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E-book193 páginas2 horas

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Sobre este e-book

Buscar é preciso é a leitura de uma história de ficção mas com sentido de livro motivacional e espiritual. Para além disso, uma narrativa que contagia e desperta a curiosidade do leitor.O autor conta a história de Erik, um jovem com um futuro brilhante, mas que, traído por um primo invejoso, acaba sendo raptado e desmemoriado. Amparado por um benevolente neurologista, Erik busca recuperar a memória e é aí que muitos mistérios vêm à tona. Mistérios estes que o ligam as vidas passadas, onde está a chave par a resolver seu drama.'Acordou confuso e olhou ao redor. Estava claro que se encontrava em uma enfermaria, mas o que havia ocorrido? Por que estaria ali? Sentiu algo apertando o seu rosto, e ao tateá-lo viu que estava todo encoberto por gases e ataduras. Somente os olhos, narinas e boca estavam desobstruídos. Sentiu fortes dores; levou a mão à cabeça e percebeu que também estava enfaixada. Tentou se erguer, mas uma forte tontura o acometeu e voltou a se deitar. Respirou fundo, e aos poucos a vertigem foi desaparecendo'.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento9 de jan. de 2023
ISBN9798363409813
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Autor

Luis Felipe Tavares

Autor e escritor brasileiro.

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    Buscar é preciso - Luis Felipe Tavares

    Capítulo 1

    Acordou confuso e olhou ao redor. Estava claro que se encontrava em uma enfermaria, mas o que havia ocorrido? Por que estaria ali? Sentiu algo apertando o seu rosto e ao tateá-lo viu que estava todo encoberto por gases e ataduras. Somente os olhos, narinas e boca estavam desobstruídos.

    Sentiu fortes dores; levou a mão à cabeça e percebeu que também estava enfaixada. Tentou se erguer, porém uma forte tontura o acometeu e voltou a se deitar. Respirou fundo e aos poucos a vertigem foi desaparecendo.

    Uma enfermeira, percebendo seu desconforto, se aproximou prestativa.

    — Bom dia, que bom que acordou. O doutor vai ficar contente.

    — O que aconteceu comigo?

    — Você não se recorda?

    — Não.

    — Você foi encontrado por pescadores dentro de um bote salva-vidas a dezenas de quilômetros da costa. Estava desacordado, com o rosto desfigurado e com um grave ferimento na cabeça. Além do que, você estava amarrado nos pés e mãos.

    — Meu Deus! Será que fui sequestrado?

    — Infelizmente não sabemos.

    — E há quanto tempo estou aqui?

    — Há dois meses.

    — Estive inconsciente este tempo todo?

    — Sim, mas agora está consciente e é isto que importa. Se tranquilize que vou chamar o doutor.

    Depois que a enfermeira se afastou, tentou lem- brar-se do barco e do acidente, mas não conseguiu. O pior é que não conseguia nem se lembrar do próprio nome.

    Sentiu um grande desespero e sua respiração ficou ofegante. Foi tomado por grande ansiedade. Neste momento a enfermeira retornou trazendo consigo o médico.

    Doutor Emanuel era um experiente neurologista e seus 70 anos lhe davam um ar de grande respeitabilidade e confiança.

    — Você está sentindo-se bem, filho?

    — Não, estou sentindo uma dor no peito e falta de ar. O médico não obstante à idade agiu com rapidez surpreendente e prontamente pegou o estetoscópio, se pondo a examinar o coração e os pulmões. Depois averiguou a pressão arterial, mas estava tudo bem.

    — Filho, está tudo bem, procure se acalmar um pouco. Você deve estar assustado com tudo isto. É natural nestas circunstâncias.

    O paciente respirou ansiosamente, mas a presença reconfortante do médico conseguiu aos poucos lhe trazer um pouco de calma.

    — Doutor, o que aconteceu comigo? A enfermeira me disse que fui encontrado em um bote, mas não me recordo. O pior é que não me lembro de nada, nem de meu próprio nome.

    O médico apreensivo olhou para a enfermeira. Esperava que o jovem pudesse lhe responder algumas perguntas.

    — Filho, você foi trazido para cá em péssimo estado. Sua face estava desfigurada e além de uma contusão no crânio ainda estava muito desidratado. É um milagre estar ainda vivo.

    — Mas por que não me recordo de nada?

    — A contusão que teve no crânio foi grave, tanto que fomos obrigados a operá-lo para retirar um coágulo que se formou. Você deve estar com amnésia.

    — Amnésia?

    — Sim, é a perda parcial ou total da memória e pode acontecer em casos semelhantes ao seu.

    — Mas geralmente se refere à perda de memória recente, não é, doutor?

    O médico estranhou a pergunta do paciente. Parecia que estava falando com alguém entendido no assunto.

    — Como você sabe disto, filho? Por acaso é médico também?

    — Não sei, doutor, mas daria tudo para saber.

    — Provavelmente você deve ter algum conhecimento, pois a pergunta que me fez foi pertinente e a resposta é sim e não. Sim, pois geralmente a perda de memória relacionada ao trauma diz respeito a acontecimentos recentes, mas danos maiores podem apagar memórias mais antigas. — Mas por que consigo falar e me lembrar de coisas como esta que acabei de dizer?

    — A memória ainda é um mistério para a medicina, mas sabemos hoje que o cérebro guarda informações em diferentes partes. Provavelmente a parte que guarda informações pessoais foi afetada, mas talvez o restante não.

    — O hematoma que tive foi extradural? Tive alguma lesão parenquimatosa?

    O médico voltou a se surpreender.

    — Meu jovem, não há dúvida que você ou é um médico ou um estudante de medicina, pois estas perguntas só poderiam ser feitas por alguém que entende do assunto a fundo. Isto pode ajudar a encontrar pistas de seu paradeiro. Mas voltando ao que me perguntou, posso dizer que houve de fato uma lesão parenquimatosa, mas foi pequena e pela última ressonância não deixará sequelas maiores. O hematoma foi extradural, mas já foi resolvido.

    — E o meu rosto, doutor?

    — Foi totalmente reconstruído pelo nosso cirurgião plástico. Além de lacerações, você tinha fraturas em vários ossos do rosto.

    — Ficarei com alguma deformação?

    — Pelo último curativo que acompanhei a impressão é de que irá ficar plenamente recuperado.

    — E quando serei liberado? Preciso encontrar minha família.

    — Você se recorda deles?

    Um silêncio se fez por instantes.

    — Não, mas alguma coisa me diz que tenho pai e mãe, mas não consigo me recordar deles, de seus nomes ou mesmo de suas faces.

    O rapaz fez uma longa inspiração, demonstrando ansiedade. Olhou para o médico e sentiu que o conhecia de algum lugar. Parecia mesmo uma pessoa muito chegada, pois um sentimento de afeto espontâneo lhe dominou.

    — Doutor, eu já o conheço de algum lugar? Sua fisionomia me parece muito familiar.

    — Filho, infelizmente não que eu me recorde. Novamente o silêncio se fez pesar no ambiente. O médico neurologista sentiu compaixão do rapaz, e disse tentando lhe dar esperanças.

    — Fique tranquilo, filho. Vamos encontrar sua família e descobrir quem você é, mas por hora é muito cedo para sair.

    De alguma forma as palavras do médico aquietaram o jovem desmemoriado, que cansado voltou a adormecer.

    Após uma semana, a recuperação do jovem estava indo de vento em poupa. As ataduras do rosto haviam sido completamente removidas e, embora o rosto ainda estivesse inchado, a cicatrização estava indo muito bem. Dia após dia sentia-se melhor e bem disposto. Caminhava pela enfermaria e pelos corredores já com maior desenvoltura e sem sentir dores ou vertigens. Porém, por mais esforço que fizesse não conseguia se recordar de nenhuma informação pessoal.

    Não obstante não se lembrasse de qualquer informação sobre sua própria identidade, o mesmo não se verificava com seus conhecimentos técnicos. Na enfermaria seu passatempo predileto era folhear os prontuários dos outros pacientes, debatendo com os médicos os diagnósticos, inclusive ajudando a esclarecer alguns casos.

    Para a equipe médica do hospital não havia dúvidas que o jovem era um de seus colegas, porém ainda não haviam conseguido obter qualquer informação sobre sua identidade ou paradeiro.

    Procuraram por barcos desaparecidos, ou por qualquer evidência que pudesse indicar uma pista que os ajudassem, mas nada. Era um grande mistério.

    Um dos pacientes que estava em sua enfermaria lhe deu o apelido de Zinho, devido ao fato de ficar sempre vendo as papeletas.

    — Mas Zinho? Por que Zinho? — perguntou uma enfermeira.

    — É abreviação de doutorzinho! — disse o colega de quarto que lhe deu o apelido.

    — Então por que não diz doutorzinho?

    — Zinho é mais fácil, e além do que pode ser abreviação de qualquer nome – respondeu bem-humorado.

    E o apelido pegou, sendo que o próprio jovem já respondia quando chamado por este nome.

    Doutor Emanuel havia se apegado muito ao jovem Zinho. Estava realmente envolvido com sua situação, mais do que costumava fazer. Alguma coisa naquele rapaz fazia com que lembrasse muito de seu filho.

    No final da quarta semana de convalescência Zinho já estava plenamente recuperado, e sua última ressonância estava quase que normal. Se fosse outro paciente qualquer, já teria recebido alta há algum tempo. Mas como liberá-lo se não sabia dizer quem era e para onde iria?

    Doutor Emanuel estava esperando pelo resultado de suas impressões digitais, mas ficou frustrado ao saber que as impressões não foram reconhecidas. Após uma avaliação mais detalhada puderam constatar que Zinho possuía uma rara condição hereditária que afetava a pele. Embora sua pele fosse saudável nos demais aspectos, não possuía impressões digitais. Não era doença contagiosa, mas apenas uma peculiaridade hereditária.

    Durante sua visita de rotina ao hospital, Emanuel pediu que chamassem Zinho em seu consultório, para que pudessem conversar.

    Zinho esperava que o médico tivesse boas notícias sobre seu paradeiro e entrou no consultório esperançoso.

    — Bom dia, doutor Emanuel, mandou me chamar?

    — Sim, filho, entre, por favor. Sente-se e fique à vontade.

    Embora Emanuel buscasse dar um tom descontraído à conversa, não conseguia esconder sua preocupação. Sabia que Zinho estava ansioso por qualquer notícia a seu próprio respeito, ou seja, qualquer coisa que lhe ajudasse a relembrar.

    Emanuel também estava preocupado com o destino do rapaz, já que a direção do hospital o estava pressionando para liberar o leito para outro paciente mais necessitado.

    De fato, Emanuel já poderia ter dado alta ao jovem há alguns dias, mas esperava por qualquer pista que pudesse ajudar no caso. Não queria despejá-lo sem eira nem beira no mundo.

    Como Emanuel permaneceu em silêncio, não sabendo por onde começar, Zinho se antecipou:

    — E então, doutor, alguma notícia?

    — Filho, antes de entrarmos neste assunto deixe-me perguntar... Como você está?

    — Tirando a falta de memória, está tudo bem.

    — Não conseguiu lembrar-se de nada?

    — Infelizmente não, mas o senhor conseguiu alguma informação ao meu respeito?

    Emanuel fez uma pausa, mas falou:

    — Filho, infelizmente fizemos uma longa busca em todos os lugares possíveis e nada.

    — E minhas digitais?

    — Zinho, você não as possui!

    — Como assim?

    — Você possui uma condição especial na pele, e não possui digitais.

    — Displasia?

    — Sim, isto mesmo. Vejo que está afiado na medicina. Aliás, soube que andou fazendo diagnósticos. É melhor tomar cuidado, senão perderei meus pacientes.

    Ambos descontraíram um pouco com a brincadeira. Emanuel então resolveu falar sobre a alta.

    — Bem, Zinho, gostaria que ficasse aqui no hospital até que pudéssemos ter alguma notícia, mas infelizmente estou sendo pressionado pela direção para liberá-lo. Precisam do leito para outro doente.

    Zinho suspirou e disse:

    — Sim, eu compreendo, mas para onde vou? Não tenho dinheiro, emprego ou mesmo onde pernoitar.

    Emanuel passou a mão na barba como a buscar uma solução. Sabia que não poderia se envolver na vida particular dos pacientes, mas aquele caso era diferente. Aquele rapaz lhe havia conquistado mais do que a confiança.

    A direção do hospital queria encaminhá-lo para um manicômio municipal, mas Emanuel não concordara com a situação. Precisava encontrar outra saída, mesmo que tivesse que se responsabilizar pelo rapaz. Pensou por mais um minuto e disse resoluto:

    — Filho, vou lhe dar abrigo até que encontremos sua família.

    Os olhos de Zinho ficaram marejados.

    — Doutor Emanuel, eu não quero dar trabalho. Nesse momento suas palavras ficaram embargadas pelas lágrimas, que Emanuel não ousou interromper. Sabia que o jovem estava sobre grande pressão e necessitava desabafar. Após um choro sentido e copioso Zinho confessou:

    — Desculpe o desequilíbrio, mas esta situação tem me deixado à flor da pele.

    — Eu entendo, filho, agora vá se trocar que lhe levarei ao seu novo lar.

    — Mas eu não tenho roupas...

    Emanuel coçou a barba e disse:

    — Você tem razão, espere um pouco.

    Pegou o telefone e pediu a secretária para não marcar mais ninguém para aquela tarde, pois precisaria sair.

    Após desligar o telefone, se voltou para o rapaz e disse:

    — Vamos lhe comprar algumas roupas.

    — Não posso permitir que o senhor faça isto, seria abusar muito de sua boa vontade.

    Emanuel a cada momento percebia que aquele jovem era de fato especial.

    — Você tem alternativa?

    Zinho elevou os ombros em um gesto muito seu e disse:

    — Acho que não.

    — Então vamos.

    — Mas assim que puder me permita lhe restituir tudo o que gastar.

    — Sim, filho, assim que você tiver condições eu ficarei feliz em receber de volta o que gastei. Combinado?

    Emanuel não queria humilhar ou ferir a suscetibilidade do jovem e resolveu aceitar a condição, embora de fato isto não tivesse para ele alguma importância. Emanuel era um médico muito conceituado e possuía uma excelente condição financeira.

    Zinho então levantou contente, mas parou de repente e disse:

    — Mas mesmo assim, como vou sair do hospital? De roupa hospitalar?

    Emanuel pensou e disse:

    — Filho, tenho um par de roupas reservas aqui no hospital. Vai ficar um pouco larga e curta, mas assim que chegarmos ao shopping você poderá vestir algo melhor. O que acha? Algum problema?

    — Nenhum problema, doutor, podemos ir.

    Após alguns minutos Zinho já se despedia do hospital na companhia de seu benfeitor, rumo a uma nova vida e a

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