O Outro Lado: A Face da Violência Conjugal Contra a Mulher na Cidade de Manaus
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O Outro Lado - Aline dos Santos Pedraça
COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO CIÊNCIAS SOCIAIS
Às mulheres empoderadas que promovem mobilidade na conquista de direitos e condições igualitárias na sociedade, pelo apoio incondicional e participação nas atividades da pesquisa, principalmente aquelas que romperam com o silêncio do ciclo da violência e se reconfiguram para uma nova vida.
À Aline Pâmela Teixeira Machado (in memoriam) um dos sujeitos da pesquisa e que foi vítima de feminicídio por seu companheiro em 2019.
AGRADECIMENTOS
Pela infinita bondade e amor, agradeço...
A Deus, pela graça alcançada, pois foi essa proteção divina que me renovou as forças diariamente e me permitiu ser resiliente e perseverante. A razão pela qual se regozijam as conquistas vinculadas a uma pessoa sobrepõe-se a ela, pois inúmeras contribuições são recebidas ao longo da caminhada.
Quero externar minha alegria a todos os que contribuíram para o sucesso dos meus estudos. Aqui, rendo agradecimentos aos meus apoiadores mais determinados, em destaque à minha querida mãe, Anazildes Maria dos Santos, pelo dom da vida, por acreditar no meu crescimento intelectual, apoiando-me e cuidando dos meus filhos nos momentos de minha ausência. Ao João de Almeida Pedraça, meu companheiro e cúmplice, que sempre abraçou a minha causa, apoiando-me em todas as horas.
À Prof.ª Dr.ª Lidiany de Lima Cavalcante, por todos os ensinamentos e pelos momentos ricos de aprendizado adquiridos durante a realização desta pesquisa. Obrigada por me permitir usufruir de sua experiência e sabedoria, encaminhando-me no mundo da Ciência. Quero que receba o meu carinho, o meu respeito e a minha admiração. A sua pessoa muito me honra por ter aceitado o desafio de estar ao meu lado durante a construção deste livro.
Aos meus amigos de todas as horas, Viviane Bentes, Ângela Emília e Claudenor Piedade, pelo apoio incondicional e por me acompanharem ao longo da caminhada. E a Alcione Talles e Célia Maria, por todas as orações e palavras de consolo durante o processo de construção desta pesquisa.
Ao Programa de Pós-Graduação em Serviço Social e Sustentabilidade na Amazônia (PPGSS) da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), instituição imponente, ambiente acolhedor, que foi meu lar durante um longo período e que me permitiu crescer intelectualmente, oferecendo-me um lugar de oportunidades.
À Capes, pelo apoio e pelo subsídio financeiro a mim concedidos durante a pesquisa. Sem os recursos recebidos o caminho no desenvolvimento da pesquisa teria sido muito mais difícil.
Aos colaboradores da pesquisa (vítimas atendidas no Sapem, profissionais da área de enfrentamento à violência conjugal), por me proporcionarem o acesso a informações sobre suas vidas, suas rotinas e seus desafios, por compartilharem suas experiências e percepções. A todos dedico os mais sinceros sentimentos de estima, respeito e gratidão.
Eu sou aquela mulher a quem o tempo muito ensinou. Ensinou a amar a vida e a não desistir da luta, recomeçar na derrota, renunciar a palavras e pensamentos negativos. Acreditar nos valores humanos e ser otimista.
(Cora Coralina).
APRESENTAÇÃO
Este livro propõe-se a discutir a violência conjugal sofrida por mulheres atendidas pelo Serviço de Apoio Emergencial à Mulher (Sapem), uma instituição governamental que faz parte da rede de atenção às mulheres em situação de violência na cidade de Manaus. Apesar dos instrumentos legais e Políticas Públicas criadas para coibir a prática da violência contra a mulher no Amazonas, ainda se presencia o aumento do número de casos de violência e do feminicídio.
Os estudos sobre a condição feminina surgiram na década de 1970, mais precisamente em 1975, dentro dos espaços da Universidade Federal do Amazonas, mas somente no ano de 1990 é que começaram a surgir os primeiros trabalhos sobre a violência doméstica dentro da universidade, o que possibilitou a expansão dos debates sobre o tema.
Contudo, ainda se percebe que essa questão social no Amazonas tem se tornado um dos problemas mais difíceis de serem enfrentados, principalmente por parte do poder público, que mesmo com a criação de políticas públicas não têm conseguido inibir de forma eficaz o fenômeno da violência conjugal na cidade de Manaus.
As diferentes formas de violência têm gerado discussões no campo da assistência social, no campo sociojurídico e, até mesmo, na área clínica, já que a violência também é considerada um problema de saúde pública. E foi inquietando-me com o crescimento do número de casos de violência contra as mulheres que iniciei a pesquisa no campo das relações de gênero, mais especificamente com mulheres em situação de violência conjugal, visto que mais de 70% dos casos atendidos pela rede de atenção à mulher são praticados pelos(as) companheiros(as) e ex-companheiros(as) das vítimas.
Partindo desse pressuposto, esta obra assume o propósito de analisar as várias faces da violência sofrida por essas mulheres, dando principal relevo à relação de poder existente no âmbito das relações conjugais. Cada relato aqui registrado demonstra o quanto as relações desiguais de poder na relação conjugal são capazes de controlar, domesticar e aprisionar o sujeito feminino.
Aline dos Santos Pedraça.
PREFÁCIO
O pêndulo da história revela inúmeras expressões na dialética da realidade, que se espraiam de várias formas no contexto das relações sociais. Conflito, poder, reconhecimento, discriminação, ostracismo e violência perfazem a esfera da sociabilidade há tempos e o limiar do século XXI expõe a necessidade de fomentar discussões profícuas, que se tornam relevantes diante de cenários devastadores, sobretudo quando envolvem a violência contra mulheres.
É sobre isso que esta obra discorre. Ela aporta às reflexões científicas para desvendar as relações de poder existentes nos relacionamentos de natureza afetivo-sexual. O estudo, feito na cidade de Manaus, aponta que no contexto da realidade Amazônica a violência também está presente. Os relatos das participantes da pesquisa, sejam sujeitos na condição feminina de vítimas ou agentes da rede de atendimento, trazem ponderações relevantes na crítica à problemática ora exposta.
As conjugalidades, longe de apresentarem apenas a configuração relacional entre duas pessoas, podem trazer os traços da violência e do biopoder por meio da disciplina dos corpos e da opressão. Assim, a reflexão discorre, tipifica as expressões de violência e descortina o cenário mais nebuloso do interior das relações e das simbologias construídas por meio das relações de poder. Os relatos são fortes e necessários para repensar mecanismos de enfrentamento, erradicação da problemática e construção de uma nova ordem societária, em que os Direitos Humanos, civis e sociais sejam efetivamente garantidos.
A obra apresenta, ainda, uma visão crítica sobre as Políticas Públicas de enfrentamento à violência contra as mulheres e o fio condutor dos desafios de profissionais que desenvolvem intervenções no Serviço de Apoio Emergencial à Mulher (Sapem), em Manaus.
A discussão não propõe o encerramento do tema, ao contrário, fomenta o quanto precisa ser feito para que a dinâmica da realidade constitua-se de forma inclusiva e fora dos horizontes da violência. A luta é grande, mas como disse Fernando Pessoa: É tempo de travessia, e se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos
.
Professora doutora Lidiany de Lima Cavalcante
Docente do Programa de Pós-Graduação em Serviço Social/Ufam.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
Sumário
INTRODUÇÃO 19
CAPÍTULO I
GÊNERO E RELAÇÕES DE PODER NA CONTEMPORANEIDADE 23
1.1 Alguns recortes sobre gênero e relações 24
1.2 O significado de poder e a disciplina dos corpos no âmbito das conjugalidades 34
1.3 Relacionamentos na perspectiva dos conflitos 42
CAPÍTULO II
ENTRE O PODER E A SUBMISSÃO:
AS FACES DA VIOLÊNCIA CONJUGAL 51
2.1 A tipificação das expressões da violência 52
2.2 Políticas públicas no enfrentamento à violência conjugal contra a mulher 71
2.3 Relação de poder como fundamento de violência contra a mulher nas
conjugalidades 86
2.4 O cotidiano da violência conjugal contra a mulher e as simbologias expressas nas relações de poder 95
CAPÍTULO III
OS DESAFIOS DOS PROFISSIONAIS DO SAPEM FRENTE AO ATENDIMENTO ÀS MULHERES EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA CONJUGAL 111
3.1 O cotidiano no sapem 111
3.2 Estratégias e desafios de atendimento e encaminhamento das mulheres 119
3.3 Desafios dos profissionais do sapem frente ao atendimento as mulheres em situação de violência conjugal 128
CONSIDERAÇÕES FINAIS 139
REFERÊNCIAS 143
INTRODUÇÃO
A violência conjugal é um tema discutido já algum tempo no meio acadêmico e no meio profissional, e agora mais fortemente no âmbito da sociedade civil, que tem debatido e questionado cada vez mais o poder público sobre a efetivação e o fortalecimento das políticas públicas voltadas para o enfrentamento à violência contra o sujeito feminino. Em Manaus essas discussões têm tomado grandes proporções em decorrência do aumento de casos de violência contra as mulheres, assim como também o de feminicídio, registrados nos últimos anos tanto na capital quanto no interior do estado. Ser mulher na sociedade atual nos impõe enfrentar e conviver com o medo da opressão masculina dentro e fora do ambiente doméstico. Ser mulher nessa sociedade desigual também nos obriga a enfrentar tudo que nos impede de ser o que somos, ou seja, apenas mulheres.
Este livro nasceu da necessidade de compreender o universo que envolve o tema da violência conjugal na cidade de Manaus, por ser este considerado uma das expressões da questão social que mais assola a sociedade contemporânea e por estar incluído na categoria de discussão e análise da violência contra o sujeito feminino que, de forma geral, não se limita aos espaços conjugais, mas é onde apresenta o maior número de registros. A categoria conjugalidade aqui trabalhada refere-se a relações passadas e atuais, em que estão incluídos os maridos e ex-maridos, os companheiros e ex-companheiros, amásios e ex-amásios e namorados e ex-namorados.
Em uma relação conjugal cujos protagonistas são sujeitos possuidores de comportamentos diversos, eles acabam protagonizando histórias de relações de poder capazes de tornar a convivência a dois um palco de conflitos e violência. Nessas relações evidencia-se a predominância do processo de dominação que, consequentemente, tende a desencadear diversas formas de violência estando formalmente casados(as) ou não com as vítimas.
A temática proposta neste livro se faz relevante por ser uma discussão pertinente e necessária não somente no âmbito acadêmico, mas dentro das próprias instituições que trabalham com o enfrentamento à violência conjugal na cidade de Manaus. Esta obra também tem como objetivo refletir sobre as relações de poder nas conjugalidades a partir da perspectiva da mulher e dos profissionais do Sapem. Busca, ainda, caracterizar as diferentes formas de violência praticada contra as mulheres atendidas pelo Serviço de Apoio Emergencial à Mulher (Sapem), que é uma das instituições conhecida como a porta de entrada para os demais serviços de atenção à mulher. Localizado ao lado da Delegacia da Mulher, o Sapem atende mulheres vítimas de violência advindas das diversas zonas da cidade de