O Detetive Escritor
De Paulo Godoi
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O Detetive Escritor - Paulo Godoi
Título: O detetive Escritor
Autor: Paulo Godoi
Editora: Clube de Autores
Edição: 1ª
Ano: 2017
Idioma: Português
Especificações: A escolher | 183 páginas | Acabamento a escolher Peso: 280g (aproximadamente)
Dimensões: 140mm x 210mm
Papel: Pólen
Impressão: Colorido e Preto e Branco
Notas do autor:
Sempre que eu termino um livro eu me ponho a pensar, pensar que poderia ter feito melhor, que poderia ter algo mais, mas se eu fosse pensar sempre certamente nunca terminaria um livro, afinal de contas temos uma natureza muito exigente para nós mesmos.
Quando eu tive a ideia de escrever O detetive escritor
me veio vários conceitos sobre o assunto, imediatamente consultei minha coleção de Sherlock Holmes, minha coletânea de Edgar Alan Poe e até mesmo a saga de livros do Harlan Coben com o carismático Myron Bolitar, como podem perceber tive influências suficientes!
No entanto, não sou um brilhante escritor para poder me embasar com segurança neles, por isso eu me inspirei num livro que pode ser desconhecido do grande público, Três motivos para matar
de Roy Winsor me apresentou dois personagens maravilhosos, primeiro o professor Barnes, e o outro, Ira Cobb.
Quando você abrir esse livro e chegar na página um, por favor, não espere um texto célebre, não crie expectativas de ver um Sherlock em ação ou um Dupin em seu melhor momento, espere um escritor que gosta de romances policias que fez o melhor que pode, pois isso eu posso te garantir, pois eu escrevo aquilo que eu mesmo gostaria de ler e espero que vocês gostem também.
Se ainda assim desejar prosseguir com a leitura, serei grato, e caso tenha ideias para esse personagem, ou se quiser dar nome a algum personagem nos próximos volumes, entre em contato comigo nas redes sociais, estou em quase todas!
Com gratidão, Paulo Godoi.
Episódio 1: Cigarros, Isqueiros e Cinzeiros
Episódio 2: Amor de perdição
Episódio 3: O homem invisível
Episódio 4: A curva negra
Episódio 5: Um conto em West Side
Episódio 6: Um escândalo em Liverpool
Episódio 1: Cigarros, Isqueiros e Cinzeiros
Nova York, 1955
O despertar da cidade que nuca dorme! Uma metáfora
grandiosa talvez, mas para quem vive nela é como uma
insônia eterna, a cidade não dorme por que tem mais chances de sucumbir se o fizer, e é bem compreensível. O clima
estava quase divino, o cheiro de álcool era tão forte quanto a presença dos capangas dos grandes gângsteres, que podemos
chamar de empresários, é tudo farinha do mesmo saco, talvez seja esse o motivo da polícia ser e ter que ser ainda mais ativa nessas questões, para o bem ou para o mal da população,
afinal de contas, o mesmo ser humano que defende uma vida
pode ser o mesmo que queira tira-la, o que não é raro hoje em dia.
Enquanto o mundo todo se movia a todo vapor para seu fim
terrível, uma figura imponente caminha tranquilamente de um minúsculo apartamento no centro até seu local de trabalho, seu nome: Ethan Shore, Detetive chefe da polícia de Nova
York e autor do best-seller " Cigarros, Isqueiros e Cinzeiros
". Ethan mora a poucas quadras do Central Park, onde talvez seja seu lugar favorito em toda a cidade, é aonde ele exibe sua bela face mas guarda para si sua preciosa atenção e o
doce som de sua própria voz.
1
Ele era muito autoconfiante!
Ele caminhou pelas calçadas com a calma costumeira e
respondia a poucas pessoas que falavam com ele, exceto
quando passava em frente a um café, onde sua parceira
frequentava pontualmente todas as manhãs. A construção era charmosa, ela era pequena e parecia ainda menor em virtude dos prédios que a cercavam, tinha um acabamento meio
rústico com portas de vidro e colunas de pedras, o chão de seu interior era de madeira extremamente bem lixada e suas mesas tinham detalhes de móveis reais do século passado,
Hallana sentava-se sempre na mesa do canto, que dava para a janela que mostrava o distrito onde trabalhava, sabia que
Ethan a encontraria ali, e sempre levava um susto ao vê-lo sentado em silêncio, contemplando seu rosto com admiração.
Quando os dois se conheceram, isso nos meados dos anos
quarenta, ele havia dito algo que parecia ser um elogio, algo do tipo Seu rosto é muito bem feito, mais bonito que o da puta que bebi ontem
É, Ethan é um perfeito cavalheiro!
Logo depois dessa frase perfeita os dois foram para aquela mesma cafeteria investigar um caso, e desde então se
encontram ali.
Mas desta vez, depois de tantos anos, ele chegou e foi até o balcão pegar seu café ao invés de sentar-se antes e ficar
reclamando a demora do garçom e foi até a mesa, quando se
sentou, Hallana desviou o olhar para ele e riu ao dizer:
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- Ora, desistiu de reclamar e foi fazer algo a respeito?
Ethan bufou antes de beber um pouco da xícara e quando a
recolocou no pires disse:
- E pelo visto você acordou hoje se achando engraçada, não é?
- Que engraçado você dizer isso! Rebateu ela rindo - Quem é o engraçadão agora?
Ele apena devolveu o sorriso e voltou a sorver seu café,
enquanto o fazia, a fumaça começara a embaçar seus óculos
redondos, e ao tira-los, tudo para ele continua embaçado, ele esfregou os óculos no cachecol com dificuldade, mas não
antes de Hallana notar:
- Queria ter seus olhos, são maravilhosos! Disse ela
hipnotizada pelo brilho azul turquesa, ele por sua vez
respondeu colocando os óculos novamente:
- E eu queria os seus!
Ele riu com o comentário, tornou sua atenção a xícara em
cima da mesa e de como a fumaça bailava vagarosamente
para as bordas da mesma e caminhavam em passos lentos até
colidirem no vidro e se unirem naquele espaço, e ela
acompanhava aquele pequeno infinito como se estivesse ali
sozinha, como se o mundo a sua volta fosse apenas um
3
conceito e ela apenas um ponto, e Ethan notara isso e então perguntou:
- Está pensando nele? Perguntou ele referindo-se ao
namorado dela que desaparecera após um acidente de barco,
digo que desapareceu por que nunca acharam os corpos dos
tripulantes e esse fantasma vem atormentando a moça há
anos! No entanto, ela não perdeu a oportunidade e respondeu:
- Não, estou pensando no Frank Sinatra!
- Está afiada hoje! Comentou ele com um leve sorriso - Acha que teremos um daqueles quebra-cabeças deliciosos de
montar hoje?
- Talvez! Disse ela bebendo um pouco mais do café antes de finalmente desistir dele e direcionar seu corpo na direção de seu parceiro e atentar seu olhar para o dele, afim de
acompanhar seus raciocínios esvoaçantes, por mais ou menos dois minutos eles ficaram em absoluto silêncio até ele ser rompido por Ethan:
- Vamos! Disse ele se levantando - O inspetor chegou junto com o capitão, boa coisa não é! Disse ele com os olhos fixos na janela ao lado deles, toda vez que o inspetor Neves, que por sua vez, detesta o capitão Corey de maneira absurda
chegavam juntos, era por que o caso requeria precisão
cirúrgica, ou seja, o levariam para a tenente Ribeiro, uma 4
mulher baixa, porém muito forte de pele alva como a neve e cabelos curtos que frequentemente ganhavam tons de outra
cor, além de possuir expressivos olhos verdes e ter uma
personalidade encantadora! E toda vez que essa precisão se fazia necessária, o babaca arrogante, como todo o distrito se referia a Ethan, era acionado para auxiliar.
Em poucos minutos Hallana e Ethan chegaram ao distrito e
seguiram para as suas mesas já aguardando serem chamados,
as mesas ficavam frente ao escritório da tenente, onde ela debatia de maneira vocifera com o inspetor e o capitão,
Hallana olhara para Ethan que por sua vez estava lendo, ela então voltou sua atenção para as sombras que se digladiavam entre si, e isso levou uns dez minutos aproximadamente, mal os dois saíram e a tenente já fez sinal para os dois entrarem, ele largou seu livro quase que de imediato e seguiu ela até a sala, assim que fechou a porta ouvira o rangido da cadeira enquanto o corpo da tenente se afundava nela:
- Eu tenho um caso de assassinato muito esquisito! Disse ela -
Ou seja, nós temos um caso de assassinato muito do
esquisito!
- Certo Rach, nos conte tudo o que nossos colegas lhe
relataram! Disse Ethan sentando-se no canto e cruzando as
pernas, Hallana se acomodara mais próximo da mesa de
Rachel, que disse:
5
- Ontem, por volta das onze e meia, um motorista de táxi
buscou duas mulheres em frente ao hotel Central Park, uma
se chamava Érica Gordon e a outra Era Anne Buchmaker,
elas trabalhavam parta o governo e carregavam consigo
algumas informações que deferiam ter sido entregues ao
comissário ontem, mas o táxi que elas pegaram foi
encontrado carbonizado com apenas dois corpos, não
sabemos qual delas foi levada.
- E a que horas acharam o carro? Perguntou Hallana.
- Cerca de oito horas depois.
- A pista está fresca! Disse ela virando-se para Ethan que complementou levantando-se - Poderia anotar o endereço
para mim querida, eu e Hallana daremos um pulinho nesse
local.
- Certo! Disse a tenente lhe entregando o bilhete.
Os dois detetives saíram do distrito e seguiram pela lateral do mesmo até chegarem ao estacionamento onde Ethan deixava
sua preciosidade, um Cadillac eldorado 1953, os olhos dele sempre brilhavam ao ver o automóvel cromado e brilhante, é toda vez Hallana fazia questão de comentar:
- É por isso que você não se casa! Vive gastando esse olhinho bonito com esse carro.
- Esse não é apenas um carro
! Disse ele enquanto se aproximava da porta do carro - É o carro
querida, custou-6
me os olhos da cara e um dos rins mas valeu a pena!
Ela riu da emoção que ele falava do carro, mas quando ela
entrou no carro ela realmente entendeu o por que dele gostar tanto, que carro confortável! Ela recostou-se no banco e
soltou um profundo suspiro, vendo isso Ethan comentou:
- Nada mal para um carro qualquer não?
Mas Hallana fingiu não estar impressionada e comentou:
- Bah! Já vi melhores!
Ele riu sabendo que ela mentira e deu partida no carro.
Durante o trajeto, os dois ficaram em um silêncio curto,
apenas desfrutando da voz do Frank, ela olhava pela janela como quem viajava para bem longe, Ethan era bem sensível
ao ambiente ao seu redor sem deixar que o mesmo o afete:
- O que te incomoda? Perguntou sem desviar o olhar da
estrada, é ela respondeu olhando para ele pelo reflexo da
janela:
- É sobre o caso, não é meio estranho?
- Funcionárias do governo com informações secretas usarem
transporte público para levar informações a um mero capitão de polícia?
- Exato! Isso não existe, ou seja,