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Enfoque dinâmico sobre a paralisia cerebral: um estudo etnográfico e clínico
Enfoque dinâmico sobre a paralisia cerebral: um estudo etnográfico e clínico
Enfoque dinâmico sobre a paralisia cerebral: um estudo etnográfico e clínico
E-book131 páginas1 hora

Enfoque dinâmico sobre a paralisia cerebral: um estudo etnográfico e clínico

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Sobre este e-book

"O livro é resultado da abordagem eticamente cuidadosa e ponderada da autora, que se propôs a desviar o olhar do corpo e das limitações de crianças com paralisia cerebral para focalizar outros aspectos que, de acordo com sua experiência como psicóloga clínica e psicanalista, fazem a diferença no processo de reabilitação.
Suficientemente fundamentado, o fato de incluir em sua narrativa casos clínicos, todos devidamente contextualizados ao tema abordado, facilita a compreensão do leitor e exemplifica aspectos teóricos e práticos que a autora valoriza no processo de reabilitação da criança." (Alice Salgueiro do Nascimento Marinho)
IdiomaPortuguês
Data de lançamento1 de fev. de 2022
ISBN9786525219622
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    Enfoque dinâmico sobre a paralisia cerebral - Jaqueline Romariz

    I - DEFICIÊNCIAS: UM BREVE HISTÓRICO

    No presente capítulo abordamos, primeiramente, um breve histórico acerca das deficiências e a seguir apresentamos o conceito histórico de paralisia cerebral, abordando as etiologias e a reabilitação. As deficiências tiveram representações diversas ao longo dos tempos e, portanto, não podem ser dissociadas de historicidade.

    Na Roma antiga, as crianças eram abandonadas nas margens do Rio Tibre e quando sobreviviam, viravam atrações de entretenimento. Na Grécia, o culto ao corpo belo era extremamente valorizado e as pessoas portadoras de deficiência eram afastadas de qualquer participação social. Já no Egito antigo, existem registros em papiros, que mostram integração social, inclusive nas atividades de trabalho.

    Na antiguidade, a deficiência mental e a loucura eram representadas como manifestações sobrenaturais, por hora atribuía-se ao comportamento ‘desviante’ às forças demoníacas, mas em outro momento seria representada socialmente como forma de manifestação divina. A crença em manifestações de forças sobrenaturais foi intensificada na Idade Média e as práticas religiosas, tais como o exorcismo, foram usadas para lidar com esses fenômenos.

    Por volta do século XVIII, a ciência começou a questionar os dogmas religiosos e as primeiras explicações científicas surgiram a partir da Medicina. Assim, a deficiência passou a adquirir o estatuto de doença e as pessoas que sofriam de um infortúnio físico passaram a ser objeto de estudo das ciências médicas. No entanto, a prática do ‘tratar’ estava mais preocupada em proteger a sociedade daquilo que era considerado uma ameaça. Por exemplo, aqueles que apresentavam alterações no comportamento, eram excluídos da sociedade sendo encaminhados para asilos /abrigos juntamente com mendigos, prostitutas e delinquentes.

    Até o século XIX, não houve qualquer preocupação em modificar tal quadro. No final daquele século e início do século XX, foram criadas instituições que distinguiam as diferentes patologias, mas as pessoas deficientes ainda eram excluídas da sociedade. No caso das crianças com transtornos mentais, elas eram institucionalizadas e submetidas às práticas educativas de correção.

    Assim sendo, as representações sobre as deficiências continuam sendo modificadas ao longo dos anos. A década de 60, por exemplo, deixou a sua marca importante no que refere ao processo de formulação do conceito de deficiência. A deficiência foi definida como a estreita relação existente entre as limitações que experimentam as pessoas portadoras de deficiências, a concepção e a estrutura do meio ambiente e a atitude da população em geral com relação à questão (Coordenadoria para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência – Corde – do Ministério da Justiça, 1996, p.12 apud Política Nacional de Saúde da Pessoa Portadora de Deficiência).

    Segundo esse mesmo documento, tal definição passou a ser adotada em todo mundo, a partir da divulgação do documento Programa de Ação Mundial para Pessoas com Deficiência, elaborado por um grupo de especialistas e aprovado pela ONU, em 1982. Um outro fator importante foi a declaração da Organização das Nações Unidas – ONU – que teve o ano de 1981 como o Ano Internacional da Pessoa Deficiente, colocando em evidência e em discussão, entre os países membros, a situação da população portadora de deficiência no mundo e, particularmente, nos países em desenvolvimento, onde a pobreza e a injustiça social tendem a agravar a situação.

    No âmbito da conceituação, a Classificação Internacional de Deficiências, Incapacidades e Desvantagens – CIDID, criada pela Organização Mundial da Saúde – OMS, em 1989 elaborou 03 categorias: deficiência, incapacidade e desvantagem.³ Definiu deficiência como total perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica; a incapacidade como toda restrição ou falta – devida a uma deficiência – da capacidade de realizar uma atividade na forma ou na medida que se considera normal para um ser humano; e a desvantagem como uma situação prejudicial para um determinado indivíduo, em consequência de uma deficiência ou uma incapacidade, que limita ou impede

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