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Contos de Grimm (Coleção Completa - 200+ Contos): Rapunzel, Hansel e Gretel, Cinderela, O Pequeno Polegar, Branca de Neve...
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Contos de Grimm (Coleção Completa - 200+ Contos): Rapunzel, Hansel e Gretel, Cinderela, O Pequeno Polegar, Branca de Neve...
E-book1.127 páginas17 horas

Contos de Grimm (Coleção Completa - 200+ Contos): Rapunzel, Hansel e Gretel, Cinderela, O Pequeno Polegar, Branca de Neve...

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Sobre este e-book

O rei sapo ou Henrique de ferro
Gato e rato em companhia
A protegida de Maria
A história do jovem em busca de saber o que é o medo
O Lobo e os Sete Cabritinhos
O fiel João
A boa troca
O músico maravilhoso
Os doze irmãos 
O bando de maltrapilhos
Irmãozinho e Irmãzinha
Rapunzel
Os três homenzinhos na floresta
As três fiandeiras
João e Maria
As Três Folhas da Serpente
A serpente branca
Carvão, palha e feijão
O pescador e sua mulher
O alfaiatezinho valente
Cinderela ou A gata borralheira
O enigma
O rato, o pássaro e a salsicha
Dona Ola
Os sete corvos
Capuchinho Vermelho
Os músicos de Bremen
O osso cantador
Os Três Cabelos de Ouro do Diabo
Piolho e pulga
A donzela sem mãos
João, o finório
As três linguagens
Elza-esperta
O alfaiate no céu
A mesa, o burro e o cacete
O Pequeno Polegar
O casamento de Dona Raposa
Histórias de anões
A noiva do bandido
O senhor Korbes
O senhor compadre
Dona Trude
A Madrinha Morte
As viagens de Pequeno Polegar
O pássaro emplumado
O junípero
O velho sultão
Os seis cisnes
A bela adormecida
Ave-achado
Rei Barba-de-Melro
Branca de Neve
A mochila, o chapeuzinho e a corneta
O anão saltador
O querido Rolando
O pássaro de ouro
O cão e o pardal
Frederico e Catarina
Os dois irmãos
O pequeno camponês
A rainha das abelhas
João Bobo e as três plumas
O ganso de ouro
Todos-os-tipos-de-pele ou Pele-de-bicho
A noiva do coelho
Os doze caçadores
O ladrão e seu mestre
Jorinda e Joringel
Os três irmãos afortunados
Seis atravessam o mundo inteiro
O lobo e o homem
O lobo e a raposa
A raposa e a comadre
A raposa e o gato
O cravo
Gretel, a esperta
O avô e o netinho
A ondina
A morte da franguinha
As aventuras do Irmão Folgazão
João Jogatudo
João felizardo
O casamento de João
Os meninos dourados
A raposa e os gansos
O pobre e o rico
Uma andorinha que canta e pula
A pastorinha de gansos
O jovem gigante
O gnomo
O rei da montanha de ouro
O corvo
A esperta filha do camponês
O velho Hildebrand
Os três passarinhos
A água da vida
O doutor Sabetudo
O gênio da garrafa
O fuliginoso irmão do diabo
Pele de urso
O urso e a carruíra
O mingau doce
Os espertalhões
Contos de rãs
O pobre aprendiz de moleiro e a gatinha
Os dois viajantes
João-Ouriço
A mortalha do menino
O judeu no meio dos espinhos
O caçador habilidoso
O mangual do céu
O príncipe e a princesa
O alfaiatezinho esperto
A luz do sol há de espantar a escuridão
A lâmpada azul
A criança teimosa
Os três cirurgiões
Os sete suábios
Os três artesãos
O príncipe sem medo
As verduras maravilhosas
A velha do bosque
Os três irmãos
O diabo e sua avó
Fernando fiel e Fernando infiel
O fogão de ferro
A fiandeira preguiçosa
Os quatro irmãos habilidosos
Um-olhinho, Dois-olhinhos e Três-olhinhos
A bela Catarina e Poldo Pif-Paf
A raposa e o cavalo
Os sapatos estragados na dança
Os seis criados
A noiva branca e a noiva preta
João-de-Ferro
As três princesas negras
Nicolau e seus três filhos
A donzela de Brakel
Os empregados da família
O cordeirinho e o peixinho
Monte Simeli
O vagamundo
O burrinho
O filho ingrato
O nabo
O velho que voltou a ser jovem
Os animais de Deus e os do diabo
O poleiro
A velha mendiga
Os três preguiçosos / Os doze criados preguiçosos
O pastorzinho
As moedas-estrelas
As moedas roubadas
A escolha da noiva
A desperdiçada
O pardal e seus quatro filhotes
No país do arco-da-velha
Uma porção de mentiras juntas
Adivinhação
Branca de Neve e Rosa Vermelha 
O criado esperto
O esquife de vidro
Henrique, o preguiçoso
O pássaro grifo
João, o destemido
O camponesinho no céu
A magra Elisa
A casa do bosque
Compartilhando alegrias e tristezas
A carruíra (rei da cerca)
A solha
A pega e o alcaravão
A coruja
A lua
A duração da vida
Os mensageiros da morte
Mestre Remendão
...
IdiomaPortuguês
Data de lançamento23 de set. de 2018
ISBN9782291045823
Contos de Grimm (Coleção Completa - 200+ Contos): Rapunzel, Hansel e Gretel, Cinderela, O Pequeno Polegar, Branca de Neve...

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    Contos de Grimm (Coleção Completa - 200+ Contos) - Irmãos Grimm

    aveleira

    1

    O Rei Sapo ou Henrique de Ferro

    Em muitos tempos remotos, quando ainda os desejos podiam ser realizados, houve um Rei cujas filhas eram muito bonitas. A caçula, sobretudo, era tão linda que até o sol, que já vira tantas e tantas coisas, extasiava-se quando projetava os raios naquele semblante encantador. Perto do castelo do Rei, havia uma floresta sombreada e, na floresta, uma frondosa tília, à sombra da qual existia uma fonte de águas cristalinas. Nos dias em que o calor se fazia sentir mais intenso, a princesinha refugiava-se nesse recanto e, sentada à margem da fonte, distraía-se brincando com uma bola de ouro, que atirava ao ar e apanhava agilmente entre as mãos; era o seu jogo predileto.

    Certo dia, porém, quando assim se divertia, a bola fugiu-lhes das mãos, rolando para dentro da água. A princesa, desapontada, seguiu-lhe a evolução, mas a bola sumiu na água da fonte, que era tão profunda que não se lhe via o fundo. Desatou, então, a chorar inconsolavelmente . E, eis que, em meio dos lamentos, ouviu uma voz perguntar-lhe:

    - Que tens, linda princesinha? Qual a razão desse pranto desolado, que comove até as pedras?

    Ela olhou para todos os lados a fim de descobrir de onde provinha essa voz e deparou com um sapo, que estendia para fora da água a disforme cabeça.

    - Ah! És tu, velho patinhador? - disse a princesa. - Estou chorando porque perdi minha bola de ouro, que desapareceu dentro da água.

    - Ora, não chores mais! - volveu o sapo. - Vou ajudar-te a recuperá-la. Mas que me darás em troca, se eu trouxer tua bola?

    - Tudo o que quiseres, bondoso sapo. Eu te darei meus vestidos, minhas pérolas e minhas joias preciosas: até mesmo a coroa de ouro que tenho na cabeça, - respondeu alvoroçada a princesa.

    - Nada disso eu quero; nem teus vestidos, nem tuas joias, nem tampouco tua coroa de ouro. Outra coisa quero de ti. Quero que me queiras bem, que me permitas ser teu amigo e companheiro de folguedos. Quero que me deixes sentar contigo à mesa e comer no teu pratinho de ouro e beber no teu copinho. À noite me deitarás junto de ti, na tua caminha. Se me prometeres isto tudo. descerei ao fundo da fonte e trar-te-ei a bola de ouro, - propôs o sapo.

    - Oh! sim, sim! - retorquia ela; - prometo tudo o que quiseres, contando que me tragas a bola.

    Pensava, porém, de si para si: "O que e que está pretendendo este sapo tolo, que vive na agua coaxando

    com os seus iguais? Jamais poderá ser o companheiro de uma criatura humana!"

    Confiando, pois, na promessa que lhe fora feita, o sapo mergulhou, reaparecendo, daí a pouco, com a bola de ouro, que atirou delicadamente ao gramado. A princesinha, radiante de alegria por ter recuperado o lindo brinquedo, agarrou-o e deitou a correr para casa.

    - Espera! Espera! - gritava o pobre sapo; - leva- me contigo, pois não posso correr como tu!

    De nada lhe valia, porém, gritar com todas as forças dos pulmões o aflito quac, quac, quac; a filha do Rei não lhe deu a menor atenção, correu para o palácio, onde não tardou a esquecer o pobre bichinho e a promessa que lhe fizera no momento de apuro.

    No dia seguinte, quando se achava tranquilamente à mesa com o Rei e toda a corte, justamente quando comia no seu pratinho do ouro, ouviu: - plisch, plasch, plisch, plasch, algo subindo a vasta escadaria de mar more, avançando até chegar diante da porta. Ali bateu, gritando:

    - Filha do Rei, caçula, abre a porta!

    Ela correu a ver quem assim a chamava. Mas, ao abrir a porta, viu à sua frente o pobre sapo. Fechou-a, rapidamente, e voltou a sentar-se à mesa, com o coração aos pulos. O Rei, que a observara, percebeu o palpitar de seu coração. Perguntou:

    - Que tens, minha filhinha? Há, por acaso, algum gigante aí fora querendo levar-te?

    Oh! não. Não é nenhum gigante, apenas um sapo horrível, - respondeu, ainda pálida, a princesa.

    - E o que deseja de ti?

    Meio constrangida ela contou o que se passara:

    - Meu paizinho querido, ontem, quando brincava com a bola de ouro junto à fonte, lá na floresta, ela caiu-me das mãos e rolou para dentro da fonte. Desatei a chorar e a lastimar-me, quando, de repente, vi surgir esse sapo feio que se ofereceu para auxiliar-me. Exigiu, porém, minha promessa de gostar dele, tomá-lo como amigo e companheiro de folguedos; eu, ansiosa por reaver a bola, prometi tudo o que me pediu, certa de que ele jamais conseguisse viver fora da água. Ei-lo aí, agora, querendo entrar e ficar a meu lado!

    Entrementes, ouviu-se bater, novamente, à porta e a voz insistir:


    - Filha do Rei, caçula,

    abre-me a poria.

    Não esqueças a promessa

    que me fizeste tão depressa

    junto à fonte da floresta.

    Filha do Rei, caçula,

    abre-me a porta!...


    O Rei disse, então, à filha:

    - Aquilo que prometeste deves cumprir. Vai, pois, abre a porta e deixa-o entrar.

    A princesa não teve remédio senão obedecer. Quando abriu a porta, o sapo pulou rapidamente para dentro da sala e, juntinho dela, foi saltitando até sua cadeira. Uma vez aí, pediu:

    - Ergue-me, coloca-me à tua altura.

    A princesa relutava contrariada, mas o Rei ordenou que obedecesse.

    Assim que se viu sobre a cadeira, o sapo pediu para subir na mesa, dizendo:

    - Aproxima de mim teu pratinho de ouro para que possamos comer juntos.

    Muito a contragosto a princesinha acedeu; mas, enquanto o sapo se deliciava com as finas iguarias, ela não conseguia engulir os bocados que lhe ficavam atravessados na garganta. Por fim, ele disse:

    - Comi muito bem, estou satisfeitíssimo. Sinto-me, porém, muito cansado, leva-me para teu quarto, prepara tua caminha de seda e deitemo-nos, sim?

    Ante essa nova exigência, a princesa não se conteve e desatou a chorar. Sentia horror em tocar aquela pele gélida e asquerosa do sapo e, mais ainda, ter de dormir com êle em sua linda caminha alva, de lençóis de seda. O Rei, porém, zangando-se, repreendeu-a:

    - Não podes desprezar quem te valeu no momento de aflição.

    Não vendo outra alternativa, a princesinha armou-se de coragem, agarrou com a ponta dos dedos o sapo repelente, carregou-o para o quarto, onde o atirou para um canto, decidida a ignorá-lo definitivamente. Pouco depois, quando já deitada, dispunha-se a dormir, viu-o aproximar-se saltitando:

    - Estou cansado, quero dormir confortavelmente como tu. Ergue-me, deixa-me dormir junto de ti, se não chamarei teu pai.

    A princesinha, então, cheia de cólera, agarrou-o e, com toda a força, atirou-o de encontro à parede.

    - Agora te calarás, sapo imundo, e me deixarás finalmente em paz!

    Mas, oh! Que via? Ao estatelar-se no chão, o sapo imundo, que, por vontade do pai era seu amigo e companheiro, transformou-se, assumindo as formas de um belo príncipe de olhos meigos e carinhosos. Contou-lhe ele, então, como havia sido encantado por uma bruxa má e que ninguém, senão ela, a princesinha, tinha o poder de desencantá-lo.

    Combinaram, ainda, que, no dia seguinte, partiriam para seu reino.

    Em seguida, adormeceram. Quando a aurora despontou e o sol os despertou, chegou uma belíssima carruagem atrelada com oito esplêndidos corcéis alvos como a neve, de cabeças empenachadas com plumas de avestruz e ajaezados de ouro. Vinha, atrás, o fiel Henrique, escudeiro do jovem Rei.

    O fiel Henrique ficara tão aflito quando seu amo fora transformado em sapo, que mandara colocar três aros de ouro em volta do próprio coração, para que este não arrebentasse de dor. Agora, porém, a carruagem ia levar o jovem Rei de volta ao reino. O fiel Henrique fê-lo subir com a jovem esposa e sentou-se atrás, cheio de alegria por ver o amo enfim liberto e feliz.

    Quando haviam percorrido bom trecho de caminho, o príncipe ouviu um estalo, como se algo na carruagem se tivesse partido. Voltou-se e gritou:


    - Henrique, a carruagem está quebrando!

    - Não, meu Senhor, a carruagem não;

    é apenas um aro do meu coração.

    - Ele estava imerso na aflição,

    quando, em sapo transformado,

    estáveis na fonte, abandonado.


    Duas vezes ainda, ouviu-se o estalo durante a viagem e, de cada vez, o príncipe julgou que se quebrava a carruagem. Mas Henrique tranquilizou-o explicando que apenas os aros se haviam quebrado, saltando-lhe do coração, pois que, agora, seu amo e Senhor estava livre e feliz.

    2

    Gato e rato em companhia

    Um gato tinha feito o conhecimento de um rato, e tinha dito que ele fez amor e amizade, enfim o mouse concordou em casar com ele e viver juntos. Mas temos que pensar sobre o inverno, porque senão passam fome, disse o gato. Tu, ratinho, não pode se aventurar em todos os lugares, finalmente pego em uma armadilha. Seguindo, então, esse conselho pró-ativa, comprei um pote de manteiga. Mas então ele introduziu o problema de onde ele iria manter até que, após longa reflexão, o gato, Olha, o melhor lugar é a igreja. Aqui ninguém se atreve a roubar nada. É sob o altar e não tocá-lo até que seja necessário. Então, o pote foi armazenado de forma segura. Mas o tempo não muito tinha passado quando, um dia, o gato parecia tentar o doce e disse que o mouse, Hey mouse, pouco, um primo meu me fez o padrinho de seu filho nasceu-lhe apenas um garotinho com manchas de pele branca marrom, e quer-me para levá-lo à pia batismal. Então, hoje eu tenho que sair, você cuidar da casa. - Muito bem , respondeu o rato, Vai-te em nome de Deus, e se você receber algo bom para comer, lembre-se de mim. Eu também gostaria de beber um pouco de vinho do partido. Mas foi tudo mentira, e que o gato não tinha primo, e pediu para ser o padrinho. Ele foi direto para a igreja, rastejou até o pote de gordura, começou a lamber e ser lambido fora da camada externa. Em seguida, aproveitou a oportunidade para dar um passeio sobre os telhados da cidade, em seguida, colocar no sol, lambendo os bigodes sempre que ele se lembrou da panela de gordura. Não voltar para casa até escurecer. Bem, você está de volta, disse o rato , certamente deve ter tido um bom dia. - Nada mal, respondeu o gato. O nome que eles dão à criança?, Perguntou o mouse. Off, disse o gato muito friamente. Originalmente, exclamou seu amigo Vá nome estranho e raro! É comum em sua família? - O que isso importa disse o Gato. Não é pior do que Robamigas, como são seus pais. Pouco depois que o gato era uma outra vontade, eo rato disse: Você vai voltar para me o favor de cuidar da casa, mais uma vez pedir-me para ser o padrinho e como a criança tem um anel branco em torno do seu pescoço, eu não posso recusar. O bom mouse, concordou, eo gato penetrou por trás do muro da cidade para ir à igreja, comeu metade do pote de gordura. Nada tem um gosto tão bom, disse ele, a si mesmo como o que se come. E ele estava bastante satisfeito com a tarefa do dia. Ao chegar a casa o rato perguntou: Como é que eles dão essa criança batizada - Metade, respondeu o gato. Metade? Que idéia! Eu nunca tinha ouvido esse nome eu aposto que não está no calendário. Não demorou muito para que o gato vai fazer-lhe a boca outra vez para a água deliciosa. As coisas boas sempre vão em grupos de três, disse o rato. Mais uma vez eu pedi para ser o padrinho, desta vez, pouco é preto, só que tem patas brancas Caso contrário, não tem um fio de cabelo branco sobre o corpo. Isso acontece muito raramente. Não me deixe ir, né? - Originalmente, Half , respondeu o mouse. Esses nomes me dá muito que pensar. - Como você o dia todo em casa com seu fraque cinza e sua longa trança, disse o gato, Claro, você tem hobbies. . Estes pensamentos vêm para você não sair Durante a ausência de seu companheiro, o mouse virou-se para ordenar a casa e deixá-lo como a prata, mas o gato ganancioso devorou??o resto da gordura do pote: É bem verdade que um não à vontade até você ter limpado tudo , disse para si mesmo, e saciado como um barril, não voltar para casa até tarde da noite. O rato não tinha tempo para perguntar o nome tinha sido dado para o terceiro filho. Você não vai gostar também, disse o gato. É chamado de Concluído. - Concluído, disse o Rato. Este é realmente o nome mais bizarro de todos. Nunca vi isso na imprensa. Pronto! O que isso significa? Então ela balançou a cabeça, enrolada e fui dormir. Uma vez que ninguém convidou o gato para ser padrinho, até que, chegado o inverno ea ninharia escasso, porque nada estava nas ruas, o rato pensou em seus suprimentos de emergência. Vá, gato, encontramos o pote de loja que gordura e agora vamos saborear boa. - Sim, respondeu o gato, você sabe quando você puxar a língua para fora da janela. Eles saíram e , para chegar à cache, lá estava o pote, de fato, mas vazio. Ai de mim, disse o rato. Agora eu entendo, agora eu vejo claramente o que um bom amigo que você é. Você comeu tudo, quando você estava servindo como padrinho, o primeiro fora, então a metade, então ... - Você vai calar a boca , gritou o gato. Se você adicionar outra palavra, eu devorar você - foi," já estava na boca do rato pobre. Ele não podia suportar a palavra, e não foi mal lançado, o gato saltou sobre ela, agarrou-a, engoliu um bocado. Assim são as coisas deste mundo.

    3

    A protegida de Maria

    Na orla de uma extensa floresta morava um lenhador e sua esposa. Eles tinham apenas uma filha, que era uma menina de três anos. Mas eles eram tão pobres que não tinham mais o pão de cada dia e já não sabiam o que haveriam de dar-lhe para comer. Certa manhã o lenhador foi com grande preocupação até a floresta para cuidar de seu trabalho e, quando estava cortando lenha, lá apareceu de repente uma mulher alta e bela que trazia na cabeça uma coroa de estrelas cintilantes e lhe disse Sou a Virgem Maria, mãe do Menino Jesus, e tu és pobre e necessitado: traga-me tua filha, vou levá-la comigo, ser sua mãe e cuidar dela. O lenhador obedeceu, foi buscar a filha e entregou-a à Virgem Maria, que a levou consigo para o Céu. Lá a menina passava muito bem, comia pão doce e bebia leite açucarado, e seus vestidos eram de ouro, e os anjinhos brincavam com ela. Quando completou quatorze anos, a Virgem Maria a chamou e disse Querida menina, partirei em uma longa viagem; tome sob tua guarda as chaves das treze portas do reino celestial; tu poderás abrir doze delas e contemplar os esplendores que há lá dentro, mas a décima terceira, cuja chave é esta pequena aqui, está proibida para ti: cuidado para não abri-la, pois seria a tua infelicidade. A menina prometeu ser obediente e, quando a Virgem Maria havia partido, começou a olhar os cômodos do reino celestial: a cada dia abria um deles, até que todos os doze tinham sido vistos. Em cada um dos cômodos estava sentado um apóstolo cercado de grande esplendor, e toda aquela suntuosidade e magnificência dava grande alegria a ela, e os anjinhos, que sempre a acompanhavam, alegravam-se também. Até que, então, faltava apenas a porta proibida, e ela sentiu um grande desejo de saber o que estava escondido atrás dela. Por isso disse aos anjinhos Não abrirei a porta por inteiro e também não entrarei, mas vou entreabri-la para olharmos um pouquinho pela fresta. - Oh, não, disseram os anjinhos, seria um pecado: a Virgem Maria proibiu fazer isso, além do mais, isso poderia facilmente trazer-te a desgraça. Então ela se calou, mas o desejo não silenciou em seu coração, mas, ao contrário, continuou roendo e corroendo-a com força, não lhe permitindo ficar em paz. E certa vez, quando os anjinhos haviam todos saído, pensou Agora estou totalmente sozinha e poderia olhar lá dentro, afinal, ninguém ficará sabendo o que fiz. Procurou a chave e, tão logo a apanhou, enfiou-a na fechadura e, uma vez ela estando lá, sem pensar duas vezes, girou-a. A porta abriu de um salto e ela viu a Trindade sentada em meio ao fogo e à luz. Ficou parada um momento, observando tudo com assombro, depois tocou de leve com o dedo aquela luz, e o dedo ficou totalmente dourado. No mesmo instante foi tomada de intenso pavor, bateu a porta com força e correu dali. Mas o pavor não diminuía, ela podia fazer o que fosse mas o coração continuava batendo acelerado e não havia como acalmá-lo: assim também o ouro continuou no dedo e não saía de jeito algum, não importa o quanto lavasse e esfregasse.


    Não passou muito tempo e a Virgem Maria retornou de sua viagem. Ela chamou a menina e solicitou as chaves de volta. Quando ela apresentou o molho, a Virgem olhou em seus olhos e perguntou: E não abriste mesmo a décima terceira porta? - Não, respondeu. Então ela pousou a mão sobre o coração da menina e sentiu como ele estava batendo sobressaltado, de modo que percebeu que sua ordem tinha sido desobedecida e a porta fora aberta. Então perguntou mais uma vez: Realmente não a abriste? - Não, respondeu a menina pela segunda vez. Aí a Virgem avistou o dedo que ficara dourado pelo toque do fogo celestial e teve certeza de que ela pecara, e perguntou pela terceira vez: Não a abriste? - Não, respondeu a menina pela terceira vez. Então a Virgem Maria disse: Tu não me obedeceste e além disso ainda mentiste, portanto não és mais digna de permanecer no Céu.


    Nesse momento a menina caiu em profundo sono e quando despertou jazia lá embaixo sobre a terra em meio a um lugar agreste. Quis gritar, mas não conseguiu emitir qualquer som. Levantou-se de um salto e quis fugir, mas para onde quer que se dirigisse sempre era detida por sebes espinhosas que não conseguia atravessar. Nesse ermo em que estava encerrada havia uma velha árvore oca que agora teria de ser sua morada. Era lá para dentro que rastejava quando caía a noite, e era lá que dormia, e, quando vinham chuvas e tempestades, era lá que buscava abrigo. Levava uma vida lastimável, e quando recordava como tudo havia sido tão bom no Céu, e como os anjinhos costumavam brincar com ela, chorava amargamente. Raízes e frutas silvestres eram seus únicos alimentos, e ela os procurava ao redor até onde podia ir. No outono juntava as nozes e folhas que haviam caído no chão e levava-as para o oco da árvore; comia as nozes no inverno e, quando chegavam a neve e o gelo, arrastava-se como um animalzinho para debaixo das folhas para não sentir frio. Não demorou muito e suas vestimentas começaram a se rasgar e um pedaço após outro foi caindo do corpo. Tão logo o Sol voltava a brilhar trazendo o calor, ela saía e sentava-se diante da árvore e seus longos cabelos encobriam-na de todos os lados como um manto. Assim foi passando ano após ano e ela ia experimentando a miséria e sofrimento do mundo.


    Uma vez, quando as árvores tinham acabado de cobrir-se outra vez de verde, o rei que lá reinava estava caçando na floresta e perseguia uma corça, e como esta havia se refugiado nos arbustos que rodeavam a clareira da floresta, ele desceu do cavalo e com sua espada foi arrancando o mato e abrindo caminho para poder passar. Quando finalmente chegou do outro lado, avistou sob a árvore uma donzela de maravilhosa beleza que lá estava sentada totalmente coberta até os dedos dos pés pelos seus cabelos dourados. Ficou parado admirando-a com assombro até que finalmente dirigiu-lhe a palavra e disse: Quem és tu? Por que estás aqui no ermo? Mas ela não respondeu, pois sua boca estava selada. O rei falou novamente: Queres vir comigo até meu castelo? Ela apenas assentiu levemente com a cabeça. Então o rei a tomou nos braços, carregou-a até seu corcel e cavalgou com ela para casa, e, quando chegou ao castelo real, ordenou que a vestissem com belos trajes e tudo lhe foi dado em abundância. Embora não pudesse falar, ela era afável e bela, e assim ele começou a amá-la do fundo de seu coração e, não demorou muito, casou-se com ela.


    Quando se havia passado cerca de um ano, a rainha deu à luz um filho. Nessa mesma noite, quando estava deitada sozinha em seu leito, apareceu-lhe a Virgem Maria, que disse Se quiseres dizer a verdade e confessar que abriste a porta proibida, destravarei tua boca e devolverei tua fala, mas se insistires no pecado e teimares em negar, levarei comigo teu filho recém-nascido. Nesse momento foi dado à rainha responder, porém ela manteve-se obstinada e disse: Não, não abri a porta proibida, e a Virgem Maria tomou-lhe o filho recém-nascido dos braços e desapareceu com ele. Na manhã seguinte, quando não foi possível encontrar a criança, começou a correr um murmúrio no meio do povo de que a rainha comia carne humana e teria matado seu próprio filho. Ela ouvia tudo isso e não podia dizer nada em contrário, mas o rei recusou-se a acreditar naquilo porque a amava muito.


    Depois de um ano nasceu mais um filho da rainha. Naquela noite voltou a parecer a Virgem Maria junto dela dizendo: Se quiseres confessar que abriste a porta proibida, devolverei teu filho e soltarei tua língua; mas se insistires no pecado e negares, levarei também este recém-nascido comigo. Então a rainha disse novamente: Não, não abri a porta proibida, e a Virgem tomou-lhe a criança dos braços e levou-a consigo para o Céu. De manhã, quando mais uma vez uma criança havia desaparecido, o povo afirmou em voz bem alta que a rainha a tinha devorado, e os conselheiros do rei exigiram que ela fosse levada a julgamento. Mas o rei a amava tanto que não quis acreditar em nada, e ordenou aos conselheiros que, se não estivessem dispostos a sofrer castigos corporais ou mesmo a pena de morte, que deixassem de insistir no assunto.


    No ano seguinte a rainha deu à luz uma linda filhinha e, pela terceira vez, apareceu à noite a Virgem Maria e disse: Acompanha-me. Tomou-a pela mão e conduziu-a até o Céu, mostrando-lhe então os dois meninos mais velhos, que riam e brincavam com o globo terrestre. A rainha alegrou-se com aquilo e a Virgem Maria disse: Teu coração ainda não se abrandou? Se confessares que abriste a porta proibida, devolverei teus dois filhinhos. Mas a rainha respondeu pela terceira vez Não, não abri a porta proibida. Então a Virgem Maria a fez descer novamente à terra, tomando-lhe também a terceira criança.


    Na manhã seguinte, quando a notícia correu, todo o povo gritava a rainha come gente, ela tem que ser condenada, e o rei não conseguiu mais conter seus conselheiros. Ela foi submetida a julgamento e, como não podia responder e se defender, foi condenada a morrer na fogueira. Quando haviam juntado a lenha e ela estava amarrada a um pilar e o fogo começava a arder a sua volta, então derreteu-se o duro gelo do orgulho e seu coração encheu-se de arrependimento e ela pensou: Ah, se antes de morrer eu ao menos pudesse confessar que abri a porta. Nesse momento voltou-lhe a voz e ela gritou com força Sim, Maria, eu a abri! No mesmo instante uma chuva começou a cair do céu apagando as chamas do fogo, e sobre sua cabeça irradiou uma luz, e a Virgem Maria desceu tendo os dois meninos, um de cada lado, e carregando a menina recém-nascida no colo. Ela falou-lhe com bondade: Quem confessa e se arrepende de seu pecado, sempre é perdoado, e entregou-lhe as três crianças, soltou-lhe a língua e deu-lhe de presente a felicidade para a vida inteira.

    4

    A história do jovem em busca de saber o que é o medo

    Um pai tinha dois filhos, o mais velho deles era sábio e sensato, e sabia fazer de tudo, mas o mais jovem era tolo, e não conseguia aprender nem entender nada, e quando as pessoas o viam, elas diziam:


    - Este é um garoto que dará muito trabalho ao pai!


    Quando algo precisava ser feito, era sempre o mais velho que fazia, mas se o seu pai pedia ao mais velho que fosse buscar qualquer coisa quando já era tarde, ou já estivesse escuro, e o caminho tivesse de passar perto do cemitério, ou de qualquer outro lugar assustador, ele respondia:


    - Oh não, pai, eu não vou lá, isso me causa arrepios! porque ele sempre tinha medo.


    Ou quando histórias em volta da fogueira eram contadas a noite, ele ficava todo arrepiado, e aqueles que estavam por perto sempre diziam:


    - Oh não, estou ficando com medo! O mais jovem ficava sentado no canto e escutava as histórias com o resto das pessoas, e não conseguia imaginar o que significava tudo aquilo.


    - Eles estão sempre dizendo, estou ficando com medo, estou ficando com medo! Eu não estou ficando com medo, pensava ele. Talvez essa fosse uma arte que eu precisava entender!


    E então, aconteceu que seu pai um dia disse a ele:


    - Ouça-me, garoto que está sentado aí no canto, você está ficando alto e forte, e você deve aprender alguma coisa com a qual possa ganhar a vida. Veja como o teu irmão trabalha, mas você não ganha nem sequer para comprar um quilo de sal.


    - Bem, pai, respondeu ele, eu tenho vontade de aprender alguma coisa, de verdade, e se isso pode ser ensinado, eu gostaria de aprender a ter medo. Eu não entendo nada disso.


    O irmão mais velho, riu ao ouvir isso, e pensou consigo mesmo:


    - Bom Deus, como o meu irmão é tolo! Ele nunca vai prestar para nada enquanto viver! Para ser foice o metal desde cedo deve se dobrar aos imperativos do tempo.


    O pai suspirou e respondeu:


    - Você logo aprenderá o que é ter medo, mas você não terá o teu sustento com isso.


    Pouco tempo depois um sacristão foi à casa dele para uma visita, e o pai desfilou um rosário de lamentações, e lhe contou como o seu filho mais jovem era tão refratário em todos os aspectos, que ele não sabia nada e não aprendia nada.


    - Veja só, disse o pai, quando eu perguntei a ele o que ele faria para ganhar a vida, ele me respondeu que queria aprender a ter medo.


    - Se é isso mesmo o que ele quer, respondeu o sacristão, eu posso ensinar isso a ele. Fale pra ele me procurar, eu vou deixá-lo afinadíssimo.


    O pai ficou contente, porque ele pensou:


    - Vou fazer um teste com o garoto. Então, o sacristão o levou para casa, e ele precisava tocar o sino. Depois de um ou dois dias, o sacristão o acordou a meia noite, e disse a ele para que se levantasse e subisse até a torre da igreja para tocar o sino.


    - Você logo aprenderá o que é ter medo, pensou o sacristão, e às ocultas foi na frente dele, e quando o garoto estava no alto da torre e se virou, e já ía segurar na corda do sino, ele viu uma figura de branco que estava de pé nas escadas de frente para a janela do sino.


    - Quem está aí? gritou o jovem, mas a figura não respondia, e não fazia nenhum movimento. Responda-me, gritou ele mais uma vez, ou vá embora daqui, você não tem nada que fazer aqui a esta hora da noite.


    No entanto, o sacristão ficou parado e não se movia para que o garoto pensasse que se tratasse de um fantasma. O garoto gritou pela segunda vez:


    - O que você quer aqui? - fale se você for uma pessoa sincera, ou eu vou te jogar escada abaixo!


    O sacristão pensou: - ele não pode ser tão malvado como está dizendo, não fez nenhum barulho, e permaneceu parado como se fosse feito de pedra. Então, o garoto chamou pela terceira vez, e como isso também não adiantasse nada, ele correu em direção ao sacristão e empurrou o fantasma escada abaixo, que rolou dez degraus abaixo e permaneceu imóvel num canto.


    Depois ele tocou o sino, foi para casa, e sem dizer uma palavra se deitou, e dormiu. A esposa do sacristão esperou durante muito tempo pelo marido, que não voltava. Então, ela ficou preocupada, e acordou o garoto, e perguntou:


    - Você não sabe onde o meu marido se encontra? Ele subiu a torre antes de você.


    - Não, eu não sei, respondeu o garoto, Alguém estava na escada de frente para a janela do sino, e como ele não queria responder, e nem ia embora, pensei, que era um ladrão, e o derrubei da escada, vá lá e veja se era ele. Lamento muito caso seja ele. A mulher saiu correndo e encontrou o marido dela, deitado e gemendo num canto, com a perna quebrada.


    Ela o carregou para casa e depois aos berros foi correndo até a casa do garoto.


    - O seu garoto, disse ela, é a causa de uma grande desgraça! Ele atirou meu marido escada abaixo e quebrou uma perna dele. Leve embora de nossa casa esse infeliz que não serve para nada.


    O pai ficou apavorado, e correu imediatamente para lá e repreendeu o garoto:


    - Mas que maldade foi essa? disse ele, o Coisa Ruim deve ter colocado isso na tua cabeça.


    - Pai, respondeu ele, me escute, por favor. Eu sou totalmente inocente. Ele estava de pé lá à noite como alguém que estivesse para fazer alguma maldade. Eu não sabia quem era ele, e por três vezes eu insisti para que ele falasse ou fosse embora.


    - Ah, disse o pai, você só me traz infelicidade. Saia da minha frente. Não quero te ver nunca mais.


    - Sim, pai, te peço, espere pelo menos o dia clarear. Então, eu vou embora e aprenderei como ter medo, e de qualquer maneira entenderei uma arte que me servirá de suporte.


    - Aprenda o que você quiser, falou o pai, para mim é indiferente. Tome aqui as cinquenta moedas. Pegue-as e enfrente o mundo selvagem, e não diga a ninguém de onde você veio, e quem é o teu pai, porque eu tenho motivos para ter vergonha de você.


    - Sim, pai, será como o senhor desejar. Se o senhor não deseja nada mais do que isto, vai ser fácil cumprir a tua vontade.


    Quando o dia amanheceu, portanto, o jovem colocou as cinquenta moedas no bolso, e foi embora por uma grande rodovia, e dizia sempre para si mesmo:


    - Se eu pelo menos pudesse ter medo! Se eu pelo menos pudesse ter medo! Então, um homem, que tinha ouvido o que o garoto falava, se aproximou e depois de andar mais um pouquinho, quando eles podiam ver um patíbulo, o homem disse a ele:


    - Olhe, ali fica a árvore, onde sete jovens festejaram o casamento da filha do fabricante de cordas, e agora eles estão aprendendo a voar. Fique sentado ali, e espere quando a noite chegar, e você irá aprender a ter medo.


    - Se for isso tudo que é necessário, respondeu o jovem, isso é fácil de fazer, mas se eu aprender a ter medo tão rápido assim, você receberá cinquenta moedas. Volte aqui amanhã bem cedo. Então, o jovem foi até o patíbulo, se sentou debaixo dele, e ficou esperando até a noite chegar.


    Como estava com frio, ele se aqueceu perto de uma fogueira, mas a meia noite o vento soprava tão forte que apesar do fogo, ele não conseguia se aquecer. E como o vento fazia com que os homens que tinham sido enforcados ficassem batendo um contra o outro, e eles balançavam para a frente e para trás, ele pensou consigo mesmo:


    - Eu fico tremendo aqui embaixo perto da fogueira, mas, como aqueles que estão lá em cima devem estar congelados e sofrendo! E como ele sentiu piedade por eles, subiu a escada, e subiu até onde eles estavam, desamarrou todos eles um após o outro, e desceu todos os sete.


    Então, ele agitou o fogo, soprou, e colocou todos eles ao redor para se aquecerem. Mas eles ficavam sentados ali e não se mexiam, e o fogo começou a queimar a roupa deles. Então, ele disse:


    - Tomem cuidado, ou eu vou enforcá-los novamente. Os homens que estavam mortos, todavia, não responderam, mas permaneceram em silêncio, e deixava que os seus farrapos continuassem queimando. Com isto ele ficou bravo, e disse:


    - Se vocês não tomarem cuidado, eu não vou ajudá-los, eu não vou ser queimado com vocês, e ele pendurou de novo todos eles na forca. Depois ele voltou a se sentar perto do fogo e adormeceu, e na manhã seguinte o homem veio até ele e queria receber as cinquentas moedas, e disse:


    - Bem, você já sabe o que é ter medo?


    - Não, respondeu ele, como é que eu deveria saber? Aqueles caras lá em cima não abriram a boca, e eram tão tapados que eles deixaram os trapos estavam vestindo em seus corpos se queimassem. Então, o homem viu que ele não receberia as cinquenta moedas naquele dia, e foi embora dizendo:


    - Nunca uma coisa como esta havia acontecido para mim antes.


    O jovem novamente pegou o seu caminho, e mais uma vez começou a resmungar consigo mesmo:


    - Ah, se eu conseguisse ter medo! Ah, se eu conseguisse ter medo!


    Um carroceiro que estava atrás dele, e ouviu o que ele dizia, perguntou:


    - Quem é você?


    - Não sei, respondeu o jovem. Então, o carroceiro lhe disse:


    - De onde você vem?


    - Não sei.


    - Quem é teu pai?


    - Não posso lhe dizer isso.


    - Porquê você não pára de resmungar entre os dentes?


    - Ah, respondeu o jovem, eu tenho tanta vontade de saber como é ter medo, mas ninguém consegue me ensinar como fazer isso.


    - Pare de falar bobagens, disse o carroceiro. Venha comigo, e eu encontrarei um lugar para você. O jovem foi com o carroceiro, e à noitinha eles chegaram numa estalagem onde pretendiam passar a noite.


    Então, bem na entrada do quarto, o jovem novamente disse bem em voz alta:


    - Ah se eu conseguisse ter medo! Ah se eu conseguisse ter medo! O estalajadeiro, ao ouvir isto, riu muito e disse:


    - Se é isso o que você deseja, deve haver uma boa oportunidade para você aqui.


    - Escute, fique quieto, disse a esposa do estalajadeiro, muitas pessoas curiosas já perderam suas vidas, seria uma pena e um pecado que olhos tão lindos como os teus não pudessem nunca mais ver o sol nascer.


    Mas o jovem disse: - Por mais difícil que seja, eu quero saber, e foi para isto que eu viajei até aqui. Ele não dava descanso para o estalajadeiro, até que este lhe disse: "que não muito longe dali ficava um castelo assombrado onde qualquer pessoa poderia aprender facilmente o que era o medo, se ele simplesmente passasse três noites naquele castelo. O rei havia prometido que aquele que tivesse essa coragem receberia a sua filha como esposa, que era a garota mais linda que o sol já derramou os seus raios cintilantes.


    No castelo havia também grandes tesouros, os quais eram guardados pelos espíritos do mal, e estes tesouros seriam então, libertados, e tornariam rico o bastante qualquer pessoa miserável. Muitos homens já haviam ido até o castelo, mas nenhum deles conseguiu sair vivo de lá. Então, o jovem na manhã seguinte foi até o rei e disse que se lhe dessem permissão, ele ficaria três noites no castelo encantado.


    O rei olhou para ele, e como o garoto lhe fosse agradável, ele disse:


    - Você pode pedir três coisas para levar com você para o castelo, mas devem ser coisas sem vida. Então, ele respondeu:


    - Então, eu quero levar lenha para fazer fogo, um torno giratório e uma tábua de cortar com faca. O rei mandou que estas coisas fossem levadas ao castelo para ele durante o dia. Quando a noite estava chegando, o jovem foi e fez para ele um fogo bem alto em uma das salas do castelo, colocou a tábua de cortar com a faca perto do fogo, e se sentou perto do torno giratório.


    - Ah se eu conseguisse ter medo!, dizia ele, mas eu acho que não vou aprender isso aqui também. Por volta da meia noite, ele decidiu atiçar o fogo, e quando ele começou a soprar, de repente alguém gritou de algum lugar:


    - Au, miau, como está frio aqui!


    - Seus idiotas! gritou ele, porque vocês estão gritando? Se vocês estão com frio, venham aqui para se aquecer perto do fogo. E quando ele disse isso, dois grandes gatos pretos se aproximaram dando um salto estupendo e se sentaram um de cada lado dele, e olhavam furiosos para ele com seus olhos ardentes.


    Passado algum tempo, depois que os gatos tinham se aquecido, eles disseram:


    - Camarada, será que nós poderíamos jogar baralho?


    - Porque não, respondeu ele, mas primeiro me mostrem as garras de vocês. Então, eles esticaram as suas garras.


    - Oh, disse ele, que unhas compridas que vocês têm! Espere, primeiro eu vou cortá-las um pouco para vocês.


    Então, ele pegou os gatos pelas gargantas, os colocou na tábua de cortar e rapidamente aparou as unhas deles.


    - Eu olhei para os dedos de vocês, disse ele, e minha vontade de jogar baralho foi embora, e ele matou os dois gatos e os jogou na água. Mas quando ele tinha se livrado daqueles dois, e ia se sentar novamente perto da fogueira, de todos os buracos e de todos os cantos saíam gatos negros e cachorros pretos com correntes incandescentes, e vinham cada vez mais até que ele não conseguia se mexer, e eles gritavam terrivelmente, pegaram o fogo, espalharam todo, e queriam apagá-lo.


    Ele olhou para eles durante algum tempo, mas depois eles começaram a cansá-lo, então, ele pegou a tábua de cortar, e gritou:


    - Fora daqui, seus vermes, e começou a cortar todos eles impiedosamente. Parte deles fugiu, os outros ele matou, e atirou no riacho de peixes. Quando ele retornou ele soprou as brasas da fogueira novamente e voltou a se aquecer. E quando então, ele se sentou, seus olhos não conseguiam mais ficarem abertos, e ele sentiu vontade de dormir. Então, ele olhou ao redor e viu uma grande cama num canto.


    - É disso que estou precisando, disse ele, e deitou nela. Quando ele ia fechar os olhos, todavia, a cama começou a andar sozinha, e percorreu todo o castelo.


    - Muito bem, disse ele, vamos rápido. Então, a cama continuava a deslizar como se seis cavalos estivessem atrelados a ela, pra cima e pra baixo, pelas soleiras e pelas escadas, mas de repente, hop, hop, ela virou de cabeça para baixo, e montou nele como se fosse uma montanha. Mas ele lançou colchas e travesseiros pelo ar, saiu e disse:


    - Agora quem quiser, que dirija, e se deitou perto do fogo, e dormiu até quando o dia amanheceu. De manhã o rei chegou, e quando viu que o jovem estava deitado no chão, o rei pensou que os maus espíritos o haviam matado e ele estava morto. Então, ele disse:


    - Que pena que ele morreu, afinal de contas ele era um rapaz bonito. O jovem ouviu isso, se levantou e disse:


    - Ainda não é chegada a minha hora. Então, o rei ficou surpreso, mas muito contente, e perguntou como ele tinha passado a noite.


    - Muito bem, respondeu ele, se passei uma noite, as duas outras irão passar também. Então, ele foi até o estalajadeiro, que ficou de olhos arregalados, e disse:


    - Eu jamais esperava vê-lo vivo novamente! Será que você já aprendeu a ter medo? - Não, disse ele, não adiantou nada. Ah, se alguém pudesse me ensinar!


    Na segunda noite ele voltou ao velho castelo, se sentou perto do fogo, e mais uma vez começou a sua velha ladainha:


    - Ah se seu pudesse ter medo! Quando chegou meia-noite, gritos e barulhos de coisas sendo derrubadas foram ouvidos, a princípio o barulho era baixo, mas ficava cada vez mais alto. De repente tudo ficou calmo por um instante, e finalmente ouviu-se um grito estridente, metade de um homem apareceu na chaminé e caiu na frente dele.


    - Opa!, exclamou ele, deve haver a outra metade. Isto é muito pouco! Então, os gritos começaram novamente, ouviu-se rugidos e gemidos, e a outra metade caiu também.


    - Espere, disse ele, eu vou atiçar o fogo um pouco para você. E depois de fazer isso ele olhou em volta novamente, e as duas metades haviam se juntado, e um homem assustador estava sentado no seu banco.


    - Isso não faz parte do nosso trato, disse o jovem, o banco é meu.


    O homem quis empurrá-lo, o jovem, todavia, não permitiu, mas o empurrou com todas as suas forças, e se sentou novamente no banco. De repente, mais homens começaram a cair, um depois do outro, nove pernas de homens mortos e duas caveiras foram trazidas, foram arranjadas e começaram a brincar jogo de dos nove palitos com elas. O jovem também quis brincar e disse:


    - Ouçam, será que eu também posso brincar?


    - Sim, se você tiver dinheiro.


    - Bastante dinheiro, respondeu ele, mas as bolas de vocês não são bem redondas. Então, ele pegou as caveiras e as colocou no torno e as girou até que estivessem redondas.


    - Agora, sim, elas vão rolar melhor! disse ele.


    - Viva! agora vai ser legal! Ele brincou com os visitantes e perdeu um pouco de dinheiro, mas quando bateu meia noite todos desapareceram diante dele.


    E le se deitou e tranquilamente caiu no sono. Na manhã seguinte o rei veio para ter notícias dele.


    - Como é que você passou a noite desta vez? perguntou ele.


    - Fiquei brincando a noite inteira o jogo dos nove palitos, respondeu ele, e perdi alguns centavos.


    - Então, você sentiu medo?


    - Sentiu o quê? disse ele, eu fiquei é feliz. Ah se seu soubesse o que é ter medo!


    Na terceira noite ele se sentou novamente em seu banco e disse muito triste:


    - Ah se seu soubesse o que é ter medo!. Quando ficou tarde, apareceram seis homens altos e trouxeram um caixão. Então, ele disse:


    - Ra, ra, esse aí deve ser o meu primo, que morreu alguns dias atrás, fez um gesto convidativo e exclamou:


    - Venha, priminho, venha. Eles colocaram a caixa mortuária no chão, mas o jovem foi até ela e levantou a tampa, e no caixão havia um defunto.


    Ele passou a mão na cara do defunto, mas ele estava frio como gelo.


    - Espere, disse ele, eu vou aquecer você um pouquinho, e foi até a fogueira, esquentou a sua mão, e a colocou no rosto do cadáver, mas ele permanecia frio. Então, ele o tirou para fora, se sentou perto do fogo, e o colocou de bruços e esfregou os seus braços para que o sangue pudesse circular novamente. Como isso não deu resultado, ele pensou consigo mesmo:


    - Quando duas pessoas se deitam juntas na cama, elas aquecem uma a outra, e o carregou para a cama, cobriu o cadáver, e se deitou ao lado dele. Depois de algum tempo o cadáver começou a se aquecer também, e começou a se mexer. Então, o jovem disse:


    - Veja, priminho, viu como eu te aqueci? O defunto, todavia, se levantou e gritou:


    - Agora eu vou te estrangular.


    - O quê! disse ele, é assim que você me agradece? Entre imediatamente no teu caixão agora mesmo, e ele pegou o cadáver, o colocou dentro do caixão, e fechou a tampa. Então, apareceram seis homens e o levaram embora novamente.


    - Eu não consigo saber o que é ter medo, disse ele, acho que nunca vou saber o que é isso enquanto viver.


    Então, um homem que era mais alto que os outros entrou, e tinha um aspecto assustador. Ele era velho, e todavia, tinha uma barba longa e branca.


    - Seu desgraçado, gritou ele, agora você vai saber o que é ter medo, porque você irá morrer.


    - Vai devagar, respondeu o jovem.


    - Se eu tenho de morrer, eu tenho que me preparar para isso.


    - Eu vou te pegar, disse o fantasma.


    - Calma, calma, não queira aparecer. Eu sou tão forte quanto você, e talvez até mais forte.


    - Veremos, disse o velho. se você é mais forte, te deixo ir - venha, vamos fazer um teste. Então, o velho o levou por corredores escuros até a fornalha de um ferreiro, pegou um machado, e num só golpe enterrou a bigorna no chão.


    - Posso fazer melhor ainda, disse o jovem, e foi até a outra bigorna. O velho ficou perto e queria ver, e sua barba longa e branca ficava pendurada.


    Então, o jovem pegou o machado, partiu em dois a bigorna e ao mesmo tempo cortou a barba do velho.


    - Agora eu te peguei, disse o jovem. Agora é você que tem de morrer. Então, ele pegou uma barra de ferro e golpeou o velho até ele gemer e pedir pra parar, prometendo muitas riquezas para o jovem. Este puxou o machado e o soltou. O velho o levou de volta para o castelo, e numa sala haviam três caixas cheias de ouro.


    - Destas, disse ele, uma parte é para os pobres, a outra é para o rei, e a terceira é para ti.


    E nesse instante bateu meia noite, e o espírito desapareceu, e o jovem ficou na escuridão.


    - Eu ainda saberei encontrar a minha saída, disse ele, e tateando, ele encontrou o caminho até a sala, e lá dormiu perto do fogo. Na manhã seguinte o rei apareceu e disse:


    - Agora deve ter aprendido o que é ter medo?


    - Não, respondeu ele, o que será isso? Meu primo que morreu apareceu aqui, e um homem barbudo veio e me mostrou um monte de dinheiro lá embaixo, mas nenhum deles me disse o que é ter medo.


    - Então, disse o rei, você libertou o castelo, e deverá se casar com a minha filha.


    - Tudo está certo, disse ele, mas eu ainda não sei o que é ter medo!


    Então, o ouro foi trazido e o casamento foi celebrado, mas o jovem rei, por mais que ele amasse a sua esposa, e por mais feliz que se sentisse, ele ainda dizia sempre:


    - Ah, se eu conseguisse ter medo - Ah, se eu conseguisse ter medo. Até que a sua esposa começou a ficar irritada com isso. A dama de companhia dela disse:


    - Eu tenho uma solução para isso, ele logo vai saber o que é ter medo. Ela foi até o riacho que passava pelo jardim, e mandou que um balde cheio de peixes gobiões fosse trazido até ela.


    A noite quando o jovem rei estivesse dormindo, sua esposa devia tirar as roupas dele e esvaziar o balde de água fria com os gobiões em cima dele, de modo que os peixinhos ficando pulando em torno dele. Quando ela fez isto, ele acordou e gritou:


    - Oh, o que me faz sentir tanto medo assim? - o que me faz sentir tanto medo assim, minha querida esposa? Ah, agora eu sei o que é ter medo!

    5

    O lobo e as sete crianças

    Era uma vez uma velha cabra que tinha sete cabritinhos e os amava, como uma boa mãe pode amar os filhos. Um dia, querendo ir ao bosque para as provisões do jantar, chamou os sete filhinhos e lhes disse:

    - Queridos pequenos, preciso ir ao bosque; cuidado com o lobo; se ele entrar aqui, come-vos todos com uma única abocanhada. Aquele patife costuma disfarçar-se, logo o reconhecereis, porém, pela voz rouca e pelas patas negras.

    Os cabritinhos responderam:

    - Podeis ir sossegada, querida mamãe, ficaremos bem atentos.

    Com um balido, a velha cabra afastou-se confiante. Pouco depois, alguém bateu à porta, gritando:

    - Abri, queridos pequenos; está aqui vossa mãezinha que trouxe um presente para cada um!

    Mas os cabritinhos perceberam, pela voz rouca, que era o lobo.

    - Não abrimos nada, - disseram - não é a nossa mamãe; a mamãe tem uma vozinha suave; a tua é rouca; tu és o lobo!

    Então o lobo foi a um negócio, comprou um grande pedaço de argila, comeu-o e assim a voz dele tornou-se mais suave. Em seguida, voltou a bater à porta, dizendo:

    - Abri, queridos pequenos; está aqui a vossa mãezinha que trouxe um presente para cada um!

    Mas havia apoiado a pata negra na janela; os pequenos viram-na e gritaram:

    - Não abrimos, nossa mamãe não tem as patas negras como tu; tu és o lobo.

    O lobo correu, então, até o padeiro e lhe disse:

    - Machuquei o pé, queres esparramar-lhe em cima um pouco de massa?

    Quando o padeiro lhe espargiu a massa na pata, correu até o moleiro e disse:

    - Espalha um pouco de farinha de trigo na minha pata.

    O moleiro pensou: Este lobo está tentando enganar alguém e recusou-se a atende-lo. O lobo, porém, ameaçou-o:

    - Se não o fizeres, devoro-te!

    O moleiro, então, se assustou e polvilhou-lhe a pata. Aliás, isso é comum entre os homens. O malandro foi, pela terceira vez, bater à porta dos cabritinhos, dizendo:

    - Abri, pequenos, vossa querida mãezinha voltou do bosque e trouxe um presente para cada um de vós!

    Os cabritinhos gritaram:

    - Mostra-nos primeiro a tua pata para que saibamos se és realmente nossa mamãezinha.

    O lobo não hesitou, colocou a pata sobre a janela e, quando viram que era branca, acreditaram no que dizia e abriram-lhe a porta. Mas foi o lobo que entrou. Os cabritinhos, amedrontados, trataram de se esconder. O primeiro escondeu-se debaixo da mesa, o segundo meteu-se embaixo da cama, o terceiro correu para dentro do forno, o quarto foi para a cozinha, o quinto fechou-se no armário, o sexto dentro da pia e o sétimo na caixa do relógio de parede. Mas o lobo encontrou-os todos e não fez cerimônias; engoliu-os um após o outro. O último, porém, que estava dentro da caixa do relógio, não foi descoberto. Uma vez satisfeito, o lobo saiu e foi deitar-se sob uma árvore, no gramado fresco do prado e não tardou a ferrar no sono. Não tardou muito e a velha cabra regressou do bosque.

    Ah, o que se lhe deparou! A porta da casa escancarada; mesa, cadeiras, bancos, tudo de pernas para o ar. A pia em pedaços, as cobertas, os travesseiros arrancados da cama. Procurou logo os filhinhos, não conseguindo encontrá-los em parte alguma. Chamou-os pelo nome, um após o outro, mas ninguém respondeu. Ao chamar, por fim, o menor de todos, uma vozinha sumida gritou:

    - Querida mamãezinha, estou aqui, dentro da caixa do relógio.

    Ela tirou-o de lá e o pequeno contou-lhe que viera o lobo e devorara todos os outros. Imaginem o quanto a cabra chorou pelos seus pequeninos! Saiu de casa desesperada, sem saber o que fazer; o cabritinho menor saiu-lhe atrás. Chegando ao prado, viram o lobo espichado debaixo da árvore, roncando de tal maneira que fazia estremecer os galhos. Observou-o atentamente, de um e de outro lado e notou que algo se mexia dentro de seu ventre enorme.

    - Ah! Deus meu, - suspirou ela - estarão ainda vivos os meus pobres pequenos que o lobo devorou?

    Mandou o cabritinho menor que fosse correndo em casa apanhar a tesoura, linha e agulha também. De posse delas, abriu a barriga do monstro; ao primeiro corte, um cabritinho pôs a cabeça de fora e, conforme ia cortando mais, um por um foram saltando para fora; todos os seis, vivos e perfeitamente sãos, pois o monstro, na sanha devoradora, os engolira inteiros, sem mastigar.

    Que alegria sentiram ao ver a mãezinha! Abraçaram-na, pinoteando felizes como nunca. Mas a velha cabra lhes disse:

    - Ide depressa procurar algumas pedras para encher a barriga deste danado antes que ele desperte.

    Os cabritinhos, então, saíram correndo e daí a pouco voltaram com as pedras, que meteram, tantas quantas couberam, na barriga ainda quente do lobo. A velha cabra, muito rapidamente, coseu-lhe a pele de modo que ele nem chegou a perceber.

    Finalmente, tendo dormido bastante, o lobo levantou-se e, como as pedras que tinha no estômago lhe provocassem uma grande sede, foi à fonte para beber; mas, ao andar e mexer-se, as pedras chocavam-se na barriga, fazendo um certo ruído. Ele então pôs-se a gritar:

    Dentro da pança,

    que é que salta e pula?

    Cabritos não são;

    parece pedra miúda!

    Chegando à fonte, debruçou-se para beber; entretanto, o peso das pedras arrastou-o para dentro da água, onde se acabou afogando miseravelmente. Vendo isso, os sete cabritinhos saíram correndo e gritando:

    - O lobo morreu! O lobo morreu!

    Então, juntamente com a mãezinha, dançaram alegremente em volta da fonte.

    6

    O fiel João

    Houve, uma vez, um velho rei que, sentindo-se muito doente, pensou:

    Este será o meu leito de morte! - disse, então, aos que o cercavam:

    - Chamem o meu fiel João.

    O fiel João era o seu criado predileto, assim chamado porque, durante toda a vida, fora-lhe extremamente fiel. Portanto, quando se aproximou do leito onde estava o rei, este lhe disse:

    - Meu fidelíssimo João, sinto que me estou aproximando do fim; nada me preocupa, a não ser o futuro de meu filho; é um rapaz ainda inexperiente e, se não me prometeres ensinar-lhe tudo e orientá-lo no que deve raber, assim como ser para ele um pai adotivo, não poderei fechar os olhos em paz.

    - Não o abandonarei nunca, - respondeu o fiel João, - e prometo servi-lo com toda a lealdade, mesmo que isso me custe a vida.

    - Agora morro contente e em paz, - exclamou o velho rei e acrescentou: - depois da minha morte, deves mostrar-lhe todo o castelo, os aposentos, as salas e os subterrâneos todos, com os tesouros que encerram. Exceto, porém, o último quarto do corredor comprido, onde está escondido o retrato da princesa do Telhado de Ouro; pois, se vir aquele retrato, ficará ardentemente apaixonado por ela, cairá num longo desmaio e, por sua causa, correrá grandes perigos, dos quais eu te peço que o livres e o preserves.

    Assim que o fiel João acabou de apertar, ainda uma vez, a mão do velho rei, este silenciou, reclinou a cabeça no travesseiro e morreu.

    O velho rei foi enterrado e, passados alguns dias, o fiel João expôs ao príncipe o que lhe havia prometido pouco antes de sua morte, acrescentando:

    - Cumprirei a minha promessa. Ser-te-ei fiel como o fui para com ele, mesmo que isso me custe a vida.

    Transcorrido o período do luto, o fiel João disse-lhe:

    - Já é tempo que tomes conhecimento das riquezas que herdaste; vamos, vou mostrar-te o castelo de teu pai.

    Conduziu-o por toda parte, de cima até em baixo, mostrando-lhe os aposentos com o imenso tesouro, evitando porém uma determinada porta: a do quarto onde se achava o retrato perigoso. Este estava colocado de maneira que, ao abrir-se a porta, era logo visto; e era tão maravilhoso que parecia vivo, tão lindo, tão delicado que nada no mundo, se lhe podia comparar. O jovem rei notou que o fiel João passava sempre sem parar diante daquela única porta e, curiosamente, perguntou:

    - E essa porta, por quê não abres nunca?

    - Não abro porque há lá dentro algo que te assustaria, - respondeu o criado.

    O jovem rei, porém, insistiu:

    - Já visitei todo o castelo, agora quero saber o que há lá dentro.

    E foi-se encaminhando, decidido a forçar a porta. O fiel João deteve-o, suplicando:

    - Prometi a teu pai, momentos antes de sua morte, que jamais verias o que lá se encontra, porque isso seria causa de grandes desventuras para ti e para mim.

    - Não, não, - replicou o jovem rei; - a minha desventura será ignorar o que há lá dentro, pois não mais terei sossego, enquanto não conseguir ver com meus próprios olhos. Não sairei daqui enquanto não abrires essa porta.

    Vendo que nada adiantava opor-se, o fiel João, com o coração apertado de angústia, procurou no grande molho a chave indicada. Tendo aberto a porta, entrou em primeiro lugar, pensando, assim, encobrir com seu corpo a tela, a fim de que o rei não a visse. Nada adiantou, porém, porque o rei, erguendo-se nas pontas dos pés, olhou por cima de seu ombro e conseguiu vê-la.

    Mal avistou o retrato da belíssima jovem, resplandecente de ouro e pedrarias, caiu por terra desmaiado. O fiel João precipitou-se logo e carregou-o para a cama, enquanto pensava, cheio de aflição: A desgraça verificou-se; Senhor Deus, que acontecerá agora? Procurou reanimá-lo, dando-lhe uns goles de vinho, e assim que o rei recuperou os sentidos, suas primeiras palavras foram:

    - Ah! De quem é aquele retrato maravilhoso?

    - Ê da princesa do Telhado de Ouro, - respondeu o fiel João.

    - Meu amor por ela, - acrescentou o rei, - é tão grande que, se todas as folhas das árvores fossem línguas, ainda não bastariam para exprimi-lo; arriscarei, sem hesitar, minha vida para conquistá-la; e tu, meu fidelíssimo João, deves ajudar-me.

    O pobre criado meditou, longamente, na maneira conveniente de agir; porquanto, era muito difícil chegar à presença da princesa. Após muito refletir, descobriu um meio que lhe pareceu bom e comunicou-o ao rei.

    - Tudo o que a circunda é de ouro: mesas, cadeiras, baixelas, copos, vasilhas, enfim, todos os utensílios de uso doméstico são de ouro. Em teu tesouro há cinco toneladas de ouro; reúne os ourives da corte e manda cinzelar esse ouro; que o transformem em toda espécie de vasos e objetos ornamentais: pássaros, feras e animais exóticos; isso agradará a princesa; apresentar-nos-emos a ela, oferecendo essas coisas todas, e tentaremos a sorte.

    O rei convocou todos os ourives e estes passaram a trabalhar dia e noite até aprontar aqueles esplêndidos objetos. Uma vez tudo pronto, foi carregado para um navio; o fiel João disfarçou-se em mercador e o rei teve de fazer o mesmo para não ser reconhecido. Em seguida zarparam, navegando longos dias até chegarem à cidade onde morava a princesa do Telhado de Ouro.

    O fiel João aconselhou o rei a que permanecesse no navio esperando

    - Talvez eu traga comigo a princesa, - disse ele, - portanto, providencia para que tudo esteja em ordem; manda expor todos os objetos de ouro e adornar caprichosamente o navio.

    Juntou, depois, diversos objetos de ouro no avental, desceu à terra e dirigiu-se diretamente ao palácio real. Chegando ao pátio do palácio, avistou uma linda moça tirando água da fonte com dois baldes de ouro. Quando ela se voltou, carregando a água cristalina, deparou com o desconhecido; perguntou-lhe quem era.

    - Sou um mercador, - respondeu ele, abrindo o avental e mostrando o que trazia.

    - Ah! Que lindos objetos de ouro! - exclamou a moça.

    Descansou os baldes no chão e pôs-se a examiná-los um por um.

    - A princesa deve vê-los, - disse ela; - gosta tanto de objetos de ouro que, certamente, os comprará todos.

    Tomando-lhe a mão, conduziu-o até aos aposentos superiores, que eram os da princesa. Quando esta viu

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