O Preço de um Amor
De L P Baçan
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O Preço de um Amor - L P Baçan
INTRODUÇÃO
Eduardo acendeu um cigarro, enquanto olhava Soraia, sem conseguir entendê-la. Observou-a atentamente, dos cabelos longos que caíam para frente enquanto ela se debruçava aos olhos de um tom misterioso e indefinido, parecendo-lhe verdes em um instante, azuis no outro, castanhos no próximo.
Percebeu, então, que tudo em Soraia era contraditório e instável, do corpo às atitudes. Desejou poder entendê-la. Soraia tinha muito a oferecer a um homem, era uma espécie de dedução instintiva a que ele chegara nos poucos momentos em que estiveram juntos. Havia qualquer coisa nela que inspirava intimidade, aconchego, volúpia e repouso ao mesmo tempo.
A recordação dos momentos da chegada ao apartamento, quando a tivera nos braços, voltou-lhe à mente. Ele a desejou, então, como desejaria qualquer outra mulher que lhe despertasse o interesse. Reconhecia que nada havia de especial entre eles, mas sentia, na sensibilidade crescente e forte que dominava sua pele, que Soraia tinha muito a oferecer-lhe. Mal se conheciam. Eduardo não sabia onde ela morava, se tinha uma família, se já era compromissada, absolutamente nada. Descobrira apenas que era excitante, contraditória, confusa, mas muito amiga e capaz de criar um clima de intimidade delicioso apenas com o seu silêncio, apenas por estar ali com ele.
O que ela escondia? Qual era o seu segredo? Deveria buscar respostas ou apenas usufruir de sua companhia? Sua decisão mudaria tudo.
O PREÇO DE UM AMOR
CAPÍTULO 1
Há momentos em que um homem não tem muita opção quanto ao melhor caminho a seguir ou a atitude correta a tomar. Nos braços de Soraia Ribeiro, sugando e mordiscando seus lábios carnudos e sensuais, Eduardo Cerqueira pensou rapidamente nisso. Naquele momento, havia apenas um caminho a seguir e ele era traçado diretamente pelos seus instintos de macho, vibrando e ansiando a companhia de uma bela fêmea.
A sensação do irreal, do sonho fantasioso, no entanto, persistia. Fora assim desde aquela tarde, quando se aproximara dela pela primeira vez dela e tentara uma abordagem. Não esperava nada além de uma rápida conversa ou um convite insinuado cautelosamente. Para sua surpresa, no entanto, Soraia se mostrara muito acessível, como se estivesse desejando a companhia dele.
Tomaram alguns aperitivos juntos após o expediente e depois, sem qualquer cerimônia, acabaram no apartamento dele. Soraia se sentara então no amplo e convidativo sofá. Eduardo parara no centro da sala, olhando-a, sem saber ao certo o que pretendia dela e o que ela esperava dele.
— Vem cá, vem! — chamou ela, com um jeitinho insinuante e sexy no rosto moreno e bonito.
Por instantes, Eduardo tentou compreender a facilidade da oferta. Esperava, realmente, alguma resistência que valorizasse o corpo tentador aos seus olhos, mas Soraia o surpreendera realmente. Sentara-se ao lado dela. Tomara-a nos braços ainda incrédulo, mas incapaz de esconder sua satisfação por estar com ela. Ele a beijara ardentemente, saboreando um gosto diferenciado e inconfundível, aspirando um perfume sutil e insinuante, vibrando à proximidade de um corpo macio e promissor com curvas e elevações na medida certa.
Lentamente suas mãos avançaram sobre as curvas, contornando, subindo aclives deliciosos, penetrando reentrâncias mornas e sensíveis. Eduardo descobria que poderia estar ali com ela noite adentro, apenas beijando-a e sentindo sua temperatura atingir um ponto insustentável de ebulição.
Pouco a pouco, a respiração da garota tornara-se ofegante, enquanto Eduardo esfregava os lábios pelo seu rosto, beijando-a nos olhos, na testa, junto às orelhas, incendiando-a e excitando-a. Os murmúrios sensuais cresciam na mesma proporção da febre que a contagiava. Soraia demonstrava todo um temperamento ardente e voluptuoso, retribuindo carícias, distribuindo beijos sensuais. Momentos depois, Eduardo a queria nua, estendida e inquieta. Seu corpo pesara sobre o dela, forçando-a delicadamente a deitar-se no sofá. Soraia não protestou. Ansiosamente aguardou e seguiu o movimento, puxando-o consigo.
Seu corpo acomodou-se sobre almofadas e seu rosto lânguido e afogueado se ofereceu aos beijos mais ardentes do rapaz. Uma vertigem irreversível tomou conta de Eduardo, prometendo um prazer intenso e gratificante. A sensualidade da garota o fazia esquecer-se de toda e qualquer consideração a respeito do comportamento dela. Ele a desejou e apenas isso contava em seus pensamentos, cada vez mais dominados pela paixão. Sua febre tornou-se possessiva e seus dedos buscaram fechos nas roupas dela.
Repentinamente, como um jato de água numa fogueira, Soraia firmou as mãos contra o peito dele e empurrou-o firme e decididamente para trás. Eduardo esperou qualquer ação mais sensual da garota, como despir-se evitando que ele, em sua pressa, danificasse algum daqueles fechos. No entanto, para espanto e frustração dele, ela se levantou, compôs as roupas, depois passou as mãos pelo rosto, jogando os cabelos para trás.
— Puxa, como esquentou! — disse, pondo um ponto final na manifestação de desejo.
Eduardo a encarou surpreso, sem saber o que pensar ou o que fazer. Suas têmporas latejaram e um fogo vivo ardia em seu ventre, dando-lhe uma incômoda sensação de dor e dormência.
— Tem algo para beber por aí? — indagou ela sem olhar para ele, abanando-se com as mãos.
— Naquele armário — apontou ele pateticamente.
Com graça e uma naturalidade que não tinha sentido naquele contexto, Soraia foi até lá. Abriu as portas do móvel antigo. Espelhos refletiram sua imagem. Ela se olhou por instantes, depois baixou o rosto e procurou entre as garrafas ali a bebida de sua preferência.
— Toma alguma coisa comigo? — indagou ela.
— Não acha que já bebemos demais para um dia?
— Esqueça! — respondeu ela, servindo meio copo de um delicioso vermute. — Tem gelo?
— Na geladeira...
Soraia caminhou na direção apontada por ele, sumindo por uma porta. Voltou pouco depois, tilintando os cubos de gelo.
— Tem um belo apartamento, Eduardo. Como se arranja sozinho? — indagou ela com naturalidade.
Eduardo se sentiu mal. Foi algo além de sua vontade, mas sentiu-se terrivelmente mal, como se tivesse cometido um erro imperdoável que a houvesse esfriado. Repassou acontecimentos, relembrou carícias. Talvez tivesse se empolgado demais, mas isso não justificava aquela atitude da parte dela.
— O que eu fiz de errado, afinal? — indagou ele.
— Como disse?
— O que eu fiz de errado?
— Nada que eu saiba.
— Mas...
— Ei! Está tudo bem, garotão! — disse ela, aproximando-se dele e beijando-o provocantemente.
Naquele instante, o comportamento da garota pareceu vulgar, terrivelmente vulgar e forçado aos olhos dele. O gosto daquele beijo, no entanto, justificava qualquer atitude da parte dela, desde que o gratificasse sempre daquela forma.
— Ainda não respondeu a minha pergunta — lembrou ela.
— Nem você respondeu a minha.
— Eu perguntei primeiro.
— Está certo, o que foi mesmo que perguntou?
— Como se arranja sozinho?
— Há uma organização que se encarrega de atender pobres homens solitários como eu. Fazem de tudo, da limpeza até a alimentação. Você paga e eles trabalham.
— Isso é muito prático...
— Um pouco caro, mas compensa.
— Vi sua geladeira. Acho que estou com fome...
— Vá lá e sirva-se, então.
— Você não se importa?
— Claro que não — disse ele, percebendo uma radical mudança no comportamento dela.
Ficou ali, sentado e confuso, enquanto ela examinava a despensa e a geladeira. Em um momento, tinha junto de si uma garota ardente, uma fêmea arrebatadora, entregue às chamas de uma paixão que ameaçava consumi-lo. No momento seguinte, ela interrompia tudo aquilo para assumir uma atitude vulgar e forçada. Depois, como em um passe de mágica, ele a via como uma garota simples e faminta, humilde até em seu apetite.
Qual delas era a garota que ele tentava conhecer? Qual delas era a Soraia que despertava tantas atenções e comentários por parte dos homens e mulheres de todo o prédio onde trabalhavam? Eduardo não conseguia encontrar uma resposta. Recordou detalhes. Algo que lhe parecera inocente e sem consequência ganhava sentido agora.
Soraia fizera questão de que ele a apanhasse diante do prédio. Poderia ter descido com ele para a garagem. Por que não quisera isso? Havia muita gente esperando ônibus, táxis e caronas ali na frente. Garotas e rapazes que ainda não tinham carro faziam aquilo todos os dias. Qual a verdadeira intenção de Soraia ao forçá-lo a fazer aquilo? Era