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Crítica A "conhecimento Por Presença: Em Torno Da Filosofia De Olavo De Carvalho"
Crítica A "conhecimento Por Presença: Em Torno Da Filosofia De Olavo De Carvalho"
Crítica A "conhecimento Por Presença: Em Torno Da Filosofia De Olavo De Carvalho"
E-book124 páginas1 hora

Crítica A "conhecimento Por Presença: Em Torno Da Filosofia De Olavo De Carvalho"

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Sobre este e-book

O grande filósofo brasileiro, Olavo de Carvalho, foi apresentado de modo esquemático e brilhante, em publicação do seu discípulo Ronald Robson ( Conhecimento por presença: em torno da filosofia de Olavo de Carvalho ). A resposta crítica a esse trabalho, resposta do autor Pedro Henrique Barreto de Lima, não promissora enquanto objeto de exame no meio olavista, se baseia na tese de que a filosofia olavista é a uma pseudo-iniciação , expressão provavelmente cunhada pelo metafísico francês, René Guénon. Sem desejar ferir susceptibilidades, nem se abster de confessar o teor do estudo, o livro Crítica a Conhecimento por presença: em torno da filosofia de Olavo de Carvalho marcha com desassombro pelas complexidades e sutilezas de uma das filosofias mais influentes da história humana.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento25 de jan. de 2021
Crítica A "conhecimento Por Presença: Em Torno Da Filosofia De Olavo De Carvalho"

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    Crítica A "conhecimento Por Presença - Pedro Henrique Barreto De Lima

    Capítulo I - o que é a pseudo-iniciação?

    Um homem e sua jovem filha estão em um bar-restaurante, conversando de modo distraído e tranquilo. De repente, chega um garçom à mesa com duas taças de martini, Um 'cosmopolitan' para o senhor, diz o garçom pondo sobre a mesa um pedido que pai e filha não haviam requisitado, "e um

    'sex on the beach' para a moça. Cortesia do homem à direita, no bar. Gesto atrevido, mas ainda é possível bufar sem estrondo e seguir em frente; não fosse o bilhete deixado pelo abonador desconhecido, vindo junto com as taças: Parabéns pelos genes, velhote, a tua filha tem saúde!"

    Esse é o sentimento usual, de algo impertinente, que sentem os olavistas ante críticas dirigidas à filosofia de Olavo de Carvalho ou à linguagem convencional do seu meio; isto é, quando o crítico tem a sorte de não se deparar com simples indiferença ou desinteresse.

    Dizem que Pierre Viret, um colaborador de Calvino, foi bem sucedido como missionário protestante pela capacidade de infundir na sua audiência sentimentos de doçura. Eu desejaria que essa fosse a minha posição alcançável, no me dirigir criticamente à

    filosofia olavista. Lamentavelmente, o crítico da filosofia olavista se coloca na mesma posição de certo personagem de filme, vítima da conspiração de gângsteres, homem que levou para passear de carro uma espiã se passando por namorada, chamada

    Heroína; ele um personagem cujo porta-malas fora enchido com a droga heroína. O pobre homem se viu obrigado a alegar, a policiais que o pararam, que não estava fazendo nada mais que levar a Heroína para passear, enquanto a sua namorada dava no pé.

    Eu deixo ao leitor julgar se é possível, em tais circunstâncias, arrazoar com sentimentos de doçura e generosidade.

    A tese central da minha crítica à publicação de Ronald Robson (Conhecimento por presença: em torno da filosofia de Olavo de Carvalho) é a de que o olavismo é uma pseudo-iniciação, exatamente no sentido que o orientalista e metafísico francês René Guénon atribuiu a um fenômeno como o

    teosofismo.

    Importa, portanto, explicar o que é a pseudo-iniciação.

    O principal discutidor do assunto parece ter sido René Guénon, mas o estudo desse fenômeno foi de

    modo similarmente formidável empreendido pelo escritor britânico J. R. R. Tolkien, autor dO Senhor dos Anéis. Guénon retrata a pseudo-iniciação como um mecanicismo que reduz os fenômenos terrestres a engrenagens feitas por mãos humanas; isso contrastando com como no Livro de Daniel a estátua do sonho do Imperador Nabucodonosor (esta um objeto feito por mãos e potencial símbolo da idolatria) é destruída por uma rocha não cortada por mão. A mão significa tanto um ato ou uma atividade, quanto um ato especificamente criador. A redução das coisas a engrenagens, ou à indústria, simboliza um ato criador que se separa

    usurpadoramente de uma ordem ou processo

    natural. Essa separação significa que aquilo que é acidental se separa do que é essencial (embora essência e acidente tenham um vínculo subjacente), e ganha uma espécie de ilusória aparência auto-suficiente. Nessa analogia o que é de criação humana (feito por mãos) corresponde ao acidente cujo vínculo com a essência é obscurecido; o que é de criação divina correspondendo, de outro lado, à essência que contém em si todo acidente latente.

    Uma expressão dessa separação é o chamado

    pensamento metonímico (que toma a parte pelo todo, o aspecto isolado pelo fenômeno em si), conforme bem descreve a filosofia de Olavo de

    Carvalho. Uma outra expressão da separação entre essência e acidente é o tema bíblico da "árvore do fruto do conhecimento do bem [essência] e do mal

    [acidente]".

    O Anel de Sauron, em O Senhor dos Anéis, também chamado the one ring (o um anel); simboliza esse fenômeno da pseudo-iniciação.

    Simboliza a sombra de um conhecimento (ou de uma tradição), sombra que condensa em si os ecos desde um vínculo subjacente com o que é essencial e não sombrio; mas esse vínculo foi de tal modo afastado por um curso degenerativo que restou apenas um cadavérico mausoléu onde outrora existira um palácio real. O anel é um objeto feito por mãos, forjado pelo ato criador de um artífice, e adorna a mão. Assim, o fato de que a narrativa do Sr. Tolkien fala a respeito de o anel ter uma vontade própria, como um ente vivo, de algum modo reflete o tema apocalíptico da imagem idolatrada da besta, que ganha vida (significando o se deixar encorajar e vivificar por aquilo que é falto de essência), ou o tema mitológico de Medusa, cujo olhar torna as pessoas estátuas (isto é, objetos feitos por mãos); significando um efeito hipnótico que torna as pessoas sombras de si mesmas porque refletidoras de uma forma sombria

    ou acidental de conhecimento; um efeito hipnótico cuja expressão política ou massificada é a

    obrigação de comprar e vender com o sinal da besta (a tirania vista desde um ponto de vista espiritual).

    O se tornar uma sombra de si mesmo pelo impacto do acidente separado da essência (efeito-medusa) lembra o preceito de etiqueta segundo o qual "aquele que não sai do lugar-comum [a Medusa figurativa]

    força os outros a se sentir míseros".

    Antes de examinar o que o fenômeno da pseudo-iniciação significa mais detidamente, talvez alguns exemplos particulares ilustrem o assunto.

    Um primeiro exemplo é que o fenômeno do

    espiritismo se notabilizou por propor narrativas sobre a vida no além, ou em outros planetas, que são ofensivamente banais, como meras sombras-repetições da vida terrestre ordinária; dando à impressão terrestre-ordinária das coisas (acidente) a aparência de algo que não supõe um fundo mais universal, ou um vínculo subjacente com algo que ultrapassa o ordinariamente imaginável (esse algo

    corresponde à essência).

    Esse mesmo padrão, no espiritismo, se repete quando os espíritas confundem a noção dos resíduos psíquicos imateriais de falecidos (acidente), correspondendo ao que os gregos antigos chamavam de metempsicose; com o próprio eu de falecidos para além da vida terrestre (essência),

    correspondendo ao que os gregos chamavam

    transmigração.

    Um segundo exemplo é a teologia de Gregório Palamas (séc. XIV), prevalente entre ortodoxos orientais, segundo a qual a inteligência humana tem acesso à energia divina incriada (correspondendo à manifestação e ao acidente), mas não tem acesso à

    essência divina. A valorização da manifestação (acidente), em detrimento de uma essência obscurecida, é basicamente o principal traço do existencialismo, de cuja escola o marxismo é uma espécie; assim restando tanto mais compreensível a incorporação do marxismo em um país ortodoxo

    como a Rússia. Ademais (e na esteira disso), um pastor anglicano chamado Gyordano Montenegro Brasilino deu-me o parecer de que (na sua opinião) a doutrina eucarística calvinista, que supõe a

    presença espiritual e não a presença real de Cristo, guarda uma semelhança estrutural com a doutrina palamista.

    Há ainda o exemplo de certos opinadores públicos soi-disant tradicionalistas, os quais, pressionados a admitir um vínculo subjacente e necessário entre dogma (essência) e moral (acidente), isto é, pressionados a admitir que dogma e moral são termos relativos, como pai e filho, ou grande e

    pequeno, ou agente e paciente, e, portanto, mutuamente prolongados um no outro (porque necessariamente sugerindo um o outro); negam essa relação entre dogma e moral de modo simples. Essa relação entre dogma e moral, no entanto, não apenas está dada na Carta a Flaviano (Papa Leão I, ensino ex cathedra), quando esta fala das testemunhas terrestres de 1 João 5:8 sendo um; em particular o espírito da santificação e a água do batismo (o chamado sacramento da fé); mas está dada no fato de as três testemunhas ou princípios da purificação religiosa (quais descritos na epístola bíblica), espírito, água e sangue, corresponderem seguramente à tripartição dos catecismos em doutrina dogmática, sacramental

    e moral.

    Assim, existe entre o domínio dogmático e o domínio moral a mesma relação, um similar paralelismo, que existe entre um objeto e o seu

    reflexo no espelho. O desvio dogmático que separa da Igreja corresponde a algum pecado; o pecado que separa da Igreja a algum desvio dogmático. O desvio dogmático em potência que não separa da Igreja (heresia material) corresponde a uma condição moral degenerativa ou ao menos desvantajosa em ato (ou de imediato), conquanto secundária em importância, por conta de uma inversão analógica; como aquela pela qual uma imagem no espelho apresenta um

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