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Relatos: Antologia De Contos
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Relatos: Antologia De Contos
E-book205 páginas3 horas

Relatos: Antologia De Contos

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Sobre este e-book

Este livro foi construído conto a conto, relatando as histórias por suas perspectivas, assim trazendo o leitor para dentro desses relatos, seja de forma meiga e emocionante como em “Passageiro” ou de forma apreensiva e tensa de “A Tempestade”.
Esta antologia tenta trazer diversas emoções ao conectar histórias de diversos temas, de fundo simples, mas com protagonistas complexos. Não poderia me esquecer de comentar sobre os maravilhosos “plot twists”, que faz com o que o leitor tenha uma enxurrada de pensamentos, buscando infinitas possibilidades do que se segue após o ponto final. Que você possa embarcar de corpo e alma nesses relatos e quem sabe deixar o seu ao finalizar a obra.

IdiomaPortuguês
Data de lançamento19 de mai. de 2022
ISBN9786500145007
Relatos: Antologia De Contos

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    Relatos - Fernando de Matos e Silva

    Não sou escritor nem alguém com fama, mas mesmo assim venho fazer um relato sobre o que foi escrito e a sensações despertadas ao ler inúmeras vezes esses contos. O prefacio desse livro não podia ser em um formato diferente do que esse, pois o livro foi construído conto a conto, relatando as histórias por suas perspectivas, assim trazendo o leitor para dentro desses relatos, seja de forma meiga e emocionante como em Passageiro ou de forma apreensiva e tensa em A Tempestade.

    Esta antologia tenta trazer diversas emoções ao conectar histórias de diversos temas, de fundo simples, mas com protagonistas complexos. Não poderia me esquecer de comentar sobre os maravilhosos plot twists, que faz com o que o leitor tenha uma enxurrada de pensamentos, buscando infinitas possibilidades do que se segue após o ponto final. Fernando, nosso ilustre escritor nessa sua primeira obra, tentou absorver ao máximo de suas fontes externas como diversos livros tendo como base H.P. Lovecraft, Stephen King (sim, espere conexões entre as histórias) e outros mais.

    Nem só de referências literárias essa obra foi inspirada. Variados jogos, filmes e series ajudaram sempre em algum ponto enquanto ele pensava estar perdido. E as trilhas sonoras vindas desses mesmos filmes e até mesmo de animes não poderiam ser esquecidas jamais, pois foi parceira recorrente em todas as noites passadas em claro escrevendo.

    Espero ter instigado você, caro leitor, a embarcar de corpo e alma nesses relatos e quem sabe deixar o seu ao finalizar a obra.

    Boa leitura!

    Ass. André Rosa

    Desconhecido

    3º dia desaparecido

    Finalmente resolvi por em palavras tudo o que venho passando desde que fui dado como perdido. Mas não estou perdido no bairro onde moro como uma criança desnorteada, ou até mesmo em uma cidade que desconheço. Estou perdido no espaço. Sem contato com nada, nem ninguém. Há exatamente três dias eu acabei me desvirtuando da rota imposta pela equipe de acompanhamento de exploração por um erro de percurso. Desde então, não consegui retornar à rota original e me encontro perdido, no meio do nada.

    Devo lembrar ao caro leitor que vier a ler esse diário, que evoluímos consideravelmente no quesito de exploração espacial. Foi-se o tempo em que éramos capazes de conseguir explorar apenas nosso planeta vizinho. Hoje, com os equipamentos e as engenhosas espaçonaves que nos dispuseram, somos capazes de viajar a anos-luz de distância do nosso planeta e com uma velocidade estupenda. Devo salientar aqui que sinto extrema saudade de minha esposa e filhos. Pessoas maravilhosas e que todos os dias sempre me incentivaram a ir mais longe. Hoje, literalmente estou indo mais longe, mas sem a perspectiva de voltar. Como iria me dar conta de que aquela seria a última vez que eu os veria? Sabem os deuses o quanto eu queria que nosso último abraço tivesse durado horas. Hoje, apenas com essa espaçonave me rondando, só me resta perscrutar o espaço a olho nu, e tudo de mais belo que nele existe. Aos meus filhos, como eu queria que apreciassem essa vista comigo. Queria poder fazer uma excursão nesse espaço com vocês, lhes explicar sobre as constelações, a infinidade de galáxias, os planetas existentes nelas e sobre aqueles planetas que já visitamos ou aqueles que só pudemos dar nome. Queria poder lhes falar também sobre as estrelas e seus processos até chegarem a uma supernova. Talvez vocês fossem odiar o traje espacial. Sinceramente, nem eu me habituei a esse traje ainda.

    Preciso manter a esperança de que um dia nos encontraremos de alguma maneira... No momento, é apenas nisso que deposito minha fé.

    107° dia desaparecido

    Quanto mais os dias passam, mais penso naquela possibilidade remota de me deparar com vida em algum outro planeta. Seres racionais, que evoluem como nós, isso seria mesmo possível? Pode até ser que carregamos várias teorias da conspiração conosco acerca de existirem outros seres além de nós pelo espaço, mas preferimos muitas das vezes acreditar que somos especiais; que não existem outros; que fomos de alguma forma privilegiados pelo processo de evolução. Preferimos acreditar em nossa fé religiosa; que alguém foi o percursor de toda a criação e permitiu que evoluíssemos a tal ponto. Mas hoje, me deparando com a grandeza do espaço, vendo que somos como meros átomos comparados ao universo, acho difícil acreditar que sejamos os únicos privilegiados.

    Além do mais, não gostamos de depositar fé no desconhecido, pois isso não nos convém. Passamos a nos acomodar com tudo que venha com devida explicação, e não o contrário. Nos sentimos inseguros em tratar sobre algo que pode ferir nossas ideologias. Seria realmente um escândalo se um dia viesse à tona que de fato existem outros seres em outros planetas. Perdido no espaço, começo a cogitar a possibilidade de um dia encontrar outros seres que me ajudem a voltar pra casa. Sei que parece loucura, mas essa incógnita é a única opção que me restou para depositar minhas esperanças. Não posso ficar pra sempre esperando que venham me resgatar sem nem ao menos saberem minha localização. Na verdade, já desconsiderei essa hipótese.

    Além de tudo, confesso que estar à mercê do desconhecido me traz certo desconforto e medo, nunca sei quando vou me deparar com algo que nunca nenhum outro ser se deparou. Sim, tenho medo disso. Medo de algo que não sei. Medo de tudo aquilo que não consigo idealizar nos mais recônditos cantos da minha mente.

    198º dia desaparecido

    Nos últimos dias, tenho tentado formular hipóteses sobre a possibilidade de existirem outros seres povoando planetas pelo espaço. Nas minhas hipóteses, sempre tive a tendência de achar que eles seriam seres superiores, que poderiam trazer riscos à nossa existência caso soubessem de nós. Mas será mesmo que eles são os exterminadores e ameaçadores da paz como sempre fomos ensinados a acreditar? Eles podem muito bem ter suas famílias, seus amores, suas crenças e até mesmo suas próprias ideologias. O fato de eles terem todas essas atribuições diferentes das nossas, os torna perigosos? Penso que os perigos seríamos nós por muitas das vezes não darmos espaço para outros tipos de pensamentos que são distintos dos nossos. Por que será que isso soa tão ameaçador? Realmente está no nosso cerne ser o centro de tudo. Não nascemos para explorar nada, se no fundo, temos medo do que vamos encontrar. Tenho que levar em conta que eles podem me ver como uma ameaça ou até mesmo um invasor. Não posso culpá-los, até porque nós os veríamos da mesma maneira.

    Tenho certeza que em momento algum perguntaríamos se eles se encontram perdidos ou querem alguma ajuda. Infelizmente, tudo o que fere nossas crenças, pelo simples fato de existir, nos ameaça de alguma forma. Chegaríamos até mesmo a pensar que pretendem nos colonizar. Pensamento grosseiro eu sei, mas quando surge uma prova de que você não é o único privilegiado do espaço, esses pensamentos, por mais grosseiros que sejam, são vistos como normais.

    254º dia desaparecido

    Estou chegando perto de um planeta diferente de tudo que já vi. O programa da espaçonave está captando nesse planeta, muitas ondas cerebrais! Isso me deixa animado, mas com certo medo. Como eles reagirão a minha chegada, eu certamente não sei. Serei recepcionado de forma pacífica ou tratado como ameaça? Vou ameaçar seus conceitos sobre o universo? Vou deixá-los com medo? Eles realmente vão achar que o objetivo principal de uma vida diferente da deles, é extingui-los?

    Torço para que eles considerem mais do que isso. Quero que considerem que tenho sentimentos. Que eu amo, choro, fico feliz e triste diante de tudo que ocorre no cotidiano. Preciso estabelecer alguma conexão com eles dessa maneira. Preciso mostrar a eles que de alguma forma nós devemos ter características semelhantes. Preciso que ao menos me deem uma chance de tentar.

    274º dia desaparecido

    Agora é certeza. Existem sim vidas em outros planetas! Não sei como será o desfecho da minha tentativa de contato com eles, mas deixo aqui minhas últimas palavras. Tenho que levar em consideração que eles podem não entender minha língua também. Mas acredito que essas anotações lhes servirão para algo.

    Sou um andarilho do espaço completamente perdido e procuro apenas por ajuda. Estou chegando cada vez mais perto do desconhecido. Que eu não seja o motivo de fazer com que suas crenças sejam desacreditadas. Espero poder voltar a escrever aqui algum dia dizendo que o contato foi um sucesso e que conseguimos entrar em harmonia mesmo com nossas diferenças. Caso eu não escreva aqui novamente, significa que a tentativa fracassou e que no fim, eles me viram como ameaça e quem sabe as atrocidades que poderão fazer comigo. Sim! Acredito que tudo vai dar certo. Vou escrever novamente; vou poder voltar pra minha terra natal; vou poder rever as pessoas que tanto amo, meus familiares e meus amigos. Prefiro não pensar que eles agirão com selvageria no fim das contas. Agora, mais do que nunca, deposito fé na pacificidade desses seres.

    Deixo registrado aqui minhas últimas informações úteis:

    Me chamo Garramx e o planeta que estou prestes a entrar em contato se chama Harnae, popularmente conhecido como ‘Terra’.

    ??? Dia desaparecido

    Passageiro

    4:59 da madrugada. Acordo um minuto antes de o despertador tocar, mas por algum motivo prefiro esperar para ouvir o barulho ensurdecedor me despertando de vez. Só mais cinco segundos... Cinco, quatro, três dois, um... Então bato de uma vez na parte de cima do relógio, bloqueando o som que dura apenas alguns centésimos. Hoje de fato era um dia que eu pretendia que demorasse passar, pois teria um novo desafio um tanto diferente daqueles rotineiros que costumamos enfrentar. Gosto muito que as coisas corram de acordo com minhas expectativas, ou seja, não gosto muito de situações desafiadoras. Apesar de estar com um pouco de receio, confesso que tal desafio era necessário para minha evolução como piloto de avião. Tem esse fato que me esqueci de mencionar: Sou piloto de avião, mais especificamente há cerca de 20 anos. Apesar disso, fazem apenas 10 que estou lidando com passageiros, e confesso sentir o peso dessa responsabilidade. Talvez seja por isso que todo início de voo eu considero como um grande desafio, afinal, são pessoas diferentes que estarão sob meus cuidados e pensar nisso, faz eu sentir o tamanho da minha responsabilidade para com as pessoas que esperam chegar em seus destinos; seja para rever pessoas que amam ao final de um voo ou até mesmo despedir-se delas antes do início de um. Seria uma viagem longa do Aeroporto Internacional de Tucson, no Arizona, até o Aeroporto regional de Sioux Falls, em Dakota do Sul.

    Telefone toca. A essa altura já estou sentado em minha cama. Então atendo.

    - Alô.

    - Quem diria que você atenderia tão rápido hein Harvey. – respondeu Jeff bem humorado.

    - Se ligou pra me acordar, saiba que já tenho um despertador – disse.

    - Pelo humor, deve que não tomou seu café da manhã.

    - Cala a boca Jeff.

    - E pelo que te conheço, isso foi um ‘sim’. – disse por fim enquanto eu esboçava um tímido sorriso ainda carregado de sono.

    Jeff era meu companheiro de aviação há cerca de 5 anos. As empresas de aviação sempre procuravam contatar-nos para assumirmos juntamente uma tripulação, pois confiavam bastante em nosso trabalho. Apesar de não termos um bom tempo de estrada juntos, já éramos como carne e unha. Se eu tinha um trabalho excelente, era porque ele fazia muito bem sua parte e vice-versa.

    - Preparado pra hoje? Primeira tripulação com 300 passageiros hein.

    Ia ser a primeira vez que iríamos assumir o Boeing 787.

    - Ah Jeff... Sabe como isso é pra mim né.

    - Sei sei. ‘Independente da quantidade, vidas humanas possuem o mesmo valor’ – Disse ele imitando minha voz.

    - Isso mesmo – Respondi sem muita convicção.

    Admito que realmente os números estavam interferindo no meu senso de julgamento. 300 pessoas era um número de peso.

    - Te vejo no aeroporto meu jovem.

    - Já tenho 49 anos Jeff.

    - Você bem que poderia ter um pouco mais de senso de humor não acha? – Disse ele com protesto.

    - Tá bom, quem sabe em outra vida. – respondi e desliguei.

    Apesar de não rir das piadas bobas de Jeff, ele era uma boa companhia. Sinto que a energia que esse rapaz carregava era o que fazia com que meus dias de trabalho não fossem tão monótonos, afinal tudo se tornou monótono depois do divórcio.

    Não podia mais perder tempo, tinha que me arrumar. Depois de uma ducha gelada, vesti minha roupa e separei tudo o que precisava levar. Antes de sair, peguei a foto de minha filha Lívia na cabeceira da cama e dei um longo beijo, um beijo que infelizmente ela nunca poderia sentir, pois havia morrido há quatro anos. Hoje, tudo o que me restava de Lívia era essa foto de cabeceira e um relicário com a foto de um sorriso aquecedor de Lívia no balanço do parque que eu sempre levava comigo.

    Chegando ao aeroporto de Tucson, vou direto para a área de acesso da manutenção das aeronaves verificar se todas as checagens foram feitas. Apesar de essa não ser uma atribuição minha, gosto de ter certeza de saber que tudo está indo conforme o planejado. Depois de fazer isso, vou rapidamente ao banheiro vestir meu traje de piloto, que por incrível que pareça, faz com que eu me sinta bem. Essa roupa imprime confiança de que as pessoas estarão em boas mãos, e é isso que pretendo fazer se concretizar. Neste momento avisto Jeff vindo em minha direção já vestido com seu traje e com uma mochila pequena nas costas.

    - Vamos indo Harvey, já estão querendo a gente no avião – Disse rapidamente, então já apertei o passo.

    Depois de uma boa caminhada, chegamos em frente àquela estrutura gigante do Boeing 787. De pensar que existiam aeronaves que cabiam o dobro de passageiros me trazia arrepios. Subimos as escadas para acesso e entramos na cabine. Verificamos se tudo estava dentro dos conformes, e graças a Deus, estava. Nesse momento ouvi o celular de Jeff despertar. Foi quando ele abriu a mochila pequena que havia trazido nas costas, procurou algo que provavelmente não achou, pois demonstrou estar aborrecido.

    - Droga! De novo! – disse baixo o suficiente para que eu entendesse.

    - Esqueceu algo?

    - Acho que sim... Mas deixa pra lá. Não é importante. Foco no avião – disse ele mudando de assunto.

    Dito isso, assumimos nossos lugares e fizemos todo o procedimento para ligar a aeronave e posiciona-la na plataforma para o acesso dos passageiros. Após ser permitida a entrada dos passageiros, ficamos a postos juntamente com as aeromoças para recebê-los. Jeff sempre estava com um grande sorriso no rosto, e as aeromoças não deixavam a desejar em sua simpatia. Eu sempre acenava com a cabeça para os passageiros com um leve sorriso, mas confiante. Eles precisavam saber que estavam em boas mãos, apesar de eu estar sentindo o peso da minha responsabilidade sobre os ombros. Mas era bom saber que Jeff dividia esse peso comigo.

    Em determinado momento estava para entrar no avião um casal com uma filha pequena. A criança aparentava ter a mesma idade de Lívia quando faleceu. Aquilo me levou a devaneios indesejáveis. Fez-me pensar como seria se ela ainda estivesse viva. Provavelmente eu ainda estaria casado com Michelle, aproveitando os passeios que Lívia adorava fazer no parque junto comigo. Claro que não podia deixar de pensar na pipoca que ela sempre insistia amavelmente para que eu comprasse quando estávamos juntos. De pensar que esses dias teriam um fim tão cedo.... De pensar que voltando de uma

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