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Sermos Humanos
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E-book228 páginas2 horas

Sermos Humanos

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Sobre este e-book

Em meio a tantos acontecimentos ligados ao cotidiano – matéria-prima da crônica –, o cronista vai pinçar o que mais lhe interessa e revelar por meio de uma narrativa solta, de uma linguagem “natural”, de um tom leve e uma grande simplicidade; características marcadas sobretudo pelo artifício desse artista. Sem grandes pretensões, a crônica acaba por se adequar à sensibilidade do dia a dia. Ao refletir sobre esse gênero, observa-se com mais veemência a sua principal característica que, de certo modo, é também seu principal objetivo: ser a escrita de um tempo. A bem da verdade, sobre nosso tempo, precisamos falar de questões veladas, de vozes historicamente silenciadas, dos negros, das mulheres, dos refugiados. Precisamos falar de intolerância, de preconceito. Dos direitos humanos, da necessidade da bondade e da compreensão para a construção de um mundo mais justo e menos desigual. Por acreditar na força da palavra, nasce este livro: uma coletânea que presta uma homenagem a uma tradição de cronistas – como Machado de Assis, João do Rio, Lima Barreto, Carlos Drummond de Andrade, Rubem Braga, Paulo Mendes Campos, Fernando Sabino e tantos outros que, com suas penas, “testemunharam o seu tempo”, foram dele “porta-vozes”. Uma coletânea que se apresenta como – para usar as palavras de Renato Cordeiro Gomes –“respostas a certas perplexidades pessoais e sociais. - PREFÁCIO: Aline Novaes TEXTOS: - Paulo Cezar Guimarães - Simone Magalhães - Alessandro Lo-Bianco - Tuna Dwek - Diego El-Jaick Rapozo - Cláudia Alencar - Zeca Fonseca - Angela Pedretti - Leonardo Rivera - Ana Blue - Wanderson Nogueira - Bernardo Dugin - Perla Castro - Tatiana Bastos - João Pedro Moretzsohn - Vitória Brandão - Flávia Cavalcanti - Monique Bier Freitas - Caroline de Moraes
IdiomaPortuguês
Data de lançamento20 de out. de 2017
Sermos Humanos

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    Sermos Humanos - Alessandro Lo-bianco

    Selo Editorial

    SERMOS HUMANOS – CRÔNICAS DA GENTE

    Copyright@2016 by Selo Espaço Novo

    1º Edição | Maio de 2016

    Projeto: Alessandro Lo-Bianco

    A5 (padrão) 14.8x21.0cm Série Colaborativa

    Impresso no Brasil Printed in Brazil Presita en Brazilo

    SELO ESPAÇO NOVO

    RUA PEDRO AMÉRICO, 147

    BAIRRO CATETE

    RIO DE JANEIRO – RJ – BRASIL

    CEP 22211-200

    editoraenovo@gmail.com

    http://alessandrolb.wix.com/editoraen

    AS CRÔNICAS PUBLICADAS NESTA OBRA FORAM CEDIDAS DE FORMA

    COLABORATIVA PELOS AUTORES. O DINHEIRO ARRECADADO COM AS VENDAS

    SERÁ

    DESTINADO

    AO

    PROJETO

    ME

    PROTEJA

    (

    WWW.MEPROTEJA.BLOGSPOT.COM), QUE TRABALHA COM A REALIZAÇÃO DE

    CAMPANHAS DE PREVENÇÃO CONTRA O DESAPARECIMENTO DE CRIANÇAS NO

    BRASIL E AS PRÁTICAS DE ALIENAÇÃO PARENTAL. É PROIBIDA A REPRODUÇÃO

    DESTE EXEMPLAR – PARCIAL OU TOTAL – ATRAVÉS DE QUALQUER FORMA, MEIO

    OU PROCESSO ELETRÔNICO, SEM PRÉVIA E EXPRESSA AUTORIZAÇÃO DA

    EDITORA E DOS ESCRITORES NOS TERMOS DA LEI 9 610/98, QUE REGULAMENTA

    OS DIREITOS DE AUTOR E CONEXOS.

    - PREFÁCIO : Aline Novaes

    TEXTOS:

    - Paulo Cezar Guimarães

    - Simone Magalhães

    - Alessandro Lo-Bianco

    - Tuna Dwek

    - Diego El-Jaick Rapozo

    - Cláudia Alencar

    - Zeca Fonseca

    - Angela Pedretti

    - Leonardo Rivera

    - Ana Blue

    - Wanderson Nogueira

    - Bernardo Dugin

    - Perla Castro

    - Tatiana Bastos

    - João Pedro Moretzsohn

    - Vitória Brandão

    - Flávia Cavalcanti

    - Monique Bier Freitas

    - Caroline de Moraes

    oje, temos algumas opções ao nosso alcance.

    Dependendo de nossas escolhas, poderemos até

    H mesmo participar do impulso natural que há por

    trás da matéria. Difícil mesmo é o que vem antes. É o agora. É o

    contorno da caneta, a textura do papel. É o peso da matéria. É

    ser humano.

    Por alguns momentos antes de iniciar essa leitura, escute num

    absoluto silêncio, mais extenso e mais forte. Por essa

    experiência, num dado momento, nos veremos a sós com o

    mundo inteiro. Esta é a partida para começar este trabalho, o

    ponto da percepção: o momento em que nos descobrimos a sós,

    com o mundo inteiro...

    Após essa descoberta, foi revelado um correio! Por isso, ele

    ainda circulará. Essas cartas não farão diferença para alguns...

    Poderão ler tudo, mas não entenderão. Não podem senti-las.

    Mas as mensagens continuarão a circular nestas e em outras

    edições. Chegarão a seus bons e verdadeiros destinatários.

    Estamos nos comunicando.

    Uma

    aliada na

    busca por

    sermos

    humanos...

    (.. ) o cronista não abre mão de testemunhar o seu

    tempo, de ser seu porta-voz. As crônicas, quase

    sempre, são respostas a certas perplexidades

    pessoais e sociais. Renato Cordeiro Gomes

    A citação, em epígrafe, escrita pelo professor e ensaísta

    Renato Cordeiro Gomes, em estudo analítico sobre a obra

    de João do Rio, pseudônimo utilizado por Paulo Barreto,

    escritor-cronista do início do século XX, nos serve de

    inspiração para refletir sobre a crônica, um gênero tão

    peculiar em seu propósito e suas características, e sobre o

    que pretende este livro: olhar para a humanidade em sua

    essência.

    Machado de Assis, em História de Quinze dias (1877),

    oferece sua contribuição a respeito da origem do gênero:

    se deu a partir da conversa das primeiras duas vizinhas,

    afirma. A ironia machadiana revela que a investigação a

    partir de uma perspectiva histórica seria irrelevante. O

    que importa é o tom de conversa fiada, a ressignificação

    do banal presente no cotidiano, coisas que são só dela, da

    crônica. Em A vida ao rés-do- ch~o (1992), o crítico

    literário Antonio Candido, por sua vez, discorre sobre o

    chamado gênero menor. É importante salientar que,

    aqui, o adjetivo menor é desconstruído e apresentado

    como uma possibilidade da crônica de estar próxima à

    vida. No mesmo ensaio, o crítico a ressalta como "amiga

    da verdade" e comenta:

    (.. ) a crônica está sempre ajudando a estabelecer ou

    reestabelecer a dimensão das coisas e das pessoas.

    Em lugar de oferecer um cenário excelso, numa

    revoada de adjetivos e períodos candentes, pega

    o miúdo e mostra nele uma grandeza, uma beleza

    ou uma singularidade insuspeitadas.

    Antonio Candido

    Em meio a tantos acontecimentos ligados ao cotidiano –

    matéria-prima da crônica –, o cronista vai pinçar o que

    mais lhe interessa e revelar por meio de uma narrativa

    solta, de uma linguagem natural, de um tom leve e uma

    grande simplicidade; características marcadas sobretudo

    pelo artifício desse artista. Sem grandes pretensões, a

    crônica acaba por se adequar à sensibilidade do dia a dia.

    A despretensão, como aponta Candido, refere-se também

    à durabilidade do gênero, feito inicialmente para o jornal,

    que no dia posterior da publicação serve apenas para

    "embrulhar um par de sapatos ou forrar um ch~o de

    cozinha". N~o mais fincadas no suporte da efemeridade,

    quando as crônicas são encontradas em livros, por

    exemplo, fazem parte de um conjunto, serão fragmentos

    da construção de uma obra. Em novo suporte, com

    significação distinta, dividindo espaço com diferentes

    textos, submetem-se ao objetivo dessa outra narrativa.

    Ao refletir sobre esse gênero, observa-se com mais

    veemência a sua principal característica que, de certo

    modo, é também seu principal objetivo: ser a escrita de

    um tempo. A bem da verdade, sobre nosso tempo,

    precisamos falar de questões veladas, de vozes

    historicamente silenciadas, dos negros, das mulheres, dos

    refugiados. Precisamos falar de intolerância, de

    preconceito.

    Dos

    direitos

    humanos, da necessidade da

    bondade e da compreensão para a

    construção de um mundo mais

    justo e menos desigual. Por

    acreditar na força da palavra,

    nasce este livro: uma coletânea

    que presta uma homenagem a uma tradição de cronistas –

    como Machado de Assis, João do Rio, Lima Barreto, Carlos

    Drummond de Andrade, Rubem Braga, Paulo Mendes

    Campos, Fernando Sabino e tantos outros que, com suas

    penas, testemunharam o seu tempo, foram dele "porta-

    vozes". Por acreditar na força da palavra, em sua

    capacidade de conscientização e transformação social,

    nasce este livro: uma coletânea que se apresenta como –

    para usar as palavras de Renato Cordeiro Gomes –

    respostas a certas perplexidades pessoais e sociais.

    Aline da Silva Novaes

    Rio de Janeiro, maio de 2016

    Aline da Silva Novaes é doutora em Literatura, Cultura e

    Contemporaneidade pela PUC-Rio, mestre em Comunicação Social e

    bacharel em Jornalismo pela mesma instituição. É, também,

    licenciada em Letras pela UERJ. Desenvolveu pesquisa de Pós-

    Doutorado no Departamento de Letras da PUC-Rio, onde atuou como

    Professora Colaboradora. Foi repórter de veículos de comunicação,

    como os jornais O Globo e O Fluminense. Atualmente, é professora em

    instituições do ensino superior. É autora do livro "Jo~o do Rio e seus

    cinematographos: o hibridismo da crônica na narrativa da belle

    époque carioca" (Mauad X/Faperj), finalista do Prêmio Rio de

    Literatura.

    Sermos

    humanos...

    A ENQUETE DE SARMENTO

    Paulo Cezar Guimarães

    Trabalhei com o repórter Luiz Carlos Sarmento n’O GLOBO.

    Camisa para fora da calça, gravata com o laço frouxo e sempre

    com os óculos embaçados e com as marcas das digitais dos

    dedos. Uma figura desleixada que, quando não estava olhando

    para ontem, alisava o espesso bigode mal aparado e falava

    sempre sobre a matéria que acabara de escrever. Geralmente

    entremeada com alguma cascata.

    Subia e descia pela escada os dois andares da redação. Tinha

    medo de andar de elevador. Sorte dele que a redaç~o d’O

    GLOBO não era no sexto andar, como era a do Jornal do Brasil

    (JB), na Avenida Brasil, 500. À época do Sarmento, por volta

    dos anos 80, os jornais tinham a mania de fazer enquetes sobre

    qualquer coisa que acontecia. O sambódromo foi construído

    num prazo muito rápido e pode cair? Faz uma enquete. O

    Congresso vai aprovar a votação das Diretas Já? Faz outra. Fora

    as notícias factuais do dia a dia. Certa vez, numa segunda-feira,

    chegou a notícia de que um casal tivera heptagêmeas na

    Noruega. O editor Milton Coelho da Graça mandou repercutir o

    assunto.

    - Vamos suitar , vamos suitar. Vamos entrevistar mães. Por

    telefone mesmo pois já estamos fechando o segundo clichê .

    Perguntei: - Pô, Milton, onde a gente vai arrumar mães às 11

    da noite?

    E Milton: - Vocês querem o quê? Querem um catálogo de mães?

    Até que apareceu o Sarmento. Milton, puto da vida, intimou: -

    Tô precisando de mães, Sarmento, tô precisando de mães. Para

    o que está fazendo e cai dentro disso aí.

    Sarmento anotou num bloquinho: "Noruega, heptagêmeas,

    entrevistar m~es etc." Ficou parado alguns minutos olhando

    para os colegas na redação. De repente, desatou a escrever,

    sem parar: "Como m~e, eu particularmente acho que são

    muitas crianças. Dá pra formar um time de vôlei com uma

    reserva" (Maria Helena da Silva, advogada). No parágrafo

    seguinte: Essa m~e pariu uma ninhada, né? (Carmem Lúcia de

    Oliveira, secretária). Em seguida: "Haja fralda pra sustentar

    essa galera toda" (Ciana Russo, publicitária). Quando ele já

    estava no quinto depoimento, de molecagem, falei:

    - Sarmento, o que é isso? A gente está aqui há um tempão e não

    conseguiu porra nenhuma. Já tomei dois esporros por ligar a

    essa hora para a casa dos outros. Você deu só um telefonema e

    já está na quinta mãe?!.

    E ele respondeu:

    - Sabe o que é? Dei a maior sorte. Disquei um número qualquer

    de telefone e caiu numa festa de criança. As mães fizeram fila

    para conversar comigo. E eu ainda estou na quinta mãe, tem

    mais dez aqui!.

    E tudo isso numa... segunda-feira.

    MEU AMIGO TIBÚRCIO

    Paulo Cezar Guimarães

    Quem conhece a figura não tem dúvida: Tiburcio só existe um,

    o meu amigo. Branco como a página em que escrevo este texto,

    desengonçado, comprido, óculos fundo de garrafa, fala mansa e

    pausada, cumprimenta a gente com a mão mais leve que uma

    pena. Mas não é por falsidade, não, é timidez mesmo. Se você

    consegue penetrar na intimidade dele, passa a conhecer uma

    pessoa admirável. Astuto, esperto, inteligente, criativo e,

    sobretudo, engraçado. Certa vez, seu pai, que deve ser tão

    Tiburcio quanto ele, foi ao banco resolver um problema

    burocrático qualquer. Chegando ao caixa, percebeu que a moça

    tossia muito. Amável e prestativo quis ajudá-la, e disse-lhe que

    o melhor remédio para curar a tosse era levantar os dois

    braços e respirar fundo. Ela aceitou o conselho. Alguém de

    longe viu a cena e gritou: É um assalto! - Foi a maior

    confusão. As demais caixas se abaixaram, os outros

    funcionários esconderam-se atrás de armários e uma das

    subgerentes desmaiou. Pulou gente pra tudo que é lado. Até

    que o gerente, j| debaixo de uma mesa, refletiu: ‘N~o pode ser.

    É o seu José. Ele tem 70 anos. N~o pode estar assaltando’. Difícil

    foi esclarecer o caso à Polícia. Mas Tiburcio também tem as

    suas.

    Certa vez, no Rio, próximo à estação de trem da Leopoldina,

    meu amigo, que mora em Niterói, estava num ônibus. De

    repente, passou um trem cruzando a Avenida Francisco Bicalho

    e o ônibus teve que esperar. Sem ter o que fazer fiquei

    contando os vagões do trem. Maior barato; 68 vagões. Contei

    tudinho; não deixei passar um sequer. Quando o trem acabou

    de passar, Tiburcio percebeu que o ônibus estava em silêncio

    total, as pessoas assustadas e o passageiro ao seu lado

    totalmente pálido.

    - O que aconteceu com você? – perguntou meu amigo.

    - Cara, você não percebeu? O ônibus foi assaltado – respondeu

    o passageiro.

    - Ih! Então esqueceram de mim!

    A última história ele chama de clássica; para mim é lírica.

    Estava cansado, com dinheiro no bolso e resolvi pegar um

    frescão para retornar à minha casa. Sentou-se ao meu lado

    um homem de terno, muito elegante e arrumado. No meio do

    caminho, puxou conversa comigo, com um jeito meio carente.

    Disse ser advogado, famoso, mas uma pessoa triste. Seus

    clientes eram bandidos, traficantes, marginais, corruptos. Abriu

    seu coração comigo e chegou a chorar. Contou que tinha medo

    de ser assassinado por um de seus próprios clientes. Durante

    toda a viagem, não me deixou falar um segundo. Antes de sair,

    o advogado quis saber o que seu companheiro de viagem fazia.

    E Tiburcio respondeu: - Eu? Ilustro livros de crianças. Não

    ganho dinheiro, mas sou feliz!

    DOIDÃO CONHECE DOIDÃO

    Paulo Cezar Guimarães

    Um dia, ao chegar para dar aula, numa época em que usava os

    cabelos longos, o professor percebeu que um pequeno grupo

    de alunos fumava um baseado no fundo da sala ainda vazia.

    Disse apenas:

    - Pô! Qual é?

    Um deles respondeu: - Fecha a porta, cara, fecha a porta!

    E ele: - Fecha a porta porra nenhuma: eu sou o professor.

    Um outro gritou: - Ih! O professor. Sujou! E saíram correndo

    porta afora.

    Poucos dias depois, a aula já estava quase no fim e outro aluno

    entrou na sala, esbaforido, suado, rindo muito, com um

    sanduba cheio de catchup em uma mão e um copo de mate na

    outra.

    - Desculpe, professor. É que estava no trabalho e...

    Ao ver os olhos brilhando do rapaz, o professor não conversou:

    - Acho melhor você botar um colírio nesses olhos. E sabemos

    bem o motivo...

    O aluno emendou de bate pronto:

    - Pois é, professor: doidão conhece doidão!

    NA SUÍTE COM O REI

    Paulo Cezar Guimarães

    Tadinho do Silvio Marinho. Oito anos de casamento,

    quatro filhos para criar, não via a hora de passar um dia

    inteiro sozinho com a mulher. E esse dia chegou: seu

    aniversário.

    - Benhê: vamos passar a tarde num motel.

    Deixou as crianças na casa da sogra, pediu folga no jornal,

    pegou o carro emprestado da cunhada, e foram. Para bem

    longe de casa. Num desses motéis que tocam todo o

    repertório do Roberto Carlos e servem drinque para

    recepcionar os casais. A suíte, com nome de música do

    Rei, foi, digamos, escolhida a dedo: Recordações.

    - Essas recordações me matam. E entrou feliz da vida,

    cantarolando, meio desafinado o refrão da música. .

    Tinha reparado que a mulher carregava uma florida bolsa

    grande, pesada. Não perguntou o

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