A vida, a saúde e a segurança das mulheres
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Sobre este e-book
Uma das justificativas da Lei Maria da Penha é o reconhecimento de que a desigualdade de gênero entre homens e mulheres advém de uma construção sociocultural que não se pauta em diferenças biológicas, mas sim em um sistema de dominação que naturaliza, romantiza e banaliza atos de discriminação e violência. A violência, por se tratar de uma realidade incorporada diariamente na vida de milhares de mulheres, por muito tempo foi tolerada e considerada de âmbito privado. Se o impedimento ao meter a colher na vida de marido e mulher, algo que o jargão popular insistia em negar interferência na vida de casais e famílias, garantindo complacência, revitimização e impunidade, é justamente o conhecimento desta ordem de ideias que está o primeiro passo para a bandeira da liberdade e a garantia do direito das mulheres de viverem livres de violência.
Nesse passo, a obra sobre a vida, saúde e segurança das mulheres, da série Mulheres fora de série e calcada na ideia de que a informação tem o poder de transformar estruturas, pautará os meandros da realidade da violência contra as mulheres, os seus impactos e quais são os principais direitos e desafios para uma nova realidade social.
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Pré-visualização do livro
A vida, a saúde e a segurança das mulheres - Fabíola Sucasas
Sobre a série Mulheres fora de série
A partir de agora você pode contar com uma série escrita por mulheres fora de série
, as maiores especialistas em suas áreas, com temas voltados exclusivamente ao universo feminino falando sobre tudo o que você gostaria de saber.
Com coordenação de Rachel Polito e Fabi Saad, a série apresentará temas como: empreendedorismo, organização do tempo, diferenças relevantes entre a comunicação do homem e da mulher, saúde, bem-estar, longevidade, segurança e violência, sucesso, entre tantos outros relevantes ao universo feminino.
De leitura leve e descomplicada, os livros da série Mulheres fora de série estarão sempre prontos para resolver das questões mais simples as mais complexas do universo feminino.
Sobre a autora
Fabíola Sucasas Negrão Covas
Promotora de Justiça do Ministério Público de São Paulo, Titular da Promotoria de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher. Membra Auxiliar do Conselho Superior do Ministério Público junto à Comissão de Defesa dos Direitos Fundamentais. Mestranda em Direitos Humanos pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Diretora do Movimento do Ministério Público Democrático. Autora e coordenadora do projeto Prevenção da Violência Doméstica com a Estratégia de Saúde da Família – PVDESF, pelo qual recebeu Menção Honrosa no XIII Prêmio Innovare em 2016, e, em 2019, o Selo de Práticas Inovadoras no Enfrentamento à Violência contra Mulheres e Meninas do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Coautora do projeto Vozes pela Igualdade de Gênero, parceria entre o MPSP e a Secretaria Estadual da Educação, que foi premiado na categoria Educação do 18º Prêmio Cidadania em Respeito à Diversidade conferido pela Associação da Parada LGBT.
Agradecimentos
Ao meu filho Lucca, a razão da minha liberdade. Às minhas filhas Beatriz e Barbara, pelos desafios e a coragem de enfrentá-los. Aos três conjuntamente, na certeza de que tenho ensinado, de forma franca e aberta, a respeitar e a dignificar qualquer pessoa, mas na compreensão de que gênero e raça são marcadores fundamentais para, de fato, ser possível adotar esta postura.
Ao meu marido Henrique, em nome da consagração do amor, do companheirismo e da amizade.
Aos meus irmãos Maurício, Adriana e Fernando, pelo vínculo, espiritualidade e maturidade que nos une, através do presente da vida que nossos pais nos proporcionam.
Aos meus pais Nelson e Magda Luz, a razão da minha incessante busca pelo justo, aprendizado, humildade e o cultivo da fé em Deus.
Ao Ministério Público de São Paulo, instituição à qual orgulho pertencer, pelo seu todo e por aqueles nobres colegas e servidores que fazem dela mais humanizada.
Apresentação
A violência contra as mulheres é considerada uma epidemia. Mulheres correm maior risco de sofrer estupro e violência doméstica do que câncer, acidentes de carro, guerra e malária. O Brasil é o 5º no ranking mundial de feminicídios, realidade agravada em meio a pandemia da Covid 19.
A Organização Mundial de Saúde reconhece que a violência física e sexual é um problema de saúde pública que afeta mais de 1/3 de todas as mulheres do mundo e que as consequências da violência para a saúde das mulheres podem ser diretas ou de longo prazo, acarretando danos variados, desde físicos, de ordem sexual e até problemas de saúde mental.
É uma violência que afeta a economia e o trabalho, ensejando instabilidade laboral, subemprego e empobrecimento da mulher vitimizada.
Um dos argumentos que justificou a Lei Maria da Penha é o reconhecimento de que a desigualdade de gênero entre homens e mulheres advém de uma construção sociocultural que não se pauta em diferenças biológicas, mas sim em um sistema de dominação que naturaliza, romantiza e banaliza atos de discriminação e violência.
A violência, por se tratar de uma realidade incorporada diariamente na vida de milhares de mulheres, por muito tempo foi tolerada e considerada de âmbito privado. Se o impedimento ao meter a colher na vida de marido e mulher
, algo que o jargão popular insistia em negar interferência na vida de casais e famílias, garantindo complacência, revitimização e impunidade, é justamente o conhecimento desta ordem de ideias que está o primeiro passo para a bandeira da liberdade e a garantia do direito das mulheres de viverem livres de violência.
Nesta edição sobre a vida, a saúde e a segurança das mulheres, a série Mulheres fora de série
, calcada na ideia de que a informação tem o poder de transformar estruturas, pautará os meandros da realidade da violência contra as mulheres, os seus impactos e quais são os principais direitos e desafios para uma nova realidade social, a partir de algumas narrativas, fatos concretos e da experiência da autora como promotora de justiça especializada no enfrentamento à violência doméstica e familiar contra a mulher. A verdadeira identidade das vítimas eventualmente citadas foi devidamente preservada.
Que a leitura deste singelo livro possa contribuir, de alguma forma, para a construção de um novo caminho.
CAPÍTULO 1
Toda mulher já passou por algum episódio de violência
Toda mulher tem direito a ser livre de violência, tanto na esfera pública como na esfera privada
¹.
ANA
Era verão de 1991, fim de tarde quente, ainda com sol. Quatro mulheres com idade entre vinte e vinte e um anos estavam em uma conhecida praia paulistana, em uma mesa de um bar no calçadão, cheio de jovens, bebidas e música alta. Perto delas havia uma camionete, onde alguns homens tomavam cerveja, animados. Não passou muito tempo e eles logo iniciaram uma conversa com elas.
Algumas horas depois, elas fecharam a conta e foram embora pela areia da praia. Uma delas, Ana, entrou no mar e um dos homens que antes elas conheceram, Ricardo, foi atrás. As demais amigas permaneceram à beira-mar, aguardando e conversando com outro do grupo.
Ricardo logo agarrou Ana, que tentou afastá-lo. Ele a segurou fortemente pelos braços, a levou para os fundos e passou a ameaçá-la enquanto forçava seu corpo contra o dela, esfregando-se sobre suas partes íntimas, dizendo: se você não transar comigo, eu te mato afogada
.
Ana, quase sem conseguir se manter em pé naquelas águas, desesperada, implorou que ele não a matasse. Ricardo segurou fortemente seu pescoço com uma das mãos e o forçou para trás para que ela engolisse água e não gritasse; enquanto isso, tirou o top de seu biquíni e passou a mão por todo o seu corpo. Em seguida, tirou o pênis para fora e tentou forçar uma penetração, mesmo entre as marolas e o agito do mar. Em determinado momento, uma das amigas gritou da beira-mar: ei, vamos embora!
.
Foi então que Ana conseguiu se desvencilhar e, ao chegar na areia, sem olhar para trás e gritando por socorro, parou um trator da prefeitura local que fazia a limpeza da praia, e pediu ao motorista, em meio a lágrimas e soluços, que a ajudasse, chamasse a polícia e a levasse para a parte mais próxima da rua onde ela se hospedava.
Alguns anos depois, a decisão judicial do caso condenava