Encontre milhões de e-books, audiobooks e muito mais com um período de teste gratuito

Apenas $11.99/mês após o término do seu período de teste gratuito. Cancele a qualquer momento.

Sombras Fatais: Os Mistérios de Adrien English
Sombras Fatais: Os Mistérios de Adrien English
Sombras Fatais: Os Mistérios de Adrien English
E-book236 páginas3 horas

Sombras Fatais: Os Mistérios de Adrien English

Nota: 0 de 5 estrelas

()

Ler a amostra

Sobre este e-book

Em uma manhã ensolarada de Los Angeles o proprietário de livraria e aspirante a escritor de mistérios, Adrien English, abre sua porta para o assassinato. Seu velho amigo do secundário (e empregado) foi encontrado apunhalado em um beco depois de ter uma ruidosa discussão pública com Adrien na noite anterior.

Naturalmente a polícia deseja fazer algumas perguntas a Adrien, mas não ficam muito impressionados com suas respostas, e quando horas depois, alguém invade e saqueia a loja de Adrien, a lei está inclinada a pensar que Adrien está tentando desviar a atenção do crime de si mesmo.

Mas Adrien sabe melhor. Adrien sabe que seu nome é o próximo na lista do assassino.

IdiomaPortuguês
EditoraBadPress
Data de lançamento4 de mar. de 2021
ISBN9781071590928
Sombras Fatais: Os Mistérios de Adrien English
Autor

Josh Lanyon

Author of nearly ninety titles of classic Male/Male fiction featuring twisty mystery, kickass adventure, and unapologetic man-on-man romance, JOSH LANYON’S work has been translated into eleven languages. Her FBI thriller Fair Game was the first Male/Male title to be published by Harlequin Mondadori, then the largest romance publisher in Italy. Stranger on the Shore (Harper Collins Italia) was the first M/M title to be published in print. In 2016 Fatal Shadows placed #5 in Japan’s annual Boy Love novel list (the first and only title by a foreign author to place on the list). The Adrien English series was awarded the All-Time Favorite Couple by the Goodreads M/M Romance Group. In 2019, Fatal Shadows became the first LGBTQ mobile game created by Moments: Choose Your Story.She is an EPIC Award winner, a four-time Lambda Literary Award finalist (twice for Gay Mystery), an Edgar nominee, and the first ever recipient of the Goodreads All-Time Favorite M/M Author award.Find other Josh Lanyon titles at www.joshlanyon.comFollow Josh on Twitter, Facebook, and Goodreads.

Autores relacionados

Relacionado a Sombras Fatais

Ebooks relacionados

Ficção gay para você

Visualizar mais

Artigos relacionados

Categorias relacionadas

Avaliações de Sombras Fatais

Nota: 0 de 5 estrelas
0 notas

0 avaliação0 avaliação

O que você achou?

Toque para dar uma nota

A avaliação deve ter pelo menos 10 palavras

    Pré-visualização do livro

    Sombras Fatais - Josh Lanyon

    Sobre o livro

    Capítulo um

    Capítulo dois

    Capítulo três

    Capítulo quatro

    Capítulo cinco

    Capítulo seis

    Capítulo sete

    Capítulo oito

    Capítulo nove

    Capítulo dez

    Capítulo onze

    Capítulo doze

    Capítulo treze

    Capítulo quatorze

    Capítulo quinze

    Sobre o autor

    A vida irá mostrar suas máscaras que valem por todos seus carnavais.

    Ralph Waldo Emerson, Ilusões

    Capítulo um

    Policiais antes do café da manhã, antes mesmo de beber uma xícara de café, como se segundas-feiras já não fossem ruins o suficiente. Desci as escadas tropeçando, abri as portas de vidro, puxei o portão de ferro forjado e deixei-os passar. Dois detetives à paisana.

    Eles se identificaram, mostrando seus distintivos. Detetive Chan era o mais velho dos dois, um pouco barrigudo e despenteado, cheirando a desodorante Old Spice e cigarros, enquanto passava por mim. O outro, detetive Riordan, era grande e loiro com um corte de cabelo neonazista. E olhos âmbar.

    Bem, eu não tinha ideia da verdadeira cor de seus olhos, mas eram intensos e observavam atentamente, como se esperasse que algo de algum canto o agredisse sem aviso.

    – Eu temo que tenhamos más notícias Sr. English. – Disse o Detetive Chan enquanto eu caminhava entre as prateleiras para o meu escritório.

    Eu não parei, eu continuei andando, como se pudesse fugir de, seja lá o que for, que eles quisessem me dizer.

    – ...tem a ver com seu empregado. Um Sr. Robert Hersey.

    Desacelerei, parei na frente da seção gótica. Uma dúzia de donzelas em perigo (e desleixadamente frágeis), capturaram meus olhos. Eu me virei para enfrentar os policiais. Eles tinham o que eu descreveria como expressões oficiais.

    – O que tem Robert? – Eu tinha uma sensação ruim na boca de meu estômago. Desejei que eu tivesse parado para pegar meus sapatos. Eu não estava preparado para ouvir más notícias, descalço e com barba por fazer. Claro que seria uma má notícia. Qualquer coisa a ver com Robert deveria ser uma má notícia.

    – Ele está morto. – Disse o grandalhão, Riordan. O machão.

    – Morto. – Repeti.

    Silêncio

    – Você não parece surpreso.

    – Claro que eu estou surpreso. – Eu estava. Não estava? Eu senti como se meu corpo inteiro estivesse entumecido. – O que aconteceu? Como ele morreu?

    Eles continuavam me observando com olhares calculistas.

    – Foi assassinado. – Disse Chan subitamente.

    Meu coração disparou, então começou a bater forte contra minhas costelas. Essa sensação, já familiar, de debilidade correu por meu corpo. Minhas mãos pareciam pesadas demais para os meus braços.

    – Eu preciso sentar. – Sussurrei.

    Me virei e continuei em direção ao escritório, com uma mão na minha frente para evitar tropeçar e cair nas prateleiras cheias. Eu podia ouvir seus passos atrás de mim, mal discerníveis sob o barulho insistente nos meus ouvidos.

    Empurrei a porta e sentei pesadamente atrás da mesa, abri a gaveta e comecei a vasculhar. O telefone começou a tocar. Ignorei-o, encontrei minhas pílulas, abri a tampa, peguei duas na palma da minha mão e engoli com a bebida de cola, da lata que tinha sido abandonada na noite anterior sobre a mesa. Tab. Tab quente. Caiu como uma bomba.

    – Me desculpe. – Eu disse educadamente. – Continuem.

    Chan olhou para Riordan.

    O telefone começou a tocar novamente. – Você não vai atender? – Riordan perguntou depois do quarto toque.

    Eu balancei minha cabeça. – Como é que... Quem...?

    O telefone parou naquele momento e o silêncio tornou-se ainda mais ensurdecedor.

    – Hersey foi esfaqueado ontem à noite em um beco atrás de seu apartamento. – Disse Chan.

    Sem perder o ritmo Riordan aproveitou a oportunidade para perguntar. – O que você pode nos dizer sobre Hersey? Você o conhecia bem? Por quanto tempo ele esteve trabalhando para você?

    – Conheço Robert desde a escola. Ele tem trabalhado para mim por cerca de um ano.

    – Qualquer problema com ele? Que tipo de funcionário era?

    Olhei para Chan.

    – Ele era bom. – Disse finalmente prestando atenção às suas perguntas.

    – Que tipo de amizade vocês tinham? –  Perguntou Riordan.

    – Desculpe-me?

    – Você estava dormindo com ele?

    Abri a boca, mas não saiu nenhum som.

    – Vocês eram amantes? – Chan perguntou olhando para Riordan.

    – Não.

    – Mas você é gay. – Insistiu Riordan, tenso e reto, me observando com olhos frios, como se estivesse avaliando alguma coisa.

    – Sou gay? E daí?

    – E Hersey era homossexual?

    – E dois mais dois significa automaticamente uma acusação de assassinato? – As pílulas estavam fazendo efeito, eu me sentia melhor, o suficiente para me irritar. – Éramos amigos. Eu não tenho nenhuma ideia de com quem ele dormia. Hersey dormia com um monte de pessoas.

    Não queria dizer dessa forma, pensei quando vi Chan fazer uma anotação. Ou talvez sim. Eu ainda não tinha assimilado. Robert tinha sido assassinado. Que ele houvesse sido espancado, sim. Preso, claro. Talvez morto em um acidente de carro ou em alguns dos seus jogos eróticos. Mas assassinado? Parecia tão irreal. Era tão... noticiário das dez.

    Eu queria perguntar se eles tinham certeza. Provavelmente era uma pergunta típica a todos nessas circunstâncias.

    Eu devia estar olhando fixamente para o espaço porque Riordan perguntou de repente.

    – Está tudo bem, Sr. English? Se sente mal?

    – Estou bem.

    – Pode nos dizer os nomes dos - uh - amigos de Hersey? – Chan perguntou. O uso do eufemismo amigos me fez ranger os dentes.

    – Não, Robert e eu não saíamos juntos.

    Riordan se endireitou.

    – Pensei que fossem amigos.

    – Éramos, mas...

    Eles aguardaram. Chan olhou para Riordan. Apesar de ser o mais velho eu tinha a impressão de que era Riordan o cara principal. Aquele que deveria ser observado.

    – Éramos amigos, mas Robert trabalhava para mim. Às vezes, isso produzia alguma tensão em nosso relacionamento. – Eu continuei com cautela.

    – Como?

    – Trabalhávamos juntos o dia todo, à noite queríamos estar com outras pessoas.

    – Uh-huh. Quando foi a última vez que viu Hersey?

    – Nós jantamos... – Parei enquanto Chan parecia querer comentar que eu acabara de dizer que Robert e eu não nos socializávamos. – E Robert me deixou porque ia encontrar com um amigo. – Continuei debilmente.

    – Que amigo?

    – Não me disse.

    – Quando foi isso? – Riordan perguntou cético.

    – Quando foi o quê?

    Lentamente, com visível sofrimento, de um profissional para um civil, Riordan perguntou novamente.

    – Onde e quando teve o jantar?

    – No Blue Parrot, em Santa Monica Boulevard. Por volta das seis da tarde.

    – A que horas saíram?

    – Robert saiu cerca de sete horas, eu fiquei tomando uma bebida no bar.

    – E você não tem ideia de com quem ele iria se encontrar. Um nome? Um apelido?

    – Não.

    – Você sabe se ele passaria primeiro por seu apartamento ou iria direto ao encontro?

    – Não sei. – Franzi minha testa – Tinham marcado em algum lugar, eu acho. Robert consultou o relógio e disse que estava atrasado, que precisava sair em dez minutos. Se ele pensou em ir para casa precisaria de pelo menos meia hora.

    Chan escreveu tudo em um caderno.

    – Qualquer outra coisa que você possa nos dizer, Sr. English? Alguma vez Hersey disse que temia por sua vida?

    – Não, claro que não. – Voltei a considera-lo. – O que o faz pensar que não foi roubo?

    – Quatorze facadas no peito e no rosto.

    Senti o sangue drenar de meu cérebro novamente.

    – Esses tipos de lesões envolvem algo pessoal. – Riordan disse lentamente, como se arrastando as palavras.

    Não me lembro exatamente o que me perguntaram depois disso. Me pareceram detalhes irrelevantes naquele momento. Se morava sozinho, onde havia estudado, desde quando era dono da livraria, o que fazia no meu tempo livre. Eles checaram a ortografia de meu nome.

    – Adrien com um 'e'. – Eu disse a Chan. Ele sorriu com escárnio.

    Eles me agradeceram por minha cooperação. Estariam em contato.

    Antes de deixar meu escritório Riordan pegou a lata vazia da mesa.

    – Tab. Não sabia que ainda era fabricado.

    Ele esmagou a lata com uma de suas enormes mãos e jogou-a no lixo.

    ***

    O telefone tocou novamente antes de terminar de fechar as portas da entrada. Por um momento eu pensei que fosse Robert, chamando-me para dizer que ele estava doente de novo.

    – Adrien, mon chou. – Soou a voz clara de Claude La Pierra. Claude é o proprietário do Café Noir, na Hillhurst Avenue. É um negro impressionante e muito bonito. O conheci há três anos atrás. Estou convencido de que é do Sul, mas ele gosta de falar com um sotaque francês afetado. – Acabei de saber. No entanto, eu não posso acreditar. Diga-me que estou sonhando.

    – A polícia acabou de sair.

    – A polícia? Mon Dieu! O que eles disseram? Eles sabem quem foi?

    – Não.

    – Que disseram? O que você disse? Você falou de mim?

    – Claro que não.

    Um suspiro alto de alívio veio telefone.

    Certainement pas! O que você teria a dizer? E quanto a você? Está bem?

    – Eu não sei. Eu não tive tempo para pensar.

    – Você deve estar em estado de choque. Venha para o almoço.

    – Eu não posso, Claude. – O pensamento de comida me fez querer vomitar. – Eu... não tenho ninguém para me cobrir.

    – Não seja um bourgeois.  Você tem que comer, Adrien. Feche a livraria por uma hora. Non! Feche durante todo o dia!

    – Vou pensar. – Prometi vagamente.

    Assim que desliguei, o telefone tocou de novo. Eu ignorei subindo as escadas para tomar um banho.

    Mas uma vez no andar de cima, afundei no sofá, e apoiei a cabeça nas mãos. Do lado de fora da janela da cozinha eu podia ouvir um pombo alçando voo, o suave som distinto do trânsito no meio da manhã.

    Rob estava morto. Parecia incrível e inevitável. Uma dúzia de imagens passou diante de meus olhos como uma projeção mental macabra. Robert aos dezesseis anos, vestido com o uniforme do Secundário West Valley. Os dois bêbados no Hotel Embaixador na noite do baile de formatura. Robert no dia de seu casamento. Robert ontem à noite, seu rosto estranho e distorcido pela raiva.

    Tinha perdido a oportunidade de corrigir, perdido a chance de dizer adeus. Limpei minhas lágrimas com a manga da camisa, ouvindo o som abafado do telefone tocando no piso térreo. Eu disse a mim mesmo que tinha de levantar e trocar de roupa. Eu disse que tinha um negócio para tocar, mas continuei sentado lá. Eu não podia deixar de pensar no que aconteceria, nos problemas que iam cair sobre mim. Podia visualiza-los em todos os lugares, esperando, apontando para mim como o próximo da fila. Talvez possa parecer egoísmo, mas tinha aprendido a me preparar, depois de toda a merda que eu tinha passado por culpa de Robert.

    Eu tinha vivido os últimos sete anos sobre minha livraria, na antiga Pasadena. Livraria Capa e Espada. Novos, usados, todos os tipos de mistérios, a maior seleção de gótico e literatura gay em Los Angeles. Nós tínhamos uma oficina para escritores de mistérios nas noites de terça-feira. Meus parceiros no crime finalmente me convenceram a fazer um boletim mensal. E acabava de vender meu primeiro romance, Assassinato virá à tona, sobre um ator gay Shakespeariano que tenta resolver um assassinato durante uma produção de Macbeth.

    O negócio era bom. A vida era boa. Mas especialmente os negócios eram bons. Tão bons que eu quase não conseguia dar conta disso, muito menos trabalhar no meu próximo livro. Foi quando Robert apareceu na minha vida novamente.

    Seu casamento com Tara, sua namorada (oficial) da escola, tinha terminado. Sair do casamento custou, segundo Rob, um olho da cara. Depois de nove anos e dois filhos e meio, ele estava de volta do interior da América, pronto e disposto. Como caído do céu.

    No piloto automático me levantei do sofá e fui até o banheiro para terminar de tomar banho e fazer a barba, o que tinha sido interrompido pelos oficiais tocando minha campainha às 8:05 da manhã.

    Abri a água quente. Pude ver meu reflexo no espelho embaçado e estremeci, ainda podia ouvir o tom condescendente, "Mas você é gay. Como se dissesse: Mas você é uma forma de vida inferior. O que o Detetive Riordan tinha visto? Qual tinha sido sua primeira pista? Olhos azuis, cabelo escuro um pouco longo, rosto pálido. Havia alguma coisa na minha ascendência anglo-saxã que gritava bicha"?

    Talvez ele tivesse um dispositivo que identificava gays disfarçados. Ou talvez existisse realmente um checklist de verificação para caras héteros. Como esses artigos que apareciam nas revistas em torno dos anos 60 Como reconhecer um homossexual? Durante muito tempo, eu tive uma dessas listas presas na porta da geladeira, com os mais chamativos destacados com um marcador de texto:

    Constituição delicada (ou muito musculoso)

    Poses inusitadas e marcantes.

    Vocabulário florido por exemplo, babado, climão, etc.

    Tremendamente ciumento.

    O que você vê de tão engraçado nisso? – Mel, meu ex-parceiro, perguntou irritado removendo a lista um dia.

    – Ei, não está na lista? Senso de humor excêntrico. Mel, você acha que eu sou homossexual?

    Então, o que é que tinha feito Riordan (vamos dizer assim) apontar o dedo para mim? Ainda no piloto automático, fui para o chuveiro: sabão, enxaguar e secar. Levei mais quinze minutos para encontrar algo para vestir. No final, eu decidi por um par de jeans e uma camisa branca. Eu não posso ser acusado de ter um elevado senso de moda.

    Eu voltei a descer as escadas. Relutantemente.

    Aparentemente, o telefone nunca parou de tocar. Eu o atendi. Era um jornalista, Bruce Green, da Boytimes. Recusei a entrevista e desliguei. Eu liguei a cafeteira, abri as portas da livraria novamente e chamei uma agência de trabalho temporário.

    Capítulo dois

    O silêncio é igual à morte. Era a frase favorita de Rob quando eu lhe dizia que não perturbasse ou assediasse os clientes.

    – Eu cuido de um negócio, não um fórum político, Rob.

    – Você não pode separar ser gay do resto de sua vida, Adrien. Tudo o que um gay faz tem impacto político, tudo importa: o banco que você usa, a loja onde você compra, o restaurante onde você come. Quando você pega a mão do seu namorado em público... ah, desculpe...

    – Foda-se, Rob.

    E ele sorria. Aquele sorriso travesso, em desacordo, com sua aparência de bom moço.

    Eu podia sentir a sua presença em todos os lugares. Um desenho grosseiro em um bilhete que ele tinha deixado. As palavras cruzadas não terminadas no Sunday Times. Um saco de pistaches secos sobre o balcão.

    Liguei o rádio na loja e música flutuou pela livraria. Concerto de Brahms para Violino: doce e melancólico e totalmente inapropriado, dada a forma que Robert tinha sido morto, esfaqueado em um beco.

    Apesar da música, estava muito quieto na livraria. E frio. Estremeci. Era um edifício antigo. Ele foi originalmente um pequeno hotel chamado A Hospedaria do Caçador, construído na década de trinta. A primeira vez que pisei nele, era um dia de primavera nublado, tendo acabado de herdar o que minha mãe costumava chamar de meu dinheiro.

    Lembro-me do eco de nossos passos, enquanto Mel e eu vagávamos pelas salas vazias com o corretor de imóveis. Parecia que estávamos em dois prédios totalmente diferentes.

    Mel só tinha visto os buracos nas paredes, arranhões nos pisos de madeira em ruína, o buraco financeiro. Eu, no entanto, olhei para além do papel de parede descascado e as manchas de água no teto marcadas pelas lâmpadas claras e cintilantes, para ver a escada povoada por fantasmas dos filmes em preto e branco da minha infância. Mulheres com chapéus e luvas, homens com cigarrilhas apertadas entre sorrisos elegantes. Eu os imaginei

    Está gostando da amostra?
    Página 1 de 1