Encontre milhões de e-books, audiobooks e muito mais com um período de teste gratuito

Apenas $11.99/mês após o término do seu período de teste gratuito. Cancele a qualquer momento.

O amor mata com um beijo: Trilogia do Amor
O amor mata com um beijo: Trilogia do Amor
O amor mata com um beijo: Trilogia do Amor
E-book321 páginas4 horas

O amor mata com um beijo: Trilogia do Amor

Nota: 0 de 5 estrelas

()

Ler a amostra

Sobre este e-book

Me ame ou me odeie, ambos estão a meu favor,
Se você me ama, estarei sempre em seu coração,
Se você me odeia, estarei sempre em sua mente.
— William Shakespeare 

Riqueza, fama e um estilo de vida glamoroso não conseguem salvar uma obstinada empresária das garras de um impiedoso traficante internacional que põe em risco sua vida, sua família e seu futuro. Criando um mundo cinco estrelas digno de Jackie Collins, o novo romance de Ellen Frazer-Jameson revela como até mesmo uma beleza perfeita, privilégio e riquezas intermináveis esconde desespero, desgosto, traição e perda. 

Lutando contra seus demônios e desesperada para se libertar, a ex-modelo Julianne Gordon surge como a fênix — determinada a mudar vidas por meio de sua fundação “Vista Bem e Faça o Bem”. Uma atitude de fé a liberta dos segredos obscuros do passado e a desafia a abraçar o verdadeiro amor.

“O Amor Mata com um Beijo” é o terceiro livro da “Trilogia do Amor”, que expõe um segredo de família devastador em “Amor de Mãe, Amor de Filha”. O Livro Dois, “O Amor se Recusa a Morrer”, seguiu a bela modelo Julianne Gordon pela Europa em uma montanha-russa de drama e perigo do submundo do crime até os braços de um criminoso internacional. A dor e o prazer de sua busca por amor, redenção e justiça em “O Amor Mata com um Beijo” conclui uma série que tocará seu coração, seduzirá sua mente e falará com o romance em sua alma.

“Ellen Frazer-Jameson é um novo talento brilhante e emocionante na contação de histórias.”
— Peter James, escritor internacional de best-sellers policiais


 

IdiomaPortuguês
Data de lançamento22 de out. de 2022
ISBN9798215945247
O amor mata com um beijo: Trilogia do Amor

Relacionado a O amor mata com um beijo

Ebooks relacionados

Ficção Geral para você

Visualizar mais

Artigos relacionados

Categorias relacionadas

Avaliações de O amor mata com um beijo

Nota: 0 de 5 estrelas
0 notas

0 avaliação0 avaliação

O que você achou?

Toque para dar uma nota

A avaliação deve ter pelo menos 10 palavras

    Pré-visualização do livro

    O amor mata com um beijo - Ellen Frazer-Jameson

    Prólogo

    Julianne Gordon dominava a arte das entradas triunfais.

    Com um impecável vestido assinado por Kira Mae, sua filha estilista de alta costura, ela parava qualquer evento. Era alta, loira e bonita e se portava tal qual a modelo que havia sido na juventude.

    — Quando eu treinava para ser modelo, tínhamos que caminhar na sala de aula por horas de um lado para o outro com um livro sobre a cabeça — ela falava enquanto sua filha Isabella e sua neta Angel davam risadinhas ao imaginar a cena. — Vocês podem rir — ela continuou. — Mas lembrem-se: vocês só têm uma chance de causar a primeira impressão.

    Causar boa impressão era algo natural para Julianne.

    Com sua bagagem Louis Vuitton guardada no compartimento superior, ela apertou o cinto de segurança e se preparou para mais um voo transatlântico. Julianne se acomodou para a longa viagem.

    Ela havia recebido um convite pessoal do lendário editor britânico da Vogue para participar do Met Ball, evento anual que ocorria em Nova Iorque, no Metropolitan Museum of Art.

    — É o maior evento de moda do ano — ela lembrou Kira Mae.

    Essa viagem era o ponto mais alto de uma campanha de um ano que visava garantir grandes personalidades em sua lista de convidados, com os maiores nomes do entretenimento, dos negócios e de magnatas da mídia. A fim de atrair as pessoas certas para cooperar com seu grande projeto – um show rock espanhol com o objetivo de angariar fundos para a instituição beneficente Vista bem e faça o bem –, ela não podia se dar ao luxo de ter nenhum figurante. Todos tinham que agregar valor e precisavam fazer por merecer. Não lhe escapava o fato de que as pessoas de sua lista eram suficientemente ricas para arcar com o valor desse passe. Elas teriam que ficar impressionadas com os outros convidados à mesa e ter a oportunidade de construir redes de influência do mais alto nível.

    VistArte, o império de roupas que ela encabeçava, tinha sido escolhido para desenvolver um dos looks extravagantes a ser usado pelas estrelas dos palcos, cinema e televisão nesse evento de moda do ano.

    Lady Gaga, Madonna e Beyoncé frequentemente levavam os títulos de figurinos mais extravagantes. A estrelas muitas vezes necessitavam de uma equipe de assistentes para manobrar as criações cujo tamanho extrapolava o da escadaria de mármore do Metropolitan Museum.

    — Eu quero deixar Gaga gagá — disse a jovem animada ao telefone.

    Gemma Jackson, uma das integrantes do grupo de teatro Young Pretenders e atriz britânica que levou o Oscar por dois anos seguidos, era uma convidada importante e tinha encomendado a Kira Mae o design de seu vestido. Juntas, elas trabalharam para produzir algo que parasse o show, um exagerado vestido projetado para atrair a atenção da mídia global gerada pelo evento. O tema era Tudo Muito Britânico.

    Naquela noite, Gemma chegou no Met Ball em uma carruagem puxada por cavalos, vestindo sua roupa britânica de caça, comporta por um justíssimo short preto de cetim, meias arrastão, bolero cor-de-rosa e uma cauda de quinze metros que cobria todos os degraus de mármore que conduziam ao tapete vermelho. Fotógrafos e especialistas em moda ficaram loucos por seu chapéu de montaria adornado de penas rosa-neon de marabu e veludo preto. Mas a estrela do show, o item que atraiu a atenção de todos, foi um chicote de couro estilo Miss Whiplash.

    — A moda não é uma questão de vida ou morte — disse Julianne a seus estimados companheiros de jantar. — É mais importante que isso. Quero que meu show beneficente transforme vidas. — O vestido de Julianne era um Rule Britannia vermelho, branco e azul, embelezado com coroas brilhantes de ouro e prata, ombro a ombro e bem ajustado à sua cintura minúscula com um fino cinto de strass. Ela caminhava em altíssimas sandálias Louboutin douradas, com a saia aberta revelando o bronzeado dourado de suas pernas. Seus cabelos loiros eram a coroa regiamente situada no topo da composição.

    Suas joias eram uma chamativa réplica da combinação de pulseira e brincos da lendária coleção da Duquesa de Windsor. A pulseira, dourada e exuberante, apresentava um círculo majestoso de diamantes, esmeraldas e rubis. As joias extraordinárias lhe foram emprestadas pela loja da Quinta Avenida de Harry Winston, o célebre joalheiro das estrelas de Hollywood que foi considerado o mais famoso do mundo depois que doou o diamante Hope para o Smithsonian’s Museum of Natural History. Ele até foi mencionado no número clássico de Marilyn Monroe, Diamonds Are a Girl’s Best Friend.

    Julianne estava usando todas as suas armas para conseguir apoio para seu grande evento. Ela encantava os convidados enquanto compartilhava seus planos. No final da noite, seus convidados não poderiam ter ficado mais entusiasmados com a proposta do Rock The Rock.

    Algumas das maiores organizações do mundo prometeram patrocínio – empresas que ficam no topo junto com Apple, Google e Amazon prometeram doações. Um produtor musical ganhador de vários prêmios Grammy estava confiante de que poderia trazer os artistas de rock tão sonhados: APolo e Lara Luna. Um magnata dos meios de comunicação ofereceu seus contatos que gerariam audiência na televisão e na internet. Milionários concordaram em pôr a mão no bolso para financiar o empreendimento, e um dos mais poderosos indivíduos do meio, um bilionário russo, declarou que sua namorada, uma famosa modelo, iria marcar presença no tapete vermelho do evento.

    Depois de um jantar requintado, banhado a champanhe Veuve Clicquot Yellowboam Ostrich – a 1600 dólares a garrafa –, o tal bilionário puxou Julianne de lado enquanto os convidados se levantavam da mesa, e ela conseguiu sentir um tom sinistro na voz na voz dele quando confidenciou:

    — Temos amigos em comum. Estou ansioso para fazer negócios com você.

    Já em casa, na Espanha, Julianne acordou Kira Mae para ver a série de fotos que viralizou na internet. A filha dela era agora um grande nome no mercado de moda, uma estilista de ponta.

    A estratégia delas valeu a pena. No entanto, ela se absteve de mencionar o que o bilionário russo tinha lhe dito sobre seus amigos em comum.

    CAPÍTULO UM

    Castelos de areia

    Em Xanadu, fez Kubla Khan

    Construir um domo de prazer:

    Onde Alph, rio sacro, em seu afã,

    Por grutas amplas e anciãs,

    Ia a um mar sem sol correr.

    Kubla Khan, ou uma visão em um sonho. Fragmento.

    Samuel Taylor Coleridge, 1800

    Julianne Gordon havia tido em sonho a visão de um imponente domo de prazer. Seu Xanadu era um castelo no alto de um penhasco, com vista para o Mediterrâneo e para uma pitoresca vila de pesca espanhola na Costa Blanca.

    Rainha de tudo o que havia naquele lugar, dali ela dirigia sua multimilionária empresa internacional de perfumes e produtos de beleza de luxo, a Goldfish, em meio a folhas de ouro e caviar dourado.

    Em parceria com sua filha estilista, Kira Mae, a ex-modelo, viajante e embaixadora de moda Julianne criou a glamorosa marca VistArte, composta de criações originais para mulheres sofisticadas. A missão da empresa era Vista bem e faça o bem. Essa era também a missão pessoal de Julianne.

    Apaixonada, talentosa, dedicada e trabalhadora, Julianne passou a vida desesperada para enterrar os segredos sombrios de seu passado. Por mais grandiosas que fossem suas realizações profissionais ou por maiores que fossem os prêmios recebidos, Julianne nunca acreditava ser suficientemente boa.

    Sua culpa e vergonha fizeram dela uma pessoa desconfiada, cautelosa e imprevisível. Lutava constantemente para se sentir merecedora de toda a abundância e fama que havia conquistado. No fundo, ela sabia que uma mulher que tinha mandado matar seu amante merecia ser punida, não recompensada.

    Seu grande plano mais recente era ainda um esforço fora do comum para ser reconhecida e provar de uma vez por todas que tinha conquistado seu lugar no mundo.

    Está na hora de deixar o passado para trás, dizia ela a si mesma, enquanto vagueava por sua magnífica casa, deleitando-se com toda aquela glória. Projetada por um famoso arquiteto espanhol, sua Xanadu estava situada em um penhasco com vista para a Rocha de Ifach, uma montanha no mar, perto da cidade de Calpe. Era uma casa quase impossível de se descrever, um castelo de contos de fadas. Os muros transbordavam de bougainvilles. Azuis e com persianas brancas, as paredes curvadas espelhavam as ondas batendo à beira-mar. As varandas se equilibravam sobre o Mediterrâneo em um desafio à gravidade. Era uma casa com uma história, uma casa com um passado, uma casa do futuro.

    O som das ondas quebrando nas rochas lá embaixo inspirava sonhos de aventura. Era um lar e um santuário que parecia tão velho quanto as montanhas que adornavam a costa. Sombrio num momento, triunfante no outro. Um lugar para pensar, para sair das limitações tortuosas do cotidiano, uma rocha no mar da vida. Uma estrutura mágica suspensa no espaço, fora realidade, um retiro no topo da montanha na costa – escondida, mas em plena vista. Julianne lhe chamava Shangri-La.

    As curvas fluidas da construção pareciam mergulhar nas nuvens e refletir o espectro que ia do azul-claríssimo de uma casca de ovo até o azul-cobalto escuro do Mediterrâneo. Situada entre o céu e o mar, Shangri-La era uma gloriosa miragem.

    O castelo, com suas torres, muralhas e portas de madeira sólida, era acessado por portões de ferro forjado, de seis colunas, com 30 metros de comprimento e o nome Shangri-La em escrita gótica no arco curvado. Descia-se por uma rua particular (pasado prohibito), uma trilha cortada perto do alto penhasco– até mesmo os veículos acostumados a rodar em terrenos acidentados achavam a estrada um desafio. Carroças de madeira puxadas por cavalos haviam sido a solução mais prática para transportar materiais durante a construção.

    Julianne supervisionou pessoalmente a arquitetura e decoração de cada quarto. O branco puro proporcionava um fundo neutro para cortinas, mobiliário discreto, iluminação, pinturas e arte de parede. Em algum lugar em sua memória musical, ela recordava o vídeo Imagine, de John Lennon, filmado na casa dele em Ascot, Tittenhurst Park, em Berkshire, num cômodo todo branco. Ele tocava um piano Steinway, também branco, enquanto Yoko Ono abria amplas e alvas persianas, deixando entrar a luz do sol.

    Julianne insistiu que todas as portas fossem curvas – ela tinha observado o efeito no Museu Charles Dickens em Bloomsbury, Londres – e feitas de madeira polida de bordo americano.

    Na residência de seis andares, a cozinha ocupava todo o primeiro piso. Duas paredes com janelas que iam do chão ao teto davam a sensação de que a casa navegava diretamente no mar. Vigias enquadravam a vista mais adiante. Uma mesa redonda e branca de mármore, com assentos para até uma dúzia de pessoas, causava a impressão de se estar jantando em um magnífico cruzeiro.

    Fortes manchas de azul davam vida às paredes e ao mobiliário discreto e envolviam todos os temas náuticos: paisagens marítimas, modelos de galeões, navios em garrafas, âncoras, faróis, cavalos-marinhos e estrelas-do-mar. Cerâmicas, utensílios de cozinha e louça foram pintados à mão com cenas em miniatura em homenagem ao padrão clássico de salgueiro japonês. Todos os itens de vidro foram especialmente encomendados de Murano, Itália.

    No segundo andar, a principal área de convivência possuía uma vista de 360 graus por meio de paredes com janelas sem emendas, e uma gigantesca tela de cinema de última geração dominava a sala.

    No terceiro andar, seis quartos e banheiros, cada um com um tema branco e azul, estavam interligados por um hall em comum. Não havia outras cores na casa.

    Quem me dera ser como John e Yoko, Julianne sonhava sozinha enquanto observava as ondas quebrarem na praia abaixo de seu castelo. Faria todo mundo usar branco – ou azul – o tempo todo. Mas então pareceríamos uma seita.

    Um elevador de vidro acessava todos os andares, mas podia ser programado para navegar em alta velocidade até o duplex no topo da construção, que abrigava os escritórios e a sala de reuniões da empresa de Julianne.

    O último andar, o terraço ao ar livre, só podia ser acessado por uma escada em espiral. Ali, paisagens exuberantes, fontes e cachoeiras de um jardim zen proporcionavam um ambiente de paz e contemplação. A estátua de um Buda risonho de bronze, em tamanho real, tomava o lugar de honra ao lado de uma estátua de prata de Berksha, a deusa lituana do sono.

    Julianne amava sua casa quase do mesmo tanto que amava suas meninas. Ela adorava a hora do dia em que a equipe criativa ia para casa – não havia visitantes para entreter, e ela podia desfrutar de seu santuário. Sozinha.

    Suas filhas Kira Mae e Isabella, assim como sua neta Angel, não moravam com ela. Até tentaram. Não funcionou. Davam-se muito melhor quando havia alguma distância entre elas. Julianne estava consciente de que as responsabilidades da maternidade não se encaixavam bem em sua personalidade.

    Você é muito egoísta e egocêntrica, ela dizia para si mesma. Você não é maternal. Você é melhor como provedora do que com as responsabilidades do dia a dia. Kira Mae é uma mãe muito melhor que você. Além disso, é melhor que as meninas estejam juntas. Isabella ficaria isolada se morasse aqui. Essa foi mesmo a melhor solução.

    Por isso, decidiram que o restante de sua família permaneceria onde esteve durante a maior parte da infância das garotas, a 30 km litoral acima, na magnífica vivenda de Kira.

    Julianne escolheu viver sozinha em seu castelo. Isso lhe dava privacidade para continuar uma relação que, se descoberta, ameaçava destruir a família. Isso porque, apesar de tudo, Romero, a quem ela havia mandado matar, ainda era seu amante.

    Como um cavaleiro num livro de histórias antigo, chegava sem ser visto e ancorava seu barco nas rochas da praia particular de Julianne. Subia pelo caminho tortuoso para chegar à bela donzela da torre. Ou, na calada da noite, conduzia seu Jeep Cherokee pela íngreme estrada da montanha.

    Julianne nunca sabia quando ele chegaria ou por quanto tempo ficaria. Sabia que não era autorizada a fazer perguntas; mesmo assim, nunca o rejeitou.

    Romero estava no sangue dela, e ela o desejava como a uma droga.

    — Por que negar seu instinto? — ele a atiçava. — Você sabe que não consegue resistir a mim.

    Julianne sempre sucumbia.

    CAPÍTULO DOIS

    Rock the Rock

    — Não vai dar certo de jeito nenhum — disse Kira Mae com raiva. — Você vive no mundo da fantasia. E não espere que eu ajude.

    — Você fica linda até quando está com raiva — disse Julianne sorrindo para a filha, a quem de fato achava linda o tempo todo.

    — Você é suspeita. E louca — Kira Mae sorriu com relutância.

    As duas se sentaram em uma mesa branca de ferro forjado, perigosamente situada à borda do terraço, e aproveitaram sua hora favorita em meio a um dia agitado de trabalho. O som das ondas quebrando nas rochas logo abaixo era hipnótico. Ao compartilhar suas ideias ali, no inigualável ninho de seu castelo, bem acima do mar e protegido pela cordilheira, Julianne tinha consciência da vantagem de estar jogando em casa.

    Os clientes que visitavam a sede internacional da marca de moda VistArte, na costa de Villajoyosa, ficavam encantados sempre que eram convidados para se juntar às elegantes damas inglesas em seu ritual da hora do chá.

    Julianne servia o Lady Grey bem quente em delicadas xícaras de porcelana branca e dourada, logo após adicionar um pouco de leite desnatado. Leite primeiro, nunca depois.

    — Posso bancar a mãe? — ela perguntou enquanto pegava a xícara de Kira Mae.

    Kira Mae revirou os olhos com a ironia, sabendo que sua mãe estava determinada a convencê-la a aprovar seu mais novo projeto. Julianne era bastante persuasiva, especialmente quando tinha uma ideia fixa. Agora era evidente que ela queria algo e provavelmente o conseguiria.

    — Ok, me fale novamente — disse Kira Mae enquanto deslizava as alças de sua camiseta de seda rosa-pastel para pegar o sol da tarde, enquanto se preparava para o que poderia ser uma longa discussão.

    Julianne sabia que estava quase vencendo a batalha, então puxou um maço de papéis, incluindo várias planilhas, de sua bolsa de couro e correntes de ouro, com o nome Chanel em relevo branco.

    — "Rock the Rock mostra nossa empresa global por inteiro em um grande evento — recitava Julianne. — Os maiores nomes da música e da moda, além da mídia internacional, com entrevistas exclusivas e lucrativos patrocínios."

    Kira Mae estava sentada com os lábios franzidos. Então falou:

    — Sim, e nosso principal negócio sofre uma pausa para que todos os departamentos se concentrem somente nesse evento.

    Ela olhou para a lista de artistas que sua mãe lhe havia dado.

    — Você nunca vai conseguir que todos esses artistas se reúnam — disse ela. — Os egos deles são muito grandes. Não gostam de dividir o palco, os holofotes...

    — É aí que você se engana — disse Julianne. — Porque a única coisa que transcende o ego é a oportunidade de serem vistos fazendo o bem. Rock the Rock é um evento beneficente.

    — Beneficente? — Kira Mae indagou, quase deixando cair sua xícara de chá. — Então deixamos nosso negócio pausado por um ano ou mais devido a um evento que nem vai nos trazer lucro? Sei que nossa missão diz faça o bem, mas somos uma empresa, não uma organização sem fins lucrativos.

    — Pare de ser tão negativa — disse Julianne com firmeza. — Já pus muito tempo e esforço nisso. Os consultores financeiros concordam que podemos fazer o evento beneficente e ainda lucrar com incentivos fiscais. Precisamos ter uma empresa separada para caridade, mas isso é fácil de providenciar, e os advogados cuidarão dessa parte. Claro, vamos contratar pessoal experiente nas áreas de organização de eventos e tecnologia e usar nossos próprios departamentos de criação e design.

    Kira fitava o mar para evitar o olhar penetrante de sua mãe.

    Ao falar novamente, o tom de Julianne foi mais suave:

    — Kira, querida, esta será a maior coisa que já fizemos. Será bom para a empresa, além de muito divertido. Isso nos colocará em outro patamar. Sei que somos capazes, mas preciso de sua ajuda e, mais importante, de seu apoio. Não posso fazer isso sem você, nem gostaria que fosse assim. Somos uma equipe. A melhor no ramo. — Ela segurou a mão da filha. — Vamos fazer isso juntas?

    — Conheço duas garotas que vão adorar fazer parte do time — disse Kira, depois de olhar nos olhos da mãe e se derreter.

    — Tente manter nossas filhas longe disso — Julianne riu, concordando. — Música, moda, celebridades do tapete vermelho e atenção da mídia... elas nunca mais falarão conosco se não as incluirmos.

    Kira bebeu seu chá e fez que sim com a cabeça.

    — Aquelas duas estão sempre a cem por hora, não estão?

    Angel, filha de Kira, e Isabella, filha de Julianne, foram criadas juntas, e todos as consideravam gêmeas. Poucos poderiam ter adivinhado os segredos profundos e sombrios da real situação familiar: as duas meninas tinham o mesmo pai.

    Julianne e Kira Mae foram seduzidas e posteriormente traídas por Romero Rosario, um espanhol, violonista de flamenco, mais bonito do que qualquer homem tem o direito de ser.

    O destruidor de corações latino cruelmente manipulou mãe e filha e as envolveu em uma rede criminosa internacional, da qual ele era líder. Conhecido traficante de drogas e armas, Romero comprometeu a inocente Kira Mae com suas atividades clandestinas. Depois que ela foi para a prisão, Julianne reivindicou sua vingança. Como uma leoa protegendo sua filhote, ela contratou uma pessoa para matar Romero. No intuito de vingar a filha, ela estava preparada para se tornar cúmplice de um assassinato.

    Escrevera anonimamente a Gio Lopez, um comparsa de Romero que fora preso com sua filha. Ele cumpriu pena juntamente com Kira Mae depois que Romero os delatou e tentou se safar da prisão.

    — Se você quiser vingança — Julianne disse a Gio —, posso entregar o traidor a você.

    Gio não recusaria tal proposta. Vigarista mesquinho e criminoso de carreira, ele aproveitou a oportunidade para também se vingar. Além disso, ele conhecia pessoas influentes que pagariam para que Romero desaparecesse. Tinha ouvido boatos de que Romero planejava escapar da prisão e usou informações fornecidas por Julianne para armar uma emboscada.

    Romero foi atraído, como um cordeiro para o matadouro, até uma armadilha mortal em uma isolada fazenda espanhola, onde Gio o esfaqueou no coração.

    Está gostando da amostra?
    Página 1 de 1