Os Panteras Negras: Uma introdução
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Os Panteras Negras - Henrique Marques Samyn
Huey era o cara que fazia as coisas,
e eu acho que foi ali que o Partido
Pantera Negra realmente começou.
(Bobby Seale)
O Partido Pantera Negra foi fundado em outubro de 1966, por dois estudantes negros e pobres. Para entendermos como tudo começou, precisamos conhecer esses dois jovens: Robert George Seale, de apelido "Bobby"; e Huey Percy Newton.
Bobby Seale nascera em 22 de outubro de 1936, no Texas. Seu pai era um carpinteiro; sua mãe, dona de casa. Tendo abandonado os estudos na Escola Pública de Berkeley antes de graduar-se, Seale serviu à Força Aérea dos Estados Unidos, da qual foi dispensado por desobedecer às ordens de um superior; em 1962, ingressou na Universidade Merritt, em Oakland, na Califórnia, para estudar engenharia.
Enquanto estudava, trabalhando ao mesmo tempo como bartender e comediante stand-up, Bobby se uniu à Associação Afro-Americana do campus, o que lhe possibilitou conhecer a história do povo negro e investigar mais profundamente os seus problemas. Desse mesmo grupo, fazia parte outro estudante: Huey Percy Newton. Nascido em Monroe, na Louisiana, Huey era o mais jovem dos sete filhos de um agricultor ligado à igreja batista. Ainda na infância, ele se mudou com a família para Oakland, onde passaria por muitas dificuldades, como ser expulso de diversas escolas públicas, às quais não conseguia adaptar-se. Já adulto, afirmaria não ter encontrado nenhum professor que o motivasse a aprender ou a questionar.
Depois de mais de trinta suspensões, deram a Huey um diploma apenas para livrar-se dele; na verdade, era considerado analfabeto. Quando desenvolveu, por conta própria, interesse pela leitura – a primeira obra que leu foi A República, de Platão –, Huey se tornou um leitor compulsivo, com uma espantosa capacidade de memorização. Foi essa notável força intelectual o que atraiu a atenção de Bobby Seale, quando ele encontrou Huey em uma manifestação contra o embargo dos Estados Unidos a Cuba.
A ideia de fundar um partido ocorreria a Bobby Seale após a execução de Malcolm X, em 21 de fevereiro de 1965. Naquele domingo, por volta das três horas da tarde, o ícone negro foi alvejado no palco do Audubon Ballroom, logo após saudar a plateia. Bobby não tinha dúvidas: para ele, Malcolm fora assassinado pela CIA, por ordem do presidente Lyndon Johnson. Assim que recebeu a notícia da execução, Bobby saiu pelas ruas, arremessando tijolos em carros dirigidos por homens brancos; contudo, logo percebeu que agir desse modo não levaria a nada. Após um período de recolhimento, Bobby tomou a decisão de fazer de si mesmo um novo Malcolm X – e encontraria um parceiro ideal em Huey Newton (que não hesitaria em afirmar, tempos depois, que o Partido Pantera Negra existiria no espírito de Malcolm X).
Num primeiro momento, Bobby e Huey se tornaram figuras ativas na universidade, militando junto ao corpo discente pela inclusão de questões associadas ao povo negro no currículo da instituição. Contudo, logo perceberam a necessidade de ir além, construindo uma organização que pudesse efetivamente transformar a vida do povo negro, inclusive daquelas pessoas que viviam nas ruas. Começava a surgir o Partido Pantera Negra.
De todas essas coisas – os livros, os escritos e o espírito de Malcolm, nossa análise da situação local –, a ideia de uma organização foi se formando.
(Huey Newton)
A nova organização idealizada por Bobby Seale e Huey Newton começou a ganhar forma na primavera de 1966.
Para testar ideias que pudessem mobilizar a comunidade, eles passavam muito tempo conversando com as pessoas na rua, disseminando a proposta de criar um grupo que pudesse defender as pessoas contra a opressão – particularmente, contra a violência policial. Foi assim que Bobby e Huey começaram a definir um curso prático de ação.
Em outubro daquele ano, eles se reuniram no Centro de Serviços de North Oakland, onde Bobby trabalhava – e onde havia uma biblioteca disponível. Que programa seguir? Os dois jovens negros discutiram sobre a Revolução Chinesa e sobre a Revolução Cubana, mas concluíram que não poderiam seguir nenhum desses programas, já que tinham surgido de condições históricas e políticas específicas; era preciso criar algo novo, que lidasse com a opressão concreta que os negros vivenciavam nos Estados Unidos – e que fosse facilmente compreensível pelo povo.
Com esse objetivo em vista, Huey começou a ditar um programa; Bobby fazia as anotações e dava suas próprias contribuições. Em cerca