Encontre milhões de e-books, audiobooks e muito mais com um período de teste gratuito

Apenas $11.99/mês após o término do seu período de teste gratuito. Cancele a qualquer momento.

A Heroína dos Contos Infantis: Do era uma vez ao agora
A Heroína dos Contos Infantis: Do era uma vez ao agora
A Heroína dos Contos Infantis: Do era uma vez ao agora
E-book162 páginas1 hora

A Heroína dos Contos Infantis: Do era uma vez ao agora

Nota: 0 de 5 estrelas

()

Ler a amostra

Sobre este e-book

Ao longo do tempo, os heróis dos contos fadas representados pelos príncipes e guerreiros corajosos foram de maneira sutil sendo substituídos pela inteligência e astúcia das princesas, antes indefesas e fracas. Essa mudança gradual ocorrida nos contos se deve às mudanças do conceito de herói na modernidade. Hellen Cristina Aleixo Azeredo Moura analisa esses aspectos em A heroína dos contos infantis: do era uma vez ao agora. O herói tradicional, divulgado pela literatura, não mais atende aos anseios dos homens e cada vez menos retrata a cultura moderna. A Rapunzel e a Malévola das novas versões se colocam como dois grandes exemplos de mulheres que fazem parte da sociedade pós-moderna e são heroínas, cada uma à sua maneira.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento6 de dez. de 2021
ISBN9788546205004
A Heroína dos Contos Infantis: Do era uma vez ao agora

Relacionado a A Heroína dos Contos Infantis

Ebooks relacionados

Crítica Literária para você

Visualizar mais

Artigos relacionados

Avaliações de A Heroína dos Contos Infantis

Nota: 0 de 5 estrelas
0 notas

0 avaliação0 avaliação

O que você achou?

Toque para dar uma nota

A avaliação deve ter pelo menos 10 palavras

    Pré-visualização do livro

    A Heroína dos Contos Infantis - Hellen Azeredo Moura

    Prefácio

    Novas criações – outras heroínas

    A ficção narrativa, na pós-modernidade, tem apresentado produções que se destacam pela criatividade, tanto em relação à linguagem, como na maneira de mostrar os episódios e de analisar a conduta das personagens. No entanto, as características e os elementos tradicionais, herdados das epopeias clássicas, não são desprezados. Pelo contrário, são renovados, passando por uma reatualização. Neste caso, pode ser citada a figura do herói, sempre apontado como um homem forte, capaz de praticar grandes façanhas. Porém, nas criações modernas, os dotes super-humanos masculinos foram substituídos pela beleza e pela astúcia da mulher. Surgem, então, as heroínas pós-modernas.

    Também, na atualidade, observa-se uma constante relação da literatura com as outras artes, principalmente com o cinema. Neste ponto, vale salientar que o tema proposto pela arte literária pode ser aproveitado pelos cineastas, mas serão feitas adaptações, justificando a tese de que diferentes artistas podem se apropriar de um mesmo assunto, mas as obras produzidas por eles apresentam uma diversidade de recursos de expressão.

    É o que vamos encontrar na análise feita por Hellen Cristina Aleixo Azeredo Moura, pesquisa que constitui a sua dissertação, defendida no Programa de Mestrado em Comunicação, Linguagens e Cultura, da Universidade da Amazônia, intitulada: A heroína dos contos infantis – do era uma vez, ao agora. Estamos diante de uma pesquisa sobre as heroínas: Bela, Malévola e Rapunzel, protagonistas de contos de fadas, clássicos da literatura infantil, que remetem às personagens dos filmes – A Bela Adormecida e Enrolados.

    No decorrer do estudo, a autora busca aspectos convergentes e divergentes, em relação ao comportamento das personagens dos contos, aproximando-as das protagonistas dos filmes:

    No filme A Bela Adormecida, um ponto comum entre o texto literário e a peça cinematográfica, é a ênfase dada ao amor, pois, no conto, a narrativa ressalta que o beijo do príncipe desperta Bela de um sono profundo, mas, no filme, é o beijo de Malévola que provoca o despertar da princesa. Neste caso, acontece uma inversão dos episódios, pois, além de ser uma mulher que beija a princesa, a prática desse ato também contraria o significado do nome da personagem.

    Quanto à Rapunzel, a autora também destaca adaptações entre a personagem da literatura e a produzida no cinema. No conto infantil, é uma princesa frágil, encarcerada em uma torre. Mas, no filme, transfigura-se em uma heroína que pratica atos surpreendentes, semelhante aos protagonistas das epopeias clássicas, capazes de enfrentar as provas mais difíceis, pois salva Rider de um ferimento. Também, no decorrer do estudo, a pesquisadora faz uma relação desta personagem com uma heroína do catolicismo – Santa Bárbara, que também foi encarcerada, pelo pai, em uma torre.

    Toda essa análise das personagens é mostrada, pela autora, com muita propriedade, visto que tomou como suporte epistemológico as teorias Radin, de Compagnon, de Todorov e de Propp. Depreende-se, por meio da leitura da dissertação, que a pesquisadora não somente baseou seus estudos, nos fundamentos das obras desses pensadores, mas também soube aplicá-los com criatividade.

    Para a análise do heroísmo de Malévola e de Rapunzel, recorreu às teorias de Campbell, de Eliade e de Mielietinski. Neste caso, aparece, no texto, um estudo da bravura das personagens e das suas viagens mágicas, cheias de perigos e de acontecimentos fantásticos . Tudo isso se associa ao mito, ao maravilhoso e à poesia.

    Este livro é uma valiosa contribuição para os estudos literários (Teoria e Crítica Literárias), não somente pelos textos que serviram de objeto de estudo, mas também pela profundidade com que foram analisados. Ainda merece destaque a bibliografia que embasou a dissertação, pois aponta para uma leitura diversificada das obras, abordando vários aspectos: estilístico, mítico e poético.

    Pode-se, também, afirmar que deste livro poderão surgir novas pesquisas, porque uma hipótese bem elaborada pode gerar novas hipóteses.

    Introdução

    Este livro tem como objeto analisar a mudança do papel do herói nos seguintes contos de fadas: A Bela Adormecida e Rapunzel, sob a perspectiva clássica e pós-moderna no contexto social, partindo das versões dos contos publicadas pelos Irmãos Grimm (1812), comparadas com as adaptações para o cinema em Malévola e Enrolados, ambas produções de Walt Disney.

    De acordo com estudos de Radino (2003), os primeiros contos de fadas que foram escritos não eram direcionados exclusivamente ao público infantil. Segundo a autora, o conceito de infância era muito diferente do que temos hoje. Ela afirma também que até o século XVI as crianças viviam em completo distanciamento do conceito de infância que hoje se conhece. Ou seja, elas eram vistas como adultos pequenos. O conceito de infância de que se tem conhecimento hoje consolida-se apenas no século XVIII, segundo Radino (2003). O alto índice de natalidade se devia ao fato do também elevado índice de mortalidade infantil. Segundo a autora, os pais tinham elevado número de filhos esperando que pelo menos alguns deles sobrevivessem.

    Não que não houvesse afeto pelos filhos, mas não havia uma consciência da particularidade infantil. Um acidente muito comum era a morte de crianças asfixiadas quando dormiam junto com seus pais. Este era um tipo de infanticídio tolerado, desde que disfarçado em acidente. Se a criança sobrevivesse, após os sete anos, era inserida no mundo adulto. (Darnton apud Radino, 2003, p. 64)

    Com o passar dos tempos, os contos de fadas vão sofrendo adaptações e sendo moldados e transformados de acordo com a sociedade e a cultura às quais eles eram destinados.

    Os contos de fadas são considerados, por Darnton, documentos históricos. Surgiram ao longo dos séculos e foram sofrendo transformações conforme a sociedade e a cultura a que se dirigiam. Segundo o autor, os contos franceses retratam a França entre os séculos XV e XVII, mostrando a realidade brutal em que viviam os camponeses. (Darnton apud Radino, 2003, p. 65)

    A presença do herói é marcante em praticamente todos os contos infantojuvenis e, geralmente, as tramas dessas estórias giram em torno dele e de suas façanhas e esses atos permeiam o imaginário infantil, fazendo com que esses heróis sejam vistos como algo maravilhoso e digno de ser imitado por eles. Daí a relevância deste estudo, em que se busca mostrar a importância dessas releituras dos contos de fadas na construção desse novo herói nos contos de fadas como também no contexto social.

    Alguns contos foram e estão sendo recontados de maneira diferente. Os contos de fadas tradicionais chegam com outro papel. Por meio deles, percebe-se que o beijo de amor verdadeiro não estará apenas nos lábios de um príncipe, ou que a beleza interior é bem maior e bem mais importante que a exterior, e, principalmente, que a própria princesa pode tomar as rédeas de sua vida, enfrentar seus dragões e destruí-los sem a ajuda de um príncipe que só existe nas páginas dos livros e na sua imaginação. Essa é a nova roupagem das adaptações dos contos de fadas. Agora, eles retratam mulheres reais, que até podem habitar castelos, para que, desta forma, não descaracterize tanto o modelo clássico, porém esses castelos servem apenas de pano de fundo para suas batalhas e conquistas.

    Dentro desse contexto, esta obra foi desenvolvida por meio de levantamento bibliográfico sobre: Literatura Comparada; estrutura e principais características dos contos de fadas; contextualização da produção literária dos Irmãos Grimm; a modernidade e sua relação com a tradição; pós-modernidade e o surgimento do sujeito fragmentado; aspectos importantes do conceito de herói; e as análises comparadas entre os contos e suas adaptações cinematográficas. O livro está dividido em três capítulos: Diálogo entre Literatura e Cinema no universo da ficção; Modernidade versus Pós-modernidade: Aspectos importantes; e Estudo comparado: o herói nos contos de fadas e no cinema.

    O primeiro capítulo traz o panorama das discussões acadêmicas sobre a relação entre Literatura e Cinema, contextualiza a produção literária dos Irmãos Grimm, em que mostra a origem dos contos de fadas, alguns de seus principais autores. Discute, também, algumas noções importantes para a pesquisa, como: literatura comparada, estética comparada o conceito de conto, a descrição dos objetos analisados.

    O segundo capítulo do livro apresenta o conceito de herói. Por ser o conto de fadas gênero antigo, que já existia antes mesmo da escrita, consideramos importante dedicar algumas páginas do capítulo para pontuar características das sociedades pré-modernas, que valorizavam a magia, o sonho e a fantasia. Em seguida, apresentamos aspectos da modernidade, período em que os contos foram levados da oralidade para a escrita. Por fim, mostramos algumas características do período sociocultural atual, intitulado por alguns autores como pós-modernidade. Nos três momentos do segundo capítulo, tentamos pontuar o papel do herói e suas mudanças.

    O último capítulo é dedicado às análises dos contos. Apresenta-se dividido da seguinte maneira: A Bela Adormecida versus Malévola: sobre a dualidade humana; Rapunzel versus Enrolados: aspectos da autonomia feminina. Para esta obra, selecionamos cinco aspectos da comparação narrativa, são eles: o foco narrativo; a efabulação; personagens; os aspectos inovadores; o herói. Optamos por esses aspectos por considerarmos que eles ajudam a visualizar de maneira mais didática as

    Está gostando da amostra?
    Página 1 de 1