Encontre milhões de e-books, audiobooks e muito mais com um período de teste gratuito

Apenas $11.99/mês após o término do seu período de teste gratuito. Cancele a qualquer momento.

Entre a Cruz e a Investigação Policial
Entre a Cruz e a Investigação Policial
Entre a Cruz e a Investigação Policial
E-book190 páginas2 horas

Entre a Cruz e a Investigação Policial

Nota: 0 de 5 estrelas

()

Ler a amostra

Sobre este e-book

Ainda que não se possa vislumbrar qualquer compatibilidade entre a Polícia Civil e uma religiosidade ativa e saudável, surgiu "a ponta do iceberg" ao tomarmos conhecimento do "Grupo Policiais de Jesus" (GPJ), agrupamento de policiais civis que visa fornecer apoio espiritual não apenas aos funcionários de sua categoria, mas também a outros agentes públicos das forças de segurança. Ao passarmos o grupo sob uma pesquisa das Ciências da Religião, procuraremos interpretar se a mensagem religiosa que os líderes têm apregoado é relevante aos policiais que dele participam, a ponto de mudar sua visão sobre o crime, o criminoso e seu próprio modus operandi ou se é apenas mais uma instituição alvissareira. Para que possamos chegar a essa conclusão, tomaremos o grupo como objeto de estudo e investigaremos se os agentes da Polícia Judiciária Paulista (Polícia Civil do Estado de São Paulo) e outros agentes de segurança pública e que fazem parte concomitantemente do Grupo Policiais de Jesus (GPJ) têm sua prática moldada por uma ética religiosa que os diferencia dos outros policiais, com um discurso mais pacifista, mas sem arrefecerem no cumprimento do dever legal.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento2 de jan. de 2023
ISBN9786525268552
Entre a Cruz e a Investigação Policial

Relacionado a Entre a Cruz e a Investigação Policial

Ebooks relacionados

Ciências Sociais para você

Visualizar mais

Artigos relacionados

Avaliações de Entre a Cruz e a Investigação Policial

Nota: 0 de 5 estrelas
0 notas

0 avaliação0 avaliação

O que você achou?

Toque para dar uma nota

A avaliação deve ter pelo menos 10 palavras

    Pré-visualização do livro

    Entre a Cruz e a Investigação Policial - Wellington Bomfim Lago

    capaExpedienteRostoCréditos

    Dedico esse trabalho aos meus pais, Walkiria (in memorian) e Milton (in memorian), pois mesmo sem terem acesso aos bancos acadêmicos, sempre foram grandes incentivadores de meus estudos.

    AGRADECIMENTOS

    Inicialmente, não posso deixar de agradecer Àquele que me redimiu, que por mim se entregou, ainda que nada pudesse dar em troca; toda minha lealdade é pequena, falha, fraca e opaca, se comparado ao seu inefável amor que jamais poderei corresponder.

    Ao meu querido amigo e orientador, Prof. Dr. Ricardo Bitun, o qual já é admirado por mim desde os bancos da Graduação em Teologia – há mais de duas décadas – por aceitar me conduzir no presente trabalho; sua erudição e domínio sobre os assuntos que aborda não ofuscam a explicação simples e clara, que sempre deixam suas aulas com sabor de quero mais!

    Aos também amigos Profs. Drs. Carlos Ribeiro Caldas Filho e Cristiano Camilo Lopes, não apenas por aceitarem participar da banca quando esta obra ainda era uma Dissertação de Mestrado, mas também pelas preciosas orientações dadas no momento da qualificação; ademais, o notável saber e o rigor acadêmico desses nobres docentes não apagam a simpatia, a gentileza e a cordialidade com que somos tratados e que certamente nos permite ficar menos tensos em um momento tão relevante de nossa vida.

    Aos líderes do Grupo Policiais de Jesus (GPJ), por sempre me tratarem com respeito, educação e cordialidade, bem como aos participantes que se predispuseram em responder ao questionário, elemento fundamental para a elaboração desta pesquisa.

    Agradeço também a Dagmar Dollinger (e não a chame de senhora!!!), ilustre secretária do então Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião, pela admirável paciência com que sempre atendeu os alunos, tanto ao telefone quanto pessoalmente; seu sorriso cordial ficou marcado em todos os que por ela foram recebidos na sua sala!

    A Editora Dialética, por demonstrar interesse na relevância acadêmica desta obra, e pelo convite em publicar com eles.

    À Grazielle Lago, pela digitalização das entrevistas realizadas entre os participantes do Grupo Policiais de Jesus (GPJ), e pela paciência em suportar minha ausência durante algumas centenas de horas para a produção deste trabalho.

    Por último, mas não menos importantes, as minhas joias mais preciosas Melissa Lago, Manuella Lago e Miguel Lago; meu amor por vocês aumenta cada dia mais... Muito obrigado por existirem!

    "Die Kirche ist nur Kirche, wenn sie für andere da ist".

    "A igreja só é igreja quando está aí para os outros".

    (Dietrich Bonhoeffer, teólogo alemão e membro da resistência alemã

    anti-nazista).

    PREFÁCIO

    Oportuna a ocasião para vir a lume a pesquisa de Wellington Bomfim Lago, policial civil e religioso. A propósito, as qualificações em tela trazem, de início, uma aparente cisão. Por que não se dizer policial religioso? Por que a apresentação desse tema parece gerar uma sensação de corpo estranho em nosso pensamento?

    Seriam inconciliáveis os misteres policial e espiritual? Evidencia-se, aqui, reflexão que tem por pano-de-fundo uma visão equivocada do sagrado e do profano.

    Numa das passagens deste livro, uma vítima afirmou, a respeito de certa Delegacia de Polícia de Defesa da Mulher, em São Paulo: [...] que coisa linda, todo mundo fala mal da delegacia, mas essa aqui eu cheguei (sic), rezamos a Deus, lemos um salmo, ouvimos uma palavra, uma orientação [...]. Eis o viés de percepção estampado: há um estereótipo, uma construção de que o policial tem de ser mau no enfrentamento da criminalidade.

    Ora, o campo é o dos valores pessoais, principalmente. Desse modo, o policial (civil, militar etc.) não se despe de sua carga axiológica ao sair de casa para trabalhar; não é outra pessoa a vestir uma farda ou ostentar um distintivo. O ser humano é o mesmo e impõe-se com todas as suas circunstâncias, no dizer de Ortega y Gasset.

    Compõem essas circunstâncias convicções religiosas, ideologias, crenças e outros aspectos que estruturam a pessoa e sua individualidade.

    O autor, com precisão, distingue religião e religiosidade. Apresenta a primeira como um vínculo com uma inspiração superior e a segunda como práxis. Aqui reside, a meu sentir, a essência das reflexões que se levam a efeito no texto: tomando a religiosidade como prática de determinada religião, este conceito leva-nos a indagar se aquela tem hora e lugar para se manifestar. Somente na missa ou no culto alguém poderia professar uma religião? E o cotidiano do ser religioso e suas atitudes voltadas ao transcendental, como ficam nessa seara?

    A pesquisa conduz ao pensamento de que são necessários posicionamentos dos policiais no campo religioso, pois há uma percepção geral, equivocada, de que são incompatíveis o enfrentamento da criminalidade e os princípios religiosos. O mesmo diga-se em relação aos direitos humanos.

    Considerando o princípio da dignidade humana, de observância irrestrita, a questão estaria resolvida: é imperioso respeitar as pessoas, justamente por sermos humanos e sujeitos de direitos, com dignidade – esta, como algo intocável por autoridades, agentes públicos e demais atores sociais. Assim, independentemente da postura religiosa, todos temos de respeitar os semelhantes, numa incessante busca de realização do bem. Isso não significa transigirmos com deveres.

    Eis o ponto central: o policial lida com a lei dos homens. A Lei superior guia seus passos, no sentido da realização de valores. Não são contextos opostos, portanto; são complementares.

    Como exemplo de posicionamento ante a religião, a pesquisa apresentou o Grupo Policiais de Jesus (GPJ). Caracterizado pela informalidade, congrega integrantes da Polícia Civil do Estado de São Paulo que comungam os princípios do cristianismo, preservando-se a laicidade estatal.

    A dissertação de mestrado apresentada, pelo autor, no Centro de Educação, Filosofia e Teologia, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, ora vertida em livro, demonstra, ainda, a importância da comunicação religiosa, essencial à existência do GPJ, seja por redes sociais digitais ou por meio de encontros pessoais. Nesse âmbito, realizam-se discussões, ações sociais e louvores conjuntos.

    Wellington teve êxito ao comprovar a hipótese de que o GPJ pode influenciar positivamente a atuação policial judiciária frente às infrações penais e aos infratores, bem assim prestar apoio espiritual aos seus membros.

    Pela originalidade e qualidade da pesquisa, estou certo de que este livro servirá de inspiração para criação de outros GPJs nas polícias brasileiras.

    Honra-me prefaciá-lo.

    Dr. Maurício Correali - Delegado Titular do Centro de Comunicações e Operações da Polícia Civil - CEPOL

    Escrever um livro sobre Deus e Sua obra não é tarefa fácil. Essa dificuldade é enfrentada aqui, no Entre a cruz e a investigação policial.

    Traduzir na prática as ‘coisas’ do espírito sempre é difícil, pois, ou se enfatiza a ritualidade, os procedimentos, ou se vira para o transcendente, para o etéreo, tirando os pés do chão, podendo escorregar para o misticismo sem sentido e sem fundamento.

    Essa dificuldade reflete uma das grandes questões da vida: viver aqui pensando na eternidade. Viver as dificuldades, os suores, o empenho, para obter as consequências no futuro, colhendo os frutos no porvir.

    O autor consegue trazer essa dicotomia, com explicações lúcidas sobre o crer e o fazer, para então ofertar a unificação dessa separação num objetivo, a pregação do evangelho dentro da Polícia Civil do Estado de São Paulo. Explora esse tema com coragem e de maneira objetiva, sem deixar de dar a devida importância às pessoas e suas opiniões sobre o GPJ, mas apresentando o trabalho que efetivamente é levado a efeito.

    Proporciona, ainda, através das questões respondidas, uma diversidade de informações, que converge para um único ponto; a necessidade do anúncio das Boas Novas aos policiais.

    Tampouco nossa tarefa é fácil. Nós, os policiais que integram a Polícia Civil, e que têm a fé em Jesus Cristo como alicerce, andamos na contramão do sistema deste mundo. Por outro lado colhemos os frutos da nossa fé no dia-a-dia policial, sob a forma de proteção, sabedoria e força contra os criminosos, mas também vemos os outros segmentos de nossa vida fluindo, conciliados e integrados, contrariando a idéia de que quando estamos na polícia somos uma pessoa, e em casa somos outra.

    Não, somos uma pessoa só, e Deus nos permite ver isso e viver com essa realidade.

    Um trabalho movido pela fé, sem qualquer outro ganho pessoal, sem qualquer interesse que não seja ver os policiais livres de qualquer opressão, capacitados para enfrentar a maldade que se lhes opõe com poder, não da arma ou algemas, mas do verdadeiro PODER, que vem do alto.

    É exatamente essa realidade que queremos que todos os policiais conheçam, de que há possibilidade de ser um bom policial e um bom pai, marido, irmão ou filho, mas somente com a ajuda de Deus, pois sem Ele todo nosso esforço é vão.

    A vida policial traz muitos desafios e, por mais que tenhamos treinamento e ensinamentos da própria instituição, não se fala das coisas espirituais, pois o entendimento dominante é que cada um tem sua própria religião e sua própria verdade. Enfatiza-se que, se você obedecer aos ditames da nossa lei orgânica, não terá problemas. Será?

    É claro que não, pois vemos a cada dia os policiais sucumbindo, seja com vícios lícitos, cigarro e álcool, ou mesmo com drogas ilícitas; vemos famílias destruídas, sonhos evaporando (sim, porque ao entrarmos na instituição acreditamos piamente que podemos salvar o mundo), conceitos desfeitos, saúde debilitando-se, dificuldades avolumando-se, sem termos quem nos auxilie a entender e ver com clareza o que está acontecendo, e muito menos quem nos ajude a continuar nossa jornada com a convicção de que venceremos, ou sequer sabendo se estamos indo na direção certa.

    Sabemos que o mundo espiritual é real, e principalmente o policial tem essa compreensão, pois depara com a maldade nua e crua, e com o diabo de várias formas, através de situações inexplicáveis muitas vezes, que somente se compreendem através do sobrenatural. E muito por causa disso, dessas situações inexplicáveis e da maldade que campeia neste mundo, e que nos atropela, é que o policial procura proteção e guarida em sua crença, seja ela qual for.

    A narrativa descrita às fls.48 exemplifica com clareza essa vivência do policial, que se vê envolvido e dominado pela corrupção, pelo roubo, pela violência. Por isso, nós, os policiais que crêem que Jesus Cristo é nosso Senhor e Salvador, buscamos apresentá-Lo, entendendo que Ele é a única saída para uma vida sofrida além do normal.

    Este livro, nosso livro, que adveio de um trabalho acadêmico, formaliza a obra que o Senhor colocou em nossos corações e expõe um desejo ardente em consonância com uma necessidade premente, um esforço constante que encontra uma carência latente, a liberdade que busca libertar, ex-prisioneiros que pretendem ver seus companheiros de cela andando em liberdade também, pois entendem a dor de estarem oprimidos por uma força superior, e não terem saída eficaz, não terem um escape efetivo que os ajude a viver e não apenas sobreviver ou se arrastar.

    A conclusão do Entre a cruz e a investigação policial aponta o cerne da questão, o fato de termos enxergado de forma diversa o crime, a criminalidade e o criminoso, sem contudo tratar de forma condescendente este último, tampouco diminuir o combate à criminalidade e muito menos dar menos relevância ao crime, que dilacera a sociedade. Muito pelo contrário, entendemos que essa tríade é tão poderosa que precisa de ajuda do alto, pois nossa força é pequena diante de tamanha afronta que atua sobre a sociedade, pensamento diferente da maioria dos policiais, que se obriga a ser o solucionador de todos os problemas, o mais forte e mais combativo ser humano, com o propósito de vencer todo o mal.

    Conscientes de que somos fracos e pequenos, desfazemos a mentira de que somos super-homens, engano este que nos foi tatuado por todos, desde a sociedade como um todo, até e mais especificamente pela nossa família, amigos e pelos próprios colegas.

    Para quem é policial, que crê em Jesus Cristo como Senhor e Salvador, este livro é obrigatório, para que saiba que existe um ministério que precisa de trabalhadores, pois a seara é imensa.

    Para quem é policial e ainda luta com suas próprias forças, o livro é essencial, para que entenda que realmente somos carecedores de ajuda em nosso mister, que é proporcionalmente importante e desgastante.

    Para quem não pertence aos quadros de nenhuma instituição de segurança, este

    Está gostando da amostra?
    Página 1 de 1