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Reflexões de um cidadão do mundo
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Reflexões de um cidadão do mundo
E-book211 páginas2 horas

Reflexões de um cidadão do mundo

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Sobre este e-book

"Não há como negar que a natureza e a mistura de raças e culturas tornaram essa nação linda, generosa, riquíssima, de potencial e
condições de crescimento extraordinários para ocupar espaços na galeria de civilizações de primeiro mundo, mas nada disso tem
valor e serventia diante das manchetes do dia, de ontem e de amanhã, de assaltos aos cofres públicos. Nada indica que os brasileiros aprenderão muita coisa com essa pandemia, muito menos que mudarão, e isso será uma imensa perda de oportunidade.

Assim, sem o pessimismo dos que acham que não tem jeito e sem o otimismo dos que acham que está melhorando e vai melhorar, mas com o realismo dos que sabem que o poço não tem fundo, esperamos que todos acordem e entendam que todas as doenças de vírus e bactérias poderão ser enfrentadas e vencidas se vencermos a doença da corrupção e tudo que a sustenta e mantém. Muda Brasil, em nome de Deus e do seu povo e em respeito aos seus filhos."

Antônio Carlos Aquino de Oliveira
IdiomaPortuguês
EditoraAdelante
Data de lançamento19 de jan. de 2022
ISBN9786589911654
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    Reflexões de um cidadão do mundo - Antônio Carlos Aquino de Oliveira

    A CULTURA DO CACETE ARMADO

    Na Bahia, terra de vocabulário próprio e cultura peculiar, as coisas mal feitas, feitas às pressas e com muitos defeitos e erros - às vezes fatais - são chamadas de armengues, quebra-galhos, puxadinhos, armação ou cacete armado.

    Conheci um político de uma importante cidade do interior que se orgulhava de ser semialfabetizado e ter alcançado a condição de Prefeito Municipal. Uma honra e uma glória pessoal, um troféu para os iguais que lhe confiaram os destinos da cidade. Assim, têm nome de populistas e apelido de populares os políticos que abdicam do certo e legal em nome do cacete armado nas administrações, basicamente sustentados em ilegalidades e irregularidades. É bem verdade que não há uma relação de causa e efeito direta entre o analfabetismo dos homens públicos e as más gestões das cidades, embora seja inaceitável que gestores públicos não tenham noção do que seja governar e administrar, até porque têm sido os cultos e os formados, com exceções, que estão destruindo as cidades, estados, o país e o mundo.

    Pois bem, para nós administradores, é possível afirmar que, diante das carências e dos problemas do Estado brasileiro, nos seus três níveis, das suas complexidades e profundidade, do histórico e raízes, nossas cidades são inadministráveis, sem solução, com tendências de agravamento.

    Ao comemorar, e muito, as exceções, os avanços, as melhorias pontuais e localizadas, voltamos ao tema desse artigo - A Cultura do Cacete Armado.

    Não deve dizer que conhece uma cidade quem não anda por toda ela, quem não conhece todos os bairros, quem não olha com profunda empatia a vida dos seus irmãos de terra, espaço e mesmo ambiente contemporâneo.

    A apropriação, uso ilegal, imoral e criminoso dos espaços urbanos é a base física da ideologia do cacete armado, da esculhambação urbana, paisagística, ambiental, jurídico-fundiária e legal no uso e destinação dos espaços urbanos e rurais nesse país de grandes e caras, porém ineficientes e arcaicas, estruturas públicas.

    Nas ruas em que muitas vezes não passam carros e motos, os ditos becos e vielas, passa gente, passa vida e saúde, passa sanidade física e mental. Na maioria dos lugares falta qualidade de vida, condições mínimas de sobrevivência. Na cultura do cacete armado os governantes acham que as coisas se resolvem com discursos, com leis e projetos, com inaugurações e propaganda, mas, quem leva a vida conscientemente sabe que essas mentiras continuadas são a sustentação dos armengues, dos puxadinhos, das invasões e grilagem, das milícias e máfias, tudo isso no mesmo balaio e saco do cacete armado.

    São seculares formas de dominação, de manutenção de poder.

    Tem gente que nasce, cresce, vive e morre no absurdo da ausência do Estado que sustenta, do poder público que banca, mas a todos desejamos civilidade, humanidade, educação e vida digna.

    A FASE INFERNAL DA MINHA MINAS GERAIS

    Nunca quis entender a minha paixão por Minas Gerais, apenas vivê-la, assim como não consigo explicar a dor que sinto pelo sofrimento de Minas com os crimes cometidos pelos homens contra a sua natureza e as cruéis respostas que a natureza mineira dá aos atentados que sofre.

    Nessa minha última ida à Serra da Canastra, foi duro ver a safra de café perdida por causa da seca, as plantações calcinadas e mortas pelas geadas e pela falta de chuva.

    A poeira das estradas e da terra esturricada, o marrom da paisagem, das folhas secas e sujas, a falta do capim terroir Canastra para o gado, tudo isso dói na alma, agride o coração e ofende a consciência. Não há solidariedade possível a quem tudo perdeu ou está perdendo.

    A força, a fibra e a coragem dos melhores mineiros fazem toda a diferença, nos exemplificam e ensinam, renovam e ampliam nosso amor e respeito por Minas e sua gente.

    Que passe a seca, que acabe o fogo, que volte a água e o verde, que Brumadinho e Mariana deixem de ser símbolos do que de pior o homem é capaz de fazer e voltem a representar o que sempre foram.

    Que o berço da independência e da liberdade deste país seja novamente o berço da justiça e do renascimento.

    A GREVE QUE PRECISAMOS

    Existem muitas lições a serem tiradas das greves dos caminhoneiros para não cometermos os mesmos erros de muitas das greves realizadas: nada de concreto mudar. Toda greve tem seu custo e todo custo precisa ter um benefício correspondente.

    Dentre os significados do termo Greve, o mais usual é a cessação voluntária e coletiva do trabalho, decidida por assalariados, para obtenção de benefícios materiais e/ou sociais, ou para garantir as conquistas adquiridas e ameaçadas de supressão. Cessação temporária e coletiva de quaisquer atividades, remuneradas ou não, em protesto contra determinado ato ou situação.

    A situação é gravíssima e as mudanças não virão por mágica, sem grandes sacrifícios. Urgem mudanças sérias, profundas, estruturais e estruturantes, até mesmo radicais, algumas de curto, outras de médio e muitas de longo prazo. Mas é preciso começar, e tudo está parado.

    Em muitos países, a greve é considerada um direito social e trabalhista. No Brasil, o direito à greve é atualmente assegurado pela Constituição Federal de 1988, que em seu artigo 9º, diz: É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender.

    O § 1º diz que A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade, mas é uma questão mal resolvida. Além de tudo, o § 2º afirma que Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei, o que nem sempre acontece.

    Estado de greve é um alerta, um aviso para uma possível paralisação, mas as greves podem ser realizadas de várias formas e ter durações distintas, conforme os objetivos, como greve geral, branca (braços cruzados), operação tartaruga, operação padrão, de ocupação, de aumento de eficiência, de advertência, intermitente, seletiva, de solidariedade, prestação de serviços, manifestações, protestos e também greves políticas.

    O Brasil precisa de uma séria, profunda e longa greve, essencialmente política, cidadã, coletiva e individual, social e pessoal. É preciso, urgentemente, que cada brasileiro cesse de votar em pessoas inidôneas e incapazes.

    É preciso que haja uma cessação dos maus hábitos e maus costumes, que a violência entre em greve geral e definitiva, pare, acabe. É preciso que todos nós façamos o pacto do trabalho, do estudo, da educação, da civilidade.

    Devemos parar definitivamente com a omissão e entender de vez que dinheiro público tem dono — o povo — e merece respeito. Devemos fazer uma greve geral de tolerância com os corruptos, corruptores e todos os que deixam de cumprir corretamente suas funções públicas.

    Se greve é parar, vamos parar com o desrespeito às cidades, às instituições e às pessoas. Cada um nesse país tem um papel e seu papel é essencial, necessário, indispensável, por isso precisamos cumpri-lo com zelo, com competência, com seriedade.

    Que entre em greve definitiva a ignorância, a malandragem, a esperteza canalha, a malandragem cínica.

    Não é nada fácil a situação atual do Brasil, como também não será fácil torná-lo um país civilizado, sério e desenvolvido.

    Por isso precisamos fazer a greve necessária: parar com as más condutas e atitudes nocivas, dentre elas a permissividade diante do desrespeito às leis e dos privilégios dentro das leis. Precisamos parar de achar que mudanças virão sem esforço e sacrifício, sem muito estudo e trabalho. Precisamos parar de não dar atenção prioritária às crianças e aos jovens, de ser permissivos e lenientes com eles, de não lhes cobrar deveres e conduta, de não lhes dar limites e valores.

    Os incompetentes e irresponsáveis precisam entrar em greve definitiva, e nós, os cidadãos de bem, honestos e trabalhadores, eleitores e contribuintes, vamos dizer a eles qual é a greve que precisamos.

    Greve é Direito, Respeito é Dever. Direito tem quem direito anda.

    A IGNORÂNCIA CONTINUA EMPODERADA

    O mundo jamais terá paz, evolução sustentável e democratizada enquanto a ignorância e a estupidez tiverem poder e, em muitos casos, estiverem no poder. Desenvolvimento é incompatível com ignorância, mantendo a compreensão que sabedoria é algo muito maior que apenas formação acadêmica.

    O comportamento de muitos médicos e profissionais de saúde, das entidades médicas, de muitos dirigentes de órgãos públicos de saúde, de governos e de parte da sociedade brasileira, durante essa pandemia, tem sido, no mínimo, questionável, quando não criminoso.

    Um grande amigo, médico, me lembra, com pesar e angústia, que na Alemanha nazista estimava-se que 80% dos médicos apoiavam o Führer. Um filme de terror que não passa e não acaba.

    O fenômeno que leva os ignorantes a acreditarem saber mais que os profissionais, cientistas e professores, chama-se efeito Dunning-Kruger. Isso faz com que, quando esses estúpidos estão no poder, além de tomar decisões erradas, geralmente suas ações causam resultados catastróficos. Eles têm a ilusão doentia de superioridade e são incapazes de reconhecer os próprios erros, o que a pesquisa de Dunning e Kruger explicaria. Nem sempre tomar conhecimento da posição que a ciência adota naquele momento ilumina a mente dessas pessoas.

    Sou de uma geração em que as mães ostentavam com satisfação e orgulho as carteiras de vacinação dos filhos, comemoravam cada nova descoberta da ciência no campo da saúde, orientada para salvar vidas e evitar doenças. Com nossas filhas e filhos continuamos e ampliamos a compreensão da importância das vacinas e dos controles sanitários no mundo.

    Essa semana a nação foi sacudida com a informação de que as campanhas de vacinação não estão atingindo as metas, que as coberturas vacinais não estão alcançando os objetivos propostos. Isso é uma loucura, uma insana irresponsabilidade comparável sim aos tempos em que parte da Medicina e das Comunicações estava a serviço do nazismo, do experimentalismo criminoso, do uso das cobaias humanas, da falta de ética, controle e transparência nos estudos e avanços da ciência.

    A ciência, a tecnologia, a verdadeira política e o conhecimento devem estar a serviço do bem estar social e da qualidade de vida da humanidade e não deveria dar espaço para que a ignorância, a estupidez, a imbecilidade e a violência ousassem prevalecer, colocando em risco a tão imprescindível proteção sanitária coletiva.

    Como fazer do debate sincero o caminho para o consenso que nos protegerá a todos de ameaças como a que ora nos fustiga, sem que marginais se utilizem da desinformação e de fake news para auferir gordos lucros? Este é o desafio que colocamos para a sociedade baiana e brasileira.

    A IMPERDÍVEL OPORTUNIDADE DE REVER OS MODELOS DE REPRESENTAÇÕES

    Não será novidade que a sociedade brasileira e os poderes constituídos percam mais essa oportunidade de passar o país a limpo, de mudar a nação na direção da civilização e da modernidade. Os comandantes do barco chamado Brasil não ajustam as velas na direção dos bons ventos, não o conduzem ao porto seguro, preferem acirrar as tempestades. Há alguma fixação dos nossos governantes por promover naufrágios e tragédias.

    A Reforma Trabalhista, associada à histórica, persistente, crescente e agravada crise política, coloca na pauta das prioridades nacionais o debate sobre os modelos vigentes de representações, quer sejam nas entidades de trabalhadores, de empregadores, como nos parlamentos e governos, onde os eleitores escolhem seus representantes com seu voto.

    Os Sindicatos, Federações e Confederações, que viviam e sobreviviam das contribuições obrigatórias das suas classes, deverão agora existir pela força real da representação, do nível de conscientização, engajamento e politização dos seus associados. Assim espera-se. O caos e a crise podem dar aos trabalhadores e empresários a oportunidade de escolher e eleger novas representações, pessoas qualificadas e capacitadas para o dificílimo trabalho de representar e defender classes e setores, pessoas e empresas.

    A Reforma Trabalhista deu aos empresários e trabalhadores a imperdível oportunidade de rever as estruturas e lideranças que os representam, a qualidade dos serviços que devem prestar, a transparência necessária no gerenciamento das entidades e os benefícios que precisam trazer. Se todos entendem que há algo a ser mudado, é preciso haver consciência de que as mudanças são urgentes e inadiáveis. No bojo dessas possiblidades de mudanças para melhor é necessário incluir os Conselhos de Classes Profissionais, as Ordens e suas Federações.

    Não abordaremos os muitos desvios na gestão da coisa pública e coletiva nas estruturas de representação em todos os campos e níveis, pois entendemos que isso é caso de polícia, de auditoria, de justiça, o que pode significar problemas continuados e insolúveis.

    É inevitável que a representação política - cidadã e eleitoral - tenha destaque em um artigo que coloca o tema em pauta.

    Mantidas as atuais regras eleitorais, as estruturas partidárias, os sistemas de governos e as relações entre os poderes da república, com as eleições e os votos, nada ou muito pouco

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