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Na Contramão do Afeto: Histórias e Trajetórias Afetivas de Mulheres Negras
Na Contramão do Afeto: Histórias e Trajetórias Afetivas de Mulheres Negras
Na Contramão do Afeto: Histórias e Trajetórias Afetivas de Mulheres Negras
E-book110 páginas1 hora

Na Contramão do Afeto: Histórias e Trajetórias Afetivas de Mulheres Negras

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Sobre este e-book

O racismo em cruzamento com os aspectos heteronormativos-patriarcais e as desigualdades de gênero impactam as relações de afeto constituídas por mulheres negras. Essa interferência tem suas matrizes ancoradas no período escravagista, quando esses corpos femininos foram cruelmente retirados de suas terras e famílias de origem, onde viviam um modo de ser, estar e sentir norteados pelas tradições de afeto e estabilidade emocional apreendidas nas relações com os mais velhos e passadas por gerações. Longe de suas famílias e de sua tradição sociocultural - porque afeto e emoção são constituídos de formas diversas em diferentes territórios - tiveram suas trajetórias afetivas reconfiguradas por povos que sequer lhes enxergavam como humanos. A adaptação a este novo mundo gestou mulheres profundamente feridas, como nos alerta bell hooks, fisicamente e emocionalmente. O silenciamento foi ressignificado. As mulheres negras de hoje carregam a bagagem das dores das mulheres negras de ontem. Ainda assim, enxergam possibilidades nas ausências que tanto as afligem. Ao falarmos sobre isso, ao erguemos as nossas vozes, confrontamos não só o racismo e suas intersecções, mas uma história que tentou nos confinar aos guetos e à marginalização, impedindo-nos de (re)existir. Na Contramão do Afeto é sobre nossas verdades.

(Texto da Autora)
IdiomaPortuguês
Data de lançamento16 de fev. de 2023
ISBN9786586319620
Na Contramão do Afeto: Histórias e Trajetórias Afetivas de Mulheres Negras

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    Na Contramão do Afeto - Luana Souza

    Capa do livro, Na contramão do afeto Histórias e Trajetórias Afetivas de Mulheres Negras. Luana Souza. Editora Pinaúna.Capa do livro, Na contramão do afeto Histórias e Trajetórias Afetivas de Mulheres Negras. Luana Souza. Editora Pinaúna.

    Sumário

    APRESENTAÇÃO

    UMA APRESENTAÇÃO AFETIVA

    NOTA EXPLICATIVA

    PARTE I: CACHOEIRA DE ÁGUAS E AFETOS

    UM CANTO DE ENREDOS, HISTÓRIAS E SOLIDÃO

    PARTE II: SENHORAS DOS VENTOS E RAIOS

    MATAMBA

    PARTE III: ONDAS DE SENTIMENTOS

    KAITUMBA

    PARTE IV: REFLEXOS DO AFETO MATERNO

    DANDALUNDA

    PARTE V: JAZIDA DE AFETO E FÉ

    ZUMBARANDA

    PARTE VI: UM PEDAÇO DE CADA HISTÓRIA

    A AUTORA

    PARTE VII: UM PONTO FINAL PARA OS RECOMEÇOS

    NA CONTRAMÃO DO AFETO

    POSFÁCIO

    No fundo, todas se sentem em meio ao abismo dos sentimentos negados. Como se existir não fosse o bastante e o afeto fosse uma questão de sorte. Sentimento é consequência daquilo que semearam entre a gente, das representações sociais aos fluxos dos mercados afetivos e sexuais. Lançaram nossos corpos diante dos escombros da ausência de empatia e dos derrames de sangue. Diante do racismo, que não nos deu o direito de estar bem, em companhia com os nossos. O mesmo racismo que nos educou para sermos sós, quando nos fez entender que seríamos sempre as preteridas e violentadas, diante do patriarcado branco que silencia nossas emoções.

    A autora

    Às senhoras do meu caminho

    Dedico esta obra à minha mãe, Neuraci,

    às minhas avós (in memoriam); às minhas

    companheiras de jornada; aos meus amores e,

    em especial, às minhas

    irmãs de cor.

    AGRADECIMENTOS

    Este livro-reportagem é resultado do meu trabalho de conclusão do curso de Comunicação Social - Jornalismo, em 2018, na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). Para além de um trabalho que marca o término de uma fase acadêmica, ele é parte de um processo pessoal que me direcionou ao encontro com as águas das correntezas que me tornaram mulher negra nas encruzilhadas da vida. Por esse motivo e tantos outros, ele é fruto de amores construídos ao longo da minha trajetória.

    Costumo dizer que amor traduz inúmeras sensações positivas. Pode ser definido de diversas maneiras. Aqui, para definir cada ser que transformou este sonho em realidade, quero traduzi-lo como sinônimo de cura. Cura para as dores, o medo e o silêncio que estiveram presentes ao longo de toda minha graduação e, por horas, acenderam a vontade de abandonar o barco. O amor transformou a minha dor em coragem.

    Agradeço aos meus ancestrais que viraram pó para me dar a vida. Sem vida, nada seria possível. A Nzambi, deus supremo, que nos deu a natureza e me faz parte dela todos os dias. À minha mãe Dandalunda, dona das águas doces e do fluxo da minha vida; a Kabila, meu pai caçador, e dono do meu caminho e a Minicongo, protetor e livrador das horas ruins. Meus guardiões, nessa caminhada difícil.

    Agradeço aos meus pais pelas tentativas de recomeços e aos meus avós (in memoriam), que seguraram o chão para que eu pudesse trilhar intacta diante das adversidades impostas pelo tempo. Especialmente, ao meu avô Valdeck de Souza, a quem dedico cada voo alçado ao longo desses anos em que sua ausência se fez memória viva. À Ndembu Tandala, por ter sido luz em momentos de escuridão. Grata pelos abraços e palavras de conforto e força.

    Agradeço, também, o aconchego proporcionado pela força da amizade. Ao meu irmão de alma, destino e caminhada, Caique Fialho, parceiro e fiel escudeiro e à Dalila Brito, grande amiga e irmã. A meu amigo e, também, filho de Santo, Marco Paranhos, a quem devo cada reflexão ao longo da construção deste trabalho. A Lucas Almeida, Everton Suzart, Laila Castro e todas as preciosidades que conheci ao longo desses anos. À Nilbélia Raposo, pela amizade, cuidado e companheirismo nesses anos de compartilhamentos. À minha orientadora e amiga, professora doutora, Maria de Fátima, pelas riquíssimas contribuições no desenvolvimento deste livro e por todo carinho e dedicação. Externalizo, também, minha gratidão às professoras Ângela Figueiredo e Leila Nogueira por aceitarem o convite para a composição da banca. Muito obrigada!

    Agradeço, excepcionalmente, a cada mulher que abriu a porta da sua casa e da sua vida para dar à luz a este projeto que me transformou na pesquisadora que sou. Que me ensinaram a falar, sempre, em primeira pessoa e a me reerguer a cada queda que ameace me derrubar. Gratidão!

    Por fim, agradeço a todos que, direta e indiretamente, me ajudaram a construir o repertório das andanças mundo afora e, às suas formas, depositaram um pouco de si em cada Eu que ficou pelo caminho. Aos que acreditaram e se empenharam em transformar meus dias em instantes prazerosos e reacenderam a minha vontade de vencer.

    É por, para, e graças a vocês, que este trabalho é uma realidade. Sigamos.

    Por nós.

    Gratidão!

    Nzambi ua kuatesa! (Deus abençoe!)

    [...] Cachoeira,

    foi de Luanda que entendi sua ancestralidade

    Olhem pra mim, sou de Cachoeira

    Penso, canto, falo na sua liberdade [...]

    E depois de tantas idas e vindas no tempo

    Eu nasci em Cachoeira E perguntei a Cachoeira:

    por que tanta decepção?

    Cachoeira me disse (Pergunte ao homem)

    Cachoeira, e tanta desilusão, tanta intolerância,

    por quê, Cachoeira?

    (Coisa do homem) [...] Mergulhe bem dentro de

    si, se encontre e pergunte porquê

    (Homem! O animal que fala - Mateus Aleluia)

    APRESENTAÇÃO

    O jornalismo cobra, insistentemente, uma neutralidade dos seus profissionais. Cobra, como se fosse possível não sentir calafrios quando o assunto nos toca, ou esconder as frustrações e insatisfações com temas que nos cercam e nos fazem parte deles. É tarefa árdua manter uma postura imparcial no mundo de hoje. Sim, é pedir demais um profissional não engajado e descomprometido com as causas sociais e políticas, sejam elas quais forem. A imparcialidade e objetividade estão sempre associadas à ideia de um jornalismo sério e ético, porém, trazendo como ponto de análise o pensamento de Brandão¹ acerca da construção dos discursos, é possível compreender que todos enunciados contêm falas de outros discursos, e isso se configura a partir dos valores e crenças de quem os profere. Nesse caso, os profissionais do jornalismo que constroem os discursos pautados em acontecimentos reais, não deixam de ser subjetivos.

    TODA JORNALISTA TEM UM LADO

    Por mais discreta que ela aparente ser, seu coração escolheu uma causa e, em algum momento, será por esta causa que ela irá brigar. É utópico acreditar na imparcialidade da profissão, afinal, por trás da profissional habita um ser humano com sonhos, vontades e histórias. Nossas escolhas refletem a bagagem que carregamos, por mais pesada que seja. Por isso, comigo não seria diferente.

    Na contramão do afeto traz à

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