Magda
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Magda - Kemilly Rayanne
Magda
A Jovem Bruxa
1
2
Kemilly Rayanne
MAGDA
A Jovem Bruxa
3
Copyright © 2019 by Kemilly Rayanne
Diagramação Iran Santos
Capa Iran Santos
Revisão Kemilly Rayanne
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro pode
ser utilizada ou reproduzida sem a autorização do editor.
CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO
FICHA CATALOGRAFICA FEITA PELO AUTOR
R263m Rayanne, Kemilly
Magda, a Jovem Bruxa / Kemilly Rayanne. Umuarama, 2019
257p 14 x 21
I Romance Brasil. II Título CDD 869.9
II Literatura Brasileira CDU B869.3
4
Para minha querida mamãe
Sra. Ana Camila… com amor
5
6
Magda McFord: filha da rainha das Bruxas.
Marjorie McFinn: pseudônimo da Magda.
Rose McFord: rainha das Bruxas, mãe da Magda.
Karen : tia da Magda, irmã de Rose McFord.
Mike Milles: o mais popular da escola, caçador de Bruxas.
Barbara ( Barbie): a superpopular da escola, inimiga da Mag-
da
Amy Beyla: Elfa, amiga da Magda.
Eldir Alf: Elfo, irmão da Amy.
Bradley Hoopers: gótico, admirador da Magda no colégio
Damon Haper: Vampiro, namorado da Amy Beyla
Vallery Hank: Elfa Negra que quer se vingar da Magda
Mary: amiga da Barbara
Melisse: Ninfa Melíade
Ariagne: Sereia
7
Iris: Fada, prima da Magda e sobrinha da Karen
Bianca: Irmã mais velha da Iris
Tulio: esposo de Karen, da etnia das Fadas
8
ra uma época sombria, eu vi diante dos meus olhos uma
sangrenta e terrível batalha entre os reinos Nórdicos se
E travarem. Guerra por ambição, pelo simples prazer da
superioridade entre outros povos e um desejo árduo de domi-
nar o mundo como se isso fosse possível para nações tão pe-
quenas e com recursos limitados, utilizando apenas poderes
mágicos as quais possuíam ou armas artesanais e eficazes fa-
bricados por eles mesmo mas com pouca tecnologia.
— Protejam-se! — gritou um dos comandantes do
exército das Bruxas, alertando sobre as bombas que caiam co-
mo saraivadas vindas do ataque dos Humanos.
A região Nórdica era dividida basicamente em sete
reinos: o reino dos Vampiros, situado mais ao oriente, um lu-
gar muito frio e desértico; Elphland, o reino dos Elfos, divisa-
vam com a terra dos Vampiros, era considerada uma das terras
mais linda da região, com um grande lago límpido e outros
lagos termais menores, onde várias pessoas se banhavam para
serem curadas em suas águas quentes; o reino dos Elfos Ne-
gros, localizado na fronteira norte entre a terra dos Elfos e dos
Vampiros, era uma terra muito sombria com uma floresta
grande e escura, um povo muito recluso, assim como os Vam-
piros, não se envolviam com ninguém; o reino das Ninfas, si-
tuados mais ao sul, uma terra quente e exótica, com um belo
lago de águas brilhantes; o reino das Ninfas Melíades, talvez
um dos povos mais guerreiros, assim como as Ninfas se sepa-
9
raram dos Elfos, as Melíades se separaram das Ninfas após
uma longa e árdua batalha; Fairyland, o reino das Fadas, fazia
fronteira com a terra das Ninfas, a terra dos Elfos e com a terra
das Bruxas, também tinham um grande lago que se misturava
com o lago das Bruxas por uma passagem estreita; e
Witchland, o reino das Bruxas, do lado ocidente das terras
Nórdicas. E ainda existiam os Humanos, que dominavam o
restante do mundo.
Os Elfos eram criaturas sábias, não muito altas.
Geralmente tinham modos serenos, mas o seu exército era
muito poderoso, com uma habilidade incrível em manejar arco
e flecha. Eles tinham o poder de curar qualquer ferida de guer-
ra.
Enquanto os Elfos travavam uma dura guerra con-
tra os Vampiros. As Bruxas portanto, viram uma oportunidade
em recuperar as terras perdidas há séculos naquela região e
trataram de se aproveitarem da vulnerabilidade dos Elfos. Essa
batalha terminou ruim para as Bruxas e os Elfos, uma vez que
os Vampiros venceram ambos. Os Elfos nunca perdoaram as
Bruxas por essa traição e até os dias de hoje são inimigos mor-
tais.
Os Vampiros eram assim chamados por ter a habi-
lidade de sugar as forças e energias de outras criaturas, trans-
ferindo os poderes momentânea-mente. Antigamente, tinham
por costume beber lhes o sangue, porém, esta prática já havia
sido abandonada por eles há séculos, devido à grande incidên-
cias de doenças que se transmitiam através de sangue conta-
minado das vítimas. Eles tinham poder de se locomover rapi-
damente de um lugar para o outro, o que lhes davam ligeira
vantagem sobre os outros povos.
Nós, as Bruxas, habitávamos o lado oposto dos
Vampiros, no Ocidente daquelas terras. Éramos muito podero-
sas, podendo realizar feitos incríveis tanto para o nosso pró-
prio benefício quanto para o dos outros, às vezes isto prejudi-
cava e acarretava sérios equívocos, éramos chamadas de supe-
10
rambiciosas, inescrupulosas, entre outros adjetivos repugnan-
tes que nos empregavam.
Os Humanos eram criaturas que não possuíam po-
deres místicos próprios, no entanto, possuíam o poder de fa-
bricar armas tão poderosas capazes de dizimar todos os outros
povos. Apesar de serem considerados dóceis, eles eram brutais
e impiedosos na guerra. Com maior número populacional do
que qualquer outra criatura exótica, a chance do domínio
mundial era certa. Poderiam inclusive eliminar quem não os
interessava em um piscar de olhos.
Naquele dia, os Humanos já haviam dominado os
Elfos e partiram para uma dura batalha contra as Bruxas. Seus
tanques de guerra e suas aeronaves invadiram violentamente,
não respeitando nossas barreiras de proteção, abrindo passa-
gens para seus soldados arrogantemente através de suas bom-
bas impiedosas. Rose McFord, minha mãe, era a rainha do
reino das Bruxas. Sua reputação como a mais poderosa e im-
placável governante de um país a precedia. Quem a eliminasse,
receberia a condecoração da mais alta estirpe como o salvador
do mundo, libertando o povo Humano das terríveis Bruxas.
Não havia outra maneira de invadir Witchland sem acabar com
a rainha McFord.
— Filha — ordenou minha mãe em seu leito de
morte, após ser alvejada terrivelmente — Você não pode per-
manecer aqui, não é seguro… uma carruagem a levará até Bur-
lington, onde mora minha irmã Karen.
— Mãe! Eu não posso te abandonar! Sou uma guer-
reira também, assim como a senhora. Eu lutarei até a morte
contra estes Humanos impiedosos, vou mostrar a eles…
— De maneira nenhuma. Está tudo perdido… você
precisa se salvar!
— Eu não posso… como viverei sabendo disso?
— Não importa agora, filha! Já está tudo acertado.
Vá logo!
— Mas mãe — eu estava indignada — Burlington
não é a terra dos Humanos?
11
— Sim, mas é o único jeito de você escapar com vi-
da. Karen cuidará bem de você. Lá estará segura.
— E se descobrirem o que sou?
— Eles não descobrirão. Ouça-me com muita aten-
ção, quando estiver na terra dos Humanos, nunca use seus
poderes em hipótese alguma, entendeu? Terá que aboli-los
para sempre.
— Entendi — respondi entre lágrimas.
— Agora vá que a carruagem te espera.
— Mas mãe eu queria...
— Filha… eu te … amo… não me decepc… cof, cof...
— Mãe!
Ela fechou os olhos para não abrir nunca mais.
Aquela que sustentou o reino com pulso firme agora jazia em
meus braços. Eu me desesperei, vieram os criados do reino e
levaram-me.
Durante a viajem até a perigosa e estranha terra
dos Humanos, perguntava a mim mesma quem poderia ter
facilitado a invasão dos Humanos em nossas terras. As Fadas
não eram aliadas dos Humanos, nunca foram e nem os apoia-
va, no entanto, foi por lá que nos atacaram. Este é um dos mo-
tivos pelo qual nunca simpatizei por elas.
12
casa de minha tia Karen era a última na Appletree Point.
Construída no alto de uma colina, ela era rodeada de pi-
A
nheiros e outras árvores típicas da região. Muito discreta,
não chamava a atenção de quem passava por ali. Mais adiante
estava o lago Champlain com sua imensidão de águas geladas e
pequenas ondas mansas a se despedir na margem. Era um lu-
gar bonito, porém isolado.
Da casa de Karen até o colégio Burlington demora-
va cerca de seis minutos de carro. Eu preferia ir a pé pelo Le-
ddy Park, apreciando a natureza, demorava cerca de trinta
minutos. Na volta eu gostava de parar em frente ao lago e ob-
servar as águas com suas pequenas ondas se desfazendo na
margem. No lado sudoeste, havia uma prainha isolada e tran-
quila, uma clareira junto ao lago com muita areia. Era onde eu
costumava passar meus momentos de meditação.
"— Magda! Sai do lago já! Com tantos afazeres
você só pensa em nadar o dia inteiro? — gritava minha mãe
— Qualquer dia desses alguma sereia vai te beliscar os pés!
— Não existem sereias, mãe. São apenas contos
idiotas que as Fadas vivem falando para nos amedrontar.
— Não se pode duvidar."
Já estava a um mês no colégio Burlington, mas
ainda não me acostumei com o lugar. Sentia-me um peixe fora
13
d'água, ali não tinha ninguém da minha espécie. Lembro da
minha tia insistindo para eu estudar.
— Magda, você precisa estudar. Um dia precisará
de uma profissão, você precisa ser como os Humanos, fazer o
que eles fazem ou não sobreviverá por aqui.
— Mas eu não quero ser como eles, tia.
— Você precisa esquecer esse negócio de vingança.
O que aconteceu já passou. Vamos seguir em frente, temos
uma linda vida para viver.
— Tia — eu tentava explicar que superei. Dois anos
na casa dela fez esquecer toda aquela batalha terrível — Eu não
quero me vingar. Você sabe tanto quanto eu que foi minha mãe
quem provocou toda aquela guerra. Ela provocava a todos os
povos, ninguém gostava de nós. Por causa da família real, nós
somos mal vistos por todas as etnias existentes na face da ter-
ra.
Karen observou meu pequeno discurso sem pesta-
nejar.
— Eu quero mudar isso. — continuei — As pessoas
precisam saber que existem bruxas de bom coração, e não são
as Fadas. — Que bom, filha. E o que você tem contra as Fa-
das?
— Eu as acho muito metidas. Por causa dos contos
idiotas delas somos mal vistas por toda sociedade.
— Eu adoro aquelas histórias, pensei que você já
havia superado isto.
— Elas são da nossa mesma linhagem, fazem o que
nós fazemos, porém elas vivem divulgando que somos do mal
enquanto elas do bem, isto é justo? Afh, não as suporto!
— Lembre-se que Edward, meu marido, é descen-
dente de Fadas.
— Eu sei. Vou demorar a aceitar isso.
— São nossas primas, não precisamos aceitá-las se
não quisermos. Agora se arrume, está atrasada para escola!
14
O colégio era estranho para mim. Na terra dos
Humanos era assim. As pessoas sequer me olhavam, quanto
mais conversar. Eu comparava com as escolas de Witchland,
todos eram muito divertido, querendo mostrar quem tinha o
melhor poder, sabia fazer a melhor magia. E sempre ríamos
das nossas atrapalhadas, as professoras eram muito rudes e
viviam nos corrigindo.
Alguns alunos rodeavam um garoto que tocava vio-
lão na escada, eu admito, ele tocava muito bem, parecia um
profissional. No outro canto, um garoto, de cabelos crescidos e
pretos, com um chapéu estranho tentava uns truques de mági-
ca para uma pequena plateia. Eu juro que fiquei tentada a usar
um de meus poderes para surpreendê-lo, mas minha tia reco-
mendou inúmeras vezes para em hipótese nenhuma, aconteça
o que acontecer, não usá-los e agir com uma Humana normal.
Bom, regras são regras.
Cheguei ao meu armário. Enquanto guardava mi-
nhas coisas, notei um alvoroço no início do corredor. Cinco
garotas caminhavam como se estivessem na passarela
da Montpelier Fashion Week. A garota do meio, uma loura, de
estatura média, magra e de nariz empinado parecia ser a líder
do grupo. Se elas fossem as cheeleaders da equipe de futebol
americano, ela seria a que ficava no topo da pirâmide. As ou-
tras, uma de cabelo vermelho, duas de cabelo preto e outra
loura pareciam mais as súditas dela do que qualquer outra
coisa. Passaram por mim e apenas duas notaram minha exis-
tência, olhando pelo canto do olho. Desejei que elas não estu-
dassem comigo na mesma sala, eu não simpatizei em nada
com elas. Mas, para minha infelicidade, elas estudavam.
Concentrei-me e disse a mim mesma que estava ali para
aprender e nada mais. É apenas uma escola, como as outras.
"A bruxinha de dentes amarelados, grande e me-
donha, apareceu no pátio da escola, arrastando os pés como
sempre fazia para todos perceberem sua aproximação.
15
— Me dá este lanche? — os cabelos loiros encara-
colados jogados para frente a deixava com um ar ainda mais
sombrio. Era a primeira Bruxa de cabelos claros que eu via
na vida.
— Não pode fazer isso… — repliquei, indignada.
— Quem manda aqui sou eu, garota. — ela me
olhou com ar de desafio — O que foi? Vai contar pra mamãe
‘ela pegou meu lanchinho’. VAI?
Não respondi, mas a raiva me dominava de uma
maneira descontrolável. Não podia usar os poderes na escola
a não ser nos dias específicos das aulas de magia."
Naquele dia, a professora de história pediu um tra-
balho em grupo. Cada grupo apresentaria uma parte da con-
quista e da independência dos Estados Unidos. Havia o grupo
dos populares, dos menos populares e o dos CDF’s. Eu me
identificava mais com este último, porém, eles me ignoravam.
— Marjorie, onde está seu grupo? — perguntou a
professora, vendo-me isolada na carteira. Preferi não fornecer
meu nome de batismo por questão de segurança.
— Eu não tenho.
— Então entre neste grupo que está faltando um in-
tegrante.
Era o grupo dos CDF’s. Só tiravam notas boas, não
se envolviam com nada, nunca entravam para participar dos
jogos de educação física, apenas se limitavam a estudar. Eu
não queria ser como eles, nunca se divertiam, nem mesmo
uma anedota boba eles contavam para descontrair. Como irí-
amos fazer um bom trabalho?
Observei o grupo. Um garoto louro, sua irmã tam-
bém loura de orelhas pontudas, uma garota ruiva de pele
transparente, cheia de sardas, um garoto moreno tímido que
não falava nem se perguntasse diretamente a ele e uma garota
morena muito inteligente que, definitivamente, me odiava não
sei exatamente o motivo. Todos calados sem se atrever a olhar
16
um para o outro e o tempo passando. Eu tive uma ideia, era
apenas fazer um pouco de mágica e, pronto! O trabalho estaria
feito.
Só que não.
— Ei, diga o que você sabe sobre a história dos Es-
tados unidos — perguntou o garoto de orelhas pontudas. Ele e
a irmã usavam um camuflador
para esconder as pontas, mas
a mim não podiam esconder.
Eu não conhecia nada sobre a terra dos Humanos,
muito menos sobre a dos Estados Unidos. Em Witchland não
se falavam sobre esta etnia a não ser para os soldados, que
precisavam conhecer os pontos fracos e fortes de todos os po-
vos para se protegerem.
— Bem, eu sei muito pouco — consegui dizer — eu
sei que o presidente Kennedy foi assassinado e...
— Como você passou de ano? De onde você veio,
garota?
Acho que fui insultada por um grupo de CDF’s! Is-
so era possível?
— Olha, eu vim do outro lado do mundo, vocês po-
deriam colaborar comigo um pouco, sim?
— Ah, você é europeia, isto é notável. O que mais
poderíamos esperar — comentou o gordinho, mastigando al-
guma goma sem sabor.
— Eu não sei de onde ela veio e não me interessa.
Mas se ficarmos discutindo ficaremos sem nota — disse a me-
nina de orelhas pontudas iguais as do irmão dela — Vamos nos
preocupar com o trabalho, por favor?
Eu me esforcei ao máximo, todos se ajudaram e
terminamos o trabalho. No dia de apresentá-lo, todos explica-
vam um trecho. Eu fui a que mais falou, o garoto tímido me
surpreendeu dizendo mais do que eu esperava. As garotas pop
nos olhavam com olhos tortos e faziam piadinhas o tempo todo
enquanto apresentávamos. Isto estava me irritando de uma
forma descomunal.
17
O sinal para o intervalo tocou. Peguei a bandeja
com minha refeição e caminhei até a mesa em que estava o
meu grupo da aula de história. Eu queria me desculpar pela
impressão ruim que tive deles. Pela primeira vez eu me sentia
confortável naquele lugar estranho.
De repente, ploft!
Trombei com um garoto de uma série mais avan-
çada. Ele era um dos jogadores de futebol americano. Alto e
forte. Uma mecha do seu cabelo castanho insistia em brincar
na sua testa e ele vivia ajeitando-a. As garotas suspiravam
quando passava, podiam-se ver os músculos definidos através
da camiseta justa e um pouco transparente. Era o mais popular
da escola, sempre cercado de amigos. A minha bandeja foi pa-
rar longe, esparramando comida por todo o refeitório. Escutei
um sussurro geral. Abaixei para recolher o que sobrou da mi-
nha refeição.
— Olá! — ele tinha uma voz calma e um sorriso ir-
resistível — acho que a culpa foi minha. Deixe-me compensar
por isso.
— Não, a culpa é toda minha, eu fui desastrada —
eu tremia sem controle — deixe-me resolver isso.
— De maneira nenhuma — ele gritou por cima do
ombro para alguém – Dany, traga uma bandeja para a moça
aqui, pra mim!
Imediatamente uma bandeja apareceu. Olhei para
os restos de alimentos espalhados pelo chão.
— Meu nome é Mike, Mike Milles — se apresentou
— não se preocupe, logo alguém vem limpar.
— O meu é Mag… er, Marjorie... McFinn — titube-
ei.
— Marjorie McFinn? Tem um nome forte.
— Obrigada.
— Disponha.
Ele foi para o outro lado do refeitório e eu sentei
toda trêmula na mesa de meus novos amigos.
18
— Vejo que fez amizade com o popstar da escola —
disse a menina de orelhas pontudas — cuidado com a Barbie,
ela não gosta de garotas que falam com ele.
— Quem é Barbie?
— Barbara, a patricinha da sala.
Parecia não ser apenas eu a ter uma má impressão
da garota pop.
— Eu não quero nem chegar perto dele. Foi apenas
um acidente.
— E que acidente! — comentou com malícia.
— Eu juro, foi apenas um acidente.
A partir daquele momento, descobri algumas coi-
sas sobre os Humanos. Devemos cultivar as amizades, mas
devemos nos afastar de pessoas problemas. Mike Milles pode-
ria ser um problema dos grandes.
19
oltando da escola, decidi passar pelo parque Leddy. O
sol era intenso naquela tarde, sem perspectiva de chuva,
V um dia propício para passeio. Avistei o lago Champlain
ao longe e aproximei na intensão de ver os cisnes brincarem na
margem, criaturas dóceis que não faziam nada além de enfeitar
o lago e saborear alguns peixes inofensivos. Uma garota loira
já estava lá, jogando migalhas de pão para as aves. Era Amy
Beyla, a primeira amiga que fiz no colégio. Suas orelhas pontu-
das eram inconfundíveis e eu estava tão certa de que ela não
era Humana quanto a relva é verde e o céu azul.
— Brincando com os patos, Amy?
— Não são patos, são cisnes — ela respondeu sem
se virar — venha, jogue um pouco para eles também. Veja co-
mo estão felizes.
Observei-os. Rodeavam até a margem esperando
mais migalhas, sem medo de serem capturados por algum pre-
dador que poderia estar à espreita.
— Olha,