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Não foi por acaso
Não foi por acaso
Não foi por acaso
E-book163 páginas2 horas

Não foi por acaso

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Sobre este e-book

Não foi por acaso
IdiomaPortuguês
Data de lançamento5 de mai. de 2022
ISBN9781526056771
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    Não foi por acaso - Gabriela Silva

    No plano de Deus,  toda a vida é longa o suficiente e toda a morte acontece no tempo certo. Ainda que eu e você possamos desejar uma vida mais longa,  Deus sabe o que é melhor.  

    (Max Lucado)

    -  O papai não vai mais voltar, Sarah ? -  Oliver me perguntou chorando - vamos ao parque amanhã, ele me prometeu !

    -  Sinto muito, meu amor, mas ele vai continuar em nossos corações - independente da insuportável dor,  era necessário que eu fosse forte, agora Oliver só tinha a mim e eu só tinha ele.

    Nunca pensei que passaria por essa dor novamente, apesar de ter sofrido bastante com a morte da minha mãe quando mais nova,  a morte do meu pai mudaria completamente o curso da minha vida.

    Quando descobri a traição do meu ex namorado, Gael,  com quem eu pensei ser minha amiga,  a Giovana; perdi o chão, perdi duas pessoas que depositava de olhos fechados minha total confiança e isso me levou a uma depressão; foi com o apoio do meu pai que resolvemos assim mudar de cidade e recomeçar a vida deixando tudo para trás. Agora estou completamente sozinha, sem amigos e nem  parentes, em um lugar que pouco conheço. Faz apenas algumas semanas que estamos morando na cidade, e sem a ajuda de ninguém, agora estou com um irmão mais novo que não para de chorar por saber que seu pai não vai mais voltar de uma viagem que só iria levar dois dias. Estou em pedaços, minhas lágrimas são incontroláveis.

    O nome do meu pai é Thomas, ele era engenheiro, com frequência tinha a necessidade de viajar a trabalho,  com o objetivo de consolar o Oliver,  sempre lhe prometia quando retornasse de viagem levá-lo ao parque. Oliver contava cada minutinho para chegada do papai. Meu Deus,  porque permitiu que isso acontecesse? Eu não consigo entender por mais que eu tente.

    Receber a notícia do desabamento da construção em que meu pai estava,  me deixou desesperada e ansiosa por notícias dos sobreviventes que foram levados ao hospital. Apesar de saber que era quase impossível alguém sobreviver àquele desabamento, mantive minhas esperanças até o último segundo, até receber a notícia da sua morte.

    Eu não tive forças pra chorar, as lágrimas se negavam a cair assim como o meu coração se negava a aceitar tudo aquilo.Eu perdi minhas forças, o chão, senti que perdi tudo o que tinha e estava no meio de um enorme hospital onde só via pessoas desesperadas, feridas, chorando e sendo amparadas por parentes e enfermeiras. Um verdadeiro caos.

    A enfermeira pediu que eu a acompanhasse até o necrotério do hospital, para reconhecer o corpo do meu pai.

    Respirei fundo antes de entrar e  juntei todo restante de  força que ainda tinha, passar por aquilo era necessário.

    Ao entrar me deparei com vários corpos empacotados, minha afirmação não saiu em palavras, apenas afirmei com a cabeça.

    -  Não estou me sentindo bem - falei com voz fraca.

    Preciso de ajuda, ela está perdendo a consciência - foi tudo o que ouvi antes de apagar por completo. Acordei um pouco tonta e sem saber onde estava, vi que estava recebendo soro e lembrei dos últimos momentos antes de desmaiar. Comecei a observar tudo no quarto,  inclusive um relógio de parede, de acordo com as horas faltavam poucos minutos para o Oliver largar da escola. Então tirei a agulha que estava em meu braço, levantei da cama com um pouco de dificuldade e fui em direção a porta do quarto;quando uma enfermeira entrou e me perguntou para onde eu iria naquele estado.

    -  Preciso buscar meu irmão na escola. Falei tentando organizar os pensamentos.

    -  Não tem quem faça isso pra você? Algum outro parente. - perguntou.

    -  Não tenho outros parentes;Ele está me esperando, realmente tenho que ir.

    -  Você não está em condições de ir, porém já que insiste,  é necessário que assine alguns papéis.

    Falei que tudo bem,  e apenas depois de uma papelada assinada fui liberada do hospital;

    Fui o caminho todo apressada e me perguntando como contaria ao Oliver tudo o que tinha acontecido;onde encontraria forças para lidar com aquela situação terrível.

    Ao chegar na escola pedi para que o Oliver brincasse um pouco com os coleguinhas de turma que suas mães ainda não haviam chegado, pois precisava conversar alguns minutinhos com as professoras Maria e Carla,  enquanto contava o ocorrido as lágrimas caíram mas as enxuguei rapidamente para que ele não as visse. Não queria que  soubesse ali,  e sim em casa, apenas eu e ele, com muita calma.

    Sentamos no sofá e lhe contei o que havia acontecido, ele perguntou várias vezes se realmente tudo aquilo era verdade, o porquê de tudo aquilo ter acontecido, o que seria de nós sem um pai; foram tantas perguntas em meio a soluços e choro enquanto eu o abraçava e dizia que tudo ia ficar bem, mas na verdade não sabia como seria e muito menos tinha respostas para ao menos metade das perguntas que ele me fazia sem parar.  Depois de muito chorar,  Oliver acabou dormindo no meu colo e apesar do cansaço da correria do dia horrível,   não senti sono; o coloquei na cama  e sai de mansinho para não acordá-lo,  ao fechar a  porta do quarto, corri para o sofá e chorei todas as lágrimas que segurei e que não consegui chorar. Chorei pela perda, pela saudade que já sentia, o quanto amava meu pai e o quanto ele me faria falta, por não saber o que seria de mim e do Oliver, por me sentir sozinha. Eu tinha incontáveis motivos pra chorar.

    Alguns momentos perguntei a Deus porque Ele permitiu que tudo aquilo acontecesse ao meu pai , me sentia tão incapaz de conseguir passar por toda aquela provação, estava desesperada, sem enxergar saída.

    É difícil quando as tribulações da vida nos cegam e não aceitamos a realidade dos fatos. Sabemos que chorar não resolve nada, mas li em certo livro que dizia As lágrimas descarregam a insuportável agonia do coração  elas podem não resolver nossos problemas e dificuldades, mas alivia um pouco o peito.

    Situações nos fortalecem,  pois por mais que sofremos por causa dela, é ela que  nos mostra o tamanho de nossa força e de nossa fé.

    Acordei às seis da manhã,  como todos os dias conclui os meus afazeres enquanto esperava a ligação do hospital sobre a liberação do corpo do meu pai, pelo número de vítimas do acidente, fui informada que a liberação poderia demorar um pouco, era tão doloroso tudo aquilo e cogitei que nada poderia piorar, mas percebi que estava enganada quando ouvi a campainha tocar  e me deparei com um senhor de baixa estatura,  calvo, de pele clara e aparência rude.

    -  Bom dia, Sarah - falou  sem me olhar,  estava focado nos papéis em suas mãos .

    -  Olá Sr. Fernando - o conhecia das poucas vezes que o vi conversando com meu pai,  ele era o homem a quem meu pai comprou a casa.

    -  Sei que ainda é cedo mas é o horário que posso vir,  sou um homem ocupado como deve saber. Vim prestar minhas condolências a você e seu irmão, pois soube da notícia da tragédia;e também queria lhe entregar esses papéis que constam que ainda faltam a maioria das parcelas para a dívida da casa ser totalmente quitada - estendeu os papéis para que eu os pegasse e assim fiz sem conseguir dizer qualquer palavra. - sei que é um momento difícil para você - continuou - mas para mim negócios são negócios e espero que antes de pensar em gastar o dinheiro que receberá com coisas bobas que meninas de sua idade gostam, saiba que tem dívidas comigo e que é o seu teto que está em jogo;mas uma vez meus sentimentos e na data que está na parte superior do documento é a que voltarei para receber meu pagamento, espero encontrá-la em casa.

    Não consegui dizer nada, era tanta coisa pra assimilar que depois que o sr.Fernando foi embora só pude fechar a porta, sentar no sofá e colocar a mão na cabeça. O que eu iria fazer para quitar a dívida e continuar com um teto para morar? Procurei coragem para olhar o valor da dívida, alto ou baixo eu não teria dinheiro para nenhuma das opções.

    -  O que são esses papéis, Sarah? - Oliver entrou na sala perguntando.

    -  São do papai - falei levantando para encerrar o assunto - assim que você tomar seu café vamos ao hospital, terei que te levar, não posso te deixar sozinho.

    Todo o caminho foi Oliver perguntando se podia ver nosso pai pela última vez, ele sabia o motivo de estarmos indo lá, enquanto eu  estava com a mente em outro lugar,  que no caso seria como conseguir o dinheiro da casa quando não se tinha dinheiro nem para o sustento do mês seguinte. Ele acabou ficando chateado por não ter tido respostas minhas, mas assim que chegasse no hospital pretendia continuar insistindo,  ele não desistia do que queria,  fácil.

    Ao chegar no hospital fui informada na recepção que deveria ir a uma sala onde os familiares das vítimas da tragédia estavam em uma reunião,  com um grupo de pessoas responsáveis pela empresa dona do prédio desabado; depois de pedir informações de onde ficava a sala (pois o hospital era enorme), entrei na sala de mãos dadas com Oliver e vi pela quantidade de familiares que na verdade a quantidade de vítimas era bem maior do que eu imaginara.

    E na angústia nasce um irmão

    (Provérbio 17:17 )

    Ainda não tinham dado início a reunião, havia na sala aproximadamente vinte pessoas, todas família de alguma vítima, estava indo na direção de um acento quando fui chamada por uma enfermeira,  antes de ir até ela, deixei o Oliver sentado.

    -  Oi,  meu nome é Luíza, fui a enfermeira que te acompanhou até o necrotério,  talvez não lembre de mim - a recordei assim que a vi - eu vi que entrou com um garotinho,  provavelmente é o seu irmão mais novo, o menino que você precisou sair às pressas ontem pra buscá-lo na escolinha.

    -  Claro, me lembro de você, prazer meu nome é Sarah, mas você já deve saber disso - sorri fraco e nos cumprimentamos com um aperto de mão.

    -  Não deve ser fácil pra você lidar com toda essa situação, pode parecer estranho mas vim oferecer minha ajuda, caso queira e se sinta confortável,  posso levar o seu irmão a sala de brinquedos do hospital que fica aqui perto, enquanto você está na reunião, lá sempre está cheio de crianças e isso pode distraí-lo enquanto você resolve tudo por aqui.

    Luíza era encantadora,  tinha uma pele morena, cabelos negros e longos,  olhos escuros, aparentava ter vinte e quatro anos (mais tarde descobrir que estava certa), e sua

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