Argumentos Desesperados Contra A Educação Livre
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Argumentos Desesperados Contra A Educação Livre - Flávio Amaral
Apresentação
A educação só pode ser livre de fato quando o acesso aos bens culturais for pleno e irrestrito. Disponibilizar este livro gratuitamente é um pequeno esforço neste sentido. É possível que você tenha comprado este livro (impresso ou digital) em livrarias ou websites. Neste caso, o preço cobrado é determinado pelos distribuidores e foge do meu controle. Mas disponibilizá-lo em várias plataformas é parte do esforço de fazê-lo chegar ao maior número de pessoas possível. De qualquer maneira, desde seu lançamento foram disponibilizadas cópias digitais gratuitas, e deixo o leitor à vontade para distribuí-las por seus próprios meios.
Assim como esta doação pode ser de valor para o leitor, o leitor também pode enviar sua doação para o autor, auxiliando-o na manutenção deste e de futuros projetos. Transferências por Pix e Paypal, e qualquer comunicação, podem ser feitas através do e-mail disposto ao final desta apresentação.
Há muito o que se discutir sobre a ideia de educação livre já que tanto educação como liberdade podem ser discutidas infinitamente no plano abstrato. Porém, neste primeiro livro, irei me ater a uma definição mais específica e que nos remete a um problema concreto e imediato. É uma definição negativa, ou seja, que expressa uma ausência. Refiro-me à ausência da obrigatoriedade à escolarização, imposta a cidadãos no mundo inteiro, por meio de seus Estados nacionais. Algo que todos conhecem bem, o chamado ensino obrigatório
.
O motivo para essa escolha se dá pelo fato de ser justamente este ensino obrigatório um grande obstáculo concreto e universal ao desenvolvimento de melhores experiências educativas pela sociedade.
Portanto, o que chamo aqui de educação livre
não é um tipo de educação, mas a defesa do direito à existência para todos os tipos de educação. Em termos políticos, faz parte da defesa do tão aclamado direito à Educação
, um ideal que consta em todas as constituições democráticas mas foi logo em seguida deturpado pelos próprios regimes que as criaram. Pois a imposição de uma forma educação, como sendo a única forma de educação reconhecida oficialmente é, também a proibição de outras formas de educação possíveis, ou seja, é a retirada do direito a outras formas de educação possíveis.
Assim, a educação livre não entra em choque com quaisquer outros movimentos que sejam contrários à manutenção de um modelo obrigatório de ensino. Movimentos que se definem como desescolarização (unschooling), educação domiciliar (homeschooling), neologismos curiosos como hackschooling e quaisquer outros. Seria um contrassenso achar um novo nome para chamar de seu
, ao invés de se concentrar nos pontos em comum entre esses movimentos, e na obrigatoriedade que atrapalha a todos eles.
Aliás, homeschooling, unschooling, hackschooling são respostas à escolarização obrigatória. Antigamente, tudo era simplesmente educação. Dessa época, sobraram expressões como menino educado
, menino mal-educado
, que se referiam à criação de alguém pelo círculo social próximo - tradicionalmente, mas não obrigatoriamente, a família consanguínea. Até hoje, quando tentamos explicar por que certa pessoa é educada ou mal-educada, é quase automático perguntarmos sobre seu contexto familiar, e não sobre a escola que frequenta.
Num piscar de olhos - o que são 50 anos para uma civilização que surgiu há mais de 50 séculos? - os governos decidiram que educação significa escola obrigatória. Foi assim que, tudo o