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Coisas Boas Acontecem
Coisas Boas Acontecem
Coisas Boas Acontecem
E-book454 páginas4 horas

Coisas Boas Acontecem

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Sobre este e-book

July, uma órfã que cresceu em um lar para adoção, e não entendia por que sua vida era tão triste. Cresceu sem uma família, sem uma expectativa de um futuro melhor. Cresceu sem conhecer o amor, tinha uma vida sem graça e sem esperança. Até que um dia, conhece Mike, um garoto esperto e inteligente, com um passado oculto. Duas pessoas diferentes, duas histórias, duas vidas que tinha tudo para serem dois destinos opostos, tinham tudo para nunca terem se encontrado, ou será que já eram para terem se conhecido há muito tempo atrás? Por que a vida daria tantas voltas para colocar July e Mike um em frente ao outro? Entre por esse caminho de emoções, e conheça a linda história de Julyene e Michael, duas pessoas lindas que o destino uniu, e tiveram suas vidas viradas de cabeça para baixo, com uma mistura de drama, suspense e uma leve mistério, mas envolvida com muito amor, pois coisas boas acontecem sempre, para quem acredita!
IdiomaPortuguês
Data de lançamento3 de jul. de 2022
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    Coisas Boas Acontecem - Ellie August

    1

    Coisas boas

    acontecem...

    Por: Ellie August

    2

    Título original

    COISAS BOAS ACONTECEM

    Primeira publicação em

    Vila Velha, Espírito Santo, Brasil

    2022

    1ª Edição

    Copyright©2022, Ellie August

    Todos os direitos estão reservados à autora.

    Este livro foi revisado segundo o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.

    ellieaugustt@gmail.com

    C173c Camargo, Elaine - 1980

    Coisas boas acontecem / Ellie August (A923c) — 1. ed. —

    Vila Velha - ES : Ed. do Autor. 2022.

    ISBN nº978-65-00-47450-3

    1. Drama. 2. Romance.

    I. Título. CDD: B869.3

    CDU: 82-3/49

    3

    DEDICATÓRIA

    Nessa pequena obra, realizo o sonho de escrever, não apenas por escrever, mas para contar uma história que encha nossos corações de esperança. Uma história que no cotidiano não é nada normal, mas que assim como na vida real, é necessário se manter sempre firme e com fé de que coisas boas um dia aconteçam em nossas vidas.

    Antes de tudo, o consagro à Deus, porque Dele, por Ele e para Ele são todas as coisas, e se não fosse de tua vontade, eu não teria o talento de colocar minha imaginação em palavras.

    Por essa razão, dedico inteiramente à minha mãe Eliza, que acompanhou cada palavra e vibrava com cada novo capítulo e à minha amada filha, Yndra, que me incentivou e inspirou à publicar, pois escrever era apenas um hobby.

    Obrigada à cada um, que lendo, estará acreditando em mim, pois eu nunca duvidei que coisas boas acontecem!

    4

    5

    SINOPSE

    July, uma órfã que cresceu em um lar para adoção, e não entendia por que sua vida era tão triste. Cresceu sem uma família, sem uma expectativa de um futuro melhor.

    Cresceu sem conhecer o amor, onde tudo que conhecia era o que havia lido nos livros. Uma vida sem graça e sem esperança.

    Cansada daquela triste vida, um dia toma a decisão de fugir daquele lugar, fugir daquela vida e mal sabia ela que o que encontraria nas ruas, poderia seria muito pior do que havia vivido até ali, mas encontraria também algo que estava dentro do lar o tempo todo, sua vida, sua identidade, seu amor próprio, sua esperança, a verdade e o amor!

    Mike, um garoto esperto e inteligente, com um passado oculto, encontra pelo caminho July, a garota mais esperta que ele já havia conhecido.

    Duas pessoas diferentes, duas histórias, duas vidas que tinha tudo para serem dois destinos opostos, tinham tudo para nunca terem se conhecido, ou será que já eram para terem se conhecido há muito tempo atrás?

    A vida qque havia sido preparada para eles, lhes foram tiradas por alguém com muita ambição.

    Então por que o destino os uniu? O que eles têm em comum?

    Por que a vida daria tantas voltas para colocar July e Mike um em frente ao outro?

    Entre por esse caminho de emoções, e conheça a linda história de Julyene e Michael, duas pessoas lindas que o destino uniu, e tiveram suas vidas viradas de cabeça para baixo, com uma mistura de drama, suspense e uma leve mistério, mas envolvida com muito amor, pois coisas boas acontecem sempre, para quem acredita!

    6

    7

    Sumário

    Capítulo 1 - Sem esperanças ............................................................................................................... 10

    Capítulo 2 – Um plano e uma nova vida ........................................................................................ 18

    Capítulo 3 - Uma garota forte e corajosa ...................................................................................... 25

    Capítulo 4 – Algumas verdades ......................................................................................................... 41

    Capítulo 5 - A grande surpresa .......................................................................................................... 55

    Capítulo 6 - Ponto de vista de Mike ................................................................................................. 65

    Capítulo 7 - Mike volta para casa ...................................................................................................... 69

    Capítulo 8 - Família Cooper ................................................................................................................. 71

    Capítulo 9 - Senhorita Lee .................................................................................................................... 75

    Capítulo 10 - Peter ................................................................................................................................... 83

    Capítulo 11 - Uma decisão muda tudo ........................................................................................... 86

    Capítulo 12 - Atitude extrema ............................................................................................................ 95

    Capítulo 13 - Um encontro inesperado .......................................................................................... 99

    Capítulo 14 - Próximo passo .............................................................................................................104

    Capítulo 15 - Uma amizade leal .......................................................................................................107

    Capítulo 16 - Tão próximos e tão distantes ...............................................................................115

    Capítulo 17 - Uma pista ou uma lembrança? ............................................................................125

    Capítulo 18 - Albertina ........................................................................................................................139

    Capítulo 19 - Algo está muito errado ............................................................................................143

    Capítulo 20 – Paul, o homem forte e corpulento .....................................................................171

    Capítulo 21 - Quem é July? .................................................................................................................191

    Capítulo 22 - O fim está próximo ....................................................................................................202

    Capítulo 23 - O reencontro ................................................................................................................217

    Capítulo 24 – Finalmente a verdade .............................................................................................235

    Capítulo 25 - Tristeza e alegria ........................................................................................................246

    Capítulo Final ...........................................................................................................................................262

    8

    9

    Capítulo 1 - Sem esperanças A vida nunca foi fácil para July, ela tinha 10 anos quando foi morar no Lar Esperanto.

    Tão pequena e já havia passado por algumas situações que nenhuma criança merecia passar. Mas ela teve a sorte de conhecer a tia Lee, que ensinou a ela que tudo daria certo se ela fosse uma boa menina.

    — Uma menina de lindos olhos negros, como jabuticabas, não deve se comportar mal ! — Era o que ela sempre dizia quando percebia que a pequena garota estava calada em algum canto.

    Lee era uma daquelas pessoas que você tem certeza que não encontrará outra igual em qualquer lugar do mundo, pois ela era única, além de carinhosa, ela era amiga e fazia qualquer um acreditar no amanhã. Era a dona do melhor abraço do mundo, aquele que dá vontade de ficar e nunca mais sair. Aquele abraço quente que te faz sentir que nada de ruim irá acontecer, o verdadeiro abraço de mãe.

    Embora July estivesse triste e não conseguisse parar de chorar, tia Lee foi a única pessoa que ela permitiu que se aproximasse, após a morte de sua mãe.

    Ela chegou com sua mochila, poucas coisas que sobraram de um lar cheio de vida e alegria, apenas algumas peças de roupas.

    Mas toda sua história cabia ali dentro. Além das lembranças e memórias que trazia em seu coração: Lembranças de como corria e pulava no colo de sua mãezinha, mal sabia ela que a pequena July se sentia como se estivesse no melhor parque de diversões do mundo, como se aquele lugar a levasse à paisagem mais bela que ela poderia imaginar, mas era apenas o colo de sua amada mãe, o lugar mais seguro e que a deixava tão feliz, mas que nunca mais poderia sentir.

    Em seus últimos dias, já não podia mais correr e pular para 10

    sua mãe, pois ela tinha que levar a comida para ela na cama, e ficava o tempo todo ao seu lado, isso já era o suficiente para se perder em lembranças, apenas por sentir o seu perfume e acariciar seus cabelos, que aos poucos perderam o brilho e o volume, até que viu os últimos fios caindo, e no lugar do seus lindos cachos, restava apenas um lenço que levou consigo durante toda a vida.

    Ele também estava na mala, junto com a bonequinha de pano, que ganhou de seu pai antes dele dar aquele último beijo dizendo que a amava.

    Enfim a pequena Any, ainda estava com aquele cheiro de loção que July amava quando ele saía do banho e ia brincar com ela. July evitava pegá-la para que o cheiro durasse mais tempo, tentava apenas dar um beijinho, como se ele estivesse ali lhe dizendo boa noite pequena, como ele sempre fazia. E foi apenas com essas coisas na mochila, que chegou no lar Esperanto.

    Sempre triste, de cabeça baixa, não queria falar com ninguém, não queria ver ninguém, não desgrudava da mochila, afinal ali estava o seu mundo. Mas mesmo sabendo de tudo que a pequena July já havia passado, que com muito jeitinho tia Lee se aproximou e mostrou que o mundo era imenso, a fez descobrir o mundo através da leitura, da música e de muitas horas de conversas, onde Lee dividia com ela sua vida.

    Todos os dias a pequena menina folheava um livro diferente e conhecia um mundo novo. Ela crescia e se tornava cada vez mais independente.

    Tia Lee apresentou à ela uma forma de sair do seu mundinho. July viveu lindos momentos ao lado de Lee, mas eram os momentos no jardim que ela mais gostava, pois era um tempo só delas, que a fazia se sentir especial, foi onde Lee a tinha as conversas mais carinhosas e a ensinava sobre a vida:

    —" Minha July, está vendo esse pequeno botão de rosa?

    Você se parece com ele. Hoje é pequeno e indefeso, mas amanhã irá desabrochar e se transformará numa linda Rosa!

    Foi ela que a ensinou sobre o amor, e contava suas histórias 11

    românticas, de como ela se apaixonou pelo homem mais lindo e mais romântico do mundo. Era ali que elas faziam planos para o futuro. Ela era tão feliz que contagiava a todos com sua alegria, nunca permitia que nenhuma criança ficasse triste ou solitária.

    Porém para July nem sempre a vida era só flores, os espinhos eram dolorosos e numa noite muito chuvosa, tudo mudou, e novamente seu mundo de conto de fadas desabou. Sua vida novamente ficou triste e sem cor.

    Em seu quarto, após comer os seus biscoitos preferidos com um copo de leite, que Lee sempre trazia antes de lhe dar um beijo de boa noite, tudo desmoronou, e July sentiu sua vida escorrendo por suas pequenas mãos.

    Enquanto as outras crianças dormiam, ela lia um livro e ouvia a chuva cair lá fora, quando de repente um barulho lhe tirou a atenção do livro que lia, as outras meninas continuavam dormindo mas ela resolveu ver o que poderia ser. Desceu as escadas e foi em direção onde pensou que vinha o barulho .

    Descendo as escada próximo à sala da diretoria, ouviu vozes, olhou pela fresta da porta lateral e a viu de joelhos, chorando muito, um homem alto e forte estava em pé à sua frente e perguntava sobre algo que ela não entendia, mas podia ouvir a voz trêmula de Lee:

    Não está comigo, por favor vá embora, você vai assustar as crianças…

    Mas ela mal pôde terminar de falar e ele a sacudiu, fazendo com que ela caísse e batesse a cabeça muito forte, nesse instante, July quis gritar, mas colocou a mão na boca e se segurou, tudo estava girando, escorregou pela parede e ficou ali toda encolhida, por alguns minutos ficou tentando se levantar, queria correr para os braços de tia Lee, mas não conseguia se mexer. Quando ouviu aquele homem saindo, correu para perto da tia Lee e sua respiração era muito fraca, havia muito sangue em seu jaleco azul, chamou seu nome muitas vezes, e bateu em seu peito para que ela acordasse e se levantasse , a pequena só queria que ela abrisse 12

    os olhos e lhe dissesse que estava tudo bem:

    — Tia Lee, acorda, acorda tia Lee, está muito frio aqui, levanta, vamos tirar esse avental, está todo sujo veja!"

    Mas Lee mal conseguia respirar e sussurrando lhe disse:

    — "Minha pequena July, preste atenção,

    — "Tia Lee, levanta, vamos…

    — July, me escute!

    — Não, tia Lee, por favor levanta..

    — July, me escute, você tem que ser forte, eu preciso de você, presta atenção no que vou te falar!

    — Não, tia! não quero ser forte, quero que você levante...

    — "Oh minha pequena, eu sei que está assustada, mas eu não consigo falar mais, agora me escuta: July, isso que aconteceu é algo muito perigoso para você e as outras crianças, eu não estarei mais aqui para protegê-las, eu sei que você ainda é muito criança para entender o que está acontecendo, mas você é muito inteligente para sua idade e um dia vai entender, por isso vou confiar em Deus e sei que ele fará com que você saiba o que fazer na hora certa,

    — Tia, eu não estou entendendo, o que tenho que fazer?

    — July, sabe aquela bonequinha que ganhei do meu esposo?

    — Sei tia, a sua preferida, aquela que fica na sala de tv e que você nunca deixa a gente colocar a mão,

    — Sim minha linda, essa mesma, eu preciso que você a guarde muito bem guardada, e assim saberá que eu estarei sempre com você, o que acha? Mas não deve contar a ninguém, coloque em sua mochila junto com suas coisas especiais, e saiba que estarei sempre ao seu lado, te protegendo, junto com sua mamãe ok?

    — Ok, tia, eu vou guardar, mas por favor não me deixe.

    — July, você é uma menina muito corajosa, um dia você saberá o que deve fazer com a boneca, mas eu te peço, por favor cuide dela, porque ela é especial pra mim, assim como você também é, tudo bem? Me promete?

    13

    — Prometo cuidar dela, nunca vou desgrudar dela!

    — Isso mesmo meu amor, eu sei que você irá crescer, e ficará bem, nunca esqueça de que mesmo que você enfrente situações difíceis, não perca as esperanças, acredite, você vencerá cada uma delas, porque você é forte e corajosa viu? E eu amo muito você..

    — Eu também te amo tia! - mal terminou a frase e viu que Lee fechou os olhos, segurando sua mãozinha, que ao abrir, lá estava o anel de casamento dela.

    Um trovão muito forte soou lá fora, July se assustou e saiu correndo. Ela não sabia o que fazer, foi até a sala de tv, pegou a bonequinha de porcelana e subiu correndo para o quarto.

    As outras meninas ainda dormiam, como se nada tivesse acontecido, então guardou sua bonequinha em meio às suas coisas na mochila, e tinha certeza que Lee estaria sempre ao seu lado.

    Deitou, chorando inconsolavelmente e pelo cansaço, adormeceu segurando o anel.

    Na manhã seguinte, acordou com muita gritaria, as meninas corriam de um lado para outro, e a sacudiam pelo braço e a mandavam levantar, acordou meio atordoada e desceu a escada.

    Lá embaixo uma multidão de pessoas, entre eles estavam policiais e os funcionários do lar, viu também a ambulância, e então tudo lhe veio à mente, lembrou-se que não era um pesadelo, que tudo havia acontecido de verdade, e tia Lee havia morrido naquela madrugada, de repente ficou uma escuridão por alguns minutos, e alguém a pegou no colo e a levou de volta ao quarto:

    — Oh July, você está bem? Acorda fia!!

    Quando acordou, era tia Marie, a cozinheira do lar, e um policial ao lado dela dizia:

    — Ela deve estar em choque, vou chamar o paramédico!

    — Estou bem! O que aconteceu?

    Tia Marie respondeu:

    — Fia, algo muito triste aconteceu, a tia Lee nos deixou, ela passou mal a noite, deve ter desmaiado e batido com a cabeça e 14

    se foi! — "Ahn??? como assim desmaiou? Não! Ela foi assassinada, isso não saía da sua mente, ela foi assassinada, mas ela não conseguia gritar, a voz não saía pela sua boca..

    Um paramédico chegou e a medicou. Ela queria gritar, falar para alguém o que houve, mas não conseguia. Quando todos saíram, July ficou pensando em tia Lee e adormeceu.

    No dia seguinte ao acordar, percebeu que ainda havia uma grande movimentação, assim que desceu, viu tia Marie, que logo a abraçou e lhe contou que todos estavam chegando para o velório, e que a tia Lee seria enterrada no jardim, onde todos do lar iriam homenageá-la:

    Marie, aquela senhora amável e cuidadosa disse:

    — July, as coisas sempre ficam bem para quem se comporta bem na vida, não fique triste com o que aconteceu com a Lee, ela está lá no céu com sua mãezinha, cuidando de você viu!"

    Naquele momento, July concordou com a cabeça e prometeu que seria uma boa menina, como ela havia aprendido.

    Durante o dia, todos ficaram sentados, tristes e sem ânimo para conversar, o dia foi cansativo, pessoas de um lado para outro, muitas pessoas de preto, falando baixinho. Marie passava o tempo todo levando garrafas de café e lanche toda hora na sala de estar, onde July notou que estava o corpo de Lee, em um caixão branco, rodeado de flores, ela era muito querida, muita gente ao redor chorava.

    July queria estar perto dela, queria poder vê-la pela última vez, sem aquela última imagem na mente. Foi ao banheiro, e na volta ao passar pelo quarto de Lee, ouviu vozes, a porta estava entreaberta e ela devagarzinho olhou para saber quem estava lá, assim que conseguiu se ajeitar, sem ser notada, levou um susto e suas pernas amoleceram, mas aguentou firme, porque precisava entender o que estava acontecendo.

    Ela reconheceu quem era aquele homem, era o mesmo da noite anterior, mas o que ele estava fazendo ali? O que ele queria?

    15

    Como poderia estar ali depois do que fez? E quem era aquela mulher ao seu lado? Muitas perguntas passavam pela sua mente, mas decidiu esperar, encostou o ouvido na porta e prestou atenção no que diziam:

    Como assim você não achou nada? Não conseguiu descobrir onde ela o escondeu? Eu disse que era apenas um susto, não precisava matá-la!

    — "Desculpe, não tive outra escolha, ela iria gritar e acordar todo mundo, as coisas poderiam piorar, se alguém nos visse e chamassem a polícia?

    — Está certo, mas e agora como vamos descobrir onde ela guardou? Eu preciso encontrar, isso pode nos complicar, e o pior eu posso ir para prisão!

    Foi tudo o que ela ouviu de uma mulher muito elegante, mas de costas não podia ver o rosto, apenas de perfil notou que usava óculos, observou seus gestos marcantes e memorizou.

    — Ok, eu entendi, voltarei outra noite, irei revirar tudo, fingirei um assalto.

    — Não! É muito cedo, poderiam suspeitar, espere mais uns dias. Aqui no quarto não está, eu já revirei tudo e não encontrei, terá que procurar pela casa, em algum lugar ela escondeu.

    Ninguém pode perceber nada. Vamos!

    July saiu de lá muito rápido e quase sem fôlego chegou na sala onde estavam todos os outros, ela não podia se conter, ela não acreditava no que tinha ouvido, quem era aquela mulher? E o que eles estavam procurando?

    O sol já estava se pondo quando os tutores do lar organizaram as crianças em uma fila com uma rosa branca nas mãos e July passou ao lado do caixão e deu uma última olhada naquela que foi como uma segunda mãe naqueles últimos anos.

    Ali se despedia da tia Lee, parada e olhando-a sem piscar, em sua mente vinham suas últimas palavras:

    —"Eu sei que você logo irá crescer, e um dia vai entender tudo isso, mas sei que ficará bem, você enfrentará situações 16

    difíceis, mas acredite irá vencer cada uma delas, porque você é forte e corajosa viu?

    Naquela noite, não conseguia pensar em outra coisa, e em voz baixa entre uma lágrima e outra, repetia para si mesma:

    — "Te prometo tia, eu vou descobrir por que eles fizeram isso com você, vou descobrir quem é aquela mulher, com certeza ela tem algo haver com tudo isso!

    17

    Capítulo 2 – Um plano e uma nova vida

    Alguns anos se passaram, e July já não era mais a mesma garotinha. Muitas coisas aconteceram desde então. As coisas no lar mudaram muito desde a morte de Lee.

    Suas amigas foram adotadas, alguns funcionários foram embora, o jardim onde ela havia vivido tantos momentos de alegria com tia Lee, havia se limitado à um pequeno espaço próximo à fonte, e onde ficava o mausoléu havia algumas flores ao redor, onde estava enterrada a querida tia Lee, cuja lembrança se esvai dia a dia. O lar já não era mais um lar, era apenas um lugar estranho, cheio de pessoas estranhas. A cada dia, a tristeza invadia seu coração, e a cada ano, sua vida era um ano a menos, pois só tinha uma coisa que ela desejava, não viver mais, não via motivos para comemorar seus anos de vida, por isso seus pensamentos dia após dia era como fugiria daquele lugar.

    Muitos funcionários entravam e saíam, a rotina nunca era a mesma, então ela se pôs a observar. Dia e noite observava as pessoas, os horários, o portão, entrada e saída de cada um.

    Enquanto os dias passavam, armou uma estratégia de fuga, e havia decidido que independentemente do que acontecesse, ela seria corajosa, e iria lutar pela vida, fora daquele lugar.

    Numa manhã fria, a rotina corria normalmente, até que o professor de artes recebeu uma ligação e saiu às pressas, os alunos estavam no atelier, July aguardou alguns minutos, esperando que alguém aparecesse para substituí-lo, mas não aconteceu.

    Seu coração batia de forma descompassada, ela sentiu que era aquele o momento que precisava.

    Correu para seu quarto, pegou suas poucas coisas, e desceu as escadas com máximo de atenção, porém com a respiração ofegante, parecia que tinha corrido uma maratona, sentia que a 18

    qualquer momento seu coração poderia sair pela boca, chegou até a porta dos fundos, sem que ninguém a visse, já podia sentir que estava a um passo da liberdade.

    Aguardando o melhor momento para correr até o portão, de repente ele se abriu e uma caminhonete de verduras entrou, era seu Orlando trazendo as compras, ela percebeu que aquele era o momento perfeito, e seria daquela forma que passaria pelo portão sem que ninguém notasse. Se escondeu na despensa e esperou seu Orlando descer as caixas, e assim que ele começou a carregar para a cozinha, ela correu até a caminhonete e deu um jeito de se esconder debaixo de uma lona no canto junto com umas caixas vazias.

    Ali embaixo, a única coisa que ela pensava era em como iria sobreviver longe dali, um turbilhão de pensamentos e sentimentos a envolviam, que quase a sufocava. Passou alguns minutos com o coração parecendo que ia sair em cada respiração, quando a caminhonete começou a andar, e então ela se acalmou, naquele momento sabia que era só esperar, porque ela só precisava da liberdade para conquistar o mundo.

    Não sabia por quanto tempo a caminhonete havia andado, mas sabia que já estava fora do Lar. Ergueu a lona e sentiu o vento em seus cabelos, olhou para o lado e viu uma caixa de maçã, pegou algumas e guardou na mochila, afinal não tinha dinheiro e não estava preparada para viver na rua. Ficou observando a estrada que estavam passando, não conhecia nada, pois nunca havia saído do lar.

    Já era quase noite, percebeu que estavam se aproximando de outra cidade, assim que ele reduziu para passar em uns buracos, ela pulou, quase se espatifando no chão, ralou joelhos e cotovelos, mas estava viva, iria encontrar um lugar para passar aquela noite, depois pensava no que faria na manhã seguinte.

    19

    Pensava enquanto caminhava sem direção, então chegou próximo a uma ponte, notou algumas

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