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Tecendo Versos
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E-book148 páginas1 hora

Tecendo Versos

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Sobre este e-book

Esta obra é a síntese de mais de 40 anos de escrita, onde a autora revela seu olhar sobre a vida, as relações humanas e o universo feminino. Tecendo Versos é seu primeiro livro de poemas, onde busca retratar seus multiversos, ora com delicadeza, ora com a crueza das coisas do mundo. É o resultado de todo do incentivo recebido por sua mãe que sempre insistiu para que os textos fossem compilados numa obra para o "mundo ver". Os textos Tecelã e em Eu e as Palavras, imprimem a importância do ato de escrever e de como isso tornou-se seu oficio como uma tecelã de palavras. Como no trecho "escrever faz parte de mim, revela o meu eu mais profundo. Com minhas ideias vou desenhando o mundo e buscando encontrar os versos soltos por aí."
Tecendo versos é a sua obra primeira, inicial de outras que virão. É a janela que revela inúmeras possibilidades ao leitor de conhecer sua forma ímpar de revelar-se e reinventar-se. É memória, ancestralidade, liberdade de e ser e se inserir no mundo. Uma obra singela e despretensiosa. Um livro para se ler como quem recebe um amigo para tomar um café e conversar por horas a fio...
IdiomaPortuguês
Data de lançamento24 de ago. de 2022
ISBN9786587644479
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    Pré-visualização do livro

    Tecendo Versos - Terezinha Moreno

    Tecelã

    Eu traço as linhas da minha Vida. Bordo cada flor e cada estrela nos fios da Gratidão. As pedras, eu junto numa fileira. Subo nelas para ver além, a imensidão.

    Quando choro, choro por tudo o que vivi e sobrevivi. Choro de alegria, de surpresa, de angústia, de saudade, de incerteza.

    No meu tear de emoções cabem muitos sentimentos. Linhas e formas. Cor, luz, sombra, entrelaçamentos.

    Se feliz, uso as cores vivas da minha alegria. Se triste, encantam-me as cores fortes que matizam a minha agonia.

    Bordo e transbordo. Sonho, imagino, devaneio e, algumas vezes, realizo. Vou das lágrimas ao riso. Mas que não me faltem as cores da esperança. Sou assim, simples como uma criança. Outras, complexas como um filósofo amador. Ah, no meu tear tem muito amor. Ele é a agulha por onde passo e repasso os fios da minha intensa vida. Dentro de mim, sob a minha pele, vive uma artesã de sonhos. Uma tecelã de emoções e sentimentos. Fiz a mim mesma um juramento de não mais aceitar aquilo que me fere sem lutar. Minhas armas são a espada da oração e o escudo da temperança. Por onde eu vá, nunca me sinto só. Sobre minha cabeça, um céu de estrelas guias. Sob meus pés, um chão das sementes que plantei. Nas minhas mãos, todas as possibilidades de refazer os meus bordados diários. Sou assim. Sigo assim. Tecendo, colorindo, abrindo as portas e janelas da minha alma para todo o vir-a-ser. O que bordarei hoje?…

    Se eu pudesse

    Se eu pudesse, nenhuma criatura sofreria

    Por maus-tratos, fome, frio ou solidão.

    Nem bicho, nem planta, nem gente.

    Ninguém adoeceria ou morreria pela falta de compaixão.

    Em especial os inocentes, as crianças, os guris, os erês, os curumins.

    Toda gente seria amada, admirada, incentivada.

    Teria direito de ser e sonhar o que quisesse.

    Seria livre, sem amarras, sem correntes, sem culpa, sem prisões.

    Ah, se eu pudesse…

    Se eu pudesse, o mundo seria sempre um jardim florido,

    Um céu de intenso azul onde se ouviriam as risadas,

    A toada das violas enluaradas, de leste a oeste, de norte a sul.

    Se eu pudesse, o mundo seria uma grande roda de amigos.

    Um infinito de possibilidades de ser e se inserir no mundo.

    As praças pertenceriam ao povo, às aves e à gente de qualquer idade.

    Isso, sim, seria, para mim, viver numa feliz cidade.

    Se eu pudesse, tocaria muito bem um instrumento

    Só para estancar a dor e o sofrimento

    Dos que choram às escondidas e sorriem na frente das visitas.

    Dos que sofrem abuso, violência, desamor e malquerença.

    Dos que perderam a fé na vida, a inocência.

    E, para os que escondem um mar de lágrimas no fundo do olhar,

    Eu tocaria uma bela canção de amor, uma cantiga de ninar.

    Uma canção curativa, um mantra calmo e cheio de ternura

    Que a todos trouxessem paz, alegria e ventura.

    Se eu pudesse, as guerras seriam apenas lembranças,

    E viveríamos todos um tempo de bonança,

    Bordado de solidariedade e respeito,

    Onde todo o mal seria desfeito como no tempo de nossa infância.

    Se eu pudesse, em nenhum lar faltariam o pão, a compreensão, a saúde e a harmonia.

    E nas ruas ninguém seria discriminado por sua crença, raça, gênero, posição social ou etnia.

    Não existiram a miséria, o egoísmo, o fanatismo,

    A falta de empatia, a desigualdade e a hipocrisia.

    Se eu pudesse, ah, se eu pudesse, essa mágica eu faria.

    Mas vivemos no mundo real, e não de fantasia.

    Uso a minha arte para fazer a minha parte.

    Sou uma cidadã, uma escritora forjada nas lidas da vida

    Que distribui esperanças já quase perdidas…

    Uma sonhadora, uma otimista tenaz

    Que transvê o mundo nas tênues e frágeis

    Linhas de minha escrita

    E pelo meu imenso desejo de Paz.

    Escrevendo, sonho.

    E sonhando, vivo.

    Passos

    Meus passos,

    Faço e os refaço muitas vezes.

    Entre as alegrias os reveses do caminho,

    Medito e prossigo só, sem ser sozinho.

    Se a dor me faz companhia,

    Ainda que disfarçada de alegria,

    Ainda assim, sigo caminhando,

    Pois seguir é meu destino.

    Ir em frente, buscando o novo,

    O incerto, a surpresa, o inesperado.

    Sigo, porque seguir faz parte do viver,

    Vivo como quem sonha,

    Sonho, que é matéria-prima da minha realidade.

    Transbordo pelo simples fato de seguir

    De tudo que vivi até aqui

    Meus passos levaram-me ao vir- a- ser.

    Sou incompletude, atitude, gosto de viver.

    Nada mais carrego além de mim mesmo.

    Minha alma é minha bagagem.

    Onde carrego incertezas, ilusões e alegrias

    A esperança é minha companhia mais constante.

    Vale tê-la, ainda que por instantes,

    Para sentir que não ando só.

    Meus sentimentos são meus companheiros

    de estrada, em especial nas madrugadas.

    Escrever é meu modo de sentir e viver,

    por isso sigo, escrevo textos inteiros.

    Prossigo em passos mais lentos agora.

    Vivo a aurora da vida plena que tracei.

    Sou os versos que escrevi,

    Sou os sonhos que sonhei,

    Sou os passos que caminhei.

    Vou sem olhar para trás e sem sentir dor.

    Da vida eu quero só o amor,

    As sementes que deixei por onde caminhei.

    E, quando já não mais puder andar,

    No inverno da minha existência,

    Desejo apenas deixar a minha essência,

    Sem jamais deixar de sonhar.

    E voar, voar, voar….

    Dualidades

    Olho-me no espelho do tempo.

    Tantos caminhos percorridos,

    Tantas idas e vindas,

    Tantas partidas e chegadas,

    Tantas pedras, tantas flores,

    Tantos amigos, raros amores.

    Tantos sim, nãos, talvez, quem sabe…

    Amanhã, depois, mais tarde.

    Dias nublados, dias ensolarados,

    Noites insones, noites de sonhos.

    E quem me vê assim não sabe nada de mim.

    Sou chuva e sol,

    Sombra e luz,

    Céu estrelado, céu nublado,

    Rio manso e caudaloso,

    Sou raso, sou o profundo

    Lua cheia, lua minguante,

    Maré alta, maré vazante.

    Sou a eternidade. Sou o instante.

    A dualidade que sou me movimenta no mundo.

    Dentro de mim moram minhas memórias e esquecimentos.

    Meus muitos e indefiníveis sentimentos.

    Minhas raízes, minhas asas,

    Meus sonhos e delírios.

    Sou a eternidade do momento.

    De tudo que achei um dia saber, hoje quase nada sei.

    Reinvento-me a cada manhã,

    Pois cada dia é uma nova chance de escolher entre rir ou chorar.

    E ainda, quando choro de saudade, de alegria, de tristeza, de incerteza,

    Sei quão passageiros são esses instantes.

    Não me afogo na dor que de vez em quando me visita.

    Lavo minha alma nas águas do meu pranto.

    Isso basta para que, no segundo seguinte, o riso volte à minha face.

    Descubro-me.

    Descortino-me.

    Aceito-me.

    Liberto-me das minhas próprias amarras.

    Assim, vagarosamente…

    Reencontro

    Quando eu puder te encontrar de novo, meu coração fará uma festa silenciosa.

    Vou te abraçar tanto, tanto, que os minutos se transformarão em horas longas e vagarosas.

    Ficarei assim aconchegada no ninho do teu colo, sem querer sair de lá.

    Quando eu puder olhar de novo nas águas dos teus olhos, nada precisará ser dito. Igual àquela canção quando a luz dos olhos meus e a luz dos olhos seus…

    Quando eu puder sentir teus gestos de carinho, ouvir a tua risada e as tuas tiradas impagáveis, riremos tão alto, que o eco de nossas vozes será como sinos anunciando a boa-nova.

    Quando a tempestade passar, sairemos de mãos dadas, ocuparemos as ruas e as praças, como o condor ocupa todo o espaço do céu.

    Seremos muitos e seremos tantos vibrando numa só alegria, que o mundo inteiro há de nos ouvir.

    Marcharemos, então, juntos pelo sagrado direito à vida e à liberdade, sem ferir ninguém.

    Ainda que nos custe mais alguns dias de espera, o amanhã há de vir. E com ele a transmutação do que vulgarmente chamávamos de sobreviver. E aí estaremos prontos para VIVER.

    Para viver não basta só existir.

    Para viver é preciso florir.

    Depois da tempestade, pularemos nas poças das nossas próprias lágrimas para finalmente contemplar o arco-íris.

    O sol esquentará os nossos corpos e nossas almas aquecidas voltarão a bailar.

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