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Poesia Cura: Antologia Prêmio Absurtos 2021
Poesia Cura: Antologia Prêmio Absurtos 2021
Poesia Cura: Antologia Prêmio Absurtos 2021
E-book119 páginas40 minutos

Poesia Cura: Antologia Prêmio Absurtos 2021

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Sobre este e-book

O sentimento move o mundo e a arte inspira o movimento. O desejo mais profundo e a dor mais intensa moram na extensão dos versos. O poema é um ato de resistência. E é neste cenário de incertezas em que vivemos, sob condições de privação e inquietude, que nasce a antologia Poesia Cura, obra-fruto do Prêmio Absurtos 2021, organizada por Rose Almeida. Nós entendemos que as palavras são alimento, casa, bravura e bálsamo. Então, conheça a arte dos 107 poetas reunidos neste livro. Você pode encontrar afinidades, reflexões e até mesmo algum alento para seguir em frente.
  
SOBRE A ORGANIZADORA
Rose Almeida é paulistana, nasceu em 1976 e é formada em Letras pela USP. Escreve poesia desde a pré-adolescência e foi professora de português na rede pública por mais de uma década. Em 2016 passou a publicar poemas nas mídias sociais. Participou da Antologia Inaugural Patuscada (2016) e da Antologia Ruínas (2020), ambas pela Editora Patuá. Desde 2019 é editora-executiva na Absurtos Editora, onde já editou e lançou diversos títulos, de poetas contemporâneos de todo o Brasil.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento19 de dez. de 2021
ISBN9786586410358
Poesia Cura: Antologia Prêmio Absurtos 2021

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    Poesia Cura - Rose Almeida

    Vida-vírus

    - Adriane Pesovento (Rolim de Moura/RO)

    Diga aos defuntos

    que não morreram

    foi notícia falsa

    história inventada

    Diga aos mortos que não espalhem que estão vivos

    Sussurrem aos ouvidos dos amores, amantes e amados mortos que tudo foi só um sonho ruim

    Cantem nos cemitérios para fazer bailar da morte a vida

    A doença era mentira

    Não existiu?

    Braveje aos ouvidos cansados

    que essa ausência de cor é cor

    Ouvidos verão

    Minta, ignore, siga a vida (a)normal, rosne como cão sem dono em tons de bravata e rejúbilo à inverdade

    Mantenha-se alheio

    Negue o que existiu, existe e o que há de vir!

    O tempo de tristeza nunca existiu…

    Negue!

    Na medida que faz, ele se espalha,

    rizoma pelo mundo

    Viva a imbecilidade, a ignorância e a estupidez não natural

    Brava sabedoria do que não conhece e morre, morre, morre e morre

    Depois que a mentira acabar, contaremos os corpos.

    Joana 1:29

    - Maya Davy (Rio de Janeiro/RJ)

    Eu, Agnus Dei [XX]

    Profano antigos testamentos:

    O destino e fim não é,

    Não se realiza nem se basta

    Como julgam meus contemporâneos

    Os cálices que propomos algumas

    Muitas

    Marias

    Ergo o punhal

    Bebo meu sangue

    Como meu corpo

    E estendo às massas: Comungai!

    Espero que se sentem à mesa

    enquanto soam as trombetas

    Aos dispostos a amar,

    [XY XX XXY]

    [101000101]

    [século XXI],

    trago boas novas.

    Respira

    - Elias Santos (Picuí/PB)

    Devassas asas despidas,

    Compridas, vastas!

    As vossas altas

    Valsas perdidas.

    Tão lentas de asma,

    Sedentas cenas cáusticas

    Fixas! Náuseas náuticas,

    Tão lentas de miasma.

    Horrendas ácidas

    Águas fundidas

    Sobre árduas feridas

    Esperanças glácidas.

    Falsas danças frias,

    Cansadas, tísicas!

    Quase místicas

    Surdas asfixias.

    Nuas abertas

    Crias de dores,

    Vivas sem flores

    Em almas cobertas,

    Quase idos pulmões

    Tristes de ira!

    [Respirações…]

    Calma,

    Calma.

    Respira.

    Há tempo?

    - Flávio Sanso (Volta Redonda/RJ)

    O tempo parou, dizem

    Mas o tempo está na minha barba volumosa

    Nos meus cabelos nunca tão crescidos

    Na curva que não achata

    Na linha que sobe inclinada

    Foguete cruel movido a estatísticas mórbidas

    Potencial para ser exponencial

    Mas pode ser que o tempo tenha parado

    Sem abraço, sem beijo, sem paz, sem contato

    Talvez eu verseje sobre o campo minado lá fora

    Sobre o silêncio e o medo

    Sobre as embalagens encharcadas de desinfetante

    Ser ou não ser infecto,

    a agonia dos quinze dias sempre renováveis

    A janela, à janela

    Vou versejar sobre a amendoeira

    que dança em câmera lenta ao ritmo do vento

    Sobre o sanhaço que cisca na antena parabólica

    Sobre a beleza indiferente do céu

    azulado, amarelado, arroxeado

    Enquanto fico sem saber o que foi feito do tempo

    Vou versejar sobre o que o tempo (ou a ausência dele) não alcança

    Pandemia

    - Juliana Filippozzi (São José dos Campos/SP)

    A gralha na cordoalha, de cima via de tudo

    Num dia não diferente, uma estranheza aparente

    O portão que não abriu, o pipoqueiro que sumiu,

    O realejo que emudeceu

    E os homens, sempre tantos

    Foram minguando, migrando pra onde? Sabe-se Deus…

    A gralha da cordoalha deu um giro, bateu asas

    Voou, voou, voou e nada deles

    A praça esvaziada, de cheia só tinha a fonte

    E o coro de passarada

    O monumento calado, o telhado abobadado

    Era tudo feito agora de voz de passarim

    Que se ouvia no silêncio do Homem que se foi

    A gralha pra cordoalha volta;

    Pousa, pega fruta, repousa

    Espera té que ficou escuro

    E aquele que sempre vinha, não

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