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Onde nascem os jornalistas: A realidade e as experiências do telejornalismo no interior
Onde nascem os jornalistas: A realidade e as experiências do telejornalismo no interior
Onde nascem os jornalistas: A realidade e as experiências do telejornalismo no interior
E-book155 páginas2 horas

Onde nascem os jornalistas: A realidade e as experiências do telejornalismo no interior

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Sobre este e-book

Você sabe como uma reportagem é feita? De onde surgem as notícias? Como os telejornais são produzidos? E como será a realidade de quem trabalha com o Jornalismo no interior do país? Na obra ONDE NASCEM OS JORNALISTAS, você encontra todas as respostas destas perguntas em meio a histórias emocionantes e divertidas dos bastidores do telejornalismo no interior.

O autor se propõe a levar ao leitor, experiências vividas por ele na profissão, como a adrenalina de entrar ao vivo em rede nacional, por exemplo; ou as dificuldades para cobrir um assassinato; o velório de uma criança, as armadilhas enfrentadas pelos jornalistas; a parceria com quem está atrás das câmeras; o valor de uma boa imagem. Há ainda um capítulo especial sobre a cobertura do coronavírus: A guerra das narrativas, o ataque a imprensa, o caos na economia e a dor de quem perdeu alguém.

ONDE NASCEM OS JORNALISTAS é uma obra para quem gosta de histórias.
IdiomaPortuguês
EditoraArtigo A
Data de lançamento24 de jul. de 2021
ISBN9786589911180
Onde nascem os jornalistas: A realidade e as experiências do telejornalismo no interior

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    Pré-visualização do livro

    Onde nascem os jornalistas - Thiago Carvalho

    Ficha Técnica

    ©2021 Direitos reservados à Thiago Carvalho

    Editor: Joubert Amaral

    Revisão: Fabíola Cardoso, Anna Christina Caridoso e Túlio Costa

    Capa: Luciano Rodrigues

    Produção do livro digital (ePub): Lucas Camargo

    ISBN: 978-65-89911-18-0

    Proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem o consentimento por escrito da editora.

    1ª Edição: 2021

    Artigo A é um selo editorial de:​

    Gulliver Editora Ltda. Rua Dom Pedro I, 250 - Loja​

    Vila Cruzeiro - Divinópolis - Minas Gerais - 35500-095​

    www.gullivereditora.com.br"

    Dedicatória

    Sempre ouvi dizer que um homem só passou pela vida verdadeiramente depois que plantou uma árvore, construiu uma casa, teve um filho e escreveu um livro. Dedico este livro a minha filha Isabela, que me ensinou a ser um homem melhor, que me inspirou a plantar uma árvore em busca de um mundo mais verde, menos cinza, a construir mais do que uma casa, mas, sim, um lar com a base sólida no amor e a escrever um livro contando as minhas experiências no telejornalismo. Que ele possa ser uma leitura agradável e enriquecedora.

    Pai da Isabela

    Capítulo 1

    Como tudo começou

    Confesso que fiquei apreensivo, receoso e até com medo, quando me propus a escrever um livro para falar dos bastidores da televisão no interior e das experiências como repórter de TV. Fui convencido pelas centenas de situações que eu vivi, as quais poderiam render boas histórias para quem gosta de assistir à TV, para os curiosos sobre esse universo e, principalmente, para os interessados em aprender um pouco mais sobre o Jornalismo, como os estudantes de Comunicação Social.

    Para início de conversa, de uma coisa tenho certeza: eu não escolhi o Jornalismo, foi o Jornalismo que me escolheu. É, eu sei! É uma frase clichê e jornalistas precisam evitar os clichês, mas antes me dê a chance de explicar porque escolhi me expressar dessa maneira. Nunca pensei em fazer jornalismo, muito menos trabalhar na área. Quando ainda era um adolescente e ficava imaginando que profissão eu seguiria, só tinha em mente a Psicologia, mas a vida não me levou para esse caminho.

    Aos 15 anos, meu primeiro emprego foi numa rádio comunitária, onde todos os dias eu estava, vendo o meu irmão mais velho operar a mesa de áudio, trocar músicas entre cds e mds, porque a rádio não tinha condições de comprar um computador. Naquele momento, eu conheci o poder e a força da comunicação. A partir de um único microfone, uma cidade inteira podia ouvir o que eu falasse. Isso me encantava! Tomei gosto, de cara! Perguntava tudo: como funcionavam os equipamentos, como as vinhetas eram gravadas, como eram feitos os comerciais, mas ainda não estava interessado no jornalismo.

    A minha presença era cada vez mais frequente na rádio e, certo dia, um dos locutores ficou doente. O responsável pela rádio, então sugeriu:

    - Coloca o Thiago no lugar dele. Ele já sabe como funciona tudo. Não precisa fazer locução, faz só a sonoplastia.

    E assim foi. Não resisti ao encanto de falar no microfone para uma cidade inteira. Em uma semana já me sentia disposto a fazer a locução e sem medos peguei o microfone e comecei. Nada inovador, não. Eu basicamente anunciava os nomes das músicas, já tocadas e as próximas, e falava a hora. Também, naquela época, na minha cidade ainda não tinham surgido locutores que faziam mais que isso, não. Foram dois anos no ar, de fevereiro de 2002 a abril de 2004. Antes de sair da emissora, já aos 16 anos, tornei-me o diretor artístico da rádio.

    Naquele mesmo período, também trabalhei como locutor de supermercado. É isso mesmo! Igual a esses de hoje, falando do carrinho de produtos com promoções especiais na porta da loja, anunciando um preço irresistível ou a oferta relâmpago do iogurte prestes a vencer. A minha voz sofria com as constantes mudanças provocadas pelos hormônios e hoje me sinto constrangido quando escuto algo gravado por mim naquela fase.

    Essa mesma voz me levou a trabalhar na campanha eleitoral de um candidato à prefeitura da cidade. Meu pai, Ricardo, sempre gostou de política e elaborava as frases de efeito dos panfletos e dos santinhos de muitos vereadores e prefeitos. Ele era amigo desse candidato e o ajudava como redator do seu programa eleitoral de rádio. Ele me contratou e eu, é claro, gravava tudo. E o então candidato, último colocado em todas as pesquisas de intenção de votos, ganhou! Logo após a vitória, ele me chamou e disse:

    - Preciso de alguém para me ajudar com as entrevistas. Tem rádios e jornais me ligando a toda hora. Você pode cuidar disso?

    E dessa forma, tornei-me o Assessor de Imprensa da Prefeitura Municipal de Oliveira, no Centro-Oeste de Minas Gerais. Eu estava com 19 anos e no primeiro dia de serviço já sabia: precisava fazer uma faculdade. Palavras como release, clipping, deadline passaram a fazer parte da minha vida do dia para noite. Eu não fazia a mínima ideia do que significavam. Então, passei no vestibular e comecei a cursar Jornalismo.

    Só para ficar claro!

    Release: é o material informativo distribuído para jornalistas pelas assessorias, antes de solenidades, entrevistas e afins, com resumos, biografias, dados específicos, tudo para facilitar o trabalho de reportagem.

    Clipping: É o processo de selecionar, em jornais, revistas, sites, redes sociais, blogs, web jornais, rádio, televisão e em outros meios de comunicação, notícias sobre o seu assessorado. Atualmente há inúmeras ferramentas para colaborar com a agilidade da clipagem.

    Deadline: É o termo utilizado pelos jornalistas para definir o prazo final para a entrega de uma reportagem; pode ser também a hora estipulada pelos veículos de comunicação para fechar a edição de uma reportagem ou jornal. Resumidamente ele serve para especificar o prazo para entrega de determinada tarefa.

    Faltando dois anos para concluir o curso, fui demitido, porque, apesar de ter aprendido os ofícios da função, não era descolado no mundo político. O cargo de Assessor de Imprensa na prefeitura de uma cidade pequena é muito cobiçado e algumas pessoas estão dispostas a tudo para ocupar essa função. Eu não estava. Meu caráter e minha honra valiam mais que o salário com o qual eu pagava a faculdade.

    Quando achei que estava tudo perdido, a vida me proporcionou uma surpresa daquelas. Para mim, que acredito em Deus, foi a mão Dele me ajudando.

    Havia acabado de juntar minhas coisas, coloquei tudo em uma caixinha e, enquanto descia as escadas, meu telefone tocou. Do outro lado, era Evandro Araújo, editor-chefe da TV Alterosa, afiliada do SBT Minas Gerais. Ele me disse as seguintes palavras:

    - Olá Thiago! Temos uma vaga de estágio na produção do Jornal da Alterosa, edição regional e gostaríamos que você participasse da seleção. Seu nome foi muito bem indicado pelos seus professores da faculdade. Tem como você vir a Divinópolis para conversarmos?

    Eu não acreditava naquela ligação! Respondi que poderia ir no mesmo dia e fui. Passei por alguns testes e uma semana depois estava trabalhando como estagiário em uma emissora de TV. A partir de então, comecei a reunir histórias, algumas das quais você vai conhecer neste livro.

    Capítulo 2

    Televisão é trabalho em equipe

    Quem trabalha em televisão, não importa se nas capitais ou interior, já ouviu a expressão: televisão é trabalho em equipe. E de fato é! Só um grupo de profissionais engajados, trabalhando sincronizados, pode fazer como foi planejado. Essa lição eu aprendi no dia em que fiz a minha primeira reportagem.

    Quando ainda era estagiário da TV Alterosa, afiliada do SBT em Minas, estava fazendo a ronda. A ronda é a atividade atribuída à produção dos telejornais e consiste, basicamente, em ligar para batalhões e companhias da Polícia e do Corpo de Bombeiros, quase de hora em hora, para saber se houve o registro de alguma ocorrência interessante, algo diferente da normalidade, fatos para se gerar uma reportagem jornalística. Na ronda aparecem muitos factuais. O factual é a notícia repentina, de última hora, que acabou de acontecer, como acidentes, assassinatos, por exemplo.

    E nesse dia um factual apareceu. Eram cinco acidentes praticamente no mesmo trecho da Fernão Dias (BR-381), no interior de Minas. Pelo telefone, o policial rodoviário federal me disse que, em dois dos cincos acidentes, a ocorrência ainda estava em andamento. Passei a informação para o editor-chefe imediatamente. Ele queria mandar uma equipe, mas não tinha condições. Na época, duas equipes faziam a cobertura de aproximadamente cinquenta cidades, uma trabalhava pela manhã e outra à tarde. A equipe da manhã tinha acabado de deixar o trabalho e a equipe da tarde estava fora, em local oposto às citadas ocorrências, portanto não chegaria a tempo ao local dos acidentes.

    O ditado que dá título a este capítulo virou realidade. O apresentador do telejornal se ofereceu para ir ao local como cinegrafista (antes de ir para a frente das câmeras, ele havia exercido essa função). Ele pediu para eu ir junto, para segurar o microfone e aproveitar a oportunidade para aprender como se faz uma reportagem na rua. Pegamos a estrada e chegamos ao lugar onde havia ocorrido um dos cinco acidentes. A cena: um carro parado no acostamento com a lateral e a frente batidas. O motorista do veículo estava por perto e contou ter perdido o controle do carro, talvez por causa de haver óleo na pista.

    Com essa informação, o colega apresentador, também um grande cinegrafista, tirou o equipamento do carro e dizia em voz alta o que estava fazendo, exatamente para eu aprender. Primeiro fez takes do carro batido (gravações curtas de 5 a 10 segundos cuja junção forma uma reportagem), enquanto me explicava porque estava fazendo aquelas imagens. Depois gravou os detalhes dos pontos estragados do veículo, da rodovia e de um ponto escuro no asfalto, aparentemente uma mancha de óleo. Em seguida, fez imagens do motorista e gravou a entrevista com ele. Peguei o microfone e sem intimidade com o equipamento perguntei o que achava ser o mais importante ali: como foi o acidente, e o que teria provocado o acidente?

    Achei que estava entendo tudo até perceber o cinegrafista/apresentador fazendo imagens da família do motorista entrando num táxi. Aí veio a primeira lição: fique atento a tudo, o óbvio será sempre o óbvio. A maioria das equipes de reportagem tende a fazer o óbvio. Você precisa ir além, dizia o colega apresentador/ cinegrafista, Na conversa com o motorista, ele contou ter chamado

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