Véu de Vidro

De Rose Almeida

Véu de vidro é uma antologia poética sobre relacionamentos amorosos, suas origens, seus desdobramentos e possíveis desfechos. Em seu primeiro livro, a poeta Rose Almeida versifica sobre histórias de amor e desamor, paixões avassaladoras, romances de verão, sentimentos não correspondidos, mocinhas casadoiras, velhos viúvos, incompatibilidade de gênios, solidão, empoderamento e, sim, muitas festas de casamento, com seus diversos personagens. Há algumas noivas em fuga, daminhas e poodles traquinas, casais que enfrentam preconceitos e aqueles que desistem da burocracia do cartório para se casarem num jardim, com alianças de capim. Também somos levados a conhecer os pensamentos e contradições daqueles que estão nos bastidores dos eventos: boleiras, garçons, cabeleireiras, músicos, mestres de cerimônia... Todos são perpassados pelo véu fino e frágil dos afetos, felicidades e tragédias.
 
SOBRE A AUTORA 
Rose Almeida é paulistana, nasceu no ano de 1976 e é formada em Letras pela USP. Escreve poesia desde a pré-adolescência e foi professora de português na rede pública por mais de uma década. Em 2013, venceu o concurso cultural Memórias inconsoláveis, realizado pela produtora do filme Elena, de Petra Costa, com o poema Pitangas debulhadas. Três anos mais tarde, começou a publicar seus poemas em redes sociais. Participou da Antologia Inaugural Patuscada (2016) e da Antologia Ruínas (2020), ambas pela Editora Patuá. Desde 2019 é editora-executiva na Absurtos Editora, onde já editou e lançou diversos livros, de poetas contemporâneos de todo o Brasil.

• Idioma: Português
• Editora: Absurtos Editora
• Data de lançamento: 30 de dez. de 2022
• ISBN: 9786586410396

Pré-visualização do livro

Labirinto

Amor é assim meio labirinto

cheio de esquinas e declives

saídas falsas e portas ocultas

às vezes é, mas não parece

às vezes parece e não é

outras tantas, nem aparece

tem gente que entra querendo sair

tem gente que adora se perder

há quem se encontre lá dentro

e uns tantos que juram não entrar

são muitos os caminhos

para quem decide andar junto

a estrada larga e comprida

o beco gélido e escuro

alamedas iluminadas

a corda bamba dos tolos

e até que o desafio termine

e passe o medo e a vertigem

amor é tudo o que cabe

tudo o que pode e sabe

é ruído e música

é lenda e ciência

Estarrecimento

Desceu a escadaria sem freio

sem brilho, sem brio, no breu

atirou a grinalda na avenida

gritou com os saltos aguerrida

e sobre a calçada estarreceu

ninguém socorreu, ninguém veio

um gatuno arrancou-lhe a aliança

infartou fartamente enlouquecida

ali casada ao acaso da despedida

com o noivo fatal da desesperança

Sábado

Subiu a ladeira feito o sol

mostrando a cara atrás da serra

e nesse passo foi passando

com preguiça e com saudade

subiu o sábado num assobio

sóbrio de marcha nupcial

chegou ao lar e viu a noiva

como se não a visse há 30 anos

Últimos dias

Flertou, namorou, casou, separou

começou de novo e foi feliz por uns tempos

engravidou, chorou, divorciou

saiu por aí, se virou com seus rebentos

outra vez se apaixonou, juntou, lamentou

a velhice atraía menos amores

mas foi sem esperar, que encontrou

o melhor companheiro para seus últimos dias:

o esquecimento

A dama de honra

A garotinha trazia a almofada de cetim

vinha contrariada, olhando para o chão

nem se importava com câmeras e olhares

a mãe, no altar, fazia todos os sinais

mil ensaios e a menina estragando tudo?

pois iria negar