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Você é minha!
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E-book387 páginas5 horas

Você é minha!

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Sobre este e-book

Madison tentou com toda sua força escapar.Mas Michael não permitiu.Em vez disso ele a destruiu,Ele a quebrou por inteira.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento9 de mar. de 2022
ISBN9781526016096
Você é minha!

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    Você é minha! - Audrey Victoria

    MUDANÇA

    Rio de Janeiro, 2015

    Madison

    — Eu sinto muito, Mad. — Lucas me abraçou forte e eu retribui, coloquei a cabeça em seu ombro e me permiti chorar. Ver os seus pais sendo enterrados no mesmo dia por causa de um acidente aéreo ter e que ir embora para outro país por não ter mais ninguém na cidade onde nasceu é horrível, sufocante e triste. Principalmente para uma garota perdida e sem rumo de quinze anos como eu.

    Lucas é o meu melhor amigo e também minha paixão secreta, não consigo me fazer de durona perto dele, ele me conhece muito bem, todos os meus segredos e fingimentos são descobertos em um piscar de olhos.

    — Calma Maddie, eu estou aqui. Eu vou cuidar de você, vou te livrar dessa dor agoniante, relaxa eu vou sempre estar aqui por você, amo você minha pequena.

    Eu também amo você Lucas, muito.

    Nenhuma palavra sai da minha boca, só consigo chorar compulsivamente. Não só pelos meus pais e a minha mudança, mas por ter que deixa-lo.

    — Nem acredito que você vai embora minha catota. — Me apertou ainda mais. Eu me sentia uma mulher de verdade quando ele me chama de minha.

    Me sinto completamente sua.

    A dor sufocante no meu peito aumentou desesperadamente, parecia que eu iria morrer sufocada. Era a pior dor que eu já senti em toda minha vida.

    — Eu... Amo você. Obrigada por estar sempre comigo, Lucas. Você é a melhor pessoa desse mundo.

    Ele sorriu daquele jeito que me fascina, que me deixa totalmente boba e corada, eu me sinto uma trouxa por gostar tanto assim dele. Ele me deu um lindo sorriso e eu fiquei hipnotizada como sempre. Mal sabia ele que eu realmente o amava como homem.

    — Madison Siega? — Um homem alto e moreno aparentando ter uns quarenta anos todo formal, de paletó e gravata, estilo executivo se aproximou da gente, nos separamos do abraço aconchegante.

    — Sou eu, o que deseja? — Ele retirou um papel da pasta preta que estava em suas mãos.

    — Sou Marcos Duarte, Advogado dos seus pais e agora seu. Queria falar a respeito da sua guarda e...

    — Cara, ela acabou de enterrar os pais, dá um tempo! — Lucas o repreendeu e ele assentiu.

    — Volto em duas semanas, não se preocupe, eu sei onde mora. E eu sinto muito pelos seus pais de verdade. — Piscou e foi embora.

    As pessoas começaram a irem embora e finalmente eu poderia ficar em paz, mas aliviada, todos olhavam para mim com pena, eu era o centro das atenções dessas pessoas que só vieram por vim, nem sabiam sobre meus pais, não sabem sobre mim, somente vieram olhar a nossa vida. Vieram para rir da minha agoniante dor.

    Lucas Yore

    Me chamo Lucas, tenho dezessete anos, como um cara divertido, ninguém suspeita da minha vida dramática. No final das contas, atrás de todos os risos existe uma lágrima, mas não me importo muito com meus sentimentos, eu sou o cara foda da turma, eu sou o que faz todos rirem com minhas piadas e paranoias.

    Sou um fotógrafo, porém ninguém sabe sobre isso, mantenho todas as minhas habilidades em segredo. O que mais gosto de fazer? Ah, eu adoro uma boa refeição eu nunca consegui compreender meu próprio corpo, a cada dois minutos estou com fome. É como se eu estivesse com um enorme buraco negro no meio do estômago, fazer o que né... Metabolismo extremamente rápido.

    Eu sou imprevisível, acho isso uma qualidade, pois me sinto um ninja, ninguém sabe exatamente qual vai ser minha reação a partir do momento em que estou vivendo.

    Eu não sinto medo, pois tudo que é perigoso eu arrisco, pois radical é o meu segundo nome!

    Desde pequeno, eu tinha minha melhor amiga, eu a chamo de catotinha, a gente era tão igual em relação as coisas e sentimentos, cada momento que em estive ao lado dela fez o meu sentimento crescer, eu sempre ajudei-a e ela sempre me apoiou mesmo eu estando errado, porém agora que eu sei que estou sentindo eu quero, a cada dia que passa quero estar ao lado dela do mesmo jeito que a gente era criança porém de uma forma diferente, desde a distância eu não consegui lidar muito bem com a nossa separação. E naquele instante que tivemos que nos separar, muitas coisas mudaram, mas o meu amor por ela sempre foi eterno.

    Duas semanas depois

    — O voo já vai sair. Vamos logo, Madison! — Marcos me alertou pela segunda vez enquanto estava agarrada a Lucas. Ter que deixar o seu melhor amigo, o seu amor no lugar que você ama, onde seus pais foram enterrados é muito ruim, triste e doloroso. Mas o que o eu poderia fazer? Morar com Lucas? Ele me ofereceu isso, mas eu não me dou bem com seu pai extremamente chato. Eu e ele sempre discutimos por ele pressionar o filho em tudo, não deixa Lucas fazer nada que um adolescente poderia fazer, não o deixa aproveitar as coisas mais simples. Mas eu sempre combati o senhor controlador doente com titica de galinha na cabeça idos que não sabe como se viver.

    Bem, vai ser difícil deixar ele aqui para viver com um homem que eu nem conheço. Não é porque é meu tio que vou ter uma intimidade absurdamente instantânea, mas irei tentar, e vou conseguir e quando eu estiver maior de idade irei voltar para o Rio. Para o Lucas Yore, o meu grande primeiro amor.

    — ESTOU INDO! — Gritei, ele já estava entrando na fila de embarque rumo a Boston, eu estava abraçada a Lucas. — Vou sentir saudades catoto. — Ele sorriu lindamente.

    — Eu também vou, catotinha. — Nos olhamos profundamente por alguns segundos e quando me dei conta já estávamos nos beijando. Senti seus lábios finos e quentes colados nos meus, uma sensação nova e estupendamente gostosa. Ele aprofundou o beijo. Sua língua é suave, delicada e macia, me deixa completamente louca sem precisar de muito esforço. Eu não queria mais parar de beijá-lo, não poderia nunca mais, eu só preciso de mais um pouco todos os dias. Um beijo incrível, um sabor incomparável. A coisa mais gostosa que senti na vida. Sim, é o meu primeiro beijo e Lucas sabia disso, estou em choque, mas não paro de beijá-lo. Finalmente, o meu primeiro beijo, o beijo que eu esperei por muito tempo com o garoto mais lindo e incrível. Foi a melhor coisa que aconteceu durante essas duas semanas terríveis, triste massacradas. O beijo acabou não tinha o que dizer, era uma dolorosa despedida temporária ou um triste adeus definitivo talvez? Depois desse beijo, eu não quero mais largar ele, agora tenho mais do que certeza que o amo mais do que tudo.

    — Vamos, Mad. — Marcos me chamou mais uma vez. Eu não quero soltá-lo...

    Está difícil aqui, meu caro Marcos.

    — Eu não quero te soltar..., mas você tem que ir embora, eu te amo muito mesmo. Se cuida por mim e por você, tá? — Assenti, olhando em seus olhos incrivelmente azuis como o mar de Caribe.

    — E você por favor, não deixe seu pai te controlar, eu amo você demais. — Nos abraçamos pela última vez seguido de lágrimas grossas nos meus olhos inchados e cansados de tudo isso. Não quis olhar para trás, nem poderia. Já estava doendo demais tudo isso, agora seriam horas e horas de viagem, horas que certamente mudarão a minha vida, só não sei se é para melhor ou pior.

    Boston, Massachusetts

    Boston é completamente diferente do Rio. O clima, a cultura, decorações, as ruas e principalmente as pessoas. É um lugar extremamente bonito. Aqui é lindo, o Tio Mike deve viver muito bem. Mamãe dizia que era responsável, legal se eu obedecesse, mas também arrogante, com gênio forte cheio de regras. Ele odiava erros, gostava de tudo perfeito e no seu devido lugar. Mas também dizia que eles se pareciam muito, então deve ser muito lindo, pois a minha mãe era uma linda mulher, ruiva, magra dos olhos claros, já eu sou morena igual ao meu pai, mas os olhos e o sorriso são dela.

    Estou um pouco preocupada, e se ele não gostar de mim? E se eu tiver que voltar ao Brasil? Se eu voltar serei mandada para um orfanato. Me ajude Odin.

    — Você já viu alguma vez seu tio Michael, Mad? — Marcos me tirou dos meus devaneios confusos. Estávamos passando por uma linda casa branca, com um jardim muito bem cuidado e havia uma família fazendo piquenique.

    — Não, mas sei que ele é muito parecido com minha mãe. E bem, eu espero que ele seja legal como ela era. — Uma vez minha mãe mostrou —me uma foto da época em que eles eram adolescentes.

    — Pelo que eu soube, ele não é tão legal como imagina, Mad. Chegamos no seu novo lar, menina. — Paramos em frente a uma enorme mansão branca, com uma linda fachada, estilo clássica. Um senhor abriu a porta do carro com um sorriso sincero, mas com um olhar de pena. Eu sinceramente não o compreendi.

    — Seja mais que bem-vinda a mansão Siega, Srta. Madison, eu sou o Joffrey, mordomo da casa e espero ser teu amigo também. — Joffrey aparentava ter no mínimo uns sessenta anos, era loiro dos olhos castanhos, estava vestindo um uniforme justo e branco, com botões vermelhos, era belíssimo.

    — Olá Joffrey, me chame apenas de Mad, sem formalidades, por favor. — Ele sorriu e assentiu. — Onde está o meu tio? Como ele é? Ele está? — Joffrey abaixou a cabeça, mordeu o lábio inferior e voltou a me olhar.

    — O sr. Siega está no escritório, Srta. Mad. Por isso vim recebe-la, vamos entrar? — Assenti, ele pegou algumas malas e entramos na mansão.

    — Sinta —se a vontade, Srta. Aceita alguma coisa? — Neguei com o rosto e Joffrey assentiu. — Ah, Sr. Siega.

    Quando virei, vi um homem alto, parecido até demais com minha mãe, extremamente bonito, como eu já esperava. Mas com um olhar frio e calculista, uma aparência autoritária, um olhar totalmente novo para mim. Um desdém incomum, uma cara fechada, um ódio.

    — Olá, Madison. Tenho certeza que vamos nos dar muito bem, garotinha. — Um frio subiu pela minha espinha, um medo daquele olhar. Eu me encolhi, pude ver um sorriso sádico nele.

    MALUCO

    Madison

    Atualmente

    Hoje é o meu primeiro dia de aula, estou morando aqui a mais o menos cinco meses. Sinto muita falta do Brasil, do clima, da escola e principalmente do Lucas. O tio Mike é um homem muito rígido e controlador, mas até que é legal comigo. O vi poucas vezes, pois sempre está no seu escritório e quando me vê sempre dá um jeito de fugir. Eu tive medo quando o conheci, ele ainda me intimida um pouco, mas dá para conviver tranquilamente com ele.

    — Tchau Joffrey. — Me despedi de Joffrey, ele me ajudou bastante com o idioma e me tirou do tédio muitas vezes, é um ótimo amigo.

    — Eu gostaria de acompanha-la, mas infelizmente tenho que visitar minha filha que está doente, Mad. —  A filha de Joffrey está com pneumonia aguda e eu jamais atrapalharia ele de visitar sua filha para me levar a escola.

    — Eu compreendo, o Walter irá me levar. Beijos, melhoras para sua filha.

    — Obrigado, minha criança.

    Quando cheguei na garagem não encontrei o nosso motorista, procurei, mas nada.

    — Walter? — Não obtive respostas. — Walter está por aqui? — Nada. — Wal...

    — Ele não vai te levar, garotinha. — A voz do tio Mike fez o meu corpo todo tremer, virei e o vi apoiado no seu carro.

    — Eu pensei que...

    — Pensou errado menina. Eu vou leva-la! Agora entre. — Não queria discutir então entrei. — Ele estava com o maxilar trancado com cara de poucos amigos e eu não entendi. — Por que olha tanto para mim, criança?

    — Ér... Não é... Nada, eu só... — Ele definitivamente me intimida.

    — Hm, eu não queria que você fosse estudar na escola. Queria contratar um professor particular, mas o seu advogadozinho fez questão. Disse que você precisa conviver com gente da sua idade. — Fez aspas com os dedos e revirou os olhos.

    Eu resolvi ficar na minha, e vi que ele achou bom eu ficar calada, ele é estranho.

    Chegamos, a escola é enorme. Branca com detalhes verdes claro. Estou com um frio na barriga Help.

    — Não vai sair do carro? — Tio Mike me tirou dos meus devaneios e eu olhei para ele. Vi seus olhos azuis, sua barba farta, ele é extremamente bonito. Se ele tiver namorada, ela tem sorte. — Perdeu alguma coisa no meu rosto, menina?

    — Perdão, sr. Eu... só estou com medo, mas vou indo.

    — Medo só os fracos sentem, garota. Não vá nessa, quero você em casa assim que acabar. Nunca se atrase, entendeu? — Assenti e abri a porta, mas antes ele segurou meu braço. — Tome muito cuidado com os garotos, não fale, não de intimidade, nem mesmo olhe para algum, entendeu? Não irá me desrespeitar a mim enquanto estiver na minha casa! Irá sempre me obedecer! — Com a testa franzida com o absurdo que eu acabei de ouvir disse um sim super fraco e fui embora. Que homem louco!

    A aula foi legal, minha sala teve poucos alunos, hoje foi apenas uma introdução foi de boas como diria Lucas. Assim que acabou liguei para Walter. O tio Mike disse que não iria me buscar e dei graças a Deus.

    — Ela vai sair amanhã estou muito feliz, querida. — Joffrey está me contando o quanto sua filha estava melhor e que irá receber alta amanhã. — Oh! Como eu sou egoísta. Eu falando, falando e você não me disse como foi o seu primeiro dia de aula, pequena?

    — Foi estranho, mas normalmente só fiquei assustada no começo, mas logo passou. Eu que fui ridícula em ter medo da escola.

    — Claro que não, isso é normal. Eu senti medo também quando fui estudar pela primeira vez e quando tive o primeiro emprego também.

    — Obrigada, Joff. Foi o tio Mike que me levou, foi estranho.

    — Por que foi estranho? — Fez cara de confuso.

    — Porque ele falou umas coisas sem sentidos e ele quase nunca chega perto de mim, por que do nada quis me levar se não se importa comigo? — Joff ficou quieto e olhou em outra direção.

    — E ele está bem atrás de mim, certo? — Joffrey assentiu meio tenso. Eu virei e estava com cara de poucos amigos, eu senti um medo incomum. Ele me deixava assustada e confusa.

    — Está falando de mim, garota? Por que não fala isso para mim? Venha até minha sala. — Caramba e agora? Eu e minha boca grande, mas acho que não disse nada demais, né? — Olhei pra Joffrey e ele assentiu.

    Ele abriu a porta do escritório e trancou. Engoli em seco e fechei os olhos.

    — Como foi o dia hoje? Falou com algum menino? — Ué.

    — Eu... não! O dia foi normal, tio. — Ele fechou os olhos duramente e respirou fundo. Não estou entendendo mais nada. — Mas como foi só introdução eu não posso dizer muito. — Ele assentiu e sentou —se em sua cadeira.

    — O que vai fazer hoje, Madison?

    — Irei ficar em casa, assistir algumas séries ou conversar com o Joff talvez...

    — Não! Hoje vamos sair, conhecer um pouco a cidade. Sei que não sai antes com você, mas foi por conta do trabalho, vamos dá uma volta. — Fique até surpresa, mas adorei a ideia.

    — Sim, senhor.

    — Garota, você quer um Milk-Shake? — Tio Mike e eu estamos no shopping, acabamos de assistir Capitão América: Guerra Civil. Esse filme é muito bom.

    — Quero sim, Tio. — Revirou os olhos, foi lá e pediu um Milk-Shake gigante. Doido.

    — Vamos para casa? Já está tarde.

    — Realmente, eu tenho aula amanhã. — Assentiu.

    Percebi que no shopping o tio Mike encarava qualquer menino que olhava para mim, acho que ele deve ser bem ciumento Hahaha. Tentando me proteger, isso é legal.

    Chegamos, ele me levou até a porta do quarto.

    — Boa noite, menina e juízo nessa cabeça inocente. — Tocou no meu ombro, olhou bem dentro dos meus olhos e tirou a mão do meu ombro.

    — Obrigada, senhor. Boa noite. — Ele assentiu e saiu, eu fiquei olhando até ele sumir de vista.

    Talvez ele seja um cara legal, deve ser apenas o jeito dele.

    VAZIO

    Todas as noites eu venho observá-la enquanto ela dorme. Não vejo a hora de te ter em meus braços, cadelinha minha, minha princesinha, minha putinha... Não importa o que digam ou o que vão pensar, você será minha, você é minha desde que nasceu.

    Ela é sua, tudo no seu tempo, Michael.

    Madison

    A primeira aula irá começar as sete e quinze, mas eu já estava na sala desde as 6 horas da manhã. Tio Mike me obrigou a acordar as cinco horas. Que saco!

    — Bom dia, Alunos. — Uma professora nos cumprimentou.

    — Bom dia. — Nós falamos em coro.

    A aula percorreu muito bem, apesar da matéria ser matemática, odeio pra caramba. Estamos na metade da aula e eu continuo na minha.

    — Com licença, professora? — Olhei em direção a voz rouca e suave ao mesmo tempo. Era um garoto encostado na porta. Eu tenho a impressão que o já vi.

    — Atrasado como sempre, Chris. — Ele é bem alto, forte, não musculoso, mas fortinho, é loiro, seus olhos são claros tão intensos, são incríveis, olha esses lábios rosinha. Estou fascinada.

    Foca no dever, Madison, no dever.

    — Desculpe, professora. É que tive que ficar com a Beth até a Carly chegar do trabalho. — Ele fala como se a professora soubesse do que ele falava. Ela assentiu.

    — Tudo bem, mas faça o possível para não se atrasar. Ok? — Ele balançou a cabeça três vezes e foi se sentar. Ele se sentou ao meu lado, olhou para mim e depois virou.

    Cadê o meu ar?

    Que gato

    Maddie, foca no Lucas. Ele não vai gostar disso.

    — Alunos, façam duplas para estudar matemática até o final do ano. Depois que escolher o seu parceiro não poderá trocar, hein. — Todos fizeram, eu apenas fiquei olhando, sabia que ninguém viria até mim.

    — Hey, você não tem par? — Uma menina com uma voz doce me perguntou baixinho.

    — Não, por quê? Você quer fazer comigo? — Assentiu e eu suspirei aliviada. — Sou Madison e você? — Ela puxou a sua carteira para perto da minha. Sorriu de orelha a orelha.

    — Sou Claire. Espero que a gente se de bem, Madison. — Apertou minha mão e ajeitou os óculos. Ela era meio desengonçada, atrapalhada e parecia engraçada.

    — Ela é britânica, com ascendência irlandesa, ruiva, aquariana e gosta de música clássica. — Estava contando animadamente para Joffrey sobre a Claire, ele estava sorridente.

    — Muito bem, menina. Eu fico feliz por estar conseguindo se socializar. — Eu sorri feito uma hiena, eu estava realmente feliz.

    — Mas me sinto mal ainda sabe, Joff. Queria que o Lucas estivesse aqui, ele é o meu melhor amigo. — Fiz muxoxo e ele acariciou minha bochecha.

    — Você gosta mesmo desse garoto em meu bem?  — Assenti afoita.

    — Gosto bastante. — Ele riu entendendo o que eu quis dizer.

    Sentir o vento gélido bater no rosto nunca foi tão bom. Eu estava olhando as estrelas na varanda. Sinto um vazio enorme em meu peito. Um vazio que eu acho que nunca mais será preenchido. Metade de mim foi embora junto com os meus pais.

    — Garotinha você vai ficar doente se continuar aqui, está muito frio. — A voz do tio Mike fez o meu corpo todo se arrepiar mais que o vento gélido. — Está chorando? — Senti os seus olhos sobre mim.  — Você está chorando, criança?

    — A fase de chorar já acabou há muito tempo.  — Ele se aproximou e tocou o meu ombro. — Agora sinto apenas aquele vazio sufocante.

    — O que eu posso fazer por você, criança? Eu sou o seu tio, o seu guardião legal, o seu protetor...

    Então eu o abracei. Vi que ele ficou surpreso, mas eu precisava daquilo demais. Eu precisava de alguém para me confortar daquela dor que parecia que nunca ia passar e bem, ele é o meu tio, minha família, minha única família.

     — Eu quero que essa dor passe, tio. Eu quero que isso seja arrancado de mim, eu não suporto mais, me ajuda por favor.

     — Não se preocupe, meu amor. Eu vou sempre cuidar de você, eu vou sempre estar com você e eu sempre vou ter você.  — Não entendi muito o significado daquelas palavras, mas acho que é o jeito dele demonstrar que se preocupa comigo. Que vai me ajudar a passar por tudo isso. A vencer essa fase horrível.

     — Sim, tio Mike, obrigada por tudo. O abracei novamente e ele me apertou forte, senti um alívio tão bom, esse abraço era confortante, aconchegante e protetor. O tio Mike está melhorando cada dia, mas comigo, eu fico feliz por isso. Eu realmente estava mal, sozinha, vazia e chateada com tudo que aconteceu no Brasil, ele me ajudou bastante com apenas um abraço apertado, eu me senti tão segura, tão completa. Eu o quero como um tio legal, amigo e companheiro.

    Naquele momento em que ela me abraçou, eu só pensei em jogá-la naquele sofá da varanda e fodê-la com tanta força. Fodê-la como um louco... eu estou me segurando, mas sei que não será por muito tempo.

    MENINA QUASE INOCENTE

    Madison

     — Carry on my wayward son.  — Claire cantava de uma forma louca e engraçada a música mais foda do universo, a nossa favorita, e eu cantava junto baixinho. Claire tem se tornado muito importante para mim, ela me ajuda e me faz rir todo o momento. Ela é adorável.  — Soltei uma gargalhada que peço perdão a quem escutou, pois, minha risada é horrível, sério desculpa.

     — Não venha me enrolar amiga-que-nunca-retorna-as-minhas-ligações. — Fez uma careta, fingindo estar irritada. Cruzou os braços e bateu os seus pés, esse pingo de gente está querendo me assustar?

     — Me desculpa, anã. — Ela semicerrou os olhos.  — Tá gigante, mas não é tão fácil assim, eu quase não posso fazer nada em casa, eu só assisto, fico vegetando ou conversando com o Joffrey.  — Ela pareceu chocada.

     — Como assim? Como você consegue viver assim? Meu Deus!

     — É a vida.

     — Mas por que você é assim? Amiga, você deveria sair um curtir um pouco. — Eu até queria.

     — Se o meu tio deixasse...

     — Ele é tão ruim assim? — Eu contei como o tio Mike era rígido, ela não gostou nadinha dele.

     — Ele é legal comigo, me dá tudo que eu preciso, as vezes sai comigo, só não quer que eu saia de casa e me aproxime dos garotos.

     — Ah, logo isso... garotos são tão gostosos, tipo o Brad... Meu Deus! Ele é estupidamente maravilhoso, aqueles olhos castanhos, a pele pálida, o seu cheiro embriagante, aquela bunda gostosa que me deixa completamente molh...

     — Ok! Já entendi, Claire Smith! — Ela sorriu envergonhada. — Eu nem posso gostar de um garoto. Lucas é o único que me interessa e mesmo assim, tio Mike não permitiria.

     — O seu tio é gostoso demais amiga, mas é um porre.

     — Pois é.

     — E se eu falar com ele para você passar o fim de semana com a minha família na casa da minha avó?

     — Nunca deixaria...

     — Amiga, eu estou pensando seriamente em mandar o seu tio lavar o rabo dele com algo que faça ele ficar todo ardido. — Eu ri, foi impossível não rir. Ela mesma riu, eu só poderia rir dessa minha situação. Ah, os fins de semana...

    Eu amava os finais de semanas, pois eu passava na casa do Lucas e a gente dormia juntos. Bem, até fazer doze anos, aí não pudemos mais, nossos pais passaram a proibir. Minha mãe dizia que garotos e garotas nessa idade têm certos tipos de hormônios que não conseguem controlar e bem, era melhor não provocar eles.

    Eu não entendia muito bem sobre esses assuntos até me apaixonar por Lucas, até sentir ciúmes quando ele fez o trabalho de ciências com a Larissa. Mas eu era nova, não deveria pensar nisso. Então resolvi pensar em outras coisas.

    Resolvi fazer o que mais gostava: ler HQs.

    Eu fiquei tão viciada em super-heróis. Eu morria se não comprasse uma nova edição do Capitão América ou Homem-Aranha. Mas eu não tenho preferência entre Marvel e DC. As duas são fodas, odeio as tretas dos fanboys. Eu estava tentando esquecer esse sentimento, tentava tanto que acabei não tendo mais assunto com Lucas. Só falava disso e percebi que ele estava enjoando dos meus assuntos nerds e foi se afastando de mim. Começou a andar com essa Larissa e acabou tendo um namorinho com ela, eca!

    Eu fiquei tão arrasada ao ver eles dois juntos, tão deslocada e triste, eu nem queria mais viver.

    Foi a primeira dor sentimental que eu senti, mas sabia que no fundo não seria a última...

     — Tio, você é engraçado sabia? — Tio Mike e eu rimos feito duas hienas, estávamos num piquenique no nosso jardim. Eu e ele nos aproximamos bastante, eu estava me divertindo e sorrindo, a muito tempo eu não faço isso.

    Hoje seria o aniversário da minha mãe. E eu chorei a noite toda me lembrando do dia em que eu e o meu pai fizemos um café da manhã surpresa, depois viajamos para uma casa de praia no Nordeste. Foram os melhores dias da minha vida, foi incrivelmente bom.

     — Obrigado, eu faço o que posso, garota. — Fez reverência sorrindo, ele realmente melhorou sim, mais ainda me deixava intimidada e confusa. Ainda é misterioso e grosso as vezes. Mas dá para levar na esportiva.

     — O senhor se relaciona com alguém?  — Vi que a pergunta o incomodou. Ele fechou a cara e olhou para o horizonte. Eu e a minha boca grande!  — Desculpa... eu não queria ofender de alguma forma...

     — Vamos terminar aqui e vamos entrar. Ligue para aquela sua amiga se quiser.  — Claire tem sido uma amiga incrível mesmo, temos gostos parecidos, somos nerds e doidas. Ela é um amor e tem uma pureza única...

    Eu queria falar com ela sim, mais o que eu queria muito mais era falar com Lucas. Que até agora não me atendeu nem me ligou, eu estou ficando com medo dele me esquecer... ele não pode fazer isso comigo pois eu nunca vou conseguir esquecer ele. É impossível esquecer alguém tão importante.

     — Sim, tio..., mas pensando bem, eu acho que vou tentar mais uma vez ligar para o Lucas.  — O vi revirar os olhos, meu tio é ciumento e isso é engraçado.

     — Você já tentou ontem e nada. Esquece esse garoto de uma vez por todas, Madison! Eu já te falei para não se aproximar de nenhum garoto dá para entender isso de uma vez por todas ou você quer que eu desenhe? Que merda!  — Eu simplesmente não consigo entender isso que ele faz, esse ciúme louco. Por que ele faz isso? Pra que tanto ciúme e proteção? Eu não estou fazendo nada.

     — Me desculpa, tio. Mas Lucas é o meu amigo de infância, não posso deixar de ser amiga dele do nada. Nunca poderei.

     — Acho melhor esquecer ele, Madison... Ou vai ser bem pior.  — Isso me assustou, por que ele queria tanto que eu esquecesse o Lucas? Poxa, não tem como eu esquecer. Ainda tenho aquela esperança de que vou conseguir falar com ele, voltar a vê-lo e talvez finalmente ter ele comigo, ao meu lado, talvez sermos namorados finalmente, sei lá...

    Tio Mike saiu para o trabalho. Joffrey tirou o dia de folga e eu fiquei sozinha nessa casa enorme. Assisti a minha série favorita: Pretty Little Liars. Está cada vez mais espetacular, cada episódio me deixa mais louca. Fico querendo mais e mais. Li

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