Adolescentes
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Sobre este e-book
Maria do Céu Soares Machado
Maria do Céu Soares Machado é casada, tem 2 filhas e 7 netos. É Directora do Departamento de Pediatria do Hospital Santa Maria, Professora Catedrática de Pediatria da Faculdade de Medicina de Lisboa, vice-presidente da Academia Portuguesa de Medicina e da Federação Europeia das Academias de Medicina. Foi Alta Comissária para a Saúde, Directora Clínica do CHLN e Presidente do Conselho Geral da Universidade de Évora, da Comissão Nacional de Saúde da Criança e Adolescente, do Colégio de Pediatria e da Sociedade de Neonatologia. Integrou a Comissão para a Natalidade, a Agenda Criança e o Conselho Consultivo do Diagnóstico Precoce. Recebeu 8 Bolsas de Investigação Clínica , 2 Prémios Bial de Medicina Clínica e o Prémio de Qualidade Amélia de Mello. Publicou 138 artigos em revistas nacionais e internacionais, 6 livros e 18 capítulos. Foi agraciada com Grande Oficial da Ordem de Mérito e Medalha de Ouro do Ministério da Saúde.
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Adolescentes - Maria do Céu Soares Machado
Aos MEUS adolescentes Diogo, Teresa, Vasco, Manuel e Clara
Aos MEUS quase adolescentes Carmo e João A TODOS os adolescentes
Adolescentes Maria do Céu Machado
Neste ensaio de experiência vivida, Adolescentes
, começo por definir adolescência (o que é tarefa quase impossível), descrever o perfil de um adolescente na fase precoce e na fase tardia (o que não é fácil), explicar de forma simples os fenómenos biológicos que condicionam essas fases (segundo a evidência científica actual). Dedico um capítulo ao cérebro (em reconfiguração activa) e, trato nos seguintes, diversas áreas de interesse nesta fase da vida, como os estilos de vida, a saúde e doença crónica.
Este ensaio, despretensioso, tem como objectivo ajudar os que lidam com adolescentes, particularmente os pais, a decifrar o insondável e apaixonante mistério da adolescência, que deixou em cada um de nós um sentimento ambíguo de plena felicidade e inexplicável solidão.
Na selecção de temas a tratar, a colecção Ensaios da Fundação obedece aos princípios estatutários da Fundação Francisco Manuel dos Santos: conhecer Portugal, pensar o país e contribuir para a identificação e resolução dos problemas nacionais, assim como promover o debate público. O principal desígnio desta colecção resume-se em duas palavras: pensar livremente.
autora.jpgMaria do Céu Soares Machado é casada, tem 2 filhas e 7 netos. É Directora do Departamento de Pediatria do Hospital Santa Maria, Professora Catedrática de Pediatria da Faculdade de Medicina de Lisboa, vice-presidente da Academia Portuguesa de Medicina e da Federação Europeia das Academias de Medicina.
Foi Alta Comissária para a Saúde, Directora Clínica do CHLN e Presidente do Conselho Geral da Universidade de Évora, da Comissão Nacional de Saúde da Criança e Adolescente, do Colégio de Pediatria e da Sociedade de Neonatologia. Integrou a Comissão para a Natalidade, a Agenda Criança e o Conselho Consultivo do Diagnóstico Precoce.
Recebeu 8 Bolsas de Investigação Clínica , 2 Prémios Bial de Medicina Clínica e o Prémio de Qualidade Amélia de Mello.
Publicou 138 artigos em revistas nacionais e internacionais, 6 livros e 18 capítulos.
Foi agraciada com Grande Oficial da Ordem de Mérito e Medalha de Ouro do Ministério da Saúde.
logo.jpgLargo Monterroio Mascarenhas, n.º 1
1099-081 Lisboa
Portugal
Correio electrónico: ffms@ffms.pt
Telefone: 210 015 800
Título: Adolescentes
Autor: Maria do Céu Machado
Director de publicações: António Araújo
Revisão de texto: Isabel Branco
Capa: Carlos César Vasconcelos
Adaptação da capa: Guidesign
© Fundação Francisco Manuel dos Santos e Maria do Céu Machado, Fevereiro de 2016
A autora desta publicação não adoptou o novo Acordo Ortográfico.
As opiniões expressas nesta edição são da exclusiva responsabilidade da autora e não vinculam a Fundação Francisco Manuel dos Santos.
A autorização para reprodução total ou parcial dos conteúdos desta obra deve ser solicitada à autora e ao editor.
Edição eBook: Guidesign
ISBN 978-989-8819-93-2
Conheça todos os projectos da Fundação em www.ffms.pt
Maria do Céu Machado
Adolescentes
Ensaios da Fundação
Índice
Introdução
Capitulo 1 – A adolescência Como surge?
Quando começa e como acaba?
Capítulo 2 – Os adolescentes dos 10 aos 14 anos.
São assim tão diferentes?
Capítulo 3 – Os adolescentes dos 15 aos 20 anos.
Adultos ou ainda não?
Capítulo 4 – A biologia da puberdade.
Que factores a explicam?
Capítulo 5 – Reconfiguração cerebral e ambiente.
Justifica a ebulição?
Capítulo 6 – O adolescente, os pais e os amigos.
Conseguem sobreviver em conjunto?
Capítulo 7 – Educar um adolescente.
Necessita de toda uma sociedade?
Capítulo 8 – Estilos de vida, alimentação, exercício físico e consumos.
Maus hábitos na infância, péssimos na adolescência?
Capítulo 9 – Linguagem humana e electrónica.
Telemóvel, iPad e computador, autonomia ou dependência?
Capítulo 10 – Hábitos de sono e dissónias na adolescência.
Porque é a noite é tão interessante?
Capítulo 11 – Saúde e doença crónica.
São os mitos realidades?
Comentários Finais
Bibliografia
Introdução
Como pediatra com muitos anos de prática, é cada vez maior o número de adolescentes que conheço desde que nasceram, vi crescer, me tratam por tu e alguns, já jovens adultos, que me trazem os filhos (os meus netos clínicos!) quando finalmente constituem família.
Noutra condição, observo e vivo a adolescência de 4 dos meus 7 netos biológicos, mais uma tweenie (between child and teen) de 9 anos e 2 mais novos estimulados, em sentido positivo, por irmãos e primos. É fascinante perceber, como avó e como médica, a evolução, o crescimento e o enriquecimento destes rapazes e raparigas, tão diferentes na aparência mas tão iguais nesta fase de transição.
Quando recebo um adolescente na consulta e, enquanto ele espera a vez de ser atendido, peço-lhe para preencher um questionário desenvolvido nos países da União Europeia para avaliar a qualidade de vida relacionada com a saúde e conhecido como kidscreen10. À hora marcada, mando-o entrar com os pais que convido a desfiar problemas e preocupações (que geralmente se confundem) que têm com o filho antes de saírem, e então, já sozinha com o adolescente, ouço livremente a rapariga que desabafa as angústias da alma ou o rapaz cuja ansiedade se relaciona com uma dor inoportuna em baixo
quando está com a namorada.
Leio com eles as respostas ao kidscreen e fico espantada com a frequência com que sentem o bullying ou o medo que têm de não ter amigos verdadeiros. As respostas são genuínas, facilitadas por serem escritas de forma voluntária, sem o adulto inquisidor que os intimida.
Contam-me estórias comuns, como a do Luís que se acha diferente dos amigos porque ainda iniciou a puberdade, ou raras, como a da Laura, que no espaço de um ano aumentou 10 kg e se tornou obesa. Só percebi muito mais tarde que este fenómeno inesperado estava relacionado com episódios repetidos de abuso intrafamiliar.
Pessoalmente, tive a adolescência tranquila mas insípida de uma boa aluna sem graça, protegida por um pai controlador, constrangida por uma mãe que impunha princípios rigorosos e aparentemente submissa durante 11 anos num colégio religioso onde nos diziam que, se ouvíssemos uma voz na capela, era a vocação que jamais poderia ser negada, o que nos enchia de pavor e alucinações auditivas. Mais tarde, procurei que as minhas filhas tivessem uma adolescência mais livre e mais rica em experiências vividas e com princípios mais flexíveis.
Gosto das crianças em todas as fases mas especialmente da adolescência, e dos adolescentes, e tenho a certeza que são os adultos que os rotulam de génios ou demónios e condicionam tantas vezes o desenvolvimento destes rapazes e raparigas, pela simples razão de, no fundo, não saberem como lidar com eles.
Não reclamo para mim a qualidade de especialista em Medicina da Adolescência mas apenas a experiência de anos de prática a lidar com muitos, muitos adolescentes que ainda me procuram já jovens adultos (e até alguns menos jovens!). Talvez porque os ajudei a ultrapassar aquela fase sem sobressaltos, dando-lhes razão muitas vezes, não lhes dando outras tantas, sempre com aquela cumplicidade que nasce da capacidade de ouvir o outro e, mais importante ainda, respeitando uma confidencialidade absoluta. Quando me enviam emails percebo que acham que os compreendo, que me podem contar tudo, que podem contar comigo.
Neste ensaio de experiência vivida, Adolescentes
, começo por definir adolescência (o que é tarefa quase impossível), descrever o perfil de um adolescente na fase precoce e na fase tardia (o que não é fácil), explicar de forma simples os fenómenos biológicos que condicionam essas fases (segundo a evidência científica actual). Dedico um capítulo ao cérebro (em reconfiguração activa) e trato, nos seguintes, diversas áreas de interesse nesta fase da vida, como os estilos de vida e a saúde e doença crónica.
Este ensaio, despretensioso, tem como objectivo ajudar os que lidam com adolescentes, particularmente os pais, a decifrar o insondável e apaixonante mistério da adolescência, que deixou em cada um de nós um sentimento ambíguo de plena felicidade e inexplicável solidão.
Capitulo 1 – A adolescência
Como surge? Quando começa e como acaba?
Disse-me um adolescente há uns anos… adolescência é a idade em que os pais se tornam difíceis…
Minha mãe, entusiasta professora de latim e grego, sempre me mostrou e demonstrou à exaustão o valor da pesquisa etimológica (o que me aborrecia mortalmente na adolescência, mas se demonstrou utilíssimo como estudante de Medicina).
Adolescência deriva da palavra latina adolescere que significa crescer e atingir a maturidade. Achei espantoso, ao decliná-la, descobrir as formas adolesco, adolescere, adolevi, adultus. Parece pois que adulto (ou seja, o que já amadureceu) será a forma verbal derivada de adolescente, o que poderia significar que a adolescência não é apenas uma fase de transição mas a essência da vida humana e que um adulto é apenas um adolescente que evoluiu!
A adolescência foi inventada, resulta da superioridade do homem ou é a sua existência que determina a diferenciação da espécie humana? Nós, humanos, distinguimo-nos dos outros mamíferos por características únicas como o bipedalismo que permite a utilização das mãos e a manipulação de instrumentos, a maior dimensão do cérebro, o grande triunfo da linguagem, a sexualidade sem objectivo de procriação