Encontre milhões de e-books, audiobooks e muito mais com um período de teste gratuito

Apenas $11.99/mês após o término do seu período de teste gratuito. Cancele a qualquer momento.

Neurociência e educação: Diálogos possíveis
Neurociência e educação: Diálogos possíveis
Neurociência e educação: Diálogos possíveis
E-book187 páginas3 horas

Neurociência e educação: Diálogos possíveis

Nota: 3 de 5 estrelas

3/5

()

Ler a amostra

Sobre este e-book

Neurociência e educação: diálogos possíveis, apresenta análise considerando a relação entre diálogo e aprendizagem, de maneira que evidencia a Neurociência e a Educação, como importantes agentes dessa relação. Ao longo dos capítulos, são abordados teóricos, apresentados estudos relevantes sobre o tema, além de práticas que demonstram a importância de se considerar os processos de ensino e aprendizagem, baseado os conhecimentos sobre Neuroeducação.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento8 de fev. de 2022
ISBN9786558406426
Neurociência e educação: Diálogos possíveis

Relacionado a Neurociência e educação

Títulos nesta série (1)

Visualizar mais

Ebooks relacionados

Psicologia para você

Visualizar mais

Artigos relacionados

Categorias relacionadas

Avaliações de Neurociência e educação

Nota: 3 de 5 estrelas
3/5

2 avaliações1 avaliação

O que você achou?

Toque para dar uma nota

A avaliação deve ter pelo menos 10 palavras

  • Nota: 5 de 5 estrelas
    5/5
    indicado para quem estuda pedagogia ou neuropsicopedagoia psicopedagogia contém instruções relevantes.

Pré-visualização do livro

Neurociência e educação - Kátia Regina Lopes Costa Freire

APRESENTAÇÃO

A Neuroeducação consiste em um campo interdisciplinar que congrega os conhecimentos da Neurociência, da Psicologia Cognitiva e da Educação. Desta soma de saberes têm surgido propostas e relatos que demonstram a otimização da aprendizagem dos estudantes quando os docentes embasam suas práticas nos conhecimentos desta área.

Os conhecimentos atuais acerca da Neurociência aplicada à Educação e o funcionamento complexo do cérebro-mente interessam cada vez mais aos docentes que, preocupados com o baixo rendimento, reprovações, dificuldades específicas de aprendizagem, transtornos e deficiências dos estudantes, buscam alternativas para um ensino que leve em consideração as dimensões biológica, social e psicológica dos seus alunos, de maneira holística. Desde o início do século XX os teóricos da Psicologia Cognitiva defendem uma concepção de inteligência bioantropológica na sua origem e psicossocial no seu desenvolvimento e apresentam estudos que comprovam a capacidade de modificabilidade cognitiva, embasados na Neuroplasticidade. Os avanços das técnicas de neuroimagem e da eletrofisiologia possibilitaram o estudo das áreas cerebrais envolvidas em funções cognitivas específicas e esclareceram muitos aspectos do funcionamento do Sistema Nervoso, sendo possível confirmar (e ampliar) os estudos de teóricos como Vygotsky, Leontiev, Luria e Feuerstein.

Esta obra nasceu da parceria entre o Grupo de Pesquisa em Cognição, Aprendizagem e Inclusão (GPCAI/CNPq) e o Grupo de Estudos em Neurociência Cognitiva e Educação Matemática (Gencem/CNPq), ambos vinculados ao Departamento de Educação do Centro de Ensino Superior do Seridó (Ceres) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. A partir dos estudos, eventos, cursos de extensão e pesquisas desenvolvidas pelos grupos supracitados tornou-se evidente a necessidade de maior número de obras que abordem as possibilidades de diálogos entre a Neurociência e a Educação. Assim, esperamos que as reflexões que se seguem capítulo após capítulo, possam contribuir com o debate acerca da utilização dos conhecimentos da Neuroeducação nos espaços de aprendizagem formais, informais e não formais e, consequentemente, para a área de formação docente.

Deste modo, os capítulos que compõem esta obra envolvem temas como: ensino da matemática, inclusão escolar do aluno com deficiência, discalculia, aprendizagem significativa e formação de professores, dentre outros. Começando pelo capítulo Neurociência cognitiva e educação matemática: um diálogo necessário na/para formação docente, de nossa autoria, no qual apresentamos os conhecimentos da Neurociência Cognitiva e defendemos a utilização destas informações no momento de ensinar crianças e adolescentes, especialmente na área da Matemática, destacando, ainda, a importância desta área para a formação docente.

O capítulo Neuroeducação e inclusão: uma experiência em sala de estimulação com alunos com deficiência múltipla, de Kátia Regina Lopes Costa Freire, Maria Luísa de Azevedo Fernandes e Ladislene Lílian de Souza, defende a importância dos conhecimentos da Neuroeducação e da utilização de materiais pedagógicos adaptados para o sucesso do processo de aprendizagem de alunos com deficiência, mostrando um relato de experiência em Sala de Estimulação com alunos com Paralisia Cerebral.

Já o capítulo Discalculia do desenvolvimento: contribuições para a intervenção em sala de aula, de João dos Santos Carmo, Raquel Simões Martins e Renata Cristina Arruda, apresenta um panorama acerca da Discalculia do Desenvolvimento, a diferenciando da ansiedade matemática e da acalculia. Além disso, aborda a caracterização do fenômeno e apresenta sugestões embasadas em dados científicos sobre como lidar com estudantes que apresentam esse transtorno específico de aprendizagem.

No capítulo Formação de professores da eja: neurociência, formação de conceito e significância, de Herson Conceição, temos uma análise da importância da aprendizagem significativa na perspectiva da neurociência e suas contribuições para formação de professores que atuam na Educação de Jovens e Adultos.

Em Dos humores à cerebralidade: metáforas de aprendizagem e de cérebro no ensino de inglês para crianças, a autora Bianca Garcia apresenta o conceito de cerebralidade para fundamentar as discussões que se seguem acerca da conexão entre pensamento, função cerebral e o ensino de inglês para crianças.

O capítulo A importância da Neurociência na composição do capital humano, de Janice Santos Viana, aborda a teoria do ciclo de formação de habilidades proposta por Heckman (2008) e mostra que a formação das habilidades humanas, cognitivas e socioemocionais são determinantes para a composição do capital humano.

E, por fim, o capítulo Comunicação, educação e as narrativas expositivas em museus: notas preliminares de Cristina de Almeida Valença Cunha Barroso, Priscila Maria de Jesus e Sura Souza Carmo, apresenta como os processos de recepção do conhecimento são trabalhados em ambientes expositivos de Museus, a partir das sensações e dos sentidos. As autoras defendem a ideia de que os conhecimentos das Neurociência têm corroborado para fundamentar e ressignificar os estudos que envolvem os processos educativos nos espaços culturais.

Dessa forma, a presente obra cria um espaço de diálogo e de aprendizagem, tendo a Neurociência e a Educação como interlocutoras. Os temas abordados, os teóricos e estudos apresentados e as práticas relatadas demonstram a importância e a necessidade premente de repensarmos os processos de ensino e aprendizagem, tendo por base a formação docente embasada nos conhecimentos da Neuroeducação.

Dra. Kátia Regina Lopes Costa Freire¹

Dra. Etienne Lautenschlager²

Notas


1. Professora adjunta e vice-chefe do Departamento de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), no Centro de Ensino Superior do Seridó (Ceres). Doutora em Educação pela UFS, líder do Grupo de Pesquisa em Cognição, Aprendizagem e Inclusão (GPCAI/CNPq) e coordenadora da pós-graduação em Neuropsicopedagogia Institucional e Educação Especial na perspectiva da inclusão.

2. Professora adjunta e chefe do Departamento de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), no Centro de Ensino Superior do Seridó (Ceres). Doutora em Neurociência e Cognição pela UFABC e líder do Grupo de Estudos em Neurociência Cognitiva e Educação Matemática (Gencem/CNPq).

1

NEUROCIÊNCIA COGNITIVA E EDUCAÇÃO MATEMÁTICA: UM DIÁLOGO NECESSÁRIO NA/PARA FORMAÇÃO DOCENTE

Etienne Lautenschlager

Kátia Regina Lopes Costa Freire

Introdução

As principais avaliações do Brasil e do mundo revelam resultados insuficientes dos alunos brasileiros em matemática. Por outro lado, a literatura aponta que muitos professores que ensinam matemática, nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, possuem uma história de frustração em matemática, falta de autoconfiança, medo de fracassar e possuem um nível mais alto de ansiedade matemática do que os professores que atuam nos anos finais e no ensino médio, porque se sentem ansiosos em ensinar os conteúdos mais difíceis da matemática. Já o curso de licenciatura em Matemática apresenta uma dicotomia entre o conhecimento matemático e a constituição de competências para ensinar esses conteúdos a crianças, adolescentes ou adultos.

Diante desse cenário, apontamos a necessidade da criação de espaços formativos que contemplem novas formas de colaboração ultrapassando as barreiras entre os saberes, promovendo e ampliando o desenvolvimento de discussões que permitam fomentar o trabalho colaborativo, criando pontes entre as ciências que estudam a mente e o cérebro e a educação matemática.

Os conhecimentos atuais acerca da Neurociência Cognitiva e o funcionamento complexo do cérebro-mente interessam a sociedade como um todo. Há um consenso, a saber, que os cursos de formação de professores precisam se aproximar mais da realidade escolar e preparar melhor os profissionais que atuarão/atuam na Educação Básica. Com este texto, adentramos a essa problemática, trazendo reflexões que visam contribuir com o debate acerca do ensino de matemática e a neurociência cognitiva.

Ao professor em formação inicial ou continuada, a aquisição de conhecimentos em Neurociência Cognitiva o habilita a discutir e compreender mecanismos cerebrais responsáveis por funções mentais importantes na aprendizagem.

Neste capítulo, apresentamos os conhecimentos da Neurociência Cognitiva como uma base de informações que podem ser utilizadas e otimizadas na hora de se ensinar as crianças e os adolescentes, especialmente na área da Matemática, destacando a importância destes conhecimentos para a formação docente.

Para isso, revisitamos as pesquisas que tratam sobre ansiedade matemática e neuromitos na aprendizagem matemática. Esperamos, que num futuro próximo, os estudos neurocientíficos façam parte do currículo da licenciatura em Matemática e da Pedagogia.

Educação Matemática, Neurociências e Neurociência cognitiva

Em meio aos incontáveis desafios enfrentados pelos educadores brasileiros, a educação está mudando e exige novas adequações. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) aponta as aprendizagens que devem ser garantidas a todo estudante da Educação Básica.

Direcionando nosso olhar para o ensino da Matemática, as principais avaliações do Brasil e do mundo revelam resultados insuficientes dos alunos brasileiros. Países com menos recursos, com menor renda per capita e nos quais os professores têm piores salários, estão tendo desempenhos melhores na aprendizagem comparativamente ao Brasil. Ao analisarmos os resultados da prova do Programme for International Student Assesment - Pisa (2018) os números mostram que o Brasil tem baixa proficiência matemática, se comparado com outros 78 países que participaram da avaliação. Os dados da Prova Brasil mostram que no 5º ano do Ensino Fundamental apenas 39% dos alunos têm o aprendizado adequado em matemática. Quando vamos para o 9º ano esse número cai para 14%. Quando se compara o desempenho por regiões, conforme relatório do Pisa 2018, as regiões Norte e Nordeste são piores que a média do Brasil.

Para além dos resultados dessas avaliações, sabemos que a aprendizagem da matemática envolve um ensino sistemático e também múltiplas habilidades cognitivas, tais como senso numérico, memória operacional, habilidades visuoespaciais e até regulação de respostas emocionais como, ansiedade (Haase et al., 2012; Kaufmann; Von Aster, 2012).

Pesquisadores apontam como causas mais comuns para o insucesso no ensino e aprendizagem da matemática: a falta de motivação dos alunos para aprender; o desinteresse pela maioria dos conteúdos ministrados e a dificuldade em associar conteúdo matemáticos aos estudos de outras disciplinas e às necessidades do cotidiano (Masola, 2014; Masola; Allevato, 2014, 2016).

O baixo rendimento dos alunos nas macroavaliações também nos remete diretamente a pensar na prática de ensino desenvolvida pelos professores que ensinam matemática e também no quanto o papel do professor é importante para que realmente a construção do conhecimento seja favorecida.

Pesquisas como as de Attorps (2003), Ball (2008), Barbosa (2009) e Lautenschlager; Ribeiro (2014), entre outras, indicam que muitos professores da disciplina não possuem a compreensão conceitual de muitos conteúdos de Matemática elementar e, por isso, acabam por privilegiar em suas aulas o desenvolvimento de habilidades algorítmicas, de forma segmentada e conteudista, sem privilegiar o pensamento matemático. Também devemos considerar que fatores emocionais podem estar relacionados à dificuldade matemática.

Um aspecto a ser considerado nas dificuldades de aprendizagem de Matemática, particularmente em jovens e adultos, como é possível verificar em salas de aula, é a questão da ansiedade frente à Matemática e os transtornos emocionais, aspectos que merecem atenção, em relação ao desempenho dos alunos em Matemática.

De acordo com Mello (2000, p. 104),

ensinar é uma atividade relacional: para coexistir, comunicar, trabalhar com os outros, é necessário enfrentar a diferença e o conflito. Acolher e respeitar a diversidade e tirar proveito dela para melhorar sua prática.

Para Oliveira (2017, p. 17),

a aprendizagem é entendida como um processo de mudança de comportamento em consequência da experiência obtida por meio da intervenção de fatores neurológicos, culturais e o meio ambiente.

Há um consenso que o transtorno de aprendizagem da matemática tem um impacto na vida do indivíduo não só academicamente, mas também em relação a aspectos emocionais e sociais (Júlio-Costa, 2018).

As afirmações acima dão

Está gostando da amostra?
Página 1 de 1