Apanhadora de palavras

De Nájla Almeida

Apanhadora de palavras, livro de estreia da poeta baiana Nájla Almeida, reúne poemas que trilham caminhos cotidianos, despertando sentimentos, memórias e reflexões à medida que o eu lírico feminino parece recolher palavras como quem apanha retalhos para costurar sua jornada. Essa trajetória expõe desde uma infância com livros e gibis censurados pelo pai até o momento de consciência do envelhecimento e da aproximação inescapável da outra ponta da vida. Nesse processo, são frequentes as observações sobre os seres e as vivências do seu entorno. A poesia está em dias molhados que passam mais devagar, silenciosamente; na casa vazia da solidão; na visão de meninas em sua meninice; na estranheza do outro; na saudade; no próprio poder das palavras. O título da obra metaforiza a própria escritora, que tece versos com muitas nuances autobiográficas e intuitivas. 
 
SOBRE A AUTORA
Nájla Almeida nasceu em 1963, em Vitória da Conquista/BA. Atualmente mora em Senhor do Bonfim/BA. Do gosto pela leitura brotou o gosto pela escrita. É professora de História, dessas pensadoras, fazedoras e sonhadoras, que enxergam coisas muito longe, cujos pensamentos divagam além das beiras do mundo. A escrita é sua expressão aflorada e, nessa atividade cotidiana, tem poemas publicados nos livros Crônicas de um vendedor de sonhos e outras histórias; O sonhador, do escritor jacobinense Márcio Melo; e também nas antologias poéticas Poesia libertadora (Prêmio Absurtos de Poesia 2019) e Cogito Internacional (Vol. V, 2021). E, por último, nasce este primeiro livro individual, fruto de prazimento e alma, num convite ao leitor para conhecer e deleitar-se com os poemas da autora.

• Idioma: Português
• Editora: Absurtos Editora
• Data de lançamento: 21 de jun. de 2022
• ISBN: 9786586410419

Pré-visualização do livro

Palavras e reminiscências

Sou apanhadora de palavras

A costurar daqui e dali

Esperança e saudade

Bem costuradas na esfera

Intuitiva, como algo sublime

Num processo de criação

As palavras costuradas

São confissões poéticas

Sou flor

À flor da pele

Exalo doce perfume

À flor da idade

Pudera! Floresço

Em segredo na alma

Vera!

Castigo

Mala cheia até a tampa

De revistas, gibis, livros

Meu pai desconfiado 

Do tal efeito da leitura

Colocou fogo na mala censurada

Velhice

A vida causou mais idade

No corpo miúdo, encurvado

De maçada e enfado

Do passado a recordar acontecidos de saudades

Não são maiores as recompensas

De antes e depois da idade

Efeito borboleta

Ela não se reconhecia

Lagarta indefesa

Escondida dentro da casca

Para ser borboleta

Ela não estava presa ao espaço

Ziguezagueia ao máximo a jornada

Ferida

A dor sentida