UMA BABÁ ESPECIAL

De Maria Aparecida Dias Frreira

Talvez nossas vidas não sejam tão simples, talvez tenham pessoas que são nossos anjos da guarda, talvez devêssemos acreditar em nossas intuições, lutar pelos nossos sonhos e nunca perder a fé em Deus. Lúcia era uma moça tranquila até que uma inquietação a levou a mudar de cidade e mudar todo seu estilo de vida. Lutou para a realização de seu sonho, levou uma vida que muitos poderiam achar que estava errada, mas foi a vida que escolheu para viver. Tinha amigas, amigos e uma que dizia ser sua protetora, e esta a coloca nos braços do homem que ela sente tremedeiras quando o vê, e pensa que é medo, mas ela ainda não sabe, ele era seu amor, a sua quase taquicardia, era porque sem saber estava próxima de seu amor. E assim com lutas e perdas ela venceu. Lorenzo não curtia o fato de um homem mais velho ter um relacionamento com uma moça bem mais jovem. Quando sentiu seu coração bater de amor por ela, tentou resistir, mas isso foi inútil, porque Lúcia era a babá de seu filho órfão. Como resistir a isso, se sentia que ela era sua alma gêmea?

• Idioma: Português
• Editora: Bibliomundi
• Data de lançamento: 9 de mar. de 2022
• ISBN: 9781526037688

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A BABÁ ESPECIAL

__Lúcia, eu acho que na outra vida, se é que existe isso, eu deveria ser sua mãe ou irmã mais velha.

__Por que você chegou a esta conclusão?

__Simples. Eu quero sempre te proteger, e confio tanto em você que eu quero que você cuide de meu filho quando ele nascer, que vá morar comigo e parar com este corre, corre em que vive, trabalhando e estudando. E se por acaso acontecer algo comigo, morrer, eu quero que você crie ele para mim como se ele fosse seu filho!

__Está louca mulher, nem pense numa coisa dessas! Você vai viver para cuidar de seu filho e conhecer seus netos.__ Lúcia estava sentada em frente ao balcão de espelhos no salão cuidando de seus cabelos, e bateu na madeira três vezes.

__É o que eu quero Lúcia, por acaso você acha que eu quero morrer e deixar meu filho, ou meu marido lindão,.... para outra mulher? Claro que não, mas imprevistos podem acontecer.

__E você pode parar de falar nisso!__ Ambas estavam recebendo cuidados em seus cabelos no salão, Gata Borralheira.

__Lúcia, por favor, é sério,... me responda! Se eu morrer, me prometa cuidar de meu filho como se fosse a mãe dele, amando e o protegendo e educando também.__ Lúcia não entendia esta obsessão de sua amiga Amanda, mas olhando para ela viu lágrimas em seus olhos.

__Amiga que isso, que papo pesado é esse?

__Eu senti isso em meu coração, me responda LÚCIA!__ Sua voz estava embargada pela emoção.

__Está certo, eu assumo seu filho como se ele fosse meu, quer dizer se aquele seu marido aceitar, né?

__Claro que ele vai aceitar, deixarei registrado em cartório.__ As outras mulheres que estavam ali, ficaram todas observando espantadas para as duas mulheres e duas eram amigas em comum delas.

Amanda olhou para as amigas e disse:__ Vocês são testemunhas que é minha vontade, se me acontecer algo antes que eu faça o documento, sejam minhas testemunhas e vocês também.__ Falou olhando para os funcionários do salão que eram conhecidos delas há muito tempo.

__Você deixa de doideira viu Amanda, parece que está chamando a morte!__ Falou Emanuelle assustada.

__ Gente, vocês estão loucas eu não quero morrer, mas eu tenho um filho na minha barriga eu preciso zelar por ele. Não posso deixar meu filho desprotegido em minha falta, de ser cuidado por uma mulher qualquer. Vocês sabem que meu marido é lindo de morrer e muito rico também, que muitas mulheres vão querer ele, mas será que vai ser boa com meu filho? Por este motivo que estou tomando esta providência, eu confio em Lúcia então eu quero que ela seja a mãe de meu filho.

__ Meu Deus! Você com essa conversa você está me deixando arrepiada.

__Pessoal se me acontecer algo de ruim, me ajudem, sejam minhas testemunhas.__ Todas afirmaram que sim.

__Acha que será fácil assim? Aquele seu marido com cara, eu quem mando, eu te esgano, com um olhar ele põe a gente pra correr, acha que ele vai se deixar vencer por mim? __ Amanda deu risada.

__Está com medo de um homem Lúcia? Lorenzo tem aquela cara, mas não é uma pessoa ruim não.

__Ele olha e você obedece, imagina brigar com ele, mas medo não, só tremedeira mesmo!__ Todas no salão caíram na risada.

__Lúcia, eu te conheço e sei que quando você entra numa briga, você quer ganhar, eu sei que enfrentará meu marido se for preciso. Já enfrentou sua família, será só mais uma briga.

__É, será só mais uma briga que não vai acontecer.

__Ele será seu afilhado juntamente com meu cunhado, o solteiro.

__Está bem, isso é fácil de aceitar se seu marido permitir.

__Que cisma com meu marido.

__Mas convenhamos Amanda, aquele bofe é de meter medo mesmo, eu fico sem saber o que responder a ele quando ele me faz uma pergunta. Isso quando ele aparecia aqui para te buscar.

__Gente ele mete é outra coisa e muito bem.

__Aí é só você quem sabe, mas que o homem mesmo de longe, você olha e pensa, este é poderoso, isto é.

__Tadinho do meu marido!__ E riu.__ Tá bom gente, ele é realmente intenso e passa essa aura de poder, é muito dele, mas ele é boa pessoa, a família toda.

__Tá bom, você nos convenceu que ele é só um gatinho e não um leão.__ E elas riram.

__Mas você ainda não me respondeu. Vai criar meu filho como seu, se algo de ruim me acontecer?__ Lúcia ficou olhando para ela, e pensando, não quero que o filho de minha amiga seja maltratado por ninguém, se precisar cuidarei sim.

__Está bem, Si, algo acontecer, e não vai acontecer, serei a mãe dele como se ele tivesse saído da minha barriga. Estou convicta disso, e já tinha concordado antes, mas sei que isso nunca vai acontecer.

Amanda saiu de sua cadeira e correu até Lúcia dando um abraço forte na amiga.__ Sabia que podia contar com você, e por isso Lúcia, vou te enviar o endereço da nova casa noturna pra você.__ Depois do abraço, ambas tinham lágrimas nos olhos.

__Ah manda sim, quer dizer que não ia mandar?

__Ia sim, mas primeiro eu precisava de sua confirmação.

__Sua louca, como você pensa numa coisa dessas? Agora eu preciso realmente relaxar depois de um papo pesado desse. E sem preocupação com nada porque a tão esperada férias chegou, quero comemorar em grande estilo.

Terminaram seus banhos da beleza, e antes de se despedirem dos funcionários, Amanda mostrou para as amigas o ultrassom de sua gravidez que já estava com vinte e nove semanas. Seu filho estava sadio e grande pela idade dele, mas filho de pais grande, não tinha como ser diferente.

Saíram do salão conversando as quatro amigas e foram para o estacionamento, ambas despediram pegaram seus carros e foram cada uma rumo a seu destino. De noite as três amigas iam se divertir em uma balada, era sábado.

Lúcia foi embora pensando na loucura de sua amiga, será que uma mãe é capaz de tudo pelo filho realmente? Eu não quero ter este sentimento por um longo período de tempo, quero viver exclusivamente para mim e pelo que vejo as mulheres depois que tem seus filhos vivem para eles, esquecem que elas também são seres viventes.

__Deixe de doideira viu Amanda, não quero pegar esta responsabilidade não, quero curtir minha vida e ter sua companhia por muitos e muitos anos. Coisa de louca, mas será que eu, .... não,.... não quero nem pensar na possibilidade de algo acontecer a ela.__ Lúcia enquanto dirigia pela cidade não conseguia tirar a conversa que tiveram há pouco da cabeça.__ Amanda louca, e me deixando louca também.

Lúcia falou a verdade para Amanda, seu marido era um homem lindo e intenso, muito bonito mesmo e seus olhos azuis, cabelos pretos, um olhar intenso que fazia amolecer os joelhos das pessoas, seu coração batia mais rápido quando estava na presença dele. O bom que ele nem sempre ficava muito tempo perto dela quando ia até sua casa. Ele tinha um jeito todo alpha de andar, eu mando, pernas longas quadris estreitos ombros largos, um rosto de maxilar quadrado boca de lábios cheios, porém bem masculinos. O olhar dele te prende e te manda. É um homem musculoso também dava para perceber quando ele estava de camiseta deixando seus braços de fora e a imaginação da gente solta pelos movimentos dos músculos que transpareciam. Ele é muito intenso, não saberia como teria coragem de brigar com ele se precisasse, ficaria gaguejando, riu, que loucura.

Lúcia chegou foi á cozinha tomou água e foi para o quarto escolher a roupa que vestiria a noite, mas seu celular que ficou na cozinha começou a tocar, Lúcia sentiu um frio na espinha, ficou parada dentro do quarto e quando decidiu em ir atender, a ligação caiu, mas começou de novo. Então Lúcia correu para atender,..... pegou seu celular e viu que era o número de Amanda.

__O que foi sua louca, esqueceu.....

__Lúcia, é você?

__Sim, e você quem é? Este número é da minha amiga.....

__Sim, ela me entregou e pediu para te ligar, ela se envolveu em um acidente e vai ser levada para o Hospital Osório Cruz, me pediu para te dizer que, crie o filho dela.__ Osvaldo Cruz, é o hospital de referencia em quadro de acidentes, que mais atende este tipo de caso.

__Você está louco, estávamos juntas agora á pouco, você está querendo me passar um susto, não é isso?

__Infelizmente não, eu sou o cabo Émerson e assisti todo o acidente, a viatura estava atrás do carro dela, quando cheguei até ela, ela me pediu para ligar no último número e dar o recado, me disse que sou testemunha da vontade dela e em seguida desmaiou.

__Meu Deus, ela falou isso para mim não tem muito tempo, estávamos no salão. Vocês Já descobriram quem ela é?

__ Meu colega está informando....

__Ela é a esposa de Lorenzo Romano.

__Ah, Lorenzo Romano.....

__Isso. Vê o que você pode fazer pra ela aí o mais rápido possível, a gravidez dela está com vinte e nove semanas.

__Fique tranquila moça, farei tudo o que for possível.

Ele desligou, e Lúcia ficou com o telefone no ouvido sem saber o que fazer, foi um susto muito grande. Até parece que a danada sabia que algo ia acontecer, mas ela não vai morrer, isso não. Preciso me acalmar e ir ao hospital, foi em direção da geladeira abriu pegou uma jarra de suco, sua intenção era de tomar para melhorar o animo. Sua mão tremia dificultando derramar o suco no copo.

Enquanto tomava o suco, sentiu sua garganta apertada, e percebeu as lágrimas caírem. Meu Deus não permite que ela morra, eu não estou preparada para cuidar de uma criança, não mesmo. E não só por isso, mas ela precisa viver, é tão jovem tão alegre, tem um marido que a ama e agora o filho.

Sentou na cadeira na mesa da cozinha e continuava com seu pedido a Deus, rogando a ele pela vida dela, mas o que ela não sabia, foi que sua amiga faleceu indo para o hospital.

Terminou de beber o suco, conferiu sua imagem no espelho do banheiro, pegou sua bolsa e chave do carro saiu com destino ao hospital. Pegou seu carro, mas suas mãos tremiam enquanto tentava liga-lo, mas saiu para o transito mesmo assim só que tomando muito cuidado para evitar outro acidente.

Chegando ao hospital saiu praticamente correndo para a recepção em busca de notícias.__ Olá, por favor, eu quero informação sobre o estado de saúde de Amanda Romano.

__Você é o que dela?

__Amiga. Moça, por favor, a gente estava juntas até uns minutos atrás, e aí ela sofre o acidente, preciso saber como ela está.__ Um policial, que estava em pé do outro lado aproximou dela.

__Qual seu nome?

__Lúcia Nunes.

__Foi com você que eu falei a pedido de Amanda, eu sou o cabo Émerson. Ela faleceu a caminho do hospital, os médicos conseguiram salvar o bebê, ele está na UTI neonatal. O bebê teve sorte porque tinha um carro do SAMU ali perto e fizeram o resgate rápido. Agora é torcer pela vida dele.

__Como?__ Lúcia esqueceu que era um hospital e apoiou na parede.__ E o marido dela?

__Ele já chegou, na verdade quando vimos á colisão já pegamos a placa do carro, e isso nos levou até ele, ligamos para ele e depois fiz o que ela me pediu a senhora Amanda, que era ligar para você.

__Falou com ele sobre o pedido de Amanda?

__Falei. E pode contar comigo se vier a precisar de testemunha para cuidar do filho dela, ela queria que você criasse o filho. Ela deve confiar muito em você e criança precisa de amor e proteção.

__Obrigada!__ Lúcia estava sem chão, o que fazer agora? Pedir para ir lá dentro e conhecer o bebê que seria de sua responsabilidade a partir de agora?__ Moça eu preciso entrar para conhecer o bebê e também saber como ele está.__ E suas lágrimas teimosas, teimavam em sair pelos seus olhos.

__ É permitido visitas só para familiares.

CAPITULO DOIS

__Pode conferir aí, que o nome dela está.__ A recepcionista ficou olhando para Lúcia que estava com os olhos cheios de lágrimas e olhou para o policial e decidiu verificar.__ Lúcia Nunes?

__ Sim.

__A senhora Amanda já foi encaminhada para o necrotério e o bebê está na UTI neonatal no sexto andar, o pai dele está lá.__ Lúcia estremeceu quando ouviu a palavra fúnebre. Agradeceu o policial e subiu.

No elevador, Lúcia entendeu a gravidade do acontecimento, Amanda falou sobre ela ser a mãe de seu filho, e pediu testemunhas, não queria que nada atrapalhasse isso, pode ficar em paz minha amiga, lutarei com unhas e dentes se for preciso, mas irei cuidar de seu filho. Meu Deus, eu preciso avisar as garotas! Pegou seu celular na bolsa, não vou ligar, vou mandar mensagens, mais fácil eu não consigo falar estava chorando dentro do elevador. E com mãos trêmulas mandou as mensagens.

Quando o elevador abriu em seu andar ela saiu de lá andando pelo largo corredor como se estivesse carregando um grande peso, mas seguiu em frente e limpando os olhos cheios de lágrimas com as mãos mesmo.

Quando chegou a sala de espera um homem estava curvado com os cotovelos apoiados nos joelhos e as mãos no rosto, seus ombros tremiam sinal evidente que estava chorando. Lúcia achou melhor passar direto e ir até o espelho para ver se conseguia descobrir qual deles era o filho de Amanda. Não foi difícil, ela viu o nome dela na incubadora. Meu Deus, por que isso foi acontecer?

Suspirou alto a pergunta a Deus e neste momento seu celular escolheu aquele exato momento para avisar que tinha uma ligação, Lúcia pegou seu celular e atendeu.__ Alô Emanuelle,....

__Você está chorando, então esta notícia péssima é verdade?

__Sim Emanuelle, infelizmente sim.__ Sua voz estava rouca por causa do choro.

__ Até parece que ela sabia que ia morrer, que coisa estranha, premonição?

__Estranha é pouco, acredita que antes dela desmaiar ela pediu ao policial para me ligar, e suas últimas palavras foram para eu criar o filho dela?

__Meu Deus mulher! Estou arrepiada e nós somos testemunhas, você vai enfrentar o que vier para cumprir o pedido dela não é mesmo?

__Sim, claro que sim.

__E pode contar com a gente para te ajudar no que for preciso, Helena está aqui concordando e qualquer coisa nos ligue, se quiser que a gente vá ficar aí com você é só falar.

__Está bom, obrigada, mas eu não sei o que fazer ainda não. Vou querer falar com alguém deste andar para saber como ele está.__ Quando ela desligou e olhou para trás o marido de Amanda estava em pé olhando para ela.

__Olá, boa noite, meus sentimentos!__ Ele balançou a cabeça, e quando Lúcia pensou que ele não fosse responder....

__Boa noite, obrigado! Você deve ser a Lúcia amiga de Amanda?

__Sim, sou eu.__ Mas que cara, já fui a casa deste homem, já lanchamos juntos, Lúcia ficou olhando para ele, estava muito abatido, seu rosto com marcas de seu choro, vermelho e com lágrimas.

__Você induziu