a oportunidade de assistir pessoalmente a alguns jogos daquela campanha na velha e querida Fonte Nova e de acompanhar os demais pelo rádio, através das empolgantes narrações de José Ataíde, Harold Pessoa, Genésio Ramos, Ivan Pedro, Cléo Meireles e Nílton Nogueira e dos minuciosos comentários de Luiz Sampaio e Souza Durão.
As diversas e cansativas pesquisas realizadas para elaborar este livro e que contaram com o imprescindível apoio de amigos, como Mário Freitas, Virgílio Elísio, Ruy Botelho, Valber Carneiro, Gílson Nogueira, Martinho Lélis, Lauthenay Perdigão, Lenivaldo Aragão, Odir Cunha, Guilherme Guarche, Pedro Mapurunga e Eugênio Fernandes, dentre outros, me ajudaram a realçar fatos ocorridos naquela competição nacional.
Cito, como exemplos, as difíceis partidas contra o Ceará Sporting, a goleada de 6 x 0 imposta pelo Sport, na Ilha do Retiro, e a volta por cima [vitória por 2 x 0, eliminação do time pernambucano e conquista da Taça Norte/Nordeste] três dias depois, ainda em Recife.
Também marcantes foram a vitória de 1 x 0 sobre o Vasco da Gama, na estreia de times nordestinos no Maracanã, e os irretocáveis triunfos frente ao Santos [com Pelé e tudo] na Vila Belmiro, e depois no Maracanã, quando o Bahia se tornou o primeiro campeão brasileiro.
Este inédito título lhe garantiu participação em 1960, ao lado do San Lorenzo [Argentina], Jorge Wilstermann [Bolívia], Universidad de Chile [Chile], Millionarios [Colômbia], Olímpia [Paraguai]e Peñarol [Uruguai], na edição inicial da Copa dos Campeões da América, hoje Copa Libertadores.
Separatriz - Parte 1Histórico da competição
A intenção de se criar a Taça Brasil, somente efetivada em 1959, data de 17 de setembro de 1952, quando a Fifa, através do presidente Jules Rimet [francês] e com o apoio dos secretários Stanley Rous [inglês] e Ottorino Barassi [italiano], autorizou a Confederação Brasileira de Desportos a organizar um campeonato nacional de clubes.
A ideia, entretanto, somente começou a sair do papel em 1955, durante o I Congresso Brasileiro de Futebol [ocorrido em Belo Horizonte, de 2 a 5 de setembro de 1955, e coordenado por Sílvio Pacheco, então presidente da CBD], graças às intervenções de Benedito Adami de Carvalho, assistente técnico da Federação Mineira de Futebol.
Ele defendeu a necessidade de se promover uma competição nacional, com a presença dos clubes campeões estaduais, para se conhecer o campeão brasileiro e, em suas argumentações, chegou até a apresentar uma fórmula para a disputa.
Adami de Carvalho antevia problemas para a CBD, caso a Fifa pretendesse realizar um certame mundial de futebol interclubes, o que, de forma embrionária e com a denominação de Copa Rio Internacional¹, já havia acontecido em 1951, com jogos sediados no Brasil [no Maracanã e no Pacaembu] e a participação do Vasco da Gama e do Palmeiras, campeões estaduais do Rio e de São Paulo, no ano anterior.
Opiniões semelhantes à do assistente técnico da FMF tinham os dirigentes Nelson Cintra, do Botafogo, e Paulo Machado de Carvalho, do São Paulo. Cintra, por exemplo, previa a substituição do Campeonato Brasileiro de Seleções² pela Taça Brasil, que reuniria os principais clubes profissionais do país e teria a mesma formatação da Taça da Inglaterra.
A insistência de manter o já desgastado Campeonato de Seleções não permitiu que a CBD se interessasse, naquele momento, em implantá-la. Além disso, usava-se também como pretexto para manter as coisas como estavam o fato de o calendário de competições do país já se encontrar definido e aprovado até 1958.
Tão audacioso projeto somente foi desengavetado com o presidente João Havelange³, diante da obrigação de se indicar em 1960 um clube brasileiro para participar da recém-criada Copa dos Campeões da América, atual Copa Libertadores.
Há quem diga, todavia, que foi justamente o contrário que aconteceu. Com planos de instituir um campeonato brasileiro, Havelange, em nome da CBD e apoiado pela Federación de Fútbol de Chile, propôs, em Buenos Aires, [no 30º Congresso Ordinário da Confederação Sul-americana de Futebol – Conmebol, realizado no dia 5 de março de 1959] a criação do Campeonato Sudamericano de Campeones por la Copa Libertadores de América, a ser jogado a partir do ano seguinte.
E existem indícios fortes de que a segunda versão seja realmente a verdadeira. Atendendo a insistentes pedidos da Conmebol, dirigida na época pelo brasileiro José Ramos de Freitas, o presidente João Havelange divulgara no Rio, pouco mais de quatro meses antes do congresso da Argentina, o desejo de extinguir o deficitário Campeonato de Seleções e de lançar uma competição nacional de clubes.
Fizera este bombástico anúncio durante entrevista concedida ao conceituado jornalista e escritor carioca Ney Bianchi [único comunicador a ganhar três vezes o ‘Prêmio Esso de Informação Esportiva’], publicada com exclusividade na edição de 25 de outubro de 1958 da revista ‘Manchete Esportiva’, pertencente à Editora Bloch e de grande circulação em todo o país.
Chegou-se a cogitar, antes de se materializar a disputa da Taça Brasil para 1959, em escolher o representante da CBD para a primeira edição da Copa dos Campeões da América⁴ através de uma melhor de três entre os campeões paulista e carioca, ideia felizmente descartada por não acolher a pretendida integração nacional.
Mas, em nome da força política e do prestígio dos maiores centros futebolísticos do país [São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul], algumas concessões existentes no regulamento do Campeonato de Seleções foram repetidas nas regras da I Taça Brasil.
Paulistas e cariocas, por exemplo, entravam na competição na fase semifinal e mineiros e gaúchos eram dispensados de participar respectivamente das etapas preliminares dos grupos Leste e Sul.
Sob a inspiração da Taça dos Campeões da Europa e com a presença de 16 campeões estaduais distribuídos numa fase inicial em quatro chaves [Norte, Nordeste, Leste e Sul], a TB/59 se estendeu de 23 de agosto de 1959 a 29 de março de 1960. Por questões logísticas, foi estruturada num sistema eliminatório, com jogos de ida e volta e mando de campo determinado por meio de sorteio.
A equipe que somasse mais pontos neste mata-mata realizado dentro do grupo passava para a etapa seguinte. Havendo, entretanto, igualdade no número de pontos, independentemente dos gols marcados e sofridos, era programada uma terceira partida para o mesmo local da segunda.
Caso se mantivesse o empate, possibilidade de duas prorrogações, a primeira de 30 e a segunda de 15 minutos, para se conhecer o classificado. Não acontecendo vencedor, a vaga ficava com o time que tivesse o maior coeficiente dos gols assinalados divididos pelos tomados, o hoje ultrapassado goal-average. Persistindo o empate, a decisão seria no cara ou coroa.
A seguir, fazia-se o cruzamento do vencedor da chave Norte com o da Nordeste e do vencedor da chave Leste com o da Sul. Nas semifinais, o campeão do Norte/Nordeste enfrentava o representante carioca e o campeão do Leste/Sul, o paulista, saindo-se os finalistas.
Apenas participavam os campeões estaduais, embora nos anos de 1961, 1964, 1965 e 1966 a competição contasse com dois times paulistas [Santos e Palmeiras] e, em 1967, com dois mineiros [Cruzeiro e Atlético].