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A Menina Do Sótão
A Menina Do Sótão
A Menina Do Sótão
E-book150 páginas2 horas

A Menina Do Sótão

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Sobre este e-book

Liene era uma menina alegre que gostava muito de brincar. Levava uma vida tranquila com seus pais até que um acontecimento mudou tudo. Com medo de ser encontrada e ser assassinada, precisou esconder-se de todos. Mas, a surpreendente realidade se mostrou implacável convocando-a ao enfrentamento. Vítima ou dona de seu destino? A resposta está no desfecho emocionante desse romance.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento3 de set. de 2016
A Menina Do Sótão

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    A Menina Do Sótão - Eliza F. Corona

    Dedicatória

    À minha filha Karen, exemplo de ser humano, cuja nobreza de alma e de caráter é motivo de orgulho e alegria. Desbravadora por natureza, abriu seu próprio caminho, beneficiando não apenas a si mesma, mas todos ao seu redor.

    Sou grata por me escolher para ser sua mãe nesta encarnação. Espero ser merecedora dessa honra.

    Agradecimentos

    Agradeço a todos os mestres, encarnados e desencarnados, que das mais variadas formas compartilharam seus conhecimentos.

    Agradeço também a todas as pessoas e situações que contribuíram para o meu crescimento. Com uma palavra, uma atitude, por vezes não tão bem-intencionada, mas que me trouxeram grande ensinamento.

    A todos que registraram e disponibilizaram seu próprio aprendizado, mostrando o caminho trilhado.

    Sou grata àqueles que dedicaram seu tempo estudando, trabalhando, pesquisando, para facilitar o caminho daqueles que como eu, estão sedentos de conhecimento.

    Agradeço ainda aos autores que, com a luz do seu conhecimento, nos guiam neste caminho cheio de armadilhas e obstáculos colocados pela nossa própria ignorância. E em sua homenagem, deixo esta singela contribuição para os incansáveis buscadores da própria evolução.

    Elisa F. Corona

    Prefácio

    Vítimas ou donos de nosso destino? Isso depende, quase sempre, de nossa tomada de decisão. As menores ações podem refletir de forma positiva ou negativa em nossas vidas e direcionar nossa caminhada de forma mais suave ou levar-nos a trilhas mais duras e sofridas. Por vezes leva um tempo muito grande até conseguirmos encontrar esse caminho de forma a estar em paz e tomados de amor.

    Nos prepararmos e buscarmos desenvolver as habilidades necessárias, percorre por um longo aprendizado, sendo que em muitas vezes demora até mesmo a estarmos prontos para ouvir verdadeiramente o que nos é passado através dos ensinamentos. Por vezes sentimo-nos sozinhos, traídos, incapazes de recobrar nossas forças e dar um passo adiante. E, por vezes, o caminho mais fácil é deixar-se levar pelo orgulho, pela inveja, pelo rancor. Sendo que transmutar sentimentos ruins em amor, escolher perdoar, manter a generosidade e abster-se de julgamentos são escolhas que podemos ou não fazer, mas que refletem diretamente em nossa evolução, em nossa caminhada espiritual. Guardar mágoas, na verdade, gera mais mal a nós mesmos que aqueles por quem as nutrimos. Mas, como dominar e reverter nossos sentimentos?

    Através do romance a Menina do sótão, a escritora Eliza F. Corona consegue levar o leitor a uma ampla reflexão sobre essas tomadas de decisões que nos direcionam a este ou àquele caminho. De uma forma leve e por meio de várias tramas, suas personagens trilham caminhos do medo, da raiva, da inveja e do rancor, mas em contrapartida, também seguem pelos caminhos do amor, do perdão, da aceitação, da paz e serenidade. Trata-se de uma leitura leve, mas que ao mesmo tempo produz reflexões e esperança.

    Grata pela satisfação de ler seu romance em primeira mão e poder partilhar dessas reflexões tão verdadeiras. Que sejamos sempre luz no caminho.

    Andrea Cristina Lopes

    Capítulo 1

    Chovia. Generosas gotas escorriam pelo vidro da grande janela, através da qual se via a rua deserta e preguiçosa. O clima estava perfeito para ficar em casa e brincar com o fogãozinho novo que Liene havia ganhado de seu pai no dia anterior.

    Ele não costumava dar presentes, a não ser em datas especiais. Mas Liene nem pensou nisso. Não estranhou a atitude diferente do pai. Ele chegara em casa cabisbaixo, preocupado e abatido, trazendo nas mãos um presente para ela. Não era Natal nem aniversário. Mas a menina não reparou nisso. Estava tão feliz com o presente que só pensava em brincar.

    Liene tinha nove anos. Era irrequieta e alegre. Estava sempre pululando e procurando alguma coisa para fazer. Gostava de cozinhar, mas a mãe não deixava, então, quando ficava sozinha em casa fazia bolo e escondia no sótão para comer enquanto brincava.

    Não dava trabalho. Era obediente e brincava o tempo todo. Filha única, nunca questionara a falta de um irmão, nem se preocupou em ter companhia. Gostava mesmo de brincar sozinha e conversava com seus amigos imaginários o tempo todo.

    Isabel, mãe de Liene, estava sempre tão alienada que não percebia os sinais de uso que a menina deixava na cozinha. Eles moravam numa casa antiga, num bairro tranquilo em São Paulo. Não era grande, mas era espaçosa, além de bem distribuída e muito agradável. Havia um pequeno corredor onde ficavam as portas do banheiro, dos quartos, e uma maior que dava para outro corredor de entrada da casa, onde ficavam a cozinha e a sala. No teto desse corredor havia uma pequena porta que dava acesso ao sótão, onde ficava a caixa d’água. Ninguém subia lá, exceto Liene, que descobriu um bom lugar para brincar e se esconder. Ela começou a subir no sótão, empilhando cadeiras sobre a mesa, e então, convenceu os pais a comprar uma escada, limpar e preparar o local transformando-o no seu espaço secreto.

    Lá em cima era muito apertado e quente. O telhado era baixo e somente estando curvado um adulto poderia andar sob ele. Tiveram muito trabalho, pois a casa tinha uns trinta anos e aquele lugar nunca havia sido utilizado antes. Depois de tudo limpo, a menina e seus pais montaram uma barraca de pano, vermelha com desenhos natalinos. Fora o presente de Natal de Liene. O melhor presente de todos os Natais que ela lembrava.

    A garotinha achou muito divertido limpar e arrumar o sótão. Seu pai, que sempre dava um jeito em tudo, comprou uma escada de cordas, bem leve e relativamente segura para ela, que era muito habilidosa, e subiria facilmente.

    O olhar vivo de Liene passeou pela chuva que se derramava generosamente. Calmamente, tomou seu café com leite, comeu o pão com requeijão, e após escovar os dentes foi brincar no sótão, seu lugar preferido. Aquelas férias estavam muito boas, sem os coleguinhas provocando e sem as professoras exigindo as lições que ela odiava fazer. Brincar era mais interessante. Podia ser o que quisesse: uma dona de casa, às vezes uma enfermeira dedicada, outras uma engenheira fazendo grandes construções com blocos de montar, pedaços de madeira etc., mas, na maioria das vezes, era uma grande chefe. Gostava mesmo era de cozinhar. Não gostava da escola. Os colegas eram insuportáveis, as professoras nem tanto, mas ela sempre tinha que fazer a lição. E isso era muito chato. Mas hoje - pensou ela: férias, presente novo, quem se lembraria da escola? E foi brincar feliz da vida.

    Isabel, a mãe, andava sempre muito atarefada. O cansaço era desesperador. Ela se desdobrava entre as exaustivas tarefas domésticas e o trabalho na gráfica, e este lhe exigia muita concentração. O baixo salário mal dava para as principais despesas, e isso a deixava ainda mais desanimada. Porém, o mais difícil, era administrar o gênio do marido, que reclamava de tudo e não ajudava em nada. Lavar um prato, nem pensar. Ela tinha que fazer todo o trabalho da casa e ainda deixar as roupas limpas, bem passadas, e a alimentação deles pronta.

    Liene não sabia disso. Brincar era tudo o que ela queria. E assim, em sua doce inocência, saiu da mesa sem desconfiar de nada. Foi brincar em seu lugar preferido, sem se dar conta do estado de espírito da mãe ao retirar as louças e deixar as coisas encaminhadas para, após chegar do trabalho, cozinhar, limpar e lavar.

    Isabel suspirou desolada. Não aguentava mais. E agora, mais uma preocupação. Percebera a mudança repentina do marido. Ele andava preocupado e só falava o necessário. Nem sequer reclamou que a camisa estava malpassada. E não era esse o comportamento dele. Sempre reclamava de tudo. Ela tinha que se desdobrar para ficar tudo perfeito. Passar muito bem suas camisas e fazer o jantar do jeito que ele gostava.

    À noite ela convidaria o marido para uma conversa - pensou. Afinal, precisava saber o que estava acontecendo. Retirou a louça do café e deixou a toalha sobre a mesa. Colocou um prato, deixou o pacote de pão e se perguntou desanimada: até quando Liene teria que ficar sozinha em casa, se alimentando tão mal? E ela, até quando aguentaria viver assim? Sentiu um calafrio.

    A angústia que a oprimia aumentou muito, sufocando-a. Precisava dar um jeito de melhorar de vida. Não aguentava mais trabalhar tanto e ganhar tão pouco. Viviam sem nenhum conforto. Não podiam pagar uma empregada para ajudá-la nas tarefas da casa e cuidar da filha que sempre ficava sozinha. A pequena Liene, quando sentia fome, tomava um lanche e logo voltava a brincar.

    Um arrepio gelado lhe percorreu a espinha. O medo de que alguma coisa acontecesse com a filha, o ritmo alucinante em que vivia, e o dinheiro que não dava nem para o necessário. Tudo isso fez com que se sentisse encurralada, numa angustiante situação para a qual não via saída. E agora mais uma preocupação. Temia que alguma coisa muito séria estivesse acontecendo com Horácio. Estava decidida a esclarecer. Falaria com ele naquela noite mesmo.

    Olhou em volta. Deslizou o olhar cansado e sofrido nos móveis da sala. O sofá velho e rasgado parecia rir da sua dor. A televisão sobre uma mesinha velha e enferrujada mostrava a dura realidade, indiferente ao sentimento de solidão e tristeza que deixava seu olhar ainda mais profundo.

    Isabel era uma bela mulher. Tinha o rosto delicado, com traços finos. Era magra, altura média e corpo com formas perfeitas. Os cabelos castanhos acentuavam sua palidez, e alguns fios brancos lhe davam alguns anos a mais. Ela ia completar vinte e nove, mas aparentava mais de trinta e cinco. Os lindos olhos azuis, outrora sonhadores, estavam tristes e sem brilho, emoldurados por profundas olheiras que denunciavam o cansaço que a consumia.

    Casou-se, prematuramente, com a idade de dezenove. Estava cheia de ilusões e sonhos. Sonhos estes, que foram se desfazendo dolorosamente, ferindo sua alma a cada dia, ano após ano, enquanto a realidade se desnudava impiedosa, no desenrolar do dia a dia e na difícil convivência com o marido que era mimado e mal-humorado.

    As dificuldades financeiras eram inimagináveis e foram aumentando após o nascimento de Liene. A chegada da filha fora um presente de Deus, para o qual ela não estava preparada naquele momento, mas aceitara com muito amor.

    Um suspiro dolorido escapou de seu peito angustiado. Pegou a bolsa, um guarda-chuva e saiu. Não se despediu da menina. Era assim que saía todos os dias. Liene já estava acostumada.

    Capítulo 2

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