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Novelas de Faroeste 2: Volume II
Novelas de Faroeste 2: Volume II
Novelas de Faroeste 2: Volume II
E-book315 páginas4 horas

Novelas de Faroeste 2: Volume II

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Sobre este e-book

No Velho e Selvagem Oeste, o saloon era o local mais movimentado e frequentado da cidade. Ali aconteciam shows, dança, jogo e muitas brigas. Ali se encontravam mocinhos e bandidos, pistoleiros e desafiantes, mulheres bonitas e perigosas. A maior parte das histórias de faroeste passava por ele. Dos ambientes mais simples e rudes aos mais sofisticados, todos, indistintamente acolhiam moradores e forasteiros, cada um com sua história, cada um com seu destino.Famosos pistoleiros criaram fama nesse local. Outros ali encontraram a morte, na boca esfumaçada de um Colt. A fumaça da pólvora negra era o manto lúgubre que cobria mais um morto. Um punhado de serragem era jogado sobre a poça de sangue. Uma rodada gratuita de uísque barato era servida e minutos depois ninguém mais se lembrava do ocorrido.Afinal, o Oeste era mesmo um lugar selvagem e as Novelas de Faroeste mostram isso.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento9 de mar. de 2022
ISBN9781526053114
Novelas de Faroeste 2: Volume II

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    Novelas de Faroeste 2 - L P Baçan

    Novelas de Faroeste

    Volume II

    L P Baçan

    Copyright © 2022 L P Baçan

    Todos os direitos reservados. Este livro ou parte dele não pode ser reproduzido ou usado de qualquer outra forma nem divulgado sem a expressa autorização do autor, exceto o uso de partes para referência ou comentários.

    2022

    saloon.jpg

    O Velho e Selvagem Oeste

    No Velho e Selvagem Oeste, o saloon era o local mais movimentado e frequentado da cidade. Ali aconteciam shows, dança, jogo e muitas brigas. Ali se encontravam mocinhos e bandidos, pistoleiros e desafiantes, mulheres bonitas e perigosas. A maior parte das histórias de faroeste passava por ele. Dos ambientes mais simples e rudes aos mais sofisticados, todos, indistintamente acolhiam moradores e forasteiros, cada um com sua história, cada um com seu destino.

    Famosos pistoleiros criaram fama nesse local. Outros ali encontraram a morte, na boca esfumaçada de um Colt. A fumaça da pólvora negra era o manto lúgubre que cobria mais um morto. Um punhado de serragem era jogado sobre a poça de sangue. Uma rodada gratuita de uísque barato era servida e minutos depois ninguém mais se lembrava do ocorrido.

    Afinal, o Oeste era mesmo um lugar selvagem e as Novelas de Faroeste mostram isso.

    Conteúdo

    Novelas de Faroeste

    O Velho e Selvagem Oeste

    Justiça de Pistoleiros

    Justiça pelas Armas

    O Herói Renegado

    Coleção Novelas de Faroeste

    L P Baçan

    Justiça de Pistoleiros

    001.jpg

    O calor punha as pessoas nervosas no Saloon Green River, em Cortez, no Colorado, próximo de Durango. A falta de uma cerveja gelada podia levar um homem a cometer uma loucura.

    Foi o que aconteceu com Ned Murdock. Enraivecido, ele sacou sua faca Bowie e a cravou no balcão com violência, olhando furiosamente para o barman.

    — Não pense que me assusta, garoto nervosinho — disse o homem, retirando uma espingarda de sob o balcão.

    Engatilhou-a e apontou-a para o rapaz. Os dois devastadores canos eram uma ameaça que não devia ser ignorada.

    Mas Ned Murdock estava bêbado e com sede.

    — Cerveja! Eu quero uma cerveja! — insistiu ele, batendo as mãos no balcão.

    — Quero ver seu dinheiro primeiro, garoto.

    — Meu pai tem dinheiro — respondeu ele, com a voz enrolada, apoiando-se no balcão para não cair. — Muito dinheiro!

    — Se é assim, traga-o aqui.

    — Não está acreditando em mim, não é? — insistiu o jovem, irritado.

    — Acredito em você, mas quero ver a cor de seu dinheiro primeiro.

    Ned correu os olhos ao redor, observando os presentes. Todos acompanhavam a cena com interesse e isso o fez se sentir humilhado.

    Podia ver o rosto deles como estavam adorando aquilo. E de fato estavam. Ned era um garoto vagabundo e arrogante, metido a pistoleiro.

    — Pegue sua faca e saia daqui — ordenou o barman. — Será bem vindo quando tiver dinheiro.

    Ned o olhou com profundo rancor. Arrancou a faca da madeira e a guardou na bainha, presa no cinturão, às costas dele.

    Só que não se retirou. Ficou passeando por entre as mesas, olhando desafiadoramente para as pessoas, que evitavam encará-lo.

    Sabiam que, bêbado, Ned era sinônimo de encrenca.

    — Você ainda me pagará por isso. Todos me pagarão por isso — berrou ele, repentinamente.

    — Cale sua boca ou eu mesmo vou atirá-lo na rua, rapazola metido e irresponsável! — gritou de volta o barman, já perdendo a paciência com ele.

    — Ainda serei rico como meu pai...

    — Certo, quando for, pode voltar aqui e tomar a sua cerveja. Até lá, pare de importunar meus fregueses.

    — Pare de provocar o garoto — ordenou Bluf Blanding, de sua mesa.

    O barman olhou na direção dele, balançou a cabeça de um lado para outro e sorriu para Bluf, entendendo a situação.

    Ned olhou na direção daquela mesa. Bluf fez-lhe um sinal, pedindo que chegasse até ele.

    — Sente-se e beba conosco — convidou.

    — Não quero — respondeu o garoto, demonstrando todo o seu orgulho e arrogância.

    — Vamos lá, sente-se aqui. Podemos conversar um pouco, amigo.

    — Conversar sobre o quê?

    — Negócios, por exemplo.

    — Negócios? Quer falar de negócios comigo? — retrucou o rapaz, sentindo-se importante.

    — Sim, claro. Afinal, penso que nós dois, trabalhando juntos, poderemos ganhar um bom dinheiro.

    O garoto hesitou por instantes, depois afastou uma cadeira e se sentou.

    Bluf lhe serviu uma boa dose de uísque, que ele tomou de uma só vez.

    — Eu sempre o achei um sujeito muito esperto, Ned. Pena que seu pai não pense assim e o trate como a um cão sarnento, não é verdade?

    O rosto de Ned se alterou, demonstrando ódio e rancor extremos. Ele tomou nova dose que Bluf havia posto no copo.

    — Meu pai ainda verá do que sou capaz.

    — Eu não entendo como ele deixa você ser humilhado dessa forma, aqui, nesta cidade. Ele é rico o bastante para lhe comprar toda a cerveja de Cortez, incluindo os bordéis, saloons e cantinas da região. E você fica por aí, mendigando uma simples cerveja, para amenizar o calor de uma dia quente. Considero isso desumano — comentou Bluf, melífluo, envolvendo o rapaz com sua conversa fácil e insinuante.

    — Ele não me dá nada... Quer que eu trabalhe como um burro de carga e que rasteje por alguns níqueis!

    — É muita humilhação. ele não tem esse direito. Concorda comigo?

    — Sim, se concordo!

    — Pelo que sei, parte daquela fazenda é sua, com a morte de sua mãe.

    — Um quarto dela já é minha, mas só poderei dispor disso quando tiver vinte e um anos...

    — A menos que algo aconteça com seu pai... Um acidente... O velho é metido a ser domador de cavalo bravo, a perseguir rês em disparada... Essas coisas acontecem — disse Bluf, sugestivamente, fazendo o rapaz encará-lo pensativamente.

    Serviu outra dose, que o rapaz emborcou de uma só vez, limpando a boca na manga da camisa.

    — Que tipo de negócio quer fazer comigo? — indagou a Bluf.

    O jogador se debruçou sobre a mesa, fazendo Ned inclinar-se também.

    — Vai precisar de muita coragem para este negócio.

    — Eu tenho — afirmou Ned.

    — É um negocio que poderemos considerar honesto, dependendo do ponto de vista — continuou Bluf.

    — Como assim?

    — Quantas cabeças de gado há na fazenda?

    — Umas dez mil, no mínimo.

    — Pois veja: duas mil quinhentas são suas.

    — É, tem lógica. Mas e daí?

    — Daí que você pode ir tirando esse gado aos poucos e vendendo. Pode levá-lo a Mexican Hat, em Utah, a Red Rock, no Arizona, ou a Farmington, no Novo México. Em qualquer uma dessas cidades conseguirá bons preços e compradores interessados em bom gado, sem questionar a procedência.

    — Tão fácil assim?

    — Mais fácil do que imagina. Posso lhe conseguir um comprador certo pelas duas mil e quinhentas cabeças e até por mais.

    — Não há como tirar duas mil e quinhentas cabeças de lá, sem que meu pai perceba.

    — Há um meio de fazer com que ele não perceba.

    — Qual?

    — Ao invés de levarmos o seu gado, poderemos levar o gado de outros rancheiros. Basta misturá-los com o seu rebanho e, na hora certa, separá-los para a venda.

    — Está falando de roubo de gado? — sussurrou Ned, um tanto intimidado com a proposta.

    — Falei que precisaria de coragem para isso, não falei?

    — Sim, mas não disse que teria de roubar.

    — É relativo, Ned. Há muito gado solto, que se criou sozinho e ainda não tem marca. Estou falando desse gado, entende? — explicou Bluf, servindo outra dose ao rapaz.

    — Sim... Boa idéia! Recolher os bandos antes dos outros rancheiros... Ninguém desconfiará nem poderá acusar de nada. O gado estará com a marca do meu rancho. Muito esperto — comentou, cada vez mais embriagado.

    — Quanto acha que isso poderá nos render? — indagou.

    — Vinte mil, trinta mil, cinqüenta mil... É difícil dizer, Ned. Só posso garantir que é muito mais do que jamais sonhou, garoto.

    Os olhos do rapaz brilharam de cobiça. Poderia ter dinheiro e, ainda por cima, vingar-se de seu pai.

    — Acho que estou gostando da sua idéia, Bluf.

    — Eu sabia que você era um sujeito esperto. Não lhe disse isso?

    — Sim, você também é esperto, Bluf, pois percebeu que eu sou esperto, compreendeu?

    — Claro — riu Bluf. — Agora pense bem: já imaginou como esse dinheiro poderia ser muito maior, se seu pai estivesse fora do caminho? Pena que seja seu pai... Pai é pai, não?

    Ned debruçou-se sobre a mesa para segredar algo ao ouvido de Bluf.

    — Na verdade, ele não é meu pai legítimo. Quando minha mãe casou com ele, eu já era nascido, só que não tinha pai, compreendeu? Eu era um bastardo... E assim ele me trata até hoje. Por isso eu o odeio tanto.

    — Bom, isso muda as coisas... Um homem que faz isso com uma criança... Tratá-la como um bastardo... Causa-me repulsa, sabia? — comentou Bluf.

    — Eu devia cuidar dele.

    — Sim, devia mesmo — insuflou o jogador.

    — E vai ser esta noite mesmo.

    — Se fizer isso, procure-me amanhã, Ned. Com o controle da fazenda, poderemos arrebanhar todo o gado solto nas pastagens, juntando-o ao seu. Ficaremos ricos.

    — Sim, ricos! — exclamou o rapaz, imaginando-se com todo o dinheiro do mundo nos bolsos.

    Ninguém mais iria humilhá-lo, principalmente aquele barman. Iria ver só.

    0intervalo.gif

    Entardecia em Santa Rosa, no norte do Novo México. O sol já fazia alongar os picos dos Montes de Cristo, jogando sombras nos desfiladeiros.

    Burt Murdock havia deixado as esporas e as botas presas na sela de seu cavalo, meia milha distante, e calçado mocassins para poder caminhar silenciosamente.

    Aproximou-se do platô, à beira do desfiladeiro, sem um ruído. O guarda olhava para baixo, fumando tranqüilamente.

    Quando percebeu o ruído e se voltou, Burt já tapava-lhe a boca com a mão e enfiava sua Bowie nas costelas dele, rasgando-lhe o pulmão.

    O homem se debatei debilmente. Burt posicionou a faca na garganta do outro, junto à orelha esquerda, e fez com que a lamina deslizasse profundamente até a orelha direita.

    O homem ficou imóvel, enquanto o sangue jorrava na areia. Burt o escorou com umas pedras, arrumando o rifle diante dele, como se dormisse.

    Examinou o local lá embaixo, quando o desfiladeiro terminava, abrindo-se num esconderijo natural, cercado de pedra.

    Aquela era a única entrada e também a única saída. Ele procurou o curral. Os cavalos roubados estavam afastados da casa, num grande curral. Perto de uma centena de cavalos.

    — Peguei-os finalmente, miseráveis! — exclamou, com um suspiro de alivio.

    Após duas semanas de vigília e perseguição, conseguira, finalmente, descobrir o esconderijo da quadrilha que vinha roubando cavalos na região de Santa Rosa.

    Os rancheiros, cansados do prejuízo e da ineficiência do xerife, o haviam contratado.

    Burt era um pistoleiro a serviço da lei, um caçador de recompensas, um homem que fazia o trabalho sujo que ninguém queria fazer ou tinha medo de fazer.

    Ele adorava aquilo.

    Retirou do bolso da capa longa que usava um pacote de dinamite. Cortou um estopim. Procurou o melhor lugar para a explosão.

    Queria provocar um desmoronamento, barrando a fuga dos bandidos, se fosse preciso, mas só usaria esse recurso se não conseguisse impedir uma reação.

    Os rancheiros haviam sido bem claros. Vivos ou mortos, cada bandido valeria um bônus extra de cem dólares, mais mil dólares para desbaratar a quadrilha.

    Teria ainda mais cinco dólares por cavalo recuperado. Burt fez as contas mentalmente. Já contara pelo menos uns oito homens na cabana.

    Havia ali, a sua disposição, algo em torno de dois mil e quinhentos dólares.

    — Aqui serve — comentou consigo mesmo, enfiando a dinamite entre as raízes de uma enorme árvore que pendia sobre o desfiladeiro.

    Se a explodisse, seus galhos impediriam a fuga dos bandidos, mas poderiam ser queimados depois, para liberar a saída dos cavalos.

    Procurou um bom local, engatilhou sua Winchester e esperou que um dos homens saísse da cabana.

    Momentos depois, um deles abriu a porta, com um balde na mão, caminhando na direção do poço.

    Burt disparou, arrancando o balde da mão dele. O homem correu se esconder atrás de um bebedouro.

    Portas e janelas da cabana foram fechadas. Burt olhou o céu. Escurecia rapidamente. Tinha de resolver aquilo o mais depressa possível.

    Apanhou uma banana de dinamite e atirou-a próximo da cabana. Apontou seu rifle e disparou.

    A explosão levantou uma nuvem de fumaça e poeira e ecoou violentamente pelos muros de pedra do desfiladeiro.

    — Vocês aí, quero-os com as mãos para cima, fora da cabana, em trinta segundos. A próxima dinamite vai explodir no telhado — disse, arremessando a banana.

    Ela caiu certeiramente no telhado da cabana, rolou até o beiral e ficou ali, tomando um resto de sol da tarde que morria.

    — Ele diz a verdade — gritou o homem atrás do bebedouro. — A dinamite está no telhado.

    — Maldito seja você! O que quer, afinal?

    — Quero-os fora dai em vinte segundos.

    — Pode vê-lo, Slim? — indagaram da cabana.

    — Não — respondeu o homem fora dela.

    — Demônios, homem. Poderemos negociar. Quanto está ganhando com isso?

    — O suficiente — respondeu Burt. — Enquanto isso, vocês estão perdendo o resto do tempo e o resto da vida.

    — Faça o que ele diz, Duran! — gritou Slim.

    — Cinco segundos... Quatro... Três... — começou ele a contar.

    As portas e janelas se abriram. Armas jogadas para fora. Os homens começaram a sair com as mãos para cima.

    — Você aí, atrás do bebedouro. Pegue cordas e comece a amarrá-los. Bem firme. Se eu encontrar um mal amarrado, você terá uma banana de dinamite daquela enfiada naquele lugar, com um pavio curto acesso.

    O homem apressou-se em cumprir a ordem. Burt começou a contar. Sete homens saíram da cabana.

    — Eu disse para que todos saíssem! — gritou. — O tempo está esgotado.

    Os homens lá embaixo olharam desesperadamente para a cabana. Um rifle foi atirado pela janela. O oitavo homem saiu.

    Todos olharam na direção do platô, ansiosamente. Burt continuou abaixado.

    Havia oito homens lá embaixo, mais um vigiando. Nove homens. É uma conta difícil de ser feita. Dividir o roubo em nove partes era muito complicado para aqueles homens. Tinha de haver um décimo bandido.

    Lá embaixo, alguns deles olharam para a cabana, quando uma sombra começou a se erguer no alto do platô.

    Um rifle surgiu na janela da cabana e disparou. O vulto no alto do platô caiu para frente, despencando no desfiladeiro.

    Um homem ficou em pé, atrás do que caiu, apontando seu rifle para o telhado da cabana.

    Quando apertou o gatilho, um último raio de sol iluminou a banana de dinamite no telhado.

    002.jpg

    Bluf acertara numa coisa: Ned era mesmo esperto. Quando saiu do saloon, naquela tarde, parou no rio Mesa Verde, que contava as terras do rancho.

    Despiu-se e, no comecinho da noite, mergulhou nas águas frias e nadou durante algum tempo, até se sentir melhor.

    Depois deitou-se na margem e ficou pensando, vendo as estrelas surgirem no céu.

    Sabia que Bluf Blanding era um escroque, um jogador ladrão e um trapaceiro de primeira classe.

    Havia dado muitos golpes nos pequenos rancheiros da região, com a conivência do xerife, que o protegia.

    Só que, agora, Bluf havia mesmo pensado alto. Naquela região toda deveria haver, por baixo, mais de cem mil cabeças de gado.

    Roubá-las e vender nos outros Estados seria uma tarefa muito fácil, considerando que Cortez estava a igual distancia de três Estados diferentes: Utah, Arizona e Novo México.

    Havia comércio suficiente para mais do que cem mil cabeças. Isso renderia muito mais dinheiro que Ned jamais sonhara em ter nas mãos.

    Quando se sentiu livre dos efeitos do álcool, Ned foi para casa.

    Todas as noites, quando chegava, Jed Murdock despejava sobre ele o mesmo sermão.

    Às vezes Jed o esmurrava, Ned nem sentia, de tão bêbado que estava.

    Naquela noite, porém, incentivado pelas palavras de Bluf e acreditando em si mesmo, Ned iria agir diferente.

    Já era noite quando chegou. Após levar seu cavalo para o estábulo, dirigiu-se à casa principal do rancho.

    — Parece que você só vem aqui para dormir. Por que não simplifica as coisas e dorme no saloon. Ou então na sarjeta, que é o seu lugar — disse Jed, levantando-se da sua escrivaninha, num canto da sala.

    Caminhou na direção de Ned, que o encarou ameaçadoramente. Jed não conhecia aquele olhar do enteado.

    — Quero falar com você — disse Jed.

    Jed esperou, mantendo seu olhar fixo no dele.

    — Acho que devemos desistir de tentar fazer de você um homem. Diga-me o que quer para sumir de minha vida para sempre e não me incomodar mais com essa sua cara de beberrão — indagou Jed, secamente.

    Jed destilou ódio no olhar.

    — Basta! Basta, entendeu? Não sou um cachorro, sou um homem!

    — Para mim você é um vagabundo... Puxou bem a sua mãe, aquela mundana que tirei de um saloon em Santa Fé para fazer minha mulher...

    — Não toque no nome de minha mãe — falou Ned, enfurecido. — Ela o fez feliz e, enquanto esteve aqui, nesta casa, jamais fez nada que pudesse...

    — Cale-se, garoto idiota! O que sabe de sua mãe?

    — Sei que ela morreu e que me deixou, por direito, um quarto deste rancho e de todo o dinheiro que ele rende.

    — Tem razão. Tem toda razão, mas esse dinheiro jamais será seu, entendeu?

    — Não pode me negar isso.

    — Posso e vou. Se lhe der a sua parte, em dois tempos você a gastará no saloon e logo estará de novo, rastejando por um níquel.

    — Não pode me roubar o que...

    — O que disse? Está me chamando de ladrão, seu bastardo atrevido? — gritou Jed, ameaçadoramente.

    Ned, a principio, se intimidou. Depois, o ódio maior que qualquer temor. Ele encarou o padrasto pela primeira vez.

    — Sim, é isso mesmo. É um ladrão! Está roubando o meu dinheiro, o dinheiro que era de minha mãe e que me pertence por direito...

    A mão de Jed se abateu pesadamente no rosto do garoto, fazendo-o cambalear.

    Ned recuou, a mão indo às costas, no cinturão, buscar a faca afiada.

    Jed avançou, disposto a quebrar-lhe todos os ossos do corpo, tamanho era seu ódio.

    Ned apenas o esperou, erguendo a faca. Quando Jed percebeu, metade da lamina já havia penetrado em seu estômago.

    — Ned! — exclamou ele, chocado.

    — Surpreso, velho sovina? — indagou o rapaz, girando a lamina no ventre do outro, depois forçando a ponta para cima, na direção do coração.

    — Ajude-me — suplicou Jed.

    — Sim, vou ajudá-lo a ir encontrar com minha mãe para lhe pedir desculpas, seu bastardo dos infernos! — vociferou o garoto, empurrando a faca para cima, cortando ao meio o coração do rancheiro.

    Ned se afastou. O padrasto caiu de joelhos, olhando com olhos esbugalhados a lamina enterrada em seu ventre.

    Tentou falar alguma coisa, mas apenas vomitou sangue e caiu para frente.

    — O que fez, seu animal imprestável! — gritou Jay Fowler, capataz do rancho, entrando naquele momento.

    Surpreso, Ned recuou até suas costas baterem na escrivaninha.

    Jay correu levantar o corpo do patrão. O sangue jorrou pelo ferimento. Ele puxou a faca e tentou estancar o sangue com a mão.

    — Vá buscar ajuda, seu bastardo! — gritou Jay, em desespero. Ned olhava a caixa de dinheiro aberta sobre a escrivaninha. Normalmente ficava trancada numa gaveta. Seu pai deveria estar conferindo. Olhou para Jay. A palavra indesejável ecoava em sua cabeça. Não queria mais ser chamado de bastardo. Nem por Jed, por Jay ou por qualquer filho da mãe no mundo.

    Além disso, havia aquele dinheiro ali. E havia Jay, com a faca na mão, todo molhado de sangue.

    — Nunca mais... Mas nunca mais mesmo, você me chamará de bastardo novamente — afirmou Ned, sacando sua arma.

    — O que vai fazer? — surpreendeu-se Jay.

    — O que já devia ter feito há muito tempo, seu trouxa. Melhor uma bala nessa sua boca grande.

    Jay soltou o corpo do patrão e tentou sacar a arma. Era rápido, mas Ned, quando não estava bêbado, era mais rápido ainda que ele.

    O Colt trovejou e uma bala certeira apanhou Jay em pleno peito, jogando-o para trás, com a arma na mão.

    Num esforço supremo, o capataz tentou erguer o braço para disparar.

    Ned apertou de novo o gatilho, mirando a cabeça do infeliz caído diante dele.

    A bala atingiu o rosto de Jay, bem sobre o nariz, transformando sua cara numa máscara sangrenta e retorcida.

    O rapaz, então, correu apanhar alguns maços de dinheiro e pô-los no bolso de Jay.

    Depois correu para o

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