Flávia E Romeo

De T. G. Klohn

Rotinas escolares, hobbies, crushes e um sequestro selam as vidas de dois adolescentes nesta empolgante aventura ficcional que prenderá a atenção do leitor até a última página.

• Idioma: Português
• Editora: Clube de Autores
• Data de lançamento: 12 de jan. de 2016

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THIAGO GUAGLIARDO KLOHN

FLÁVIA E ROMEO

Brasília

2016

© 2016 by Klohn, Thiago Guagliardo

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Editor

 Thiago Guagliardo Klohn

Capa e projeto gráfico

Thiago Guagliardo Klohn

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Clube de Autores Publicações S/A

Rua Otto Boehm, 48, Sala 08, América, Joinville – SC

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Patrícia,

pelo poema que te devia.

Flávia e Romeo

Colégio Arquimedes, aula de Geografia, primeira série do ensino médio. A lista da pesquisa contendo os nomes e a pontuação dos mais bonitos da sala (feita, às escondidas, pelos alunos durante a aula de Química), passava agora, de mesa em mesa, durante a aula de Geografia. Por fim, a folha chegou a Romeo, que não se espantou ao verificar seu nome sendo o primeiro da lista entre os rapazes – as garotas de sua sala sempre deixavam no ar que ele era o mais bonito e mais educado dos rapazes. Mas não era isso que ele queria verificar entre tantos nomes. Gustavo procurava, entre as mais belas, por Flávia. Entretanto, para sua decepção, em primeiro lugar lia-se "Mayara e, logo abaixo, Flávia". De qualquer forma ele sabia que a maioria dos rapazes era apaixonada por Mayara e, por esse motivo, ela deve ter ganho a competição. Mas quem ele realmente queria ver em primeiro lugar era aquela que ele sempre admirou em segredo: Flávia.

"Não é justo! Lógico que era Flávia a mais bonita de todas! Será que os outros não conseguiam enxergar isso nos seus cabelos longos, ondulados e negros (nos dias de calor jeitosamente arranjados a formar um coque), em seus olhos azuis, em sua altura de um metro e setenta, nas suas pernas grossas, em seu busto (que não lhe pareciam nem grandes, nem pequenos demais), na cintura bem definida, nos seus lábios finos, atrás dos quais sempre havia um sorriso espontâneo e puro? – perguntou-se Romeo. E, antes de passar a lista adiante, conferiu mais uma vez a pontuação de Flávia. Ela perdera para Mayara por apenas dois votos. Nada mau!" – consolou-se e, contraditoriamente, sentiu-se aliviado que Mayara tivesse ganho. Isso significava que havia menos concorrência ao coração de Flávia, que sequer imaginava o que ele por ela sentia.

Romeo, 14, era adiantado um ano na escola. Ele cursava o primeiro ano do Ensino Médio em uma das escolas mais caras de São Luís, isso mediante uma bolsa integral de estudos que cobria, inclusive, os custos dos materiais didáticos. Havia um ano que Gustavo, junto com seus pais e irmã, mudou-se do Rio Grande do Sul para a capital maranhense. Seu pai era mecânico de aviões e sua mãe enfermeira. Seus colegas de sala de aula eram filhos de altos funcionários públicos, donos de empresas e políticos.

A diferença socioeconômica, em geral, não prejudicava o relacionamento de Romeo com seus colegas, mesmo ele não podendo opinar sobre passeios de férias para o estrangeiro, jogos de videogames caros, carros importados, etc. Por outro lado, Romeo conquistava a admiração de todos sendo muito aplicado em seus estudos  (principalmente em Inglês) e sendo um devorador de livros. Era dele, entre todos os alunos da escola, o recorde de retiradas de obras da biblioteca. Em casa, Romeo tinha sua própria biblioteca com um total de 114 livros desses, 40 eram sobre aviação – seu assunto favorito. Aos finais de semana, Romeo ajudava seu pai na manutenção de aviões e juntava seu próprio dinheiro lavando e encerando aeronaves particulares. Ele não se importava de gastar parte do seu tempo livre trabalhando, pois, além de gostar do que fazia, com o dinheiro que recebia estava economizando para comprar um aeromodelo de balsa, desses de se construir. Além do mais, ele gostava do prazer de ter seu próprio dinheiro para sair para o cinema ou para comprar uma camiseta, que fosse, sem depender de seus pais, que possuíam ainda uma filha de 4 anos para cuidar.

Flávia, 15, ao contrário de Romeo, era uma menina rica, filha única; sempre estudou nas melhores escolas particulares, estudava inglês na escola de idiomas mais cara da ilha, e piano no Conservatório de Música de São Luís. Mesmo assim era uma pessoa simples e acessível. Sempre muito atenciosa e meiga. Junto com a maioria das meninas de sua idade, Flávia estava na fase de se preocupar com relacionamentos e assuntos afins. Enquanto isso, os rapazes de sua sala, na grande maioria, ainda não tinham sido flechados por Eros, o deus do amor, e o centro de suas atenções estava voltado para atividades de entretenimento.

Os sentimentos que Romeo tinha por Flávia eram cuidadosamente por ele velados. Ele a tinha, simplesmente, como a moça mais perfeita do mundo, mas achava que, por sua posição social, nunca estaria ao seu alcance. Seus círculos de amizades eram diferentes e igualmente os ambientes que frequentavam nos horários extraescolar. Os dois não se sentavam perto um do outro na sala de aula, que possuía lugares marcados para cada aluno, e ele, por mais que desejasse conversar com ela, para conhecê-la e desfrutar de seu jeito agradável, não se sentia seguro para tanto por não saber como e quando abordá-la. Além disso, ele não queria chamar atenção de seus colegas com tal atitude, temendo que eles fizessem algum comentário malicioso a respeito. Mesmo assim, Romeo, certa feita, escreveu um poema para Flávia e o postou em seu sítio de relacionamentos. O poema se chamava Fernanda – nome esse que Gustavo escolheu como disfarce para sua musa:

FERNANDA

Teu semblante tão tranquilo

Os teus gestos tão suaves

Tua voz tão meiga e doce

Teu perfume pelos ares

São mais encantadores que o brilho

Do luar por sobre os mares

Que apaixona aos navegantes

Fascinando-lhes os olhares

Em telas mui habilidoso pintor

E inspirado poeta em seus cantares

Não conseguem por completo

Expressar tua beldade

E é por isso que dizem os passarinhos

Cantando nos pomares

Fernanda

Linda flor

Feliz o homem a quem amares

No perfil de Romeo, no sítio de relacionamentos virtuais, havia o que ele mais gostava, fotos suas dentro de aviões ou fora desses, até mesmo uma fotografia em que ele estava pilotando, e havia o poema que escrevera a Flávia. Nada mais que isso.

Flávia admirava Romeo por tratá-la com muita