Transtornos da aprendizagem: da teoria à prática
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Transtornos da aprendizagem - Cláudia Ferreira
AGRADECIMENTOS
ao meu marido e à minha filha, sempre pacientes e incentivadores;
a Deus, por me conceder mais uma realização;
aos meus clientes, por me proporcionarem tanta aprendizagem com suas peculiaridades;
aos educadores - pais e profissionais da educação, que me motivaram a fazer um apanhado sobre o tema;
à minha editora Gláucia Gonçalves pela dedicação e competência;
a todos, o meu muitíssimo obrigada.
Cláudia Ferreira
DEDICATÓRIA
Aos meus pais, que se foram sem pedir licença. Apesar de não estarem mais presentes fisicamente, sua credibilidade em meu trabalho continua me motivando a crescer cada vez mais.
Amo vocês!!
APRESENTAÇÃO
Segundo o Manual de Diagnóstico Mental (DSM-5), os transtornos específicos da aprendizagem interferem significativamente no rendimento escolar ou nas atividades da vida diárias que exijam habilidades de leitura, matemática ou escrita. Portanto, em um momento no qual o alto rendimento individual e coletivo é uma exigência corrente, um diagnóstico precoce e oportuno, pautado em critérios clínicos definidos, permitirá adequar estratégias de intervenções que possibilitem, de forma mais efetiva, reduzir os prejuízos causados pelos transtornos.
Em Transtornos de aprendizagem: da teoria à prática, Cláudia Ferreira se pauta na especificidade dos critérios técnicos da definição dos transtornos e propõe intervenções oportunas em relação a tais critérios. Na agilidade da escrita, o texto se sustenta inteligível e despretensioso. Não esgota o tema e não se omite diante da necessidade de orientar adequadamente tanto os profissionais de áreas afins, ligadas à aprendizagem, quanto aqueles que demandam um conhecimento a respeito do tema.
Como pai, médico e pesquisador, em um universo atual de tanta oferta de informações globalizadas, eu tenho o privilégio de compartilhar com o leitor este livro na totalidade das suas propostas.
Dr. Wagner Parreiras
Psiquiatra
PREFÁCIO
Foi com surpresa e alegria que recebi o convite para apresentar o livro Transtornos de aprendizagem: da teoria à prática, de Cláudia Ferreira.
Quem lida com a criança ou adolescente com problemas na aprendizagem sabe da grande aflição que invade a todos os envolvidos e a necessidade de uma atuação eficaz. E é aí que este livro vem acrescentar com as suas orientações práticas.
Cláudia nos leva por uma introdução sobre as definições dos transtornos específicos da aprendizagem, uma explanação rápida do funcionamento do cérebro, não deixando passar assuntos tão atuais quanto TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade) e o bullying. Também são levantadas questões emocionais e comportamentais presentes nos transtornos específicos da aprendizagem.
No geral o livro fornece principalmente aos educadores e pais uma noção do que são esses transtornos e logo entra com a parte de orientações. E esta parte é o diferencial do livro, pois enfoca métodos de atuação dos pais e professores. Esses podem lidar com a criança ou adolescente com transtorno transtornos específicos da aprendizagem de uma forma mais justa para com a criança, pois conhecendo suas limitações e muito mais suas capacidades têm como ajudá-los de maneira eficiente. Além disso, estas orientações trazem refrigério para todos os que, na sua angústia, buscam formas de ajudar essas crianças e adolescentes.
É um livro de fácil leitura e deve ser relido quantas vezes se fizerem necessárias para que as orientações sejam adaptadas à peculiaridade de cada caso e à cada realidade familiar e escolar.
Maria Amin
Pediatra e Neurologista infantil
INTRODUÇÃO
Os Transtornos Específicos da Aprendizagem envolvem qualquer dificuldade na aquisição e na utilização de informações ou habilidades que levem a criança a um desempenho bem abaixo de sua capacidade ou potencial.
Geralmente os pais são os primeiros a notar que a criança tem dificuldades de aprendizagem que vão além dos apertos ocasionais de escola. O importante é ter em mente que ela não é a única, pois atravessar este período difícil pode ser penoso tanto para a criança quanto para os pais. Em vários casos, os pais ficam aliviados em saber que há uma razão para seus filhos não estarem indo bem na escola e que há como ajudar.
Apesar de ser uma questão crônica, com o suporte e a intervenção adequada, a criança com deficiências de aprendizagem tem boas chances de sucesso na escola e de destaque em sua carreira mais tarde na vida. Os pais podem ajudar a criança com deficiências de aprendizagem a alcançar esse sucesso, incentivando seus pontos fortes, conhecendo seus pontos fracos, compreendendo o sistema de ensino, trabalhando com profissionais e aprendendo sobre estratégias para lidar com as dificuldades específicas.
CAPÍTULO 1
O que é
Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), um Transtorno Específico da Aprendizagem, como o nome implica, é diagnosticado diante de déficits específicos na capacidade individual para perceber ou processar informações com eficiência e precisão. Esse transtorno do neurodesenvolvimento manifesta-se, inicialmente, durante os anos de escolaridade formal, caracterizando-se por dificuldades persistentes e prejudiciais nas habilidades básicas acadêmicas de leitura, escrita e/ou matemática
.
Os pesquisadores definem os Transtornos Específicos da Aprendizagem (TA) como uma condição neurológica que atrapalha a capacidade do cérebro de entender, recordar e comunicar informações. Isto é, a pessoa tem dificuldade em aprender ou tem sérias dificuldades nesse processo em uma ou mais de uma área acadêmica, independentemente de seu nível intelectual. Esses prejuízos neurológicos geralmente afetam a percepção visual, o processamento da linguagem, as habilidades motoras (principalmente as finas) e a capacidade de concentrar a atenção.
Em outras palavras, um indivíduo tem TA quando a sua capacidade geral de aprendizagem é mediana ou superior, mas suas habilidades em uma ou mais áreas acadêmicas são significativamente mais fracas, dada sua aptidão e capacidade para aprender. Todavia, de maneira geral, a habilidade cognitiva ou o nível intelectual desses estudantes é mais desenvolvido do que sua habilidade em aprender tarefas específicas.
CAPÍTULO 2
Causas
Acredita-se que os Transtornos Específicos da Aprendizagem são um tipo de deficiência orgânica resultante dos problemas de processamentos neurológicos, que provocam dificuldade de aprendizado e de aplicação das competências em uma ou mais áreas acadêmicas. Evidências sugerem que as chances de uma criança com deficiência de aprendizagem aumentam quando os pais ou outros parentes também têm dificuldades de aprendizagem, o que sugere que a hereditariedade pode ser responsável em alguns casos. No entanto, qualquer fator que possa alterar o desenvolvimento cerebral do feto facilita o surgimento de um quadro de TA.
Fatores que contribuem para o surgimento dos Transtornos Específicos da Aprendizagem:
aspectos biológicos;
alterações anatômicas do cérebro;
alterações funcionais do cérebro;
histórico familiar de Transtornos Específicos da Aprendizagem (predisposição genética);
enfermidades que afetam o desenvolvimento neurológico;
ausência de cuidados pré-natais;
má nutrição;
doenças pré-natais ou complicações de parto;
Síndrome alcoólica fetal;
exposição a toxinas ambientais como chumbo ou mofo tóxico.
CAPÍTULO 3
Sintomas
Nem todos os sinais de dificuldade escolar configuram os Transtornos Específicos da Aprendizagem.
A maioria dos estudantes passa por dificuldades de aprendizagem em várias fases durante os anos escolares. Na verdade, ter dificuldade com matéria nova é uma parte normal do processo de aprendizagem e gera benefícios para os estudantes. O esforço e a concentração adicionais necessários para completar tarefas desafiadoras podem reforçar as habilidades de resolução de problemas, aumentar a compreensão e manter o foco necessário para melhorar a memória de longo prazo. Consequentemente, nem todos os problemas de aprendizagem são sinônimo de Transtornos Específicos da Aprendizagem.
Na primeira infância, os sinais de Transtornos Específicos da Aprendizagem podem aparecer como atrasos no desenvolvimento. Todavia, é importante lembrar que várias crianças com atraso no desenvolvimento, se tratadas precocemente, podem não evoluir para um Transtorno Específico da Aprendizagem.
Nos anos escolares posteriores, a dificuldade com o para-casa e o rebaixamento escolar podem ser sinais de problemas de aprendizagem mais sérios.
Suspeite que há Transtorno Específico da Aprendizagem quando a criança:
tirar notas baixas independentemente do esforço nos estudos;
tiver dificuldade em seguir instruções ou necessitar de constante explicação passo a passo para as tarefas;
não conseguir se lembrar dos passos para resolução de problemas por não ter compreendido as tarefas ou a lógica por trás do problema;
tiver pouca memória de material escrito ou falado;
for desatenta de maneira geral;
tiver dificuldade em dominar tarefas acadêmicas ou transferir competências para outras tarefas;
apresentar dificuldade de memória a curto prazo;
tiver amplo conhecimento geral mas não conseguir ler (Dislexia), escrever (Disgrafia) ou fazer contas (Discalculia) como deveria;
for imatura socialmente e preferir se juntar com crianças menores;
tiver dificuldade na comunicação, no processamento da linguagem ou na linguagem expressiva e receptiva;
ficar frustrada com a escola e com os para-casas;
tiver baixa autoestima.
Quanto à caracterização de lateralidade, o seu fortalecimento juntamente com a orientação do esquema corporal, em princípio seria fixado a partir dos 4 anos de idade, quando a criança registra sua preferência por um dos lados, embora algumas crianças apresentem mais cedo e outras depois dessa idade a sua fixação lateral. Segue uma atenção especial ao sinistrismo visivo (canhoto de vista), dada a sua importância na aprendizagem.
No nível cerebral, cabe ao olho direito a função de analisar e ao olho esquerdo a de ver o conjunto desordenado, ao redor. Exemplificando: enquanto analiso com o olho direito, o olho esquerdo, ao mesmo tempo, observa tudo o que acontece em torno do ponto analisado. Por isso, a criança canhota, em se tratando de vista, tem sérias dificuldades de concentração, distrai-se com facilidade e se cansa depressa. Portanto, para ela, o estudo representa uma fonte de sofrimento: ou fica estudando horas a fio, com a impressão de que está perdendo muito tempo, ou prefere deixar para lá
ou mesmo abandona os estudos.
O olho direito leria, de acordo com a tendência natural, da esquerda para a direita
( → ). Exemplo: 48
e b
. O olho esquerdo leria da direita para esquerda ( ← ); ou seja, ao invés de ler 48
, leria 84
; e ao invés de ler b
, leria d
. Ou, na melhor das hipóteses, a criança canhota poderia ler bem, mas gastaria muita energia para isso.
O olho direito, de acordo com sua tendência natural, leria uma linha depois da outra, como normalmente lemos, de cima para baixo ( ↓ ); já o olho esquerdo leria uma linha depois da outra, porém de baixo para cima ( ↑ ). Como podemos ver, ser canhoto de vista constitui um fator totalmente negativo à aprendizagem em geral.
Algumas orientações úteis
reforçar a direita visiva: os livros, o quadro escolar, os colegas e os professores devem estar, preferencialmente, à direita da criança;
manter limpa a mesa de estudos e deixar sobre ela somente o necessário para a execução de uma tarefa por vez;
para impedir a