O Que É A Ética?

De Amir Mirim

Este livro fornece uma nova explicação sobre a ética, fundamentando-a com base em uma nova matriz de teoria sociológica, a Socioética (Sociologia da Ética). Diferentemente das teorias tradicionais de filosofia da ética, o objetivo é o equacionamento e encaminhamento científico e técnico-operativo da problemática da ética. O axioma fundamental da nova ciência postula que a ética é resultante dos processos rituais da sociedade e que, para lidar com problemas éticos, é preciso usar a Linguagem Ritual. A orientação segue uma direção civil, laica, de maneira que seja possível uma solução acima das diferenças religiosas. O clamor público no Brasil de hoje exige, em brados como nunca se ouviram antes, que o movimento pela ética não pare, não definhe, ao contrário, que cresça e se torne avassalador. O livro fornece uma estratégia geral sobre como chegar a uma solução. É através da formação de profissionais em Socioética, que possam criar uma estrutura de prestação de serviços na área moral, para as instituições fundamentais da sociedade, principalmente família, empresas e Estado.

• Idioma: Português
• Editora: Clube de Autores
• Data de lançamento: 31 de mai. de 2019

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Faz algum tempo todos nós assistimos a um espetáculo sem precedentes na história do país: talvez dois ou mais milhões de cidadãos vieram às ruas, em junho de 2013, para protestar contra a falta de ética que avilta a política. Depois dessa data, as grandes manifestações de massa reclamando pela ética passaram a se repetir, organizadas seja pela direita, seja pela esquerda.

A divisão e choque entre os Poderes da República, envolvendo sobretudo o Executivo e o STF, estão chegando a níveis complicados. Os setores mais reacionários da sociedade estão se aproveitando e pregando o golpismo como solução, de modo cada vez mais escancarado e agregando o máximo de apoios que podem.

O fato perturbador é que não há hoje nem na Europa, nem nos EUA, nem no Brasil, nem em lugar nenhum, alguma ideologia que diagnostique e forneça diretrizes para a transformação da sociedade do ângulo da ética.

Não há receitas mais, como nos sécs. XIX e XX, que tinham liberalismo e socialismo como diretrizes. Porem essas ideologias se esgotaram. Elas tratam da economia política, não da ética.

É diante dessa situação desesperadora que reivindico para o presente livrinho um papel muito especial. Porque nele há essas diretrizes que o Brasil inteiro está hoje buscando.

Ele apresenta um sistema sociológico que, pela primeira vez na história das ciências humanas, se auto-postula como ciência social da ética, desde que essa disciplina foi criada na filosofia grega antiga, por Sócrates.

É um livrinho popular, feito para ser divulgado da maneira mais ampla que for possível. É apenas um resumo, composto de trechos das minhas obras maiores, mas feito com muito cuidado, contendo o necessário para um entendimento claro e organizado dos pontos essenciais.

Seu núcleo fundamental é constituído por uma nova matriz de teoria sociológica, a Socioética (Sociologia da Ética), cujo objetivo é o equacionamento e encaminhamento científico e técnico-operativo da problemática da ética.

O axioma fundamental da nova ciência postula que a ética é resultante dos processos rituais da sociedade e que, para lidar com problemas éticos, é preciso usar a Linguagem Ritual.

O conceito de Socioética está sendo criado aqui no Brasil, estabelecido por nós para a Sociologia da Ética, sendo fruto legítimo da pesquisa brasileira. Desde quando comecei a pesquisa até a data de hoje, 2016, quando estou fechando o presente livro, já transcorreram quarenta anos.

Fique anotado que chegamos ao conceito de modo totalmente autônomo frente ao sociólogo francês Edgar Morin. Encontra-se o conceito em suas obras, porém apenas como um dos componentes do processo moral social, sem constituir nenhum sistema de ciência especial.

Aqui no Brasil, a nova ciência vem sendo realizada como trabalho institucionalmente independente, ainda que diversas pesquisas tenham sido efetivadas em entidades acadêmicas conhecidas, como o Departamento de Ciências Sociais da USP, em São Paulo, onde concluí minha graduação em ciências sociais em 1979; e no Instituto Universitário de Pesquisas, no Rio de Janeiro, onde defendi o mestrado em ciência política, em 1994.

O clamor público exige, em brados como nunca se ouviram antes, que o movimento pela ética não pare, não definhe, ao contrário, que cresça e se torne avassalador.

A imprensa escrita, falada e virtual deixa-nos a todos em permanente sobressalto, com a exibição diária de manchetes e reportagens denunciando um escândalo após outro, sobretudo no âmbito da política e do Estado.

A cada surpresa atordoante segue-se outra, mais atordoante ainda, numa enxurrada que parece não ter mais fim. Onde vamos parar?, essa é a dúvida que atormenta hoje toda a sociedade brasileira.

Todavia, os anos e décadas vão passando e a carência de ética que nos marca de modo tão vil permanece aparentemente sem solução à vista. Afinal, na interrogação que já se tornou emblemática, que país é este? Não é o país onde tudo termina em pizza?

Esse é, pois o quadro deprimente da ética no Brasil. E esse é o problema tenebroso (e grandioso) para cujo enfrentamento a Socioética foi criada.

Qual o diagnóstico que a nova ciência faz da situação brasileira?

Em primeiríssimo lugar, é fundamental afirmar-se com a máxima força e convicção esta