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Depois de Tudo: Augusto Carneiro, um ecologista
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Depois de Tudo: Augusto Carneiro, um ecologista
E-book138 páginas1 hora

Depois de Tudo: Augusto Carneiro, um ecologista

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Sobre este e-book

Augusto Carneiro, depois de tudo, um ecologista. Biografia escrita por Lilian Dreyer. Com a incrível história desse ecologista que, embora nascido numa casa sólida, em uma família nem pobre nem rica, como o eram todas as da vizinhança, e a chegada dele, no último dia do ano, enchesse de júbilo o coração de seus pais, ele logo começou a sentir-se frágil e exposto. Percebia ao redor uma violência sem nome, que o feria e que ele não tinha o poder de mudar. Era apenas um menino, assustado e ignorante. Mas não para sempre.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento3 de jun. de 2022
ISBN9788593813511
Depois de Tudo: Augusto Carneiro, um ecologista

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    Depois de Tudo - Lilian Dreyer

    Na natureza de Augusto Carneiro

    Pois não posso

    não devo e não quero

    viver como toda essa gente

    insiste em viver

    E não posso

    aceitar sossegado

    qualquer sacanagem

    ser coisa normal

    (Bola de Gude, Bola de Meia –

    Milton Nascimento e Fernando Brant)

    I

    Se existem pessoas que nascem para brigar, esse sujeito é uma delas. Mas não era o que parecia no início.

    Ele teria sempre dificuldade em se lembrar do início. Quando se aproximava dos noventa anos de idade, se o indagassem a respeito do começo de sua existência, repetiria que tinha esquecimentos, e que seus esquecimentos eram coisa de velho. Mas ele de fato nunca chegaria a tornar-se um velho, da maneira como as pessoas costumam entender a velhice. Na verdade, muitos motivos teve para que a memória pouco o acuda quando tenta lembrar-se da infância. É que nesse tempo ele foi exposto a um excesso de sustos.

    Embora nascesse numa casa sólida, em uma família nem pobre nem rica, como o eram todas as da vizinhança na Rua Vasco da Gama, e a chegada dele, no último dia do ano de 1922, enchesse de júbilo o coração de Aurora e César, seus pais, Augusto logo se sentiria frágil e exposto, incompetente para haver-se com a violência difusa mas onipresente que o cercava.

    Sabe-se que seus pais o queriam pelo teor dos registros inscritos num álbum ilustrado por fotografias, que o pai denominou de Biografia de Infância. Augustinho, o chamavam, e referiam-se com orgulho ao menino. Ele nasceu saudável e forte, pesando mais de três quilos e meio, mas infelizmente a mamãe não tinha o leite suficiente para alimentar o querido filho e tivemos que recorrer ao leite condensado. Em português correto e até apurado, a Biografia relata o crescente desespero que se apossou da família quando nenhum dos alimentos substitutivos a que recorreram, nem mesmo os que lhe foram administrados por recomendação médica, deu resultado satisfatório. A criança começou a emagrecer extraordinariamente. Aos três meses de idade, pesava menos do que ao nascer; aos oito meses, mantinha-se abaixo dos sete quilos. A ameaça à sobrevivência do menino produziu, como é de se supor, terrível agonia a César e Aurora – e quem pode saber como o temor expresso no olhar dos adultos e a fraqueza que sentia em si mesmo afetaram o bebê?

    Quem os salvou do desespero foi uma cabra. Uma boa cabra, cujo leite, mais forte e mais puro, foi bem aceito pelo organismo de Augustinho. Numa fotografia captada em janeiro de 1923, logo depois de seu primeiro aniversário, vê- -se um menino arrumado e aprumado, ao lado de Liana, uma cachorra escura de rabo peludo e peito branco. Ambos miram com vivacidade algo à esquerda da lente do fotógrafo. Augustinho e Liana

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