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A extraordinária jornada de Edward Tulane
A extraordinária jornada de Edward Tulane
A extraordinária jornada de Edward Tulane
E-book124 páginas53 minutos

A extraordinária jornada de Edward Tulane

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Sobre este e-book

Era uma vez uma casa na rua Egito, onde morava um coelho chamado Edward Tulane. O coelho era muito feliz: pertencia a uma menina chamada Abilene, que o tratava com o maior cuidado e o adorava. Mas um dia o coelho se perdeu e foi obrigado a viajar, das profundezas do oceano até a rede de um pescador, do topo de um monte de lixo até a fogueira de um acampamento de mendigos, da cama de uma criança doente até as ruas de Mênfis. Nessa aventura extraordinária, Edward aprendeu a amar, sofreu perdas e voltou a amar.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento20 de mai. de 2022
ISBN9788546902842
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A extraordinária jornada de Edward Tulane - Kate DiCamillo

Capítulo Um

CERTA VEZ, NUMA CASA NA RUA EGITO, morava um coelho todo de porcelana. Ele tinha braços e pernas de porcelana, patas e cabeça de porcelana, torso e nariz de porcelana. Seus braços e pernas eram articulados e presos por arame, de modo que os cotovelos e os joelhos pudessem ser dobrados, dando-lhe mais liberdade de movimento.

As orelhas eram de pele de coelho de verdade, e sob a pele havia arames fortes e flexíveis, que permitiam que as orelhas fossem colocadas em posições que refletissem seu humor agitado, cansado, entediado. O rabo também era de pele de coelho de verdade e era fofo, macio e bem-feito.

O nome do coelho era Edward Tulane, e ele era alto. Tinha quase um metro da ponta das orelhas à ponta dos pés; os olhos eram pintados de um azul penetrante e inteligente.

No todo, Edward Tulane se achava um tipo excepcional. Apenas os bigodes davam margem a dúvidas. Eram longos e elegantes (como deveriam ser), mas de origem incerta. Edward tinha a forte sensação de que não eram bigodes de coelho. A quem os bigodes tinham pertencido inicialmente – a que animal repugnante – era uma pergunta na qual Edward não conseguia pensar por muito tempo. Então ele não pensava. Geralmente preferia não ter pensamentos desagradáveis.

A dona de Edward era uma menina de dez anos, de cabelos escuros, chamada Abilene Tulane, que tinha por Edward quase tanta admiração quanto ele tinha por si mesmo. Toda manhã, depois de se arrumar para a escola, Abilene arrumava Edward.

O coelho de porcelana possuía um extraordinário guarda-roupa composto de ternos de seda feitos a mão, sapatos feitos sob encomenda, do mais fino couro, e desenhados especificamente para seus pés de coelho, e uma enorme coleção de chapéus com furos para encaixar suas orelhas longas e expressivas. Cada par de suas calças bem talhadas tinha um bolsinho para seu relógio de ouro. Todas as manhãs Abilene dava corda no relógio de bolso.

– Pronto, Edward – ela disse, depois de dar corda no relógio –, quando o ponteiro grande estiver no doze e o pequeno no três, estarei de volta.

Ela pôs Edward numa cadeira da sala de jantar, colocando a cadeira de modo que ele pudesse olhar pela janela e ver o caminho que levava à porta da frente dos Tulane. Abilene equilibrou o relógio na perna esquerda do coelho. Beijou-lhe as pontas das orelhas e foi embora, e Edward passou o dia olhando para a rua Egito, ouvindo o tique-taque do relógio e esperando.

De todas as estações do ano, o coelho preferia o inverno, pois então o sol se punha cedo e as janelas da sala de jantar escureciam e Edward podia ver seu próprio reflexo no vidro. E que reflexo! Que silhueta elegante! Edward não parava de admirar sua própria beleza.

À noite, Edward se sentava à mesa da sala de jantar com os outros membros da família Tulane: Abilene, sua mãe e seu pai, e a avó de Abilene, que se chamava Pellegrina. É verdade que as orelhas de Edward mal apareciam por cima do tampo da mesa, e também é verdade que ele passava a refeição toda olhando para a frente, apenas para o branco brilhante e ofuscante da toalha de mesa. Mas ele ficava ali, um coelho à mesa.

Os pais de Abilene achavam encantador Abilene imaginar que Edward fosse real e às vezes pedir que uma frase ou história fosse repetida porque Edward não tinha ouvido.

– Papai – Abilene dizia –, acho que Edward não entendeu a última parte.

O pai de Abilene então se voltava para as orelhas de Edward e falava devagar, repetindo para o coelho de porcelana o que tinha acabado de dizer. Edward fingia ouvir, para agradar a Abilene. Mas, na verdade, não estava muito interessado no que as pessoas tinham a dizer. E também não ligava para os pais de Abilene e para a maneira condescendente com que o tratavam. Todos os adultos, de fato, eram condescendentes com ele.

Apenas a avó de Abilene falava com ele do mesmo modo que Abilene, de igual para igual. Pellegrina era muito velha. Tinha um nariz grande, fino e brilhante, olhos pretos que cintilavam como estrelas negras. Pellegrina era a responsável pela existência de Edward. Ela tinha mandado fazer o coelho, encomendado suas roupas de seda e seu relógio de bolso, seus chapéus vistosos e suas orelhas flexíveis, seus finos sapatos de couro e seus braços e pernas articulados, tudo obra de um mestre artesão da França, sua terra natal. Pellegrina o dera de presente a Abilene no seu aniversário de sete anos.

E era Pellegrina que vinha toda noite colocar Abilene e Edward para dormir, cada um em sua cama.

– Conte-nos uma história, Pellegrina! – Abilene pedia para a avó toda noite.

– Esta noite não, mocinha – dizia Pellegrina.

– Quando? – Abilene perguntava. – Que noite?

– Logo – dizia Pellegrina. – Logo, vai haver uma história.

E então ela apagava a luz, e Edward e Abilene ficavam na escuridão do quarto.

– Gosto muito de você, Edward – Abilene

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