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Guerrilha: o combate ao neoliberalismo e ao fascismo, em 6 anos de crônicas. Com detalhes das ações coletivas dos empregados da Petrobras (Repouso Remunerado e RMNR) e dos retrocessos no Plano de Cargos da empresa e na Petros
Guerrilha: o combate ao neoliberalismo e ao fascismo, em 6 anos de crônicas. Com detalhes das ações coletivas dos empregados da Petrobras (Repouso Remunerado e RMNR) e dos retrocessos no Plano de Cargos da empresa e na Petros
Guerrilha: o combate ao neoliberalismo e ao fascismo, em 6 anos de crônicas. Com detalhes das ações coletivas dos empregados da Petrobras (Repouso Remunerado e RMNR) e dos retrocessos no Plano de Cargos da empresa e na Petros
E-book545 páginas7 horas

Guerrilha: o combate ao neoliberalismo e ao fascismo, em 6 anos de crônicas. Com detalhes das ações coletivas dos empregados da Petrobras (Repouso Remunerado e RMNR) e dos retrocessos no Plano de Cargos da empresa e na Petros

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Sobre este e-book

Visões de conjuntura de uma sociedade complexa serão sempre necessariamente fragmentadas pelo olhar do analista. Assim, apesar da precedência – não necessariamente predominância – da esfera econômica sobre os demais complexos integrantes da totalidade social, por anos nossas "colunas" dedicaram-se o mais das vezes ao direito, numa abordagem tanto classista quanto crítica.
Isso mudou em 2016, ano em que o Brasil experimentou a mais grave ruptura institucional de sua história desde a década de 1960, ruptura cujas consequências nefastas ainda afligem a maioria da população.
A partir de então, em progressão geométrica, os direitos sociais escritos na Constituição, convenções internacionais, leis, e outras normas, incluídas convenções e acordos coletivos de trabalho, passaram a ter importância relativa cada vez menor. Quem rasga mais de 50 milhões de votos e destitui uma presidenta eleita sob pretexto insustentável, com muito mais facilidade lança famílias na miséria e maximiza o lucro de poucos, em favor de nossa sempre colossal desigualdade social.
Em razão dos inúmeros retrocessos, nossa atenção se voltou dos efeitos sentidos pelos trabalhadores em suas vidas, para as causas, no esforço de tornar evidente a relação de causa e efeito entre a política e o mandato desta ou daquela força, de um lado, e o prato de comida de quem vende sua força de trabalho para viver, de outro.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento17 de mai. de 2022
ISBN9786525234663

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    Pré-visualização do livro

    Guerrilha - Normando Rodrigues

    capaExpedienteRostoCréditos

    SUMÁRIO

    Capa

    Folha de Rosto

    Créditos

    INTRODUÇÃO

    2021

    2020

    2019

    2018

    2017

    2016

    ANEXO GOLPE, FASCISMO E EROSÃO DE DIREITOS: O CASO DOS EMPREGADOS DA PETROBRAS

    I. O REPOUSO REMUNERADO DOS PETROLEIROS

    II. REMUNERAÇÃO MÍNIMA POR NÍVEL E REGIME – RMNR

    III. A DESTRUIÇÃO DO PLANO DE CARGOS: PCR × PCAC

    IV. O GRANDE GOLPE NA PETROS

    Landmarks

    Capa

    Folha de Rosto

    Página de Créditos

    Sumário

    INTRODUÇÃO

    Muito mais do que nos campos das ciências duras, as leis das ciências sociais são tendenciais. Portanto, investigar a conjuntura enquanto a vivenciamos é, antes de tudo, buscar tendências com potencial de efetiva intervenção na realidade.

    A coletânea de escritos aqui reunidos registra tentativas de tatear essas tendências. Algumas bem-sucedidas, outras não, conforme o crivo da história.

    Visões de conjuntura de uma sociedade complexa serão sempre necessariamente fragmentadas pelo olhar do analista. E, embora seja certo que a exploração das convergências e coerências entre diversas leituras leve ao enriquecimento da análise, é também certo que leituras isoladas tenderão a valorizar a área de concentração de conhecimento e interesse de quem busca ver o todo.

    Assim, apesar da precedência – não necessariamente predominância - da esfera econômica sobre os demais complexos integrantes da totalidade social, por anos nossas colunas dedicaram-se o mais das vezes ao direito, numa abordagem tanto classista quanto crítica.

    Isso mudou em 2016, ano em que o Brasil experimentou a mais grave ruptura institucional de sua história desde a década de 1960, ruptura cujas consequências nefastas ainda afligem a maioria da população.

    A partir de então, em progressão geométrica, os direitos sociais escritos na Constituição, convenções internacionais, leis, e outras normas, incluídas convenções e acordos coletivos de trabalho, passaram a ter importância relativa cada vez menor. Quem rasga mais de 50 milhões de votos e destitui uma presidenta eleita sob pretexto insustentável, com muito mais facilidade lança famílias na miséria e maximiza o lucro de poucos, em favor de nossa sempre colossal desigualdade social.

    Em razão dos inúmeros retrocessos, nossa atenção se voltou dos efeitos sentidos pelos trabalhadores em suas vidas, para as causas, no esforço de tornar evidente a relação de causa e efeito entre a política e o mandato desta ou daquela força, de um lado, e o prato de comida de quem vende sua força de trabalho para viver, de outro.

    A quase totalidade dos textos vem da publicação semanal Nascente, do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense, o Sindipetro NF, entidade que desde 1998 insiste no duvidoso mérito de me honrar com um generoso espaço, pelo que sou eternamente grato. Em 2021 a combativa Revista Fórum passou a publicar nossas crônicas, numa expectativa a que nos empenhamos por não decepcionar.

    Com os trabalhadores da indústria de óleo e gás em mente, e com particular atenção aos empregados da Petrobras, reunimos em anexo à coleção de relatos conjunturais outros textos dedicados aos temas judiciais de interesse direto do grupo, também aqui demonstrado o vínculo estreito entre o retrocesso institucional e a desconstrução de direitos conquistados coletivamente e assegurados judicialmente, mesmo em ações já transitadas em julgado.

    Por último, um alerta quanto à forma da apresentação. Optamos pela ordem cronológica inversa, de modo a propiciar um mergulho no passado, iniciado pelas crônicas mais recentes, e que se vai aprofundar até janeiro de 2016, como se estivéssemos a perseguir as raízes mais remotas da distopia hoje experimentada. Claro, aos que preferirem seguir a ordem cronológica bastará a leitura de trás para a frente, como num mangá.

    Desse modo, o leitor poderá partir das mais recentes críticas e enveredar pelo progressivo desbravamento do abismo do tempo, para ali perceber os esforços da mídia hegemônica pela normalização do governo fascista, e pelo sumiço dos militares como se não fossem estes cúmplices do genocídio dantescamente acelerado no segundo trimestre de 2021. Esforço empreendido apesar de toda a barbárie da ideologia de Bolsonaro, exemplarmente representada pelo massacre do Jacarezinho e pelo espancamento até a morte de um menino de 4 anos, por vereador do Rio de Janeiro ligado a denominações evangélicas e à milícia.

    Em 2020 se fizeram evidentes os temas recorrentes da distopia brasileira: escravidão; desigualdade; desemprego; crescente abstenção eleitoral; discórdia entre liberais e fascistas, unidos, porém contra o povo; tolerância institucional à misoginia e discriminações; violência estatal; insensibilidade do judiciário; corrupção de fascistas e de militares; e o equilíbrio natural entre o agronegócio e a fome. Há ainda o equívoco da privatização da ECT e a resposta intervencionista dos países centrais à crise da Covid-19, na contramão do mundo plano de Bolsonaro e de Guedes. No entanto, sobretudo se fazia evidente a tendência ao genocídio, vista na luta incessante de Bolsonaro em defesa do direito de infectar.

    Se em 2019 se podem identificar as raízes de todas as mazelas dos anos posteriores – incluída a causa primária da escalada dos preços de derivados de petróleo, que nos aflige como não acontecia desde a celebrada Ditadura de 1964-85 -, e mais os desmandos da incompetência militar na gestão da coisa pública, há um nome que se sobrepõe a todos os demais, e parelha com Bolsonaro e Guedes como triúnviro do Brasil de pesadelos: Sérgio Moro. Não bastante sua decisiva contribuição para a desindustrialização do país, e a ilegítima e farsesca intervenção na eleição presidencial de 2018, Moro somou à indigência intelectual a defesa de castigos corporais para presos, enquanto ministro da Justiça. Seu destaque é seguido de perto pelo do fiel escudeiro Dallagnol, protagonista do estrupício segundo o qual o Ministério Público Federal se apropriaria de 2,5 bilhões de reais da Petrobras para constituir uma entidade de assumidos fins político-partidários.

    De 2018 ficam os registros de angústia e de impotência ante a manobra eleitoral da prisão de Lula, e o subsequente favoritismo do monstro fascista, assim como em 2017 se destaca a destruição dos direitos sociais, sobretudo com a contrarreforma da CLT, escrita num computador do Tribunal Superior do Trabalho. E, de 2016, nada importa mais do que o Golpe de Estado, aplicado em abril daquele ano, com o Supremo, com tudo. Ali está a causa distante da multiplicação dos miseráveis que buscam alimentos no lixo.

    O GENERAL E A ARAPUCA

    Revista Fórum, 28 de dezembro de 2021

    Com Fernando Azevedo no TSE, Bolsonaro tenta prevenir uma inelegibilidade oportunista que o sacrifique em prol da tão desejada decolagem do zepelim de chumbo chamado Mister Moro.

    EU × NÓS

    Desmancha-se o ano 21 do século XXI, em rupturas, continuidades e transições. Todas determinadas pelo embate fundamental desta quadra histórica, o conflito entre o egoísmo hipertrofiado e a consciência coletiva.

    Ainda que comum ao fascismo e ao neoliberalismo, o individualismo agigantado chega ao extremo da brutalidade e violência política na ideologia de Mussolini, Hitler e Bolsonaro, e se manifesta em atos como os do ataque à imunização de crianças pelo Herodes do Planalto, por exemplo.

    Barbárie ligeiramente menor, a religião dos ricos, o neoliberalismo, prega o domínio absoluto do eu, e ignora que cada um de nós é um ser social que só pode se realizar nas relações com os demais. É a idolatria ao eu que desvia recursos públicos dos direitos sociais (saúde, educação, trabalho, previdência...) em favor do lucro dos poucos que dominam a economia.

    IDEOLOGIA

    A dominação somente é possível se o neoliberalismo for percebido não como uma ideologia, uma escolha por determinada visão de mundo, e sim como a natureza, a aparência induzida e sensível da "matrix".

    Assim dominados, os novos escravos se vêm alçados à condição de colaboradores e de empreendedores, enquanto são superexplorados e destituídos de direitos para além do limite da sobrevivência.

    No entanto, o disfarce neoliberal se desmancha na mínima confrontação com a realidade, como ensina a pandemia de coronavírus e sua quarta onda neste inverno europeu.

    DISPUTA

    O clamor por intervenção estatal gerado pela crise mundial é combatido virulentamente pelos ricos. É o que ocorre na disputa do projeto trilionário de ajuda aos necessitados, do imperador Biden; na redefinição da legislação energética do México; e na convenção constituinte do Chile.

    Se os dados desautorizam o neoliberalismo, às favas os dados. Os teólogos da seita afirmam descaradamente: deve-se proteger a economia (dos ricos) dos impulsos da soberania popular. Proteção de preferência assegurada pelo modo ditatorial de seu experimento inaugural chileno.

    O sangrento 11 de setembro de 1973 abriu o país aos economistas da Escola de Chicago e rendeu resultados. Com a desindustrialização, o empobrecimento e o aumento da desigualdade social, o Chile se tornou o estrondoso sucesso neoliberal que inspira nosso presidente fascista.

    DOTE

    Os feitos neoliberais chilenos foram conseguidos mediante o assassinato e tortura de dezenas de milhares de opositores, em clara demonstração do que é democracia para Paulo Guedes e seus coleguinhas.

    Neste ponto o Chile nos oferece uma primeira lição: a funcionalidade do casamento de conveniência que une neoliberalismo e fascismo, no qual este último agrega à destruição dos direitos do povo a sua subversão da vontade da maioria.

    Efetivamente, o dote com que o fascismo entra nessa união é o apoio da massa fascista à perda dos direitos civis, políticos e sociais da própria massa.

    TRANSIÇÃO

    A segunda lição chilena reside na gravidade das consequências de não se promover uma Justiça de Transição, em seguida à derrocada de regimes de exceção. A convivência com assassinos é a amarga hipocrisia que certa colunista da Folha chama de a civilidade política do Chile.

    Os ricos sabem que a responsabilização dos criminosos e reparação das violações a direitos humanos é essencial para a construção de uma institucionalidade verdadeiramente democrática, a qual reconfiguraria a economia. E por isso a evitam.

    Lá e cá, o continuísmo de elementos e instituições autoritárias sufocou silenciosamente a necessária ruptura, e neste cerceamento está a raiz do fenômeno Kast, no Chile, e dos golpes de 2016 e de 2018, no Brasil.

    ¡MUEVA TODO MENOS LA ECONOMIA!

    Salvo casos isolados, tipo o do Anjo Louro, condenado em 2018 pelo suplício e execução de Víctor Jara, o Chile deixou impunes crimes contra a humanidade, numa triste replicação da Anistia e Nova República brasileiras. Intocados os monstros, a redemocratização foi erguida a partir do compromisso com a manutenção da injustiça social.

    Nas três décadas desde o fim da ditadura pinochetista, os 20% mais ricos mantiveram a apropriação de 60% da renda nacional, os 20% mais pobres ficaram com algo em torno de 4%, e o índice da desigualdade social praticamente não se alterou.

    A indignação finalmente transbordou para as ruas de Santiago em 2019, e da enxurrada derivaram a Constituinte (por agora, em delicado impasse) e a vitória de Boric.

    BORIC

    Dois dias antes do 2° turno chileno, morreu Lucia Hiriart, casada com Pinochet por 63 anos e por ele alcunhada de sua mão direita. Muitas outras viúvas respiram, porém, com mãos e pés no terço.

    Aplica-se ao Chile a regra brasileira dos terços aproximados. Boric teve mais de 55% dos votos válidos, sendo estes apenas 54% do colégio eleitoral, embora na melhor participação depois que o voto se tornou facultativo, em 2012.

    Significa que a votação do vencedor espelha a posição de cerca de 30% da sociedade, com os quais enfrentará os inimigos declarados que compõem o terço oposto: a pseudoelite chilena, tão obscena e estúpida quanto a nossa; sua porta-voz orgânica, a grande mídia; e as sempre ressentidas forças armadas e de segurança.

    PINDORAMA

    Pseudoelite, mídia, milicos e meganhas são agentes do imperialismo americano e do neoliberalismo que assombram Chile e Brasil, países onde esse terço, e o terço da esquerda, são entremeados pelo terço de centro-direita, fiel da balança e alvo de alianças pragmáticas.

    Pensadas as forças do terço de direita e dispensadas maiores reflexões a respeito da pornográfica nata brazuca e de seus bem pagos e laureados arautos, é preocupante o silêncio que voltou a escudar os militares, sequer quebrado pela nomeação do ex-ministro da defesa de Bolsonaro para o TSE.

    Dissimulado tal qual seu tutor Villas Bôas, Fernando Azevedo nunca rompeu com Bolsonaro. O Mito o dispensou em março porque o general perdera, de fato, o poder de mando sobre os comandantes das forças, e não por discordância ideológica ou ética.

    MISTER MORO

    Apesar disso, a miopia política que flagela os juízes-ministros, agravada pela arrogância típica das togas emboloradas, lê na presença de Azevedo no Tribunal Superior Eleitoral uma garantia de lisura.

    Realmente Azevedo é um aval no TSE. Mas um aval a Bolsonaro.

    Abundam os motivos jurídicos bastantes à exclusão da candidatura do Fascista à reeleição, quase todos tendo por prova cabal a logorreia do próprio quadrúpede. Com o general ali posicionado, o Mito busca prevenir uma inelegibilidade oportunista que o sacrifique para favorecer a tão desejada decolagem do zepelim de chumbo chamado Mister Moro.

    PLANO C

    Seja qual for a opção fascista da pseudoelite (preservar o Hitler tropical ou inchar artificialmente o juiz ladrão), seu pressuposto de viabilidade é a interdição do debate político, sobretudo a do literal: fugir de duelos televisivos com Lula.

    Existe, contudo, um Plano C anunciado na forma de arapuca parlamentar-parlamentarista, reedição alquímica que mistura a trapaça contra João Goulart, em 1961, com o ungido golpe contra Dilma, em 2016.

    Costuram o híbrido e teratológico semipresidencialismo para deixar a Lula uma presidência esvaziada, em nome da blindagem da economia neoliberal. Todavia, é improvável que consigam explicar esta inovação a um aliado de inteligência mediana - digamos um Luciano Huck – e muito menos ao eleitor a ser lesado.

    MEXAM EM TUDO, MENOS NA ECONOMIA!

    Com ou sem golpes, resguardar a economia das interferências da tal democracia é o objetivo estratégico do capital, o Norte a orientar suas ações em 2022.

    Essa meta poderá ser alcançada pela entidade fascismo - esteja ela incorporada no cavalo Bolsonaro ou no pai de santo Mister Moro – ou pela neoliberalização da chapa encabeçada por Lula.

    Basta que o Brasil, mais uma vez, se recuse a responsabilizar criminalmente assassinos, torturadores e genocidas da Covid-19.

    PARA INGLÊS VER

    Revista Fórum, 17 de dezembro de 2021

    O fascismo brasileiro se faz perceber a olho nu. O Monstro se pavoneia dos horrores que realiza, a cada oportunidade de anti-humanismo.

    Já os direitos humanos, ao contrário da obscenidade fascista, demandam afirmação militante e cultivo cuidadoso, sob pena de serem eternas promessas abstratas para inglês ver.

    TUMBEIROS

    Bolsonaro e Guedes restauram a colônia agrícola que fomos, e estabelecem relações escravocratas típicas do início do século XIX. Isso sob o disfarce da modernização, logro usual em todos os outros tópicos da agenda neoliberal.

    Disfarçar era a regra na época que o Mito e seu Posto Ipiranga querem reviver, quando a marinha britânica combatia o comércio de escravos e a morte de cativos na travessia era tão comum que nossas naves eram chamadas de tumbeiros.

    Contra a fiscalização, os traficantes passaram a empregar embarcações oceânicas pequenas e médias, ágeis e velozes, que empilhavam nas cobertas, caixas de produtos leves. Um engodo para eventuais encontros com belonaves inglesas.

    PARA INGLÊS VER

    A vagarosa aproximação para abordagem e inspeção dava ao tumbeiro a chance de se livrar do flagrante com o lançamento ao mar da carga humana, viva, acorrentada e ocultada das lunetas do navio interceptador pelas caixas para inglês ver.

    Arremate do crime, os porões eram rapidamente banhados por tonéis de vinagre, de modo a eliminar da superfície a última memória dos viventes lançados às profundezas, o cheiro.

    Por extensão, os compromissos e leis brasileiras contra o tráfico escravocrata, anteriores a 1850, foram rotulados de para inglês ver, de modo semelhante às proibições que constam hoje do artigo 5°, inciso XLVII, da Constituição.

    PENA DE MORTE

    O dispositivo proíbe penas de morte, perpétua, de trabalhos forçados, de banimento e cruéis. Penas historicamente defendidas por Bolsonaro, e praticadas no Brasil desde sempre.

    O Fascista anunciou, na campanha do 2° turno, que desterraria opositores. E, de fato, o número de nossos banidos passou de 1,9 para 4,2 milhões, aí incluída uma recorde fuga de cérebros.

    Penas cruéis são todas as que se cumprem nas condições impostas à nossa massiva população carcerária, um terço da qual está atrás das grades sem condenação. Em 2019 Bolsonaro prometeu piorar o quadro, com a pena de trabalhos forçados.

    EXTERMÍNIO

    No último maio, o grande líder fascista fez também a propaganda da pena de prisão perpétua. Porém, desde a candidatura presidencial o Mito se recusa a tratar da pena de morte. Por quê?

    Porque a pena de morte é cotidianamente aplicada para os descendentes dos que sobreviveram aos tumbeiros, clientes preferenciais de céleres execuções extrajudiciais. Não se trata de uma alegoria para inglês ver e por isso não interessa a Bolsonaro tocar no assunto.

    Para ilustrar, o Rio, que em razão da limpeza étnica durante a Guerra do Paraguai tem apenas 51,7% de habitantes negros, tem nestes os 90% dos mortos em ações policiais na cidade, participação étnica que em Salvador, Recife e Fortaleza é de 100%.

    VÍRUS

    Apesar do morticínio negro vir de longe, é inquestionável sua intensificação sob Bolsonaro, que da mesma forma estimula células fascistas e violência contra mulheres, LGBTQIA+, indígenas e a natureza.

    Se Bolsonaro é o principal vetor do fascismo tupiniquim, ele é ao mesmo tempo o maior aliado do vírus da Covid. Vide a abertura dos portos às infecções amigas com a qual o Monstro homenageia D. João VI.

    Jocosamente, após 2 anos sem barreiras sanitárias o almirante da Anvisa criou a inédita quarentena no ponto final, pela qual um estrangeiro não vacinado entraria no país e teria garantido seu direito de infectar, antes do necessário isolamento.

    QUARENTENA

    Vale rememorar ao estrelado que quarentena é uma prevenção criada na República Veneziana do século XIII, como medida contra a peste bubônica, e que desde então significa o isolamento do viajante no único momento eficaz, o ponto inicial de chegada, previamente a qualquer contato.

    Entretanto, até a inovadora e pífia quarentena no ponto final, para inglês ver, é algo inaceitável para o fascismo. Daí o redirecionamento das páginas do Ministério da Saúde – tão suspeito quanto Mister Moro.

    A sabotagem foi o pretexto para adiar a quarentena, fato que, por sua vez, levou a mais um resgate da racionalidade por parte do STF.

    DEMOCRACIA

    Não custa lembrar que, se aquela corte garantisse a quarentena antifascista na defesa do Estado Democrático de Direito, ultrajado nos surtos de 2016 e de 2018, o atual ciclo infeccioso bolsonarista não existiria, ou causaria somente sintomas leves. Preferiram a omissão e a sujeição ao bafo de um general no cangote.

    Proteger a democracia é um sagrado dever, derivado da Constituição e da Declaração Universal dos Direitos Humanos - especialmente em seu artigo 21 -, embora tecnicamente a DUDH seja uma recomendação.

    No último dia 10, o aniversário da Declaração foi saudado com cinismo e malícia por Bolsonaro, que perante a cúpula da hipocrisia de Biden interpretou o papel de campeão dos direitos humanos para inglês ver.

    IGNORÂNCIA

    Tempere-se a leitura da má fé de Bolsonaro com a briosa incultura característica dessa cavalgadura presidencial, ostentada ao se jactar de desconhecer o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional e sua finalidade.

    Foi com tamanha sapiência que Bolsonaro sobrevoou as inundações no sul da Bahia para inglês ver, e as comparou ao isolamento social. Pouco depois o Fascista ripou sumariamente dirigentes do Iphan, por terem paralisado mais uma empreitada do agiota, contrabandista, sonegador e surripiador de divisas Luciano Hang, adjetivos atribuídos pela Agência Brasileira de Inteligência.

    Motivo da interdição da obra: pistas do passado escravocrata encontradas na escavação, na forma de azulejos antigos. Passado que precisa ser encoberto para preservar a novidade da escravidão neoliberal.

    CINISMO

    A canastrice do Mito, que agora se dedica à campanha contra a vacinação de criancinhas, emparelha com a de seu cúmplice genocida, o pançudo precocemente perdoado Pazuello, que atestou à CPI da Covid a existência da inexistente testagem em massa.

    No entanto, além de seu general-logístico de estimação, Bolsonaro tem a boa companhia da velha e sábia Europa e da poderosa e descerebrada América, ambas multiversadas na arte de minar direitos humanos sob a égide de belos discursos para inglês ver.

    Os EUA, como se sabe, mantêm prisioneiros em cárceres ilegais, alguns submetidos a literalmente décadas de torturas físicas e psicológicas sem que sequer exista acusação contra tais vítimas.

    CAMPOS DE CONCENTRAÇÃO

    Invejosa do pragmatismo americano, a União Europeia passou a colocar imigrantes apreendidos no Mediterrâneo em prisões secretas e ilegais nas cercanias de Trípoli, cidade da devastada Líbia.

    Nada mais justo. Afinal, no mundo plano a Europa se fez por mérito próprio, sem nunca depender da exploração dos seres humanos e recursos naturais da Ásia, das Américas e da pobre África.

    África que, como poderia definir Porfirio Díaz, fica logo ali: tão longe de Deus e tão perto da União Europeia.

    RIDI PAGLIACCIO

    (RIA, PALHAÇO)

    Nascente 1219, 15 de dezembro de 2021

    Rodrigo Araújo Alves, Diretor Executivo Financeiro e de Relacionamento com Investidores, da Petrobras, é um homem de riso fácil.

    Rodrigo disse que a Petrobras passou pela pandemia de Covid-19 rindo.

    Rodrigo não está sozinho. Muita gente ri com ele. E os sorridentes, embora sejam minoria, são representativos, reconheçamos.

    LA GENTE PAGA E RIDERE VUOLE QUA

    (AS PESSOAS PAGAM, E QUEREM RIR)

    Diferentemente do público de um espetáculo bufão, os risonhos companheiros de Rodrigo não são exatamente pagadores.

    O gozo de Rodrigo é o dos acionistas que lucram com a destruição da Petrobras. Sem interesse em cuidar da galinha dos ovos de ouro, optaram por depenar a ave de seus principais meios de sobrevivência a médio e longo prazos.

    O lesado foi o Estado, que construiu a empresa e nela investiu pesadamente até 1974, para agora a ver entregue às raposas.

    E SE ARLECCHIN T’INVOLA COLOMBINA

    (E SE ARLEQUIM ENVOLVE A TUA COLOMBINA)

    Casada com os brasileiros, a Petrobras foi envolvida por esses alegres arlequins numa trama que a tornou única dentre as grandes petrolíferas do planeta.

    Única a abrir mão, por vontade própria, de reservas comprovadas de óleo e gás; de sua fatia no mercado brasileiro; e de sua empresa de varejo de derivados, atividade cujo lucro custeava a exploração e produção.

    Única a alienar refinarias lucrativas; a vender dutos por ela construídos e dos quais depende; e a sair da pesquisa e desenvolvimento de fontes renováveis de energia.

    RIDI, PAGLIACCIO, E OGNUN APPLAUDIRÀ

    (RIA, PALHAÇO, E TODOS VÃO APLAUDIR)

    O tempo da risada é o instantâneo. Importa somente o ganho privado imediato, resultante do desmanche da Petrobras, e as fortunas geradas a cada pedaço esquartejado.

    Se essa palhaçada fosse apresentada a um público sério, é muito provável que a turba indignada colocasse os atores a ferros e os responsabilizasse pela liquidação do patrimônio de todos, em proveito de poucos.

    Por enquanto, porém, a trama se desenvolve sob o olhar permissivo de uma assistência entorpecida, disposta a pagar gasolina a 10 reais o litro. Além disso, os liquidantes contam com a cumplicidade dos carabinieri (ministério público e judiciário).

    TRAMUTA IN LAZZI LO SPASMO ED IL PIANTO

    (TRANSFORME EM PIADAS, O ESPASMO E O CHORO)

    Rodrigo e os especuladores passaram rindo pelas centenas de trabalhadores mortos pela Covid em toda a cadeia industrial, para que os ridentes pudessem rir, com seus dividendos. Isso, fora os desempregados.

    Talvez Rodrigo e seus rentistas sejam fãs do palhaço sem graça Fábio Porchat, que se lamentou ante a perspectiva de os brasileiros votarem com o estômago em 2022.

    A frase de Porchat, dita em meio a 116 milhões de almas que não fazem as três refeições e mais 20 milhões que disputam ossos no lixo, é antes de tudo uma piada de mau gosto – ou bem ao gosto dos que se locupletam com esta longa noite.

    RIDI DEL DUOL, CHE T’AVVELENA IL CUOR!

    (RIA DA DOR, QUE ENVENENA SEU CORAÇÃO!)

    Il Pagliaccio, de Ruggero Leoncavallo, tem apenas dois atos encenados em 80 minutos. Curta para este gênero de arte, costuma ser montada em conjunto com a ópera de ato único Cavalleria Rusticana, de Pietro Mascagni.

    Cavalleria Rusticana aparece em O Poderoso Chefão III, de Coppola (EUA, 1990), e deveria chamar a atenção dos endinheirados polichinelos que fatiam a Petrobras à noite, pelo menos por um verso:

    VENDETTA AVRÒ PRIA CHE TRAMONTI IL DÌ

    (SEREI VINGADO ANTES QUE SE FAÇA DIA)

    BOMBA

    Nascente 1218, 8 de dezembro de 2021

    O dia 2 de dezembro viu a explosão de uma bomba da Segunda Guerra Mundial, na Munique em que Hitler surgiu para a política. Aqui, porém, nossa herança do fascismo europeu é muito mais destruidora.

    VOO

    No mesmo dia da detonação na Alemanha, o Brasil entrou em recessão técnica, com a divulgação do 2° trimestre seguido de encolhimento do PIB, algo que Paulo Guedes chamou de decolagem.

    Nesse voo para o subsolo, nossa perspectiva para 2022 é a última das 20 maiores economias da terra redonda, e os indicadores de risco do Brasil – desaparecidos do noticiário desde o Golpe de Estado de 2016 – são os piores de nossa história.

    Não é novidade a psicopatia de Guedes, que já se gabara de ter colocado uma granada no bolso do servidor público. E, oito dias antes do acidente na capital da Baviera, ele deu nova mostra de sua doença mental.

    GRANADA

    Em depoimento na Câmara, o escroque-mor do fascismo ensinou a praticar evasão tributária, via paraíso fiscal, hábito que compartilha com o presidente do Banco Central, Bobby Fields Terceiro.

    Longe de receber punição, o contorcionismo moral de Guedes foi premiado como se estivéssemos no 3° Reich, por um parecer da Postergadoria Geral da República, a favor da prática lesiva aos cofres públicos.

    Cinco dias depois, quando os americanos lembravam o ataque-surpresa japonês a Pearl Harbor, que há 80 anos alçou os EUA à condição de Império, foi a vez do súdito Bolsonaro voltar à carga.

    TORPEDOS

    No 7 de dezembro o Mito reafirmou seu compromisso medular com os ricos, similar ao expressado por Hitler na reunião com grandes empresários alemães em fevereiro de 1933, às vésperas do incêndio do parlamento alemão.

    Sempre tão parcial quanto Mister Moro, Bolsonaro confessou proteger os tubarões (aos quais se reconheceu devedor), disse só nomear seguidores para o Tribunal Superior do Trabalho e atacou o Ministério Público Trabalhista.

    De quebra, nosso líder fascista acabou com a inclusão social via Prouni, de uma só canetada. Universidade é para os filhos dos ricos!

    METRALHA

    Profícuo em barbaridades, no mesmo dia sete o mandatário retomou a defesa do vírus, da contaminação e da morte, e vituperou contra a exigência de passaporte vacinal dos turistas que venham a Pindorama.

    Na acirrada disputa entre Mister Moro e Bolsonaro pela posição de melhor capacho de Washington, o Mito tem a vantagem da consciência de sua insignificância, e não se pretende exatamente um Hitler, mas um vassalo chefe de estado periférico.

    É verdade que o fascismo colonizado de Bolsonaro foi abalado pela derrota de Trump – eleitoral e na tentativa de golpe de 6 de janeiro. No entanto, ele segue firme em sua submissão à imbecil direita terraplanista estadunidense.

    BORDEL

    Bolsonaro não combate o passaporte da vacina apenas por convicção genocida. O objetivo é também manter as portas do Brasil arreganhadas para a escumalha gringa antivacina, que tanto admira.

    Seu modelo de estadista fascista satélite é o de um Fulgencio Batista, transformador do próprio país em prostíbulo da economia americana:

    QUEM QUISER VIR AO BRASIL FAZER SEXO COM MULHER, FIQUE À VONTADE.

    É a única coisa que Bolsonaro oferecerá na Cúpula pela Democracia, convocada pelo imperador Biden.

    LIBERTINAGEM PÚBLICA

    Revista Fórum, 8 de dezembro de 2021

    Mister Sérgio Moro representa o espírito de nosso tempo: governos que garantem autoritariamente a transferência de renda dos pobres para os ricos, e que o fazem de forma obscena.

    DESTINO

    Reza a lenda que em outubro de 1806 Hegel testemunhou casualmente a passagem de Napoleão Bonaparte e seus generais, e resumiu a percepção com vi o destino do mundo a cavalo.

    Do alto de sua orgulhosa indigência intelectual, Mister Moro acredita ser outra dessas encarnações do destino, quando em verdade não passa de mais uma cavalgadura dos ricos.

    O fado que de fato monta em Moro é a síntese da cultura e moral predominantes em nossa época: o controle do privado sobre o público, do individual sobre o coletivo, do meu antes do de todos.

    DESFAÇATEZ

    Claro, a contradição entre o discurso generalista e a prática de favorecer familiares e aliados, existia sob Bonaparte e sob qualquer ditadura.

    Hoje, porém, a direita adota o modelo cínico do fascismo: é assim, e daí? O benefício próprio, ou de poucos, é apresentado debochadamente.

    É o que faz o general Heleno, ao legalizar inéditos projetos de garimpo de ouro em regiões de fronteira na Amazônia, enquanto simula babar de ódio contra ONGs que ameaçam nossa soberania.

    DESPUDOR

    Outro estrelado, Santos Cruz prefere o sarcasmo contido em Lula destruiu a democracia. Democracia, para Cruz, é o regime político capaz de exilar, prender ou matar opositores, promessa do presidente do qual foi ministro-chefe.

    Cruz é daqueles que faltou à aula na academia, no dia em que lembraram da pregação de Abraham Lincoln em Gettysburg: democracia é o governo do povo, pelo povo, para o povo.

    Fiel ao governo dos ricos, por fantoches, para os ricos, Cruz iguala Lula a Bolsonaro, e nisso imita Estadão, Veja, IstoÉ, Folha, e a mídia conservadora internacional.

    DESCARAMENTO

    Sóbrio exemplo, a BBC rotulou o 2° turno presidencial chileno (19 de dezembro) entre o esquerdista Gabriel Boric e o fascista José Antonio Kast: mais uma escolha difícil. Vejamos as propostas iguais:

    Kast: pinochetismo, homofobia, misoginia, apologia à tortura, a prisões e a assassinatos políticos;

    Boric: aposentadorias dignas para maiores de 65 anos; salário-mínimo de 600 dólares até 2025; 500 mil novos empregos para mulheres; jornada de trabalho de 40 horas semanais.

    DESVERGONHA

    Por trás do nivelamento Lula-Bolsonaro e Boric-Kast, estão a variável da rejeição ao fascismo (opção circunstancial do capital, a depender da conveniência), e a constante da condenação à gastança em favor dos pobres.

    É o que se viu na fala da economista-chefe do banco Credit Suisse: a prioridade dos governos deve ser o ganho de produtividade (render mais, para o lucro dos ricos). Crescimento real de salários só causa inflação.

    Isso a burocrata afirmou no mesmo dia em que a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura alertou quanto à inflação mundial dos alimentos, que acumula 27,3% nos últimos 12 meses.

    DESAFORAMENTO

    Logo, conforme o Credit Suisse, a humanidade experimenta uma pandemia de aumento real de salários. Só que não.

    Dados da Organização Internacional do Trabalho apontam redução salarial generalizada em 2020-2021, especialmente nos países onde não houve proteção estatal, e mais acentuadamente entre mulheres.

    Ante esse quadro, a presidenta do Tribunal Superior do Trabalho, Maria Cristina Peduzzi, ri. Acha graça ao ouvir que a reforma trabalhista de 2017 não gerou empregos. Ri, porque sabe que o objetivo não era este.

    DESREGRADA

    A verdadeira meta da mutilação da CLT permanece na agenda do mestre de Peduzzi, Ives Gandra Filho, que nesse momento orienta o fascismo à destruição de mais de 300 outros direitos dos trabalhadores.

    Trata-se pura e simplesmente de transferir ainda mais dinheiro dos pobres para os ricos. Vitória do interesse particular sobre os interesses gerais. Só.

    Embalado por esse santo espírito, o André Terrivelmente Mendonça sentiu-se o 1° calvinista na suprema lua, e parafraseou Neil Armstrong: um passo para um homem e um grande salto para os evangélicos.

    DEVASSA

    Mendonça jurou que no STF não seguirá seu ídolo Calvino (o qual apreciava assar infiéis vivos), mas pouco após foi desmentido pelo pastor e deputado federal da Assembleia de Deus, Sóstenes Cavalcante.

    Entenda-se: o André disse um não que em Mendonça significa sim. Importa-lhe o que for dele (nomeação, particularismos religioso e ideológico), e não o que seja de todos (transparência, universalismo, bem comum).

    É também o perfil de Mister Moro. Este, nas ocasiões em que é pego com a boca na botija dos desejos inconfessáveis, vira a criança mimada que quebra a porcelana da avó e insiste na resposta birrenta não fui eu!

    THE CANDIDATE

    Nunca estimulei culto à personalidade, falou o juiz Mister Moro que somente em 2016 autorizou 3 biografias suas (por Luiz Scarpini, Vladimir Netto e Joice Hasselmann), todas encapadas com belas fotos do herói.

    Depois veio o não cometi nenhum ato ilegal, dito por juiz declarado SUSPEITO em duas decisões do STF, em março e em junho de 2021. Suspeição, registre-se, transitada em julgado, e não mais passível de presunção de inocência.

    Embora ridículo aos olhos de quem saiba ler, o negacionismo obsceno de Mister Moro o qualifica como potencial gestor da cornucópia que leva comida dos pobres para os ricos.

    The Candidate é a encarnação do destino do mundo plano.

    GUERRA ENTRE LUZ E SOMBRAS (2)

    Nascente, 1217, 1° de dezembro de 2021

    Semana passada, 46 mineiros de carvão e 6 socorristas morreram em acidente de trabalho na Rússia, cujo governo considera inseguras mais de ⅓ das minas de carvão do país.

    No entanto, contra todas as evidências sobre segurança, saúde e meio ambiente, irracionalmente o Brasil do Monstro quer aprofundar seu compromisso com o passado.

    RETROCESSOS

    O Mito e seu almirante ministro de minas e energia não desistiram da pretensão destruidora. Em agosto de 2021, anunciaram a meta de captar R$ 20 bilhões para usinas a carvão.

    Três meses depois, na Cúpula do Clima de Glasgow (COP 26), novo retrocesso. China, Índia e Austrália conseguiram a troca de eliminação por diminuição da matriz de carvão, no texto final.

    Ainda assim, o Brasil fascista rejeitou o documento, pois a intenção do Monstro é ampliar a fatia das termelétricas a carvão em nossa matriz energética.

    BOLSOLEITE

    Tal e qual o Monstro, o moderninho Eduardo Leite toca o estúpido projeto do Polo Carboquímico de Eldorado do Sul, com o qual poluirá o lençol freático e a atmosfera.

    A bizarrice carvoeira erradicará o assentamento Apolônio de Carvalho, do MST, o qual, além de ostentar o nome do herói de 3 nações, é um dos maiores produtores de arroz orgânico do RS.

    Da mesma plumagem que Leite, Doria faz a egípcia para não ver a fumaça do Polo Petroquímico de Capuava, onde a Petrobras, a Braskem e mais 13 outras empresas envenenam o ar.

    VALE DA MORTE

    Formou-se na região um novo vale da morte, do qual o governo do estado lucra com incidências tributárias e multas ambientais que, longe de inibir o dano, se tornaram parte do negócio.

    O resultado, já perceptível na população do entorno, é uma endemia de hipotiroidismo. Como no caso de Cubatão, outras mazelas virão.

    Nenhum lado do concubinato fascismo-neoliberalismo vinculará a tragédia de Capuava às suas reais causas: privatização e ausência de controle público.

    PRIVATIZAÇÃO

    Foi da privataria tucana no setor elétrico que nasceu a Equatorial Energia, empresa que, em ordem cronológica, amealhou monopólios regionais na distribuição nos estados de Alagoas, Maranhão, Pará, Piauí, RS e Amapá.

    Com 22% da área do país nas mãos, a Equatorial atua também na transmissão, e toca a termelétrica Geramar, no Maranhão, movida a óleo combustível, a 2ª mais poluidora técnica de geração de energia (só perde para o carvão).

    Mas a preocupação ambiental da Equatorial não acaba aí.

    GENOCÍDIO INDÍGENA

    A Equatorial lucra com o fornecimento ilegal de energia a grileiros e garimpeiros nas terras indígenas Apyterewa e Ituna/Itatá. Esta última abriga tribos sem contato com a peste do homem branco.

    A atividade da empresa é na marra, sem autorização de Funai,

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