A interpretação das demonstrações financeiras: O guia clássico de finanças do Investidor Inteligente
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Sobre este e-book
Neste guia prático, Benjamin Graham compartilha a interpretação e a compreensão de demonstrações financeiras de uma empresa. Com conselhos que são tão úteis e importantes hoje quanto em sua primeira publicação, A interpretação das demonstrações financeiras reflete a fundo as ideias de Graham sobre a importância de investir de forma precisa. Líderes e investidores irão aprender a analisar os balanços patrimoniais de uma empresa e as declarações de vencimentos, e a chegar a um verdadeiro entendimento de seu posicionamento no mercado financeiro. Além disso, por meio de testes simples, poderão determinar a saúde financeira e o bem-estar de qualquer empresa. Prático e acessível, este livro de finanças de Graham é essencial para qualquer empresário iniciante ou CEO que deseja fazer uma análise técnica do mercado financeiro.
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A interpretação das demonstrações financeiras - Benjamin Graham
PARTE I
BALANÇOS PATRIMONIAIS E
DEMONSTRAÇÕES DE RESULTADO
CAPÍTULO I
BALANÇOS PATRIMONIAIS EM GERAL
Um balanço patrimonial mostra a situação de uma empresa em um determinado momento. Não existe um balanço que cubra o ano de 1936 por inteiro; ele pode dizer respeito apenas a uma única data, como, por exemplo, 31 de dezembro de 1936. Um único balanço pode dar algumas pistas sobre o passado da empresa, mas isso pode ser estudado de forma mais inteligente apenas nas demonstrações de resultado e por uma comparação de sucessivos balanços.
Um balanço patrimonial procura mostrar quanto uma empresa possui e quanto ela deve. O que ela possui (bens e direitos) é exibido na coluna do ativo; o que ela deve (obrigações) é exibido na coluna do passivo. Os ativos consistem nas propriedades físicas da empresa (bens), no montante que ela detém ou investiu, e no montante que é devido à empresa (direitos). Às vezes constam também ativos intangíveis, como o goodwill, aos quais frequentemente são atribuídos valores arbitrários. A soma desses itens compõe o total de ativos da empresa, apresentado na parte inferior do balanço.
Na coluna do passivo são mostrados não apenas as dívidas da empresa, mas também reservas de vários tipos e o patrimônio líquido ou a participação acionária dos acionistas. As dívidas contraídas no curso normal do negócio constam como contas a pagar. Os empréstimos mais formais são listados como títulos ou notas em circulação. As reservas, como será mostrado mais adiante, podem às vezes ser equivalentes a dívidas, mas frequentemente são de um caráter diferente.
A participação dos acionistas consta na coluna do passivo como patrimônio líquido. Costuma-se dizer que esses itens aparecem como passivos porque representam dinheiro devido pela empresa a seus acionistas. Talvez seja mais apropriado considerar a participação dos acionistas como uma mera representação da diferença entre ativos e passivos, que é colocada na coluna do passivo por conveniência, para equilibrar os dois lados.
Em outras palavras, um balanço patrimonial da seguinte forma:
Na verdade, significa:
O total de ativos e o total de passivos são, portanto, sempre idênticos em um balanço patrimonial, porque o valor do item patrimônio líquido é o valor necessário para equilibrar os dois lados.
CAPÍTULO II
DÉBITO E CRÉDITO
A compreensão das demonstrações financeiras fica mais fácil quando se tem uma breve noção dos métodos de contabilidade nos quais se baseiam. A escrituração, a contabilidade e as demonstrações financeiras são todas baseadas nos conceitos de débito e crédito.
Um lançamento que aumenta uma conta de ativo é chamado de débito ou encargo. De forma análoga, um lançamento que diminui uma conta de passivo também é chamado de débito ou encargo.
Um lançamento que aumenta uma conta de passivo é chamado de crédito. De forma análoga, um lançamento que diminui uma conta de ativo é chamado de crédito.
Uma vez que o capital e as várias formas de lucro são contas de passivo, os lançamentos que aumentam essas contas são chamados de créditos, e os que diminuem essas contas são chamados de débitos.
Os livros contábeis são mantidos pelo chamado método das partidas dobradas
, em que cada lançamento de débito é acompanhado por um lançamento de crédito correspondente. Portanto, os livros são sempre mantidos em equilíbrio, o que significa que o total das contas do ativo sempre é igual ao total das contas do passivo.
As operações corriqueiras de uma empresa envolvem várias contas de receitas e despesas, como vendas, folha de pagamento etc., que não aparecem no balanço patrimonial. Essas contas operacionais ou intermediárias são transferidas (ou encerradas
), ao fim do período, para a demonstração de resultado ou para a demonstração de lucros e perdas (que é o nome dado à conta de resultado que reflete os resultados operacionais, dividendos etc.). Como os lançamentos de receita são equivalentes a adições ao resultado, eles aparecem como contas de crédito ou de passivo. Os lançamentos de despesas, que são equivalentes a deduções no resultado, aparecem como contas de débito ou de ativo.
Um balancete
mostra todas as diversas contas conforme constam nos livros antes que as contas intermediárias ou operacionais sejam encerradas em lucros e perdas. O total de todos os saldos de débito deve ser igual ao total de todos os saldos de crédito.
O estudo de caso simplificado a seguir pode ser útil para ilustrar como as operações de uma empresa são registradas nos livros, refletem-se no balancete e, por fim, são absorvidas pelo balanço patrimonial. (Não se espera que a contabilidade corporativa possa ser tratada adequadamente dentro dos limites desta apresentação. Portanto, o leitor pode desejar substituir ou complementar o material a seguir pela referência a algum livro didático padrão sobre