Na Contramão do Afeto: Histórias e Trajetórias Afetivas de Mulheres Negras
De Luana Souza
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Na Contramão do Afeto - Luana Souza
Sumário
APRESENTAÇÃO
UMA APRESENTAÇÃO AFETIVA
NOTA EXPLICATIVA
PARTE I: CACHOEIRA DE ÁGUAS E AFETOS
UM CANTO DE ENREDOS, HISTÓRIAS E SOLIDÃO
PARTE II: SENHORAS DOS VENTOS E RAIOS
MATAMBA
PARTE III: ONDAS DE SENTIMENTOS
KAITUMBA
PARTE IV: REFLEXOS DO AFETO MATERNO
DANDALUNDA
PARTE V: JAZIDA DE AFETO E FÉ
ZUMBARANDA
PARTE VI: UM PEDAÇO DE CADA HISTÓRIA
A AUTORA
PARTE VII: UM PONTO FINAL PARA OS RECOMEÇOS
NA CONTRAMÃO DO AFETO
POSFÁCIO
No fundo, todas se sentem em meio ao abismo dos sentimentos negados. Como se existir não fosse o bastante e o afeto fosse uma questão de sorte. Sentimento é consequência daquilo que semearam entre a gente, das representações sociais aos fluxos dos mercados afetivos e sexuais. Lançaram nossos corpos diante dos escombros da ausência de empatia e dos derrames de sangue. Diante do racismo, que não nos deu o direito de estar bem, em companhia com os nossos. O mesmo racismo que nos educou para sermos sós, quando nos fez entender que seríamos sempre as preteridas e violentadas, diante do patriarcado branco que silencia nossas emoções.
A autora
Às senhoras do meu caminho
Dedico esta obra à minha mãe, Neuraci,
às minhas avós (in memoriam); às minhas
companheiras de jornada; aos meus amores e,
em especial, às minhas
irmãs de cor.
AGRADECIMENTOS
Este livro-reportagem é resultado do meu trabalho de conclusão do curso de Comunicação Social - Jornalismo, em 2018, na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). Para além de um trabalho que marca o término de uma fase acadêmica, ele é parte de um processo pessoal que me direcionou ao encontro com as águas das correntezas que me tornaram mulher negra nas encruzilhadas da vida. Por esse motivo e tantos outros, ele é fruto de amores construídos ao longo da minha trajetória.
Costumo dizer que amor traduz inúmeras sensações positivas. Pode ser definido de diversas maneiras. Aqui, para definir cada ser que transformou este sonho em realidade, quero traduzi-lo como sinônimo de cura. Cura para as dores, o medo e o silêncio que estiveram presentes ao longo de toda minha graduação e, por horas, acenderam a vontade de abandonar o barco. O amor transformou a minha dor em coragem.
Agradeço aos meus ancestrais que viraram pó para me dar a vida. Sem vida, nada seria possível. A Nzambi, deus supremo, que nos deu a natureza e me faz parte dela todos os dias. À minha mãe Dandalunda, dona das águas doces e do fluxo da minha vida; a Kabila, meu pai caçador, e dono do meu caminho e a Minicongo, protetor e livrador das horas ruins. Meus guardiões, nessa caminhada difícil.
Agradeço aos meus pais pelas tentativas de recomeços e aos meus avós (in memoriam), que seguraram o chão para que eu pudesse trilhar intacta diante das adversidades impostas pelo tempo. Especialmente, ao meu avô Valdeck de Souza, a quem dedico cada voo alçado ao longo desses anos em que sua ausência se fez memória viva. À Ndembu Tandala, por ter sido luz em momentos de escuridão. Grata pelos abraços e palavras de conforto e força.
Agradeço, também, o aconchego proporcionado pela força da amizade. Ao meu irmão de alma, destino e caminhada, Caique Fialho, parceiro e fiel escudeiro e à Dalila Brito, grande amiga e irmã. A meu amigo e, também, filho de Santo, Marco Paranhos, a quem devo cada reflexão ao longo da construção deste trabalho. A Lucas Almeida, Everton Suzart, Laila Castro e todas as preciosidades que conheci ao longo desses anos. À Nilbélia Raposo, pela amizade, cuidado e companheirismo nesses anos de compartilhamentos. À minha orientadora e amiga, professora doutora, Maria de Fátima, pelas riquíssimas contribuições no desenvolvimento deste livro e por todo carinho e dedicação. Externalizo, também, minha gratidão às professoras Ângela Figueiredo e Leila Nogueira por aceitarem o convite para a composição da banca. Muito obrigada!
Agradeço, excepcionalmente, a cada mulher que abriu a porta da sua casa e da sua vida para dar à luz a este projeto que me transformou na pesquisadora que sou. Que me ensinaram a falar, sempre, em primeira pessoa e a me reerguer a cada queda que ameace me derrubar. Gratidão!
Por fim, agradeço a todos que, direta e indiretamente, me ajudaram a construir o repertório das andanças mundo afora e, às suas formas, depositaram um pouco de si em cada Eu que ficou pelo caminho. Aos que acreditaram e se empenharam em transformar meus dias em instantes prazerosos e reacenderam a minha vontade de vencer.
É por, para, e graças a vocês, que este trabalho é uma realidade. Sigamos.
Por nós.
Gratidão!
Nzambi ua kuatesa! (Deus abençoe!)
[...] Cachoeira,
foi de Luanda que entendi sua ancestralidade
Olhem pra mim, sou de Cachoeira
Penso, canto, falo na sua liberdade [...]
E depois de tantas idas e vindas no tempo
Eu nasci em Cachoeira E perguntei a Cachoeira:
por que tanta decepção?
Cachoeira me disse (Pergunte ao homem)
Cachoeira, e tanta desilusão, tanta intolerância,
por quê, Cachoeira?
(Coisa do homem) [...] Mergulhe bem dentro de
si, se encontre e pergunte porquê
(Homem! O animal que fala - Mateus Aleluia)
APRESENTAÇÃO
O jornalismo cobra, insistentemente, uma neutralidade dos seus profissionais. Cobra, como se fosse possível não sentir calafrios quando o assunto nos toca, ou esconder as frustrações e insatisfações com temas que nos cercam e nos fazem parte deles. É tarefa árdua manter uma postura imparcial no mundo de hoje. Sim, é pedir demais um profissional não engajado e descomprometido com as causas sociais e políticas, sejam elas quais forem. A imparcialidade e objetividade estão sempre associadas à ideia de um jornalismo sério e ético, porém, trazendo como ponto de análise o pensamento de Brandão¹ acerca da construção dos discursos, é possível compreender que todos enunciados contêm falas de outros discursos, e isso se configura a partir dos valores e crenças de quem os profere. Nesse caso, os profissionais do jornalismo que constroem os discursos pautados em acontecimentos reais, não deixam de ser subjetivos.
TODA JORNALISTA TEM UM LADO
Por mais discreta que ela aparente ser, seu coração escolheu uma causa e, em algum momento, será por esta causa que ela irá brigar. É utópico acreditar na imparcialidade da profissão, afinal, por trás da profissional habita um ser humano com sonhos, vontades e histórias. Nossas escolhas refletem a bagagem que carregamos, por mais pesada que seja. Por isso, comigo não seria diferente.
Na contramão do afeto traz à