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Magda
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E-book297 páginas3 horas

Magda

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Sobre este e-book

Após a devastação provocada pela guerra contra os Humanos, Magda, filha de uma Bruxa muito poderosa, é obrigada a fugir de seu país e vir a morar com uma tia nos Estados Unidos, onde há sérias leis contas as criaturas Nórdicas. Para não ser descoberta e morta no mundo dos Humanos, ela desiste de seus poderes e tenta parecer com uma Humana comum. Karen, sua tia, já ditou a regra essencial para sobreviver naquela terra: nunca em hipótese nenhuma usar os poderes do qual possui.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento5 de mar. de 2019
Magda

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    Pré-visualização do livro

    Magda - Kemilly Rayanne

    Magda

    A Jovem Bruxa

    1

    2

    Kemilly Rayanne

    MAGDA

    A Jovem Bruxa

    3

    Copyright © 2019 by Kemilly Rayanne

    Diagramação Iran Santos

    Capa Iran Santos

    Revisão Kemilly Rayanne

    Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro pode

    ser utilizada ou reproduzida sem a autorização do editor.

    CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO

    FICHA CATALOGRAFICA FEITA PELO AUTOR

    R263m Rayanne, Kemilly

    Magda, a Jovem Bruxa / Kemilly Rayanne. Umuarama, 2019

    257p 14 x 21

    I Romance Brasil. II Título CDD 869.9

    II Literatura Brasileira CDU B869.3

    4

    Para minha querida mamãe

    Sra. Ana Camila… com amor

    5

    6

    Magda McFord: filha da rainha das Bruxas.

    Marjorie McFinn: pseudônimo da Magda.

    Rose McFord: rainha das Bruxas, mãe da Magda.

    Karen : tia da Magda, irmã de Rose McFord.

    Mike Milles: o mais popular da escola, caçador de Bruxas.

    Barbara ( Barbie): a superpopular da escola, inimiga da Mag-

    da

    Amy Beyla: Elfa, amiga da Magda.

    Eldir Alf: Elfo, irmão da Amy.

    Bradley Hoopers: gótico, admirador da Magda no colégio

    Damon Haper: Vampiro, namorado da Amy Beyla

    Vallery Hank: Elfa Negra que quer se vingar da Magda

    Mary: amiga da Barbara

    Melisse: Ninfa Melíade

    Ariagne: Sereia

    7

    Iris: Fada, prima da Magda e sobrinha da Karen

    Bianca: Irmã mais velha da Iris

    Tulio: esposo de Karen, da etnia das Fadas

    8

    ra uma época sombria, eu vi diante dos meus olhos uma

    sangrenta e terrível batalha entre os reinos Nórdicos se

    E travarem. Guerra por ambição, pelo simples prazer da

    superioridade entre outros povos e um desejo árduo de domi-

    nar o mundo como se isso fosse possível para nações tão pe-

    quenas e com recursos limitados, utilizando apenas poderes

    mágicos as quais possuíam ou armas artesanais e eficazes fa-

    bricados por eles mesmo mas com pouca tecnologia.

    — Protejam-se! — gritou um dos comandantes do

    exército das Bruxas, alertando sobre as bombas que caiam co-

    mo saraivadas vindas do ataque dos Humanos.

    A região Nórdica era dividida basicamente em sete

    reinos: o reino dos Vampiros, situado mais ao oriente, um lu-

    gar muito frio e desértico; Elphland, o reino dos Elfos, divisa-

    vam com a terra dos Vampiros, era considerada uma das terras

    mais linda da região, com um grande lago límpido e outros

    lagos termais menores, onde várias pessoas se banhavam para

    serem curadas em suas águas quentes; o reino dos Elfos Ne-

    gros, localizado na fronteira norte entre a terra dos Elfos e dos

    Vampiros, era uma terra muito sombria com uma floresta

    grande e escura, um povo muito recluso, assim como os Vam-

    piros, não se envolviam com ninguém; o reino das Ninfas, si-

    tuados mais ao sul, uma terra quente e exótica, com um belo

    lago de águas brilhantes; o reino das Ninfas Melíades, talvez

    um dos povos mais guerreiros, assim como as Ninfas se sepa-

    9

    raram dos Elfos, as Melíades se separaram das Ninfas após

    uma longa e árdua batalha; Fairyland, o reino das Fadas, fazia

    fronteira com a terra das Ninfas, a terra dos Elfos e com a terra

    das Bruxas, também tinham um grande lago que se misturava

    com o lago das Bruxas por uma passagem estreita; e

    Witchland, o reino das Bruxas, do lado ocidente das terras

    Nórdicas. E ainda existiam os Humanos, que dominavam o

    restante do mundo.

    Os Elfos eram criaturas sábias, não muito altas.

    Geralmente tinham modos serenos, mas o seu exército era

    muito poderoso, com uma habilidade incrível em manejar arco

    e flecha. Eles tinham o poder de curar qualquer ferida de guer-

    ra.

    Enquanto os Elfos travavam uma dura guerra con-

    tra os Vampiros. As Bruxas portanto, viram uma oportunidade

    em recuperar as terras perdidas há séculos naquela região e

    trataram de se aproveitarem da vulnerabilidade dos Elfos. Essa

    batalha terminou ruim para as Bruxas e os Elfos, uma vez que

    os Vampiros venceram ambos. Os Elfos nunca perdoaram as

    Bruxas por essa traição e até os dias de hoje são inimigos mor-

    tais.

    Os Vampiros eram assim chamados por ter a habi-

    lidade de sugar as forças e energias de outras criaturas, trans-

    ferindo os poderes momentânea-mente. Antigamente, tinham

    por costume beber lhes o sangue, porém, esta prática já havia

    sido abandonada por eles há séculos, devido à grande incidên-

    cias de doenças que se transmitiam através de sangue conta-

    minado das vítimas. Eles tinham poder de se locomover rapi-

    damente de um lugar para o outro, o que lhes davam ligeira

    vantagem sobre os outros povos.

    Nós, as Bruxas, habitávamos o lado oposto dos

    Vampiros, no Ocidente daquelas terras. Éramos muito podero-

    sas, podendo realizar feitos incríveis tanto para o nosso pró-

    prio benefício quanto para o dos outros, às vezes isto prejudi-

    cava e acarretava sérios equívocos, éramos chamadas de supe-

    10

    rambiciosas, inescrupulosas, entre outros adjetivos repugnan-

    tes que nos empregavam.

    Os Humanos eram criaturas que não possuíam po-

    deres místicos próprios, no entanto, possuíam o poder de fa-

    bricar armas tão poderosas capazes de dizimar todos os outros

    povos. Apesar de serem considerados dóceis, eles eram brutais

    e impiedosos na guerra. Com maior número populacional do

    que qualquer outra criatura exótica, a chance do domínio

    mundial era certa. Poderiam inclusive eliminar quem não os

    interessava em um piscar de olhos.

    Naquele dia, os Humanos já haviam dominado os

    Elfos e partiram para uma dura batalha contra as Bruxas. Seus

    tanques de guerra e suas aeronaves invadiram violentamente,

    não respeitando nossas barreiras de proteção, abrindo passa-

    gens para seus soldados arrogantemente através de suas bom-

    bas impiedosas. Rose McFord, minha mãe, era a rainha do

    reino das Bruxas. Sua reputação como a mais poderosa e im-

    placável governante de um país a precedia. Quem a eliminasse,

    receberia a condecoração da mais alta estirpe como o salvador

    do mundo, libertando o povo Humano das terríveis Bruxas.

    Não havia outra maneira de invadir Witchland sem acabar com

    a rainha McFord.

    — Filha — ordenou minha mãe em seu leito de

    morte, após ser alvejada terrivelmente — Você não pode per-

    manecer aqui, não é seguro… uma carruagem a levará até Bur-

    lington, onde mora minha irmã Karen.

    — Mãe! Eu não posso te abandonar! Sou uma guer-

    reira também, assim como a senhora. Eu lutarei até a morte

    contra estes Humanos impiedosos, vou mostrar a eles…

    — De maneira nenhuma. Está tudo perdido… você

    precisa se salvar!

    — Eu não posso… como viverei sabendo disso?

    — Não importa agora, filha! Já está tudo acertado.

    Vá logo!

    — Mas mãe — eu estava indignada — Burlington

    não é a terra dos Humanos?

    11

    — Sim, mas é o único jeito de você escapar com vi-

    da. Karen cuidará bem de você. Lá estará segura.

    — E se descobrirem o que sou?

    — Eles não descobrirão. Ouça-me com muita aten-

    ção, quando estiver na terra dos Humanos, nunca use seus

    poderes em hipótese alguma, entendeu? Terá que aboli-los

    para sempre.

    — Entendi — respondi entre lágrimas.

    — Agora vá que a carruagem te espera.

    — Mas mãe eu queria...

    — Filha… eu te … amo… não me decepc… cof, cof...

    — Mãe!

    Ela fechou os olhos para não abrir nunca mais.

    Aquela que sustentou o reino com pulso firme agora jazia em

    meus braços. Eu me desesperei, vieram os criados do reino e

    levaram-me.

    Durante a viajem até a perigosa e estranha terra

    dos Humanos, perguntava a mim mesma quem poderia ter

    facilitado a invasão dos Humanos em nossas terras. As Fadas

    não eram aliadas dos Humanos, nunca foram e nem os apoia-

    va, no entanto, foi por lá que nos atacaram. Este é um dos mo-

    tivos pelo qual nunca simpatizei por elas.

    12

    casa de minha tia Karen era a última na Appletree Point.

    Construída no alto de uma colina, ela era rodeada de pi-

    A

    nheiros e outras árvores típicas da região. Muito discreta,

    não chamava a atenção de quem passava por ali. Mais adiante

    estava o lago Champlain com sua imensidão de águas geladas e

    pequenas ondas mansas a se despedir na margem. Era um lu-

    gar bonito, porém isolado.

    Da casa de Karen até o colégio Burlington demora-

    va cerca de seis minutos de carro. Eu preferia ir a pé pelo Le-

    ddy Park, apreciando a natureza, demorava cerca de trinta

    minutos. Na volta eu gostava de parar em frente ao lago e ob-

    servar as águas com suas pequenas ondas se desfazendo na

    margem. No lado sudoeste, havia uma prainha isolada e tran-

    quila, uma clareira junto ao lago com muita areia. Era onde eu

    costumava passar meus momentos de meditação.

    "— Magda! Sai do lago já! Com tantos afazeres

    você só pensa em nadar o dia inteiro? — gritava minha mãe

    — Qualquer dia desses alguma sereia vai te beliscar os pés!

    — Não existem sereias, mãe. São apenas contos

    idiotas que as Fadas vivem falando para nos amedrontar.

    — Não se pode duvidar."

    Já estava a um mês no colégio Burlington, mas

    ainda não me acostumei com o lugar. Sentia-me um peixe fora

    13

    d'água, ali não tinha ninguém da minha espécie. Lembro da

    minha tia insistindo para eu estudar.

    — Magda, você precisa estudar. Um dia precisará

    de uma profissão, você precisa ser como os Humanos, fazer o

    que eles fazem ou não sobreviverá por aqui.

    — Mas eu não quero ser como eles, tia.

    — Você precisa esquecer esse negócio de vingança.

    O que aconteceu já passou. Vamos seguir em frente, temos

    uma linda vida para viver.

    — Tia — eu tentava explicar que superei. Dois anos

    na casa dela fez esquecer toda aquela batalha terrível — Eu não

    quero me vingar. Você sabe tanto quanto eu que foi minha mãe

    quem provocou toda aquela guerra. Ela provocava a todos os

    povos, ninguém gostava de nós. Por causa da família real, nós

    somos mal vistos por todas as etnias existentes na face da ter-

    ra.

    Karen observou meu pequeno discurso sem pesta-

    nejar.

    — Eu quero mudar isso. — continuei — As pessoas

    precisam saber que existem bruxas de bom coração, e não são

    as Fadas. — Que bom, filha. E o que você tem contra as Fa-

    das?

    — Eu as acho muito metidas. Por causa dos contos

    idiotas delas somos mal vistas por toda sociedade.

    — Eu adoro aquelas histórias, pensei que você já

    havia superado isto.

    — Elas são da nossa mesma linhagem, fazem o que

    nós fazemos, porém elas vivem divulgando que somos do mal

    enquanto elas do bem, isto é justo? Afh, não as suporto!

    — Lembre-se que Edward, meu marido, é descen-

    dente de Fadas.

    — Eu sei. Vou demorar a aceitar isso.

    — São nossas primas, não precisamos aceitá-las se

    não quisermos. Agora se arrume, está atrasada para escola!

    14

    O colégio era estranho para mim. Na terra dos

    Humanos era assim. As pessoas sequer me olhavam, quanto

    mais conversar. Eu comparava com as escolas de Witchland,

    todos eram muito divertido, querendo mostrar quem tinha o

    melhor poder, sabia fazer a melhor magia. E sempre ríamos

    das nossas atrapalhadas, as professoras eram muito rudes e

    viviam nos corrigindo.

    Alguns alunos rodeavam um garoto que tocava vio-

    lão na escada, eu admito, ele tocava muito bem, parecia um

    profissional. No outro canto, um garoto, de cabelos crescidos e

    pretos, com um chapéu estranho tentava uns truques de mági-

    ca para uma pequena plateia. Eu juro que fiquei tentada a usar

    um de meus poderes para surpreendê-lo, mas minha tia reco-

    mendou inúmeras vezes para em hipótese nenhuma, aconteça

    o que acontecer, não usá-los e agir com uma Humana normal.

    Bom, regras são regras.

    Cheguei ao meu armário. Enquanto guardava mi-

    nhas coisas, notei um alvoroço no início do corredor. Cinco

    garotas caminhavam como se estivessem na passarela

    da Montpelier Fashion Week. A garota do meio, uma loura, de

    estatura média, magra e de nariz empinado parecia ser a líder

    do grupo. Se elas fossem as cheeleaders da equipe de futebol

    americano, ela seria a que ficava no topo da pirâmide. As ou-

    tras, uma de cabelo vermelho, duas de cabelo preto e outra

    loura pareciam mais as súditas dela do que qualquer outra

    coisa. Passaram por mim e apenas duas notaram minha exis-

    tência, olhando pelo canto do olho. Desejei que elas não estu-

    dassem comigo na mesma sala, eu não simpatizei em nada

    com elas. Mas, para minha infelicidade, elas estudavam.

    Concentrei-me e disse a mim mesma que estava ali para

    aprender e nada mais. É apenas uma escola, como as outras.

    "A bruxinha de dentes amarelados, grande e me-

    donha, apareceu no pátio da escola, arrastando os pés como

    sempre fazia para todos perceberem sua aproximação.

    15

    — Me dá este lanche? — os cabelos loiros encara-

    colados jogados para frente a deixava com um ar ainda mais

    sombrio. Era a primeira Bruxa de cabelos claros que eu via

    na vida.

    — Não pode fazer isso… — repliquei, indignada.

    — Quem manda aqui sou eu, garota. — ela me

    olhou com ar de desafio — O que foi? Vai contar pra mamãe

    ‘ela pegou meu lanchinho’. VAI?

    Não respondi, mas a raiva me dominava de uma

    maneira descontrolável. Não podia usar os poderes na escola

    a não ser nos dias específicos das aulas de magia."

    Naquele dia, a professora de história pediu um tra-

    balho em grupo. Cada grupo apresentaria uma parte da con-

    quista e da independência dos Estados Unidos. Havia o grupo

    dos populares, dos menos populares e o dos CDF’s. Eu me

    identificava mais com este último, porém, eles me ignoravam.

    — Marjorie, onde está seu grupo? — perguntou a

    professora, vendo-me isolada na carteira. Preferi não fornecer

    meu nome de batismo por questão de segurança.

    — Eu não tenho.

    — Então entre neste grupo que está faltando um in-

    tegrante.

    Era o grupo dos CDF’s. Só tiravam notas boas, não

    se envolviam com nada, nunca entravam para participar dos

    jogos de educação física, apenas se limitavam a estudar. Eu

    não queria ser como eles, nunca se divertiam, nem mesmo

    uma anedota boba eles contavam para descontrair. Como irí-

    amos fazer um bom trabalho?

    Observei o grupo. Um garoto louro, sua irmã tam-

    bém loura de orelhas pontudas, uma garota ruiva de pele

    transparente, cheia de sardas, um garoto moreno tímido que

    não falava nem se perguntasse diretamente a ele e uma garota

    morena muito inteligente que, definitivamente, me odiava não

    sei exatamente o motivo. Todos calados sem se atrever a olhar

    16

    um para o outro e o tempo passando. Eu tive uma ideia, era

    apenas fazer um pouco de mágica e, pronto! O trabalho estaria

    feito.

    Só que não.

    — Ei, diga o que você sabe sobre a história dos Es-

    tados unidos — perguntou o garoto de orelhas pontudas. Ele e

    a irmã usavam um camuflador para esconder as pontas, mas

    a mim não podiam esconder.

    Eu não conhecia nada sobre a terra dos Humanos,

    muito menos sobre a dos Estados Unidos. Em Witchland não

    se falavam sobre esta etnia a não ser para os soldados, que

    precisavam conhecer os pontos fracos e fortes de todos os po-

    vos para se protegerem.

    — Bem, eu sei muito pouco — consegui dizer — eu

    sei que o presidente Kennedy foi assassinado e...

    — Como você passou de ano? De onde você veio,

    garota?

    Acho que fui insultada por um grupo de CDF’s! Is-

    so era possível?

    — Olha, eu vim do outro lado do mundo, vocês po-

    deriam colaborar comigo um pouco, sim?

    — Ah, você é europeia, isto é notável. O que mais

    poderíamos esperar — comentou o gordinho, mastigando al-

    guma goma sem sabor.

    — Eu não sei de onde ela veio e não me interessa.

    Mas se ficarmos discutindo ficaremos sem nota — disse a me-

    nina de orelhas pontudas iguais as do irmão dela — Vamos nos

    preocupar com o trabalho, por favor?

    Eu me esforcei ao máximo, todos se ajudaram e

    terminamos o trabalho. No dia de apresentá-lo, todos explica-

    vam um trecho. Eu fui a que mais falou, o garoto tímido me

    surpreendeu dizendo mais do que eu esperava. As garotas pop

    nos olhavam com olhos tortos e faziam piadinhas o tempo todo

    enquanto apresentávamos. Isto estava me irritando de uma

    forma descomunal.

    17

    O sinal para o intervalo tocou. Peguei a bandeja

    com minha refeição e caminhei até a mesa em que estava o

    meu grupo da aula de história. Eu queria me desculpar pela

    impressão ruim que tive deles. Pela primeira vez eu me sentia

    confortável naquele lugar estranho.

    De repente, ploft!

    Trombei com um garoto de uma série mais avan-

    çada. Ele era um dos jogadores de futebol americano. Alto e

    forte. Uma mecha do seu cabelo castanho insistia em brincar

    na sua testa e ele vivia ajeitando-a. As garotas suspiravam

    quando passava, podiam-se ver os músculos definidos através

    da camiseta justa e um pouco transparente. Era o mais popular

    da escola, sempre cercado de amigos. A minha bandeja foi pa-

    rar longe, esparramando comida por todo o refeitório. Escutei

    um sussurro geral. Abaixei para recolher o que sobrou da mi-

    nha refeição.

    — Olá! — ele tinha uma voz calma e um sorriso ir-

    resistível — acho que a culpa foi minha. Deixe-me compensar

    por isso.

    — Não, a culpa é toda minha, eu fui desastrada —

    eu tremia sem controle — deixe-me resolver isso.

    — De maneira nenhuma — ele gritou por cima do

    ombro para alguém – Dany, traga uma bandeja para a moça

    aqui, pra mim!

    Imediatamente uma bandeja apareceu. Olhei para

    os restos de alimentos espalhados pelo chão.

    — Meu nome é Mike, Mike Milles — se apresentou

    — não se preocupe, logo alguém vem limpar.

    — O meu é Mag… er, Marjorie... McFinn — titube-

    ei.

    — Marjorie McFinn? Tem um nome forte.

    — Obrigada.

    — Disponha.

    Ele foi para o outro lado do refeitório e eu sentei

    toda trêmula na mesa de meus novos amigos.

    18

    — Vejo que fez amizade com o popstar da escola —

    disse a menina de orelhas pontudas — cuidado com a Barbie,

    ela não gosta de garotas que falam com ele.

    — Quem é Barbie?

    — Barbara, a patricinha da sala.

    Parecia não ser apenas eu a ter uma má impressão

    da garota pop.

    — Eu não quero nem chegar perto dele. Foi apenas

    um acidente.

    — E que acidente! — comentou com malícia.

    — Eu juro, foi apenas um acidente.

    A partir daquele momento, descobri algumas coi-

    sas sobre os Humanos. Devemos cultivar as amizades, mas

    devemos nos afastar de pessoas problemas. Mike Milles pode-

    ria ser um problema dos grandes.

    19

    oltando da escola, decidi passar pelo parque Leddy. O

    sol era intenso naquela tarde, sem perspectiva de chuva,

    V um dia propício para passeio. Avistei o lago Champlain

    ao longe e aproximei na intensão de ver os cisnes brincarem na

    margem, criaturas dóceis que não faziam nada além de enfeitar

    o lago e saborear alguns peixes inofensivos. Uma garota loira

    já estava lá, jogando migalhas de pão para as aves. Era Amy

    Beyla, a primeira amiga que fiz no colégio. Suas orelhas pontu-

    das eram inconfundíveis e eu estava tão certa de que ela não

    era Humana quanto a relva é verde e o céu azul.

    — Brincando com os patos, Amy?

    — Não são patos, são cisnes — ela respondeu sem

    se virar — venha, jogue um pouco para eles também. Veja co-

    mo estão felizes.

    Observei-os. Rodeavam até a margem esperando

    mais migalhas, sem medo de serem capturados por algum pre-

    dador que poderia estar à espreita.

    — Olha,

    Está gostando da amostra?
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