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Draconis
Draconis
Draconis
E-book416 páginas8 horas

Draconis

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Sobre este e-book

Quando Sedy entra em contato pela primeira vez com a magia e sua essência, ela não quer nada além de um relacionamento com Damien, o rei vampiro. Ele agora a convida para ir até o seu castelo e com "borboletas no estômago" ela aceita o convite.
Entretanto, o fim de semana de amor esperado começa com maquinações enganosas por parte de seus súditos e termina com o seqüestro de Sedy por Tyke, o governante de Draconis, que, por sua vez, quer ajustar contas com o rei vampiro.
Mas o que nem Tyke nem o vampiro têm em mente são os sentimentos de Sedy, que se desenvolvem gradualmente, indo por um caminho completamente diferente. E logo, Tyke não tem mais certeza se a mantém cativa por vingança ou puro egoísmo...

IdiomaPortuguês
Data de lançamento2 de out. de 2021
ISBN9781667415000
Draconis

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    Pré-visualização do livro

    Draconis - Jessica Raven

    Draconis

    O guerreiro dos ares

    ––––––––

    Jessica Raven

    Contato: j.raven07@yahoo.com

    www.facebook.com/authorJessicaRaven

    www.instagram.com/j.raven_07

    www.twitter.com

    Índice

    ––––––––

    Capítulo 1

    Capítulo 2

    Capítulo 3

    Capítulo 4

    Capítulo 5

    Capítulo 6

    Capítulo 7

    Capítulo 8

    Capítulo 9

    Capítulo 10

    Capítulo 11

    Capítulo 12

    Capítulo 13

    Capítulo 14

    Capítulo 15

    Capítulo 16

    Capítulo 17

    Capítulo 18

    Capítulo 19

    Capítulo 20

    Capítulo 21

    Capítulo 22

    Capítulo 23

    Capítulo 24

    Capítulo 25

    Capítulo 26

    Capítulo 27

    Capítulo 28

    Capítulo 29

    Capítulo 30

    Capítulo 31

    Capítulo 32

    Capítulo 33

    Capítulo 34

    Capítulo 35

    Capítulo 36

    Capítulo 37

    Capítulo 38

    Capítulo 39

    Epílogo

    A Pedra do Dragão

    Tyke

    Sobre a autora

    Não deixe ninguém tirar seus sonhos de você.

    Capítulo 1

    ––––––––

    Sedy

    ––––––––

    Cansada do trabalho, jogo meus calçados em um canto, atiro minha bolsa bruscamente no sofá e arrasto meu corpo cansado até a cozinha.

    Desde que minha melhor amiga se tornou governante do submundo, as coisas andam ainda mais estressantes e irritantes no trabalho. Resumindo, eu sinto mais falta de Sinita do que nunca. Eu a vejo cada vez menos, o que me deixa realmente chateada. Infelizmente não há nenhum sinal de celular nesta antiga caverna, ou onde quer que fique esse lugar. Então, não posso incomodá-la por SMS e nem com uma ligação.

    No momento, eu só posso lamentar ao máximo. O que é assustador é que eu não sou nem um pouco assim.

    Não, eu sou a Sedy durona, que tem sempre uma resposta pronta, que não se deixa levar e vai atrás do que quer. Eu só não consigo trazer minha amiga até aqui, o que é um golpe bastante profundo para mim. Nervosa com essa situação, aperto o botão para ligar a máquina de café. Eu definitivamente preciso de outra dose de cafeína para me acalmar. Ou então, hoje não será uma noite relaxante de sexta-feira.

    Os grãos ferscos são moídos e, alguns segundos depois, o líquido fresco escorre na minha xícara de café predileta. Fecho os olhos e sorvo com prazer o aroma do café nos meus pulmões. Antes de ir para o sofá, coloco um pouco de açúcar e leite.

    Mexendo com a colher, volto para a minha sala de estar, ligo a televisão e me atiro no sofá como um saco de batatas, o que eu já aperfeiçoei desde então, para que nem uma gota de café sequer se derrame no processo.

    Relaxada, cruzo as pernas e percorro os vários canais, até que em determinado momento, indecisa, desisto e assisto a um episódio de Charmed pela centésima vez. Viva à TV paga, que sempre tem uma reprise para mim. Tomo um gole do meu café, fico olhando para a televisão e quando Cole aparece na tela, um suspiro me escapa. Que homem!

    Benzadeus!

    Como eu gostaria de ter um demônio como aquele.

    Eu já irritei muito Mattio com isso, pedindo se ele não mantém um demônio hediondamente sexy escondido no canto da sua caverna, mas infelizmente ele disse que eles não são para mim.

    É o que ele me diz, dentre todas as pessoas; eu o ajudei a conseguir a garota dos seus sonhos e a recuperar minha melhor amiga das bruxas ridículas. E o que eu ganho em troca? Apenas um obrigado. Mas não posso conseguir Cole de volta com isso.

    Olhando para o demônio dos meus sonhos na televisão, me lembro de repente que eu peguei a correspondência da minha caixa de correio. Curiosa, me viro na direção onde está a minha bolsa, e reviro as cartas e os anúncios, até que noto um selo vermelho no verso de uma das cartas.

    Viro a carta e leio meu nome e meu endereço escritos em uma letra maravilhosamente curva. Estranhamente, essa caligrafia não me é conhecida. Viro novamente o envelope branco e examino o selo vermelho. Passo o dedo indicador na cera e concluo que se trata de um selo verdadeiro. Abaixo a minha cabeça um pouco e me aproximo, para ver melhor o símbolo que está nele.

    – Parece um morcego, – sussuro para mim mesma. Passo o dedo indicador mais uma vez nele, e desta vez sinto alguma coisa, tenho uma sensação, como se o meu subconsciente soubesse quem é o remetente misterioso.

    Mexo cuidadosamente na parte de cima do envelope, para não destruir o belo selo ao abri-lo, e rasgo lentamente o envelope com o coração palpitante.

    Minhas mãos tremem levemente quando consigo abrir o envelope e um papel um tanto amarelado aparece. Puxo o papel para fora, hesitante, e o pego cuidadosamente com a mão.

    Só percebo que estou prendendo a respiração quando preciso sussurrar bem alto. Um pouco sem fôlego, abro o papel, que parece velho. Bastante curiosa e nervosa, começo a ler.

    ––––––––

    Adorável Sedy,

    Como todos os anos, nessa época comemoro o meu aniversário.

    Meus súditos sempre organizam uma grande festa para mim, o que eu acho na verdade bastante monótono. Mas desta vez, deve ser diferente.

    Por este motivo, convido-a cordialmente para o castelo Darcul do Drácula.

    Por favor, venha e me dê à honra de celebrar comigo a minha longa existência.

    A propósito, tomei a liberdade de já anexar uma passagem de avião para você, obviamente de primeira-classe. Eu quero muito que você venha me visitar no próximo fim de semana. A comemoração será no dia 31 de outubro à noite, mas eu gostaria muito de tê-la conosco por mais um tempo no castelo. Portanto, o seu voo parte já no dia 30 de outubro e o seu voo de volta apenas no dia 5 de novembro.

    Assim, poderemos passar bons momentos juntos. Fico muito contente e ansioso pela sua vinda.

    Até muito breve,

    Damien

    ––––––––

    Perplexa, leio a carta mais uma vez. Não posso negar que estou de boca aberta. Mas o que diminui a minha alegria com o convite inesperado é o seguinte trecho: Eu gostaria muito de tê-la conosco por mais um tempo no castelo.

    E agora? conosco quer dizer com ele e os seus companheiros de brincadeiras? Mattio sempre me alertou a respeito do rei dos vampiros, pois percebeu desde o início o quanto eu me sentia atraída por Damien. No entanto, durante a operação de resgate de Sinita, não havia acontecido nada com Damien, exceto alguns olhares lânguidos de minha parte.

    Mordendo meus lábios, penso no que devo fazer agora. Enquanto isso, meus dedos ganham vida própria e já puxam as passagens aéreas de dentro do envelope. Meu coração bate mais rápido, enquanto as seguro nas mãos e olho com incredulidade.

    Damien fez um grande esforço por mim. Seria um sinal? Devo simplesmente fazer as minhas malas, sem pensar muito, e voar até a Transilvânia, para vê-lo? Ou devo apenas ignorá-lo, como ele tem feito nos últimos dez meses, desde a operação de resgate?

    Maldição!

    Agora é um péssimo momento, quando eu poderia levar minha amiga Sinita comigo. Um conselho de melhor amiga seria bastante apropriado agora, mas ela está sentada no seu trono escuro e vê os demônios rastejarem aos seus pés.

    Então, só uma coisa pode me ajudar.

    Atirar as moedas.

    Cara ou coroa!

    Rapidamente, pulo do sofá e vasculho minha carteira atrás de uma boa moeda – sim, também existem moedas ruins – e dou um gritinho alegre, quando encontro uma moeda brilhante, o que eu acho que está certo.

    – Cara signfica não, pois a minha cabeça diz não. Coroa significa sim, pois devemos nos arriscar – reflito. Com dedos trêmulos, coloco a moeda em meu polegar, fecho os olhos e conto até três, até lançá-la para baixo.

    No três, a moeda voa e eu abro meus olhos rapidamente, para pegá-la com a outra mão com segurança. Rapidamente, viro meu punho e coloco a moeda presa nas costas da mão. Respiro fundo e tiro meus dedos da palma da minha mão e com isso, a moeda.

    Eu mal posso acreditar nos meus olhos. Eu já esperava por isso, mas não contava com tirar coroa.

    — Coroa — repito em voz alta para mim mesma.

    – Então, vou passar o próximo fim de semana na Transilvânia. Eu procuro ignorar uma grande expectativa que ressoa na minha voz.

    Assim como a sensação de formigamento, que toma o meu corpo completamente.

    Capítulo 2

    ––––––––

    Sedy

    ––––––––

    Assim como minha primeira viagem para cá, desta vez acabo me surpreendendo mais uma vez. O castelo do Drácula é simplesmente de tirar o fôlego e também um tanto assustador.

    O motorista do táxi na minha frente parece achar o mesmo. Eu posso até ver do banco de trás, como o simpático rapaz começa a suar e mesmo sem mexer a cabeça, dá para perceber como seus olhos examinam os arredores em busca de perigo.

    Sim, mesmo depois de séculos, Damien ainda tem a região aqui sob controle. Do jeito que eu imagino o vampiro, maduro, mas extremamente sexy, ele persegue e aterroriza os habitantes propositalmente de vez em quando. Damien é um homem, que não gosta de perder o seu poder. O que eu duvido que seja o caso agora.

    O motorista pigarreia nervosamente, o que me desperta do meu breve devaneio com Damien. Então eu olho para frente e percebo que estamos na última curva, antes que o imponente caminho de entrada seja avistado. Rapidamente, dou mais uma olhada da janela lateral, a fim de admirar o castelo frente às nuvens e guardá-lo em minha mente, o que me parece extremamente romântico. Até mesmo para uma mulher não tão romântica, como é o meu caso.

    Com um solavanco, que faz o taxista frear abruptamente, o carro para. Eu entrego o dinheiro rapidamente, incluindo a gorjeta, e saio. Pego minha pequena bolsa esportiva, a única que trouxe comigo, pela alça e a carrego habilidosamente – assim como a mim mesma – para fora do veículo, segundos antes dele sair, cantando os pneus.

    — Este está mais em pânico do que o último — murmuro e procuro dissipar as nuvens de poeira que aparecem na frente do meu rosto com as mãos.

    Eu me viro e olho para a porta de carvalho grande e pesada, que se abre no mesmo instante. Meu coração dá um salto fora do normal, o que eu tento ignorar. Meus olhos se fixam na abertura da porta e mal podem esperar para vê-lo, quando – que decepção – uma pequena e delicada mulher aparece.

    — Linn — rosno de maneira pouco amigável. O sorriso que havia aparecido antes no meu rosto desmoronou.

    — Sedy, que bom vê-la depois de tanto tempo. — Por que o tom de voz dela parece tão sarcástico?

    — O prazer é todo meu — também finjo e mexo em meus cabelos habilmente, irritada. Linn ergue a sobrancelha direita e me olha com um brilho, que qualquer mulher pode entender.

    Ela quer briga? Pois terá.

    Com um sorriso significativo em meus lábios, subo as escadas do castelo casualmente. Linn segura a porta para mim – provavelmente porque estas são as instruções de Damien – tal como se recebe um convidado amigavelmente. Com muito contato visual, passo por ela e adentro o imenso hall de entrada. Quase havia me esquecido como o castelo é imponente por dentro!

    Com espanto, olho à minha volta e deixo que esta atmosfera tão especial tenha seu efeito sobre mim. Até que Linn me tira deste encanto.

    — Eu já vou lhe mostrar o seu aposento. O jantar será servido dentro de uma hora. Damien quer que você esteja pronta até lá, com o que quer que vocês humanos façam após uma viagem tão longa. Então um criado virá buscá-la e a levará para a sala de jantar. —

    — Damien não virá me cumprimentar então? — me atrevo a perguntar em voz alta e logo quero morder a minha língua e cavar um buraco. Estas palavras estão na minha cabeça desde que desci do táxi.

    Com um sorriso irônico, Linn me responde:

    — Damien está ocupado com coisas mais importantes. Mas você o verá no jantar. Até logo mais... — ela interrompe a frase no meio. Até logo mais, como assim? Eu quero falar com ela, mas antes mesmo de obter o ar para dizer estas palavras, a piranhazinha desapareceu.

    — Eu odeio que você seja tão rápida — rosno baixinho. Mas antes que eu possa ficar ainda mais irritada, surge um homem de cabelos grisalhos na minha frente. Assustada, dou um passo para trás e seguro o meu peito.

    — Meu Deus, este lugar é uma câmara de horrores. —

    — Com licença Srta. Moonrose. Meu nome é Hecktor. Vou acompanhá-la até o seu quarto. — Galante, como convém a um velho vampiro, ele se curva perante mim. Eu aceno com a cabeça e sussurro um olá amigável para ele. Hecktor me parece ser realmente muito gentil, pelo que posso perceber.

    – Por favor, me dê a sua bolsa — ele me pede, e eu a alcanço instantaneamente.

    – Muito obrigado. Siga-me, por favor, Srta. Moonrose. – Essa ladainha de srta faz eu me sentir bem velha, o que eu, no alto dos meus vinte e quatro anos, definitivamente não sou. Mas salientar isso para Hecktor também me parece errado, então mantenho minha boca fechada e o sigo atentamente nos degraus de pedra até o piso superior.

    Depois de termos percorrido metade do castelo – pelo menos é o que me parece – Hektor para em frente a uma porta dourada. Meus dedos coçam de vontade de tocar o ouro, que imagino que seja de verdade. Logo eu acabo podendo fazer isso, quando me encontro sozinha no aposento, sem ser observada.

    – Este é o seu quarto. Voltarei em uma hora para buscá-la e conduzi-la até a sala de jantar, como a Srta. Linn me pediu — aquela monstrenga, completo na minha cabeça.

    – Caso você precise de alguma coisa, aí dentro, bem ao lado da porta, há um pequeno cordão vermelho. Basta puxá-lo e eu virei até você, mais rápido do que um raio. —

    Não discordo de Hektor quanto a isso, pois tenho certeza de que será assim mesmo. Despeço-me dele, agradecida, e pego a minha bolsa de volta.

    Hecktor mantém a porta do quarto aberta para mim e a fecha silenciosamente assim que eu entro. Na verdade, ao olhar melhor para este lugar, quarto, sala ou cômodo me parecem péssimas denominações. O meu apartamento é menor do que isso aqui. De boca aberta, dou alguns passos à frente.

    — Que loucura — murmuro maravilhada, olhando em volta essa enorme suíte. Eu poderia ficar aqui por um bom tempo, é a próxima coisa que me vem em mente.

    Capítulo 3

    ––––––––

    Sedy

    ––––––––

    Enrolada apenas em uma toalha, paro em frente a uma grande cama de dossel. O sonho de toda princesa, é só o que posso dizer.

    Meu olhar percorre as peças de roupa que eu deixei em cima da cama. Muitas não estão ali, como descubro, para o meu espanto. Eu não havia contado com a necessidade de vários vestidos bonitos, mas vejo que estava completamente equivocada. Havia apenas um vestido de gala na minha bolsa e eu estava pensando em usá-lo na festa. Seria muito estranho, se eu usasse o mesmo vestido por duas noites seguidas.

    Qualquer mulher perceberia isso. Nós somos monstros, e isso eu não posso negar.

    Infelizmente, eu não tinha apenas o dilema da roupa que eu usaria à noite, como também não tinha a menor ideia de quem mais estaria neste jantar. Nem Hecktor nem Linn tinham dito nada a respeito disso, mas tenho certeza de que ela o tinha feito de propósito.

    Portanto, eu não tinha muita escolha. Posso usar o vestido de gala, o que definitivamente não é uma opção, então eu teria ainda um short, com uma camiseta larga simples à disposição, ou ainda um jeans comprido e justo com uma blusa de alcinhas. Devo confessar que eu sou uma mestra na arte de fazer malas. Sinita me daria uns tapas por não ter pensado em tudo. Neste caso, devo confessar que sou bastante simples. Minha cabeça funciona de maneira prática e assim também são as minhas coisas.

    Eu estava contando com o fato de que, quando fôssemos passear durante o dia, para Damien me mostrar o seu país, que é agradavelmente quente, eu precisaria de shorts ou bermudas e à noite, em uma aconchegante fogueira, do jeans sexy.

    Como diabos eu deveria saber, que eles estão contando com uma versão apresentável minha hoje.

    Resmungando, jogo a cabeça para trás e fecho os olhos. Não tem jeito. O Jeans e o Top terão de servir. Senão, certamente consigo mais do que quero, que é que Damien fique querendo mais, e não apenas me note. Ele não deve se cansar de mim.

    Assim, antes de Hecktor bater na minha porta para me buscar, deslizo rapidamente para dentro da roupa, corro de volta para o banheiro - que fica ao lado do meu quarto - e seco meus longos cabelos pretos. Vou usá-los soltos, pois combina com a roupa. Destaco meus olhos azuis discretamente com um kajal preto e arremato tudo com um rímel, que realça meus longos cílios. Outra olhada rápida no espelho e antes que eu possa me achar bonita o suficiente, batem à minha porta.

    Pontual como um relógio suíço, sussurro e vou até a porta. Como era de se esperar, Hecktor está parado na frente, e curva-se à moda antiga quando me vê. Eu só preciso pegar meus sapatos rapidinho, digo e me viro imediatamente. Em poucos passos, agarro minhas sapatilhas e as calço. Estou pronta para ir, digo redundantemente. Em silêncio, sigo Hecktor, que está me olhando novamente. Este corredor é pintado de branco. Tudo parece ter uma elegância tão indescritível que tenho medo de que se eu me encostar à parede, farei muitos danos.

    Enquanto descemos a grande escadaria de mármore, percebo como estou nervosa. Um nódulo se forma na minha graganta e minhas mãos estão suando. Umedeço meus lábios com a ponta da língua.

    — Posso lhe fazer uma pergunta, Hektor? -, grito.

    Hecktor para no meio dos degraus e se vira para mim. — Claro, Srta. Moonrose —

    — Quem... é... quem estará neste jantar hoje? – pergunto, desviando o olhar, um pouco envergonhada.

    — A senhorita não precisa se preocupar. Ninguém de fora do castelo virá – Isto deveria me tranquilizar?

    Mas antes que eu possa perguntar quem vive aqui, já estamos à porta da sala de jantar.

    Pela primeira vez na vida, eu desejo não ter que ir lá sozinha. Hecktor abre a porta para mim, se curva e indica com a mão, que eu devo entrar.

    Engulo em seco, reunindo toda a minha coragem, ordenando que minhas pernas prossigam e que, se possível, não se dobrem. Nervosa como um pequeno cordeirinho, meus olhos percorrem toda a sala. Está bastante iluminada. Tudo parece muito chique e reluzente. Espantada, eu entro e não reparo em quem está aqui, até que de repente me choco com força contra algo duro e sou jogada para trás com força. Acidentalmente, eu aterrisso de costas. Arfando e em choque, fico sem ar. Com dificuldade para respirar, levanto minha cabeça e vejo o rosto de Damien.

    Eu queria morrer e cavar um buraco no chão agora mesmo.

    Um riso rouco, cada vez mais alto, ressoa pelo salão.

    — Oh meu Deus, eu disse isso em voz alta? — pergunto, morta de vergonha. Damien acena com a cabeça, olhando para mim com um brilho divertido nos olhos, mas é um cavalheiro e não diz nada sobre a minha entrada vergonhosa. Em vez disso, ele estende a mão para mim e me ajuda a levantar.

    — Como senti saudades de sua espécie, querida Sedy. Que bom que você está aqui —. Sua voz é calma. Eu me perco nela, e minha mente fica completamente vazia. Fico um pouco irritada com isso, mas abano a cabeça e coloco um sorriso adorável e agradecido no rosto.

    — Muito obrigada pelo convite — respondo sem fôlego e com uma voz rouca. Noto que Damien ainda está segurando minha mão, o que me faz corar um pouco. Meu pulso também acelera, o que certamente não é um bom sinal na presença de um vampiro. Meu olhar percorre o salão e eu me corrijo mentalmente.

    Em um salão cheio de vampiros.

    O nó na minha garganta aumenta cada vez mais. Dou um passo na direção de Damien e sussurro: — Mas eu estou aqui pela comida, e não como comida, certo? — Damien começa a rir alto, colocando sua cabeça de volta no pescoço. Eu, por outro lado, fico ainda menor. — Eu gostei do seu jeitinho engraçado desde o início. Venha sentar-se à mesa comigo. Você é minha convidada de honra —.

    Com o rosto vermelho, feito um tomate maduro, sigo Damien até sua mesa. Sinto como se centenas de olhos estivessem me encarando. Como se me empalassem com seus olhares. Internamente, tento ficar ainda menor do que já sou e seguir Damien com os olhos baixos.

    Tenho medo de olhar para um par de olhos sem querer e acabar sendo devorada.

    — Aqui — diz Damien, ronronando como um gato.

    — Sente-se —. Encantador como quando eu o conheci, ele puxa a cadeira para mim. Com um belo sorriso, viro meu rosto para ele e sussurro um suave agradecimento. Damien acena e se senta - felizmente - bem ao meu lado. Porém, quando levanto os olhos, não estou nem um pouco contente com isso. Ao menos quatro vampiras olham para mim como se eu fosse sua próxima vítima e quisessem me assassinar.

    Tento engolir o nó na minha garganta, mas ele não quer descer. O suor irrompe na minha testa, e eu adoraria me abanar com a mão, mas tenho medo de fazer o menor movimento possível. Em busca de ajuda, olho em volta da mesa à minha frente, esperando encontrar um copo de água.

    Enquanto isso, minha garganta está ficando cada vez mais seca e mais arranhada. Quando Damien começa a falar ao meu lado, não entendo uma palavra sequer. O sangue sobe para os meus ouvidos, o que é ainda pior do que o normal, porque tenho certeza de que todos os vampiros presentes nesta sala podem ouvir minha corrente sanguínea descontrolada. Como o desespero vira uma onda de pânico, sinto uma suave pressão sobre meu antebraço. Meu olhar percorre o meu braço e posso ver os dedos leves de Damien sobre ele. Com olhos bem arregalados, olho para ele, incapaz de lhe dar um sorriso meigo. — Pegue o meu copo Sedy, tome um pouco de água —. Como se ele ouvisse meus pensamentos gritando, nos últimos segundos Damien me alcançou seu copo de água. Por que ele tem um copo de água é uma pergunta que não poderia me importar menos neste momento. Mesmo quando o arranco da mão dele um pouco enérgica e engolindo a água com voracidade, não perco a oportunidade de fazer papel de boba.

    Eu já fiz isso antes sem ele.

    Quando o copo fica vazio, eu o coloco lentamente sobre a mesa e limpo meus lábios molhados com as costas da mão. — Obrigado por me salvar —, digo suavemente. Damien aperta minha mão, olhando para mim com muita atenção, o que me deixa imediatamente cativada por seu olhar. — Você não precisa ter medo comigo, Sedy. Você é minha convidada de honra e todos nesta sala sabem disso.

    Agora estou nas nuvens de tanta alegria.

    — E o que tem para comer? — pergunto e a minha voz sai muito alta. Irritada comigo mesma e com minha estranha mudança de assunto, franzo a testa.

    — Só uma coisinha para você. Não estamos comendo, mas queremos observá-la. — Damien diz isto com uma expressão tão séria em seu rosto que fico de queixo caído, olhando para ele espantada.

    — O-o quê? —, pergunto com uma voz estridente. Justo quando penso que tenho meus pensamentos em ordem novamente e quero passar para a próxima pergunta significativa, gritos, cacarejos e risos irrompem. Meu corpo se agita e então me assusto com o barulho repentino.

    — Estou só brincando — diz Damien com um sorriso. Infelizmente, não posso rir desta brincadeira no momento. Ele deve notar que eu não estou me sentindo bem agora.

    O que não torna sua piada estúpida — às minhas custas — melhor. Estou começando a questionar de minha decisão de ter aceitado este convite.

    – Por favor, me perdoe querida Sedy. Mas esta diversão foi muito tentadora. — Ainda que eu lhe dê um sorriso forçado, não consigo perdoá-lo.

    Ele deveria cuidar do meu bem-estar, não entreter seus súditos.

    Ou eu tenho apenas uma imagem estranha deste clã de vampiros?

    E se não for o que me pareceu no início?

    Mas, antes que eu possa ser surpreendida por mais perguntas, Damien bate palmas — bastante alto, ecoando por toda a sala — e os criados se apressam a entrar com bandejas de prata totalmente carregadas.

    Instantaneamente, um aroma maravilhoso de comida deliciosa preenche a sala. Meu estômago começa a rosnar alto, como um leão esfomeado. Estes cheiros inebriam meus sentidos e fazem com que eu me dê conta de que não comi nada durante horas.

    Damien ri ao meu lado.

    — Parece-me que a comida no avião não é a melhor. — Rindo, eu abano a cabeça e coloco uma mão na frente do meu estômago rugindo.

    — Bem, sim, mas nem tanto. Além disso, já faz muito tempo que estou sem comer. Sou uma mulher grande e adulta que precisa de algo forte —. Estou ciente de que minha resposta parece ambígua. Afinal de contas, esse era o ponto principal. Porque finalmente encontrei novamente em mim a velha Sedy, a versão durona e sempre com uma resposta na ponta da língua.

    Com um pequeno sorriso vitorioso para o grupo das mulheres, me viro para a bandeja de prata no meio da nossa mesa.

    Capítulo 4

    ––––––––

    Sedy

    ––––––––

    Embora eu já esteja cheia, não posso negar a mim mesma a deliciosa sobremesa. Minha boca saliva quando o criado coloca uma pequena tigela branca de crème brûlée na minha frente. Eu inspiro alegremente o aroma maravilhoso.

    Pego a colherzinha e tento, como fiz antes, comer o mais delicadamente possível. Assim como eu tenho o primeiro pedaço na boca e quero saboreá-lo com calma e dedicação, ruídos altos vêm de fora de repente. Eu levanto a cabeça curiosa, baixo meus talheres e olho em volta da sala, assim como todos os outros, que também parecem estar ouvindo o barulho lá fora. Damien se senta ao meu lado, bem ereto. Ele não move um músculo, como se agora tivesse transferido todos os seus sentidos para seus ouvidos.

    Quando estou prestes a dizer algo, ouve-se um estrondo ensurdecedor. Eu hesito com todas as minhas forças e ponho a mão na boca para não gritar. Damien dá um pulo, dá um sinal para umas poucas pessoas na sala e me agarra pela mão de repente. Ele me puxa da cadeira rudemente.

    Agora há movimento na sala. De repente, as vozes aqui dentro ficam tão fortes que não consigo mais ouvir nada do lado de fora. Mas, quando o chão começa a tremer sob meus pés, tenho certeza de que algo muito sério deve estar acontecendo por aqui, e um só olhar para o rosto de Damien confirma as minhas suspeitas silenciosas.

    Nós estamos sendo atacados!

    – Leve para fora todas as mulheres, que não conseguem lutar! Lane, guie-as e leve-as pela passagem subterrânea até o abrigo. Feche-o e esperem até que eu venha buscá-las. Não abra a maldita porta para mais ninguém, entendido? Lane, que está ao nosso lado, acena afirmativamente e agarra a minha mão, que Damien estava segurando até agora. Quero protestar, mas posso ver em seus olhos que não é uma boa ideia no momento.

    – Vocês ouviram o rei! Todas as mulheres que não possuem nenhuma experiência de luta e combate, venham comigo! Lane não parece muito satisfeita com esta tarefa, mas não contradiz o seu líder. Viro a cabeça e olho mais uma vez para Damien. Agora, ele está envolvido em um debate

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