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Comentário Aos Segredos De La Salette E Fátima
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E-book261 páginas4 horas

Comentário Aos Segredos De La Salette E Fátima

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Sobre este e-book

As profecias e/ou segredos revelados pela Virgem Maria, de La Salette (França, 1846) e Fátima (Portugual, 1917), são dramática e crucialmente ignoradas pela maioria dos que se alegam católicos, e pela maioria dos que alegam estar familiarizados com essas mensagens. O comentário do autor Pedro de Lima une o desvelamento desconcertante desses segredos a um protagonismo inusitado sobre os eventos concernentes a esses segredos; de modo a demandar a atenção conscienciosa de todo fiel da Igreja.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento12 de abr. de 2022
Comentário Aos Segredos De La Salette E Fátima

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    Comentário Aos Segredos De La Salette E Fátima - Pedro Henrique Barreto De Lima

    Parte I – Comentário ao Segredo de La Salette

    Eu tive dois sonhos no mês de julho de 2021. No primeiro sonho, eu participava de um debate não claramente público ou privado, em certo recinto agradável, com um dos adversários dos Irmãos Dimond; e ao menos um dos Dimond presente; o qual adversário pós-conciliar foi notabilizado por uma alegada sutileza e sofisticação. Sentado eu em uma cadeira, a qual sugere certa segurança ou estabilidade, e guardado eu pelas feições dos beneditinos (isto é, dos Dimond, embora eu não fosse eles) eu principiei a vir ao auxílio dos beneditinos como orador e examinador, e tal com significativa expectativa da minha própria segurança. Embora não pudesse antever ou captar o teor do que eu intencionava dizer, nem reconhecer o seu mérito, o Irmão Michael Dimond me interrompeu na conversação e projetou sobre a minha fala as suas próprias considerações, me tirando o poder de seja continuar na conversação, seja reter a consciência. No momento de consciência seguinte eu me ergui de um leito de madeira (cujo caráter significa a floresta e o seu interior de sombras), não mais seguro e estável, mas paupérrimo e desnutrido, com o nariz inchado e vermelho (e nisso um tanto cômico), tendo eu passado por um exorcismo e sido curado de um demônio. O irmão Michael Dimond, o exorcista, com um gesto natural e irrefreável de amor e alegria me beijou na fronte, como se a vida verdadeira e genuína que eu havia ganho (a qual é representada pela luz do sol advinda do seu apostolado e interior recôndito divinamente inspirado) fosse proporcional à malignidade e ao pesadelo do mal por que eu havia passado, e a evocação de toda capital ou lugar central estivesse confrontada pelo mar turbulento. 

    Por aqueles dias eu procurei examinar o Segredo de La Salette; em particular à luz dos escândalos tão profundos de acobertamento de crimes sexual-clericais alardeados contra o Cardeal Timothy Dolan por uma militância pós-conciliar (Church Militant TV), também alardeados mesmo contra dirigentes e padres lefebvristas; e tentei examinar o Segredo também por causa da cegueira dos falsos tradicionalistas (como os da Church Militant TV) na sua aversão ao sedevacantismo (isso tendo ocorrido pouco antes de publicado o decreto de boicote, recente, ao rito tridentino desde Roma), cegueira ilustrada pela irreverência e convivência tornada natural com o escândalo; porque é difícil não notar da exposição detalhada da perversidade de um clérigo pós-conciliar como o Padre Peter Miqueli (em documentário da Church Militant TV) etc. uma espécie de insensibilidade inadvertida diante do que deveria ser sadiamente apartado do testemunho. 

    Eu comecei a examinar o Segredo de La Salette, e as coisas que descobri (por trás da superfície da mensagem) foram muito mais interessantes, e desconcertantemente explicativas da crise da Igreja, do que eu fora capaz de imaginar. Entretanto, eu intencionei manter esse estudo privado e não o publicar, seja porque eu decidira deixar de ser um opinador público, seja porque quanto diz respeito às dificuldades da Igreja (a mim acessível) eu havia, segundo julguei, de modo suficiente já assinalado e disponibilizado, seja porque esses assuntos sutis ou esotéricos frequentemente são tratados com hostilidade, incompreensão ou indiferença. Eu me senti feliz, portanto, com dar as costas a uma suposta expediência em publicar o estudo, e com mantê-lo apenas ao meu alcance. Sem muito tardar, entretanto, um segundo sonho teve lugar. Neste sonho uma avenida belo-horizontina onde fui estudante de ensino fundamental (Avenida Carlos Luz) se insinuou, como fizera em sonho um número de vezes antes. A palavra avenida significa, etimologicamente, caminho de acesso, e meio para chegar. Essa avenida significa o chegar à salvação da alma, e nos sonhos eu frequentemente falhava em tirar o diploma estudantil da escola, por mais que eu usasse, ou tivesse a mim disponibilizados de modo inusitado, meios extraordinários para entrar nas instalações da escola e de algum modo cursar disciplinas para tentar recuperar o tempo e a aspiração perdidos. Até este último sonho ocorrer eu nunca me dera conta de modo suficiente que essa busca da salvação fora o sentido dos sonhos. Essa constatação, segundo me parece, permanecera basicamente escondida da minha consciência. A esse respeito é significativo que em uma das vezes anteriores eu sonhara que eu usava as instalações da escola para fazer um cursinho de inglês, embora o diploma do cursinho (e não da escola propriamente) não seja  o que é usualmente almejado na escola, isso dando ocasião a embaraço e ambígua frustração. O inglês é associado por mim à ideia de linguagem angélica, de modo subconsciente, embora eu não tivesse me dado conta disso muito claramente antes do último sonho; e o motivo da associação é que eu adquiri muitos anos atrás (como presente de um americano em Nova York) um cartão plastificado bonito com uma oração em inglês e uma imagem de São Miguel, entre outros motivos. 

    O conteúdo do sonho, ocorrido após o primeiro sonho descrito por mim (após o primeiro com o exorcismo e o livramento do mesmo), foi o seguinte: eu tinha a mim insinuada sem explicitude a avenida do aprendizado frustrado. De repente, eu me dirigi à fachada de um recinto corporativo, como quem pretendesse prescindir de um diploma, e fui despedido, como se a posição estivesse acima de mim, e eu não tivesse qualificações, embora eu me sentisse seguro delas, tanto quanto me sentisse seguro do falar inglês (assim como eu me sentira seguro do falar como orador no primeiro sonho), que era a prova por mim intimamente alegada da qualificação, numa alegada oposição do mérito à externalidade. Em outra ocasião, me sentindo indignado, e não tendo achado emprego em outro lugar, eu me apressei diante de um dos executivos da corporação primeiro tentada, na fachada, a demonstrar o meu conhecimento, com a satisfação da certeza do poder convencê-lo do estar aquém de julgar a minha desenvoltura. Ele era um homem de pele muito branca, muito alto e magro, a vestir uma camisa polo vermelha. A sua face era muito bela e elegante, e mesmo (em um sentido indireto ou interpretativo) ligeiramente cômica. Por mais que eu tivesse me atrevido a sugerir como imperativo a minha admissão, eu notava de modo subconsciente que esse homem tinha um ponto de vista a mim inacessível, acostumado e ligado a um mundo de sucesso, refinamentos e meios de ação, que não era o meu próprio, e ao qual eu não poderia legitimamente pertencer. A exposição a essa verdade, muda e quase subconsciente no meio do diálogo com ele, no fundo me tirou a convicção e o senso de orientação, dando às minhas palavras na prática o sentido de formulações (sob certo ponto de vista) vazias e mera ocasião para um desenrolar aquém para a minha consciência. O homem elegante, não tomando conhecimento das razões por mim alegadas, resumiu sua contradição com o resoluto asseverar que o que eu conhecia não valia nada por causa da minha ignorância de como transmitir o meu conhecimento. Ele subiu as escadas externas e sobre a fachada em direção ao interior da edificação da corporação, e eu o segui, ressentido da minha exclusão. No salão que se abriu muitos trabalhadores estavam cumprindo seu trabalho de reparos e apontamentos, passavam pelo homem elegante ou eram sugeridos pelo entorno; parte do soalho estando sob reparo; enquanto ele procurava dirigir a mim a sugestão de que aquele não era o meu lugar, ele com certo embaraço ligeiro no meio da sua natural e superior confiança ou riqueza, sugestiva da minha inferioridade e do meu estar aquém. Eu estava implicitamente convencido dessa sugestão, quando o homem elegante saudou com um gesto gentil, desenvolto, ligeiramente brincalhão e impetuoso, não menos tal do que rápido, uma moça das funcionárias da corporação que passava casualmente por uma das entradas do salão, uma moça simples, bela e ordinária. 

    A princípio, testemunhando a familiaridade e o entrosamento entre os da corporação, que me pareciam de todo estranhos à minha realidade e penúria, eu me ressenti desse testemunho como diante de um sinal mais de uma riqueza e status a mim inalcançáveis. Esse sentimento sendo um prolongamento do meu não conseguir o diploma no passado. Em mim o sentimento da ignorância dos desse meio, a despeito da sua paradoxal legitimidade e superioridade, ainda era uma fonte muda de incompreensão. Então eu me dei conta de modo repentino de quão não premeditado, de quão natural e puro, foi o reconhecer amoroso e o saudar a moça da parte do homem elegante (um gesto tão profundo e bonito quanto a não poder ser apreciado de imediato), e o quanto esse sentimento estava conectado à riqueza e ao dom de que eu carecia, não importa o quanto o homem carecesse de conhecimento em termos absolutos. Daí me ocorreu um verso, que então eu me lembrei de modo vago e incompleto: Gálatas 5:6: Porque em Cristo Jesus nem a circuncisão vale qualquer coisa, nem a incircuncisão: mas a fé que trabalha pela caridade.

    Eu pretendia conseguir o trabalho e ser admitido, mas não conhecia a fé pela caridade, que tem no trabalhar legítimo uma sua propriedade.  E esse trabalhar é um transmitir (não o reter para si o que se conhece, como eu pretendera), segundo a sugestão do sonho, porque aquele homem presumivelmente era o Arcanjo Gabriel (e etimologicamente anjo significa mensageiro ou transmissor), e a moça a quem ele saudou era presumivelmente a própria Virgem Maria, a quem ele saudou antes do nascimento de Jesus. O pensamento retroativo sobre o semblante dela e sua intenção dizia de uma singeleza tão extrema e auto-evidente, tão impensável para o testemunho, quanto a não poder ser mirada sem causar uma profunda e convencida comoção e inclinação de reverência, também quanto a não poder ser descrita sem cometer uma injustiça. 

    Algo curioso a respeito é que logo após esse segundo sonho eu acordei com o meu nariz inchado e dolorido com uma espinha interna que me era impossível aliviar.

    Os dois sonhos, embora não pareçam claramente contínuos; guardam a mensagem do estar aquém discursivo; e receber o testemunho de um amor caridoso que verdadeiramente consiste em um obrar e transmitir a crença; como oposto a um discurso ou conhecimento enganoso que, estático e se pretendendo perfeito no meio da necessidade de aprimoramento, não é transmitido ou não é complementado. É preciso ser um sempre-estudante, para obter o diploma e acessar a perfeição secreta e o cessar subjacente de todo movimento (significado pela singeleza mariana); assim como é necessário profetizar novamente a muitas nações e povos, e línguas, e reis (Apocalipse 10:11) relativo ao gosto amargo do livro angélico no estômago; para ouvir o que disseram os sete trovões pronunciados pelo sétimo anjo (da sétima trombeta) a fim de ter acesso ao término do mistério de Deus (Apocalipse 10:7), que é relativo ao gosto doce do livro na boca. O nariz inchado e vermelho sugere a inconveniência tornada patente, advinda da arrogância perceptiva, porque o nariz é um símbolo de arrogância e de percepção. A cor vermelha é a cor da dispersão, e também de uma indistinção primitiva entre o bem e o mal (Adão, que viveu no paraíso primitivo, significa etimologicamente vermelho), que tem necessariamente de dar lugar ao provar o ouro da fé pelo fogo (1 Pedro 1:7), para revelar a fé como superior ao ouro (porque este corresponde à fé vista de fora ou de modo acidental à revelação preparada, i. e. à vinda messiânica); sendo o fogo um símbolo comum da caridade. Vermelho sugere etimologicamente tanto ferrugem (degeneração ou resíduo e passado) quanto fogo (provação presente), uma ambiguidade que é própria da dualidade do fruto paradisíaco. Gálatas 5:6: Porque em Cristo Jesus nem a circuncisão vale qualquer coisa, nem a incircuncisão: mas a fé que trabalha pela caridade. Assim, o vermelho qual associável ao passado pode corresponder à fé já obtida (ferrugem), e qual associável ao presente pode corresponder ao trabalho caridoso que prova ou confirma a fé obtida (fogo). A circuncisão não valendo nada em Cristo Jesus significa, entre outros, a fé não provada pela caridade (como ensina Santo Tomás etc., a circuncisão é uma figura do batismo, e este é o sacramento da fé), e permanecendo estática; a incircuncisão não valendo nada em Cristo Jesus significa, entre outros, o obrar em detrimento da complementação da profissão de fé (o prescindir do diploma). Porque o meu nariz vermelho no sonho é cômico e da mesma cor vermelha da camisa do homem elegante cômico; existe entre eu e ele uma espécie de paralelismo, em que a necessidade de transmitir está ligada à necessidade de um se reconhecer aquém; mas ao mesmo tempo a uma gratificação recompensadora, o testemunho da singeleza mariana, de um lado, e do  interior recôndito divinamente inspirado do beneditino, de outro. Também o paralelismo se estende a que, no primeiro sonho, a vida verdadeira e genuína fosse proporcional à malignidade e ao pesadelo do mal por que eu havia passado; e o testemunho angélico da singeleza de Maria fosse proporcional ao estar aquém dessa singeleza. O bem e o mal confrontados e carregados de admirável e paradisíaca proximidade, como no aspecto do sonho sobre a evocação de toda capital ou lugar central estar confrontada pelo mar turbulento; o doce na boca e o amargo no estômago do livro ingerido pelo Apóstolo João. 

    Ao falar a respeito do tema da predestinação, Santo Tomás indicou a ideia da necessidade como não podendo ser aplicada ao alguém em particular ser salvo ou condenado; porque a noção de necessidade está, segundo propunha, ligada ao domínio de princípios acima do mundo terrestre e das suas transformações. De outro lado, à necessidade ele não opôs uma liberdade ou caos deixado a si mesmo. Na teologia existe a teologia dogmática, a teologia sacramental e a teologia moral. Se a necessidade corresponde à teologia dogmática, a liberdade corresponde à teologia moral. Se a teologia sacramental é um elo intermediador entre os dois, distinto dos dois mas a eles ligada por um vínculo subjacente e esclarecedor do serem os três um (1 João 5:8), a teologia sacramental tem de corresponder a algo no meio entre a necessidade e a liberdade. Esse meio na filosofia tomista parece ser a infalibilidade (por exemplo, da salvação dos eleitos), marcada pela atuação de uma providência que une justiça (correspondente à necessidade) e misericórdia (correspondente à liberdade). 

    Mas diante da crise religiosa, das heresias e dos escândalos sem precedente da era Pós-Concílio Vaticano II (preditos pelas aparições marianas), por que a infalibilidade da intervenção divina se tornou obscurecida, e os homens imersos nas trevas do erro e do pecado foram tornados em aparência presas inermes de uma espécie de hecatombe espiritual? 

    Essas são precisamente as questões que a Mensagem de La Salette (a Virgem Maria) endereçou. A palavra Salette significa etimologicamente um capacete militar. Na guerra, conforme a literatura atribuída a Sun Tsu, etc., o principal é esconder a própria intenção, para melhor garantir uma vantagem tática sobre o oponente e salvar ou salvaguardar a própria posição. E sucede que a etimologia de capacete (do inglês helmet) significa precisamente esconder, cobrir, salvar. Ademais, como o capacete (que é uma cobertura da cabeça) simboliza a própria cabeça, e significa a inteligência e o sentido inteligido vistos de fora, ou vistos enigmaticamente,  é tanto mais significativo ou desconcertante que a tiara tradicionalmente repousando sobre a cabeça das imagens de Nossa Senhora de La Salette seja uma tiara que se diz de estilo Russo. Esse fato sinaliza um número de sugestões, um deles sendo o da associação (bastante familiar a muitos) da Rússia à guerra e ao militarismo, também a estratégias e táticas militares sagazes inspiradas por pensadores como Sun Tzu (conforme foi notabilizado, por exemplo, pelo desertor e ex-agente da KGB, Anatole Golitsyn) . 

    O grande dragão vermelho (Apocalipse 12:3) que aparece pouco depois da descrição da mulher vestida do sol (esta correspondente à Virgem Maria), foi descrito pelos Dimond como significando o Império Soviético (a Rússia), cuja bandeira era vermelha. É ainda mais embaraçoso a esse respeito que a palavra Rússia signifique, etimologicamente, terra dos vermelhos. Esses personagens apocalípticos (dragão e mulher) são uma clara alusão à mulher e a serpente paradisíacos, e à sua oposição ou inimizade (Gênesis 3:15), como a oposição entre o bem e o mal. Mas a esse respeito há um mistério. Ele consiste no fato de que se Eva, no paraíso, foi tirada de Adão e era uma continuidade dele (ele cujo nome significa vermelho), tem de haver alguma continuidade entre Eva e a serpente, na medida em que o dragão vermelho corresponde à serpente e é vermelho; assim como deve haver alguma continuidade entre a Tiara Russa e os planos marianos. A sutileza dessa continuidade paradoxal será discutida mais adiante no contexto do tema do eclipse solar. É também significativo nessa esteira que um historiador-filólogo do séc. XIX chamado George Vernadsky tenha proposto que a palavra Rússia, em última instância (e tal corroborado, entre outros, pela geografia e etimologia do Rio Volga), remonta e/ou corresponde etimologicamente à noção de água, e que o mesmo acontece com a palavra Roma (os fundadores mitológicos de Roma, Rômulo e Remo, foram achados quando bebês em uma cesta, à deriva, descendo um rio). Ora, Adão (cujo nome significa vermelho) se associa ao Jardim do Éden, éden também correspondendo etimologicamente a água, o Jardim tendo sido descrito como cercado por rios de grande renome. A água, qual exemplificado no batismo, significa certa gratificação ou infusão psíquica sutil. O vermelho, como o batismo, corresponde a uma gratificação primitivo-paradisíaca seguida de uma provação e do trabalhar pela caridade, que esconde o fruto da árvore da vida, deixando-o, no entanto, subjacentemente disponível. Isso é indicado em que Santo Tomás propõe que os antigos pais, incluso e explicitamente Adão, tinham acesso à graça santificante após a Queda (Summa Theologica Pars Tertia, Questão 70, Artigo 4), e ao mesmo tempo esse fato seja controverso, tornado obscuro ou eivado de sutileza (evocando a sutileza da serpente no paraíso). 

    A intenção punitiva de Deus contra os primeiros pais, forçando-os ao pesar e ao labor, foi a de que eles vissem o mal e o acidental na ordem da percepção terrestre ou inferior (como apartado do bem e mais acessível que o bem), para não confundi-lo com o bem (mas mantendo-o distinto); tendo isso como efeito uma apreciação purificada do bem. Essa sutileza dual, que torna bem e mal tão apartados, serve à constatação de São Basílio Magno, de que Não são os nomes [mal e acidente] que nos salvam, mas as intenções e o verdadeiro amor para com o Nosso Criador [bem escondido no labor]. O diploma, tanto quanto o prescindir não laborioso e orgulhoso do diploma (circuncisão e incircuncisão), correspondem ao mal; já o aprendizado amoroso em curso (fé trabalhando pela caridade) corresponde ao bem subjacente no mal aparente. A esse respeito há que se observar que a palavra intenção, usada por São Basílio, sinaliza, etimologicamente, um esforço (ao menos em germe), e portanto um labor. Também é curioso observar a esse respeito o verso de 1 Coríntios 7:19: A circuncisão é nada, e a incircuncisão é nada: mas a observância dos mandamentos de Deus. Em vez de dizer algo como a observância dos mandamentos de Deus é tudo ou é muito, ele torna a noção incompleta justamente (segundo parece) para assinalar a ideia da completude subjacente (ou escondida sob) à incompletude aparente.

    Esse esconder o bem, por meio de um arranjo tático purificador; desde um mal e um perecer escondendo um fundo vivificante sutil; é significado pelos Mistérios Dolorosos, pela figueira evangélica amaldiçoada, pela Duas Testemunhas Apocalípticas (cujo testemunho é por definição em aparência dividido ou incompleto) e também pelo Dragão Vermelho perseguidor. Consequentemente, também é um aspecto dessa ocultação o se esconder em plena vista, de Nossa Senhora de La Salette, no que se refere ao seu se associar sutilmente à Rússia (Tirara), que mais tarde (décadas depois) seria explicitamente referida na aparição mariana de Fátima. A infalibilidade da Providência é levada a cabo por uma exacerbação aparente do mal, por meio do caos aparente deixado a si mesmo. A esse respeito é significativo que Santo Antonio Maria Claret, arcebispo, segundo se diz, tenha atribuído a Jesus a predição de que o comunismo promoveria grandes males contra a Igreja (anos antes de o movimento comunista sequer se tornar um fenômeno político muito destacado ou notório); e Santo Antonio Maria Claret tenha sido um missionário atuando miraculosa e destacadamente em Cuba no século anterior ao da Revolução Cubana. 

    Quando Deus revelou a derrota futura e o cativeiro de Israel nas mãos do império babilônico, Deus afirmou que Ele próprio haveria de lutar contra os habitantes de Israel cercados (Jeremias 21:5), e que o povo de Israel deveria se render aos inimigos. Deus levantou inimigos contra o próprio partido. Na

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