Adoção à brasileira: um caso de reconhecimento do afeto como valor jurídico
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Sobre este e-book
A adoção à brasileira como é conhecida a adoção realizada no Brasil de forma irregular, sem o preenchimento dos requisitos legais para a formalização da adoção, já foi uma adoção nula, criminosa e não geradora de efeitos jurídicos, entretanto, essa postura foi se modificando com o reconhecimento da chamada paternidade/maternidade socioafetiva.
Os tribunais nacionais, demonstrando uma mudança de concepção acerca das intencionalidades e seu valor jurídico, têm entendido que a adoção à brasileira quando se apresenta com nítida característica de paternidade/maternidade socioafetiva, não é passível de nulidade, anulação ou revogação, concedendo ao filho adotado todos os direitos concedidos ao filho biológico.
A autora busca demonstrar a mudança na atitude e configuração da família pós-moderna ligada pelo afeto e, principalmente, os requisitos e condições para a consideração do afeto como valor jurídico através do reconhecimento da validade legal da adoção à brasileira.
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Avaliações de Adoção à brasileira
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- Nota: 5 de 5 estrelas5/5Muito bom, recomendo a todos. Ótimo livro para quem quer fazer um TCC.
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Adoção à brasileira - Clarissa Bottega
1. BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE A FAMÍLIA
1. 1 O vínculo na família antiga
Para falarmos de família precisamos, inicialmente, delimitar nosso estudo naquele que é o modelo de família organizada
mais antiga e representativa do nosso modelo atual de conformação familiar.
Para o nosso ordenamento jurídico e para o nosso estudo, assim como para as bases sociológicas e filosóficas da família, o modelo familiar originário e fundamental é o romano, se apresentando ainda como importante para o nosso estudo o modelo familiar grego que veremos de passagem.
Roma não é toda a Antiguidade, mas resume a Antiguidade. É o grande livro da história antiga escrito em caracteres taquigráficos.
³
Assim, antes de falarmos sobre as características da família antiga que aqui nos interessam é importante deixar claro que a família romana é o nosso modelo base, o qual tinha na língua grega uma palavra muito interessante para designar a família, qual seja, "epístion". Tal designação muito tinha a ver com os laços que uniam os membros da família, pois significava em uma tradução literal aquilo que está junto do fogo
.⁴
Dessa forma, a família antiga – romana – era baseada não em laços sanguíneos ou mesmo laços afetivos, mas sim em laços religiosos. A religião era o elo que unia a família romana.
O filho emancipado deixava de fazer parte da família, pois já não possuía o mesmo culto dos outros membros. Já o filho adotado, entrava para a família adotiva como verdadeiro membro da comunidade familiar, vez que passava, então, a cultuar os mesmos deuses e antepassados da família adotiva⁵.
A família antiga era baseada então na religião, tinha seus laços e proximidades em bases religiosas de culto e não em vínculo de sangue, parentesco ou afetivo.
Esse culto fundamento de ligação da família antiga tinha como preceito a adoração dos antepassados mortos representados pelo fogo sagrado.
Resumidamente podemos dizer que o culto dos antepassados mortos surgiu em razão do mistério da morte, pois gregos e romanos acreditavam que os mortos apenas passavam por uma transformação quando do fim da vida e assim os mortos ficavam na terra junto de seus corpos. A crença era a de que alma e corpo permaneciam unidos no túmulo.
Essa crença e o poder do fogo sagrado era a religião doméstica da família romana antiga e o elo entre os membros da família, a adoração ao mesmo fogo sagrado, o culto aos mesmos antepassados era a condição para se determinar se o indivíduo fazia parte desta ou daquela família.
Era então, na família antiga a religião, ou seja, o culto doméstico que determinava quem eram as pessoas que faziam parte do círculo familiar e não qualquer laço de sangue ou de afeto.
É de se ressaltar que não temos aqui a pretensão de investigar os vínculos que uniram as primeiras formas de famílias conhecidas, pois se trata de problema semelhante aos da origem dos mundos, das civilizações e do próprio homem
.⁶
1. 1. 1 A importância da filiação na família antiga
O culto do fogo e dos antepassados fazia com que a família e os filhos tivessem uma importância efetiva na vida e no cotidiano das pessoas, pois aos filhos eram repassadas as obrigações derivadas do culto doméstico.
Nessa época a mulher estéril poderia até mesmo ser rejeitada, tendo em vista que não poderia gerar filhos para perpetuar o culto doméstico e assim se as oferendas fossem interrompidas, o (antepassado) morto cairia em infelicidade, e logo passaria à categoria de demônio desgraçado e malfazejo
⁷.
Iseu, orador ateniense, assim se manifestou em tempo remoto:
Ele não é homem que, sabendo que está à morte, tenha se descuidado a ponto de deixar a sua família sem descendentes; porque então não teria ninguém a prestar-lhe o culto devido aos mortos.⁸
Fica clara e cristalina a relevância da filiação e a importância do nascimento de filhos para a continuidade do culto doméstico na família antiga, especificamente a família romana e grega como já ressaltamos.
O nascimento de um filho era celebrado como uma forma de perpetuação do culto doméstico e do culto aos antepassados, era uma garantia para os próprios membros da família de que no momento de sua morte também seriam lembrados e cultuados pelo filho nascido. Entretanto, cumpre ressaltar que os laços mais importantes para a família não eram os laços sanguíneos, mas sim os laços de culto, laços religiosos, por isso, alguns dias depois do nascimento da criança esta era iniciada
na religião doméstica e a partir daí era considerada membro da família.⁹
Também não bastava o nascimento de filhos de qualquer sexo, era imprescindível que o nascimento fosse de um filho homem, pois a mulher após o casamento abandonava o culto doméstico de sua família de origem para seguir o culto doméstico do marido, tendo, na época, o casamento uma conotação de iniciação ou aceitação da moça na família e no culto doméstico do