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Dependência: Terra sem poder
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E-book300 páginas3 horas

Dependência: Terra sem poder

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Sobre este e-book

Uma erupção solar deixou a Terra sem eletricidade, mas isso será uma inconveniência temporária ou o começo de uma espiral para a anarquia?

O Professor de Belfast, Martin Monroe sabe as respostas, mas conhecido por ser conspiracionista, ele encontrará dificuldades para fazer as pessoas levarem a sério seus avisos de um desastre iminente. Seu único amigo, Simon Wilson, que ainda está lidando com o luto pela morte de sua esposa, é a única pessoa que lhe dá ouvidos.
Lutando contra a burocracia e sua própria falta de confiança, a responsável pelo setor de Comunicações do Governo, Lisa Keenan, tentará ajudar a espalhar as informações, e mesmo contra o protesto de seus colegas, ela convocará a ajuda do professor.
Com uma esposa e um filho recém-nascido em mente, um supervisor de presídio chamado Derek Henderson, deverá decidir suas prioridades e enfrentar as consequências de uma decisão impossível.
Um mundo completamente dependente da tecnologia, e principalmente da eletrecidade, estará a caminho de uma desintegração social irreversível em escala global?

IdiomaPortuguês
Data de lançamento6 de abr. de 2023
ISBN9781667454603
Dependência: Terra sem poder

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    Pré-visualização do livro

    Dependência - Paul McMurrough

    Para meus pais Ann e Eddie: 

    obrigado  

    pelo suporte incondicional 

    e pelo encorajamento durante todos esses anos. 

    CAPÍTULO UM

    Simon pisou para fora do apartamento e deixou a porta fechar atrás de si. Lá dentro, seu telefone, que ainda estava em sua mesa desde a noite anterior, silenciosamente mostrava outra chamada perdida. Ele pressionou o botão para o elevador. 

    O elevador pequeno, com capacidade para apenas quatro pessoas, servia o seu bloco de vinte apartamentos no centro de desenvolvimento da cidade. 

    Três prédios iguais completavam o condomínio fechado, com o rio seguindo seu curso na parte de trás e enormes grades de ferro nas outras três fachadas. 

    Simon entrou no elevador e fixou seu colar no espelho que tinha na parede de interna. Sua jaqueta de caminhada favorita já estava ficando apertada. 

    Ele tinha a estrutura de um jogador de rúgbi aposentado e os dentes de leite de uma criança de dez anos. Assim, desde o começo de seu último esforço fitness, já fazia duas semanas em que ele continuava a fazer sua caminhada matinal até o mercado local e praticar de forma estranha as 'sessões para se acostumar' na academia. Ele havia parado de praticar rúgbi por volta de seus vinte anos e podia contar em apenas uma mão o número de vezes que entrou em uma academia

    nos últimos dez anos.  

    Quando a porta se abriu, Simon olhou para sua vizinha, a Sra. Fleming, entrando no bloco enquanto segurava sacolas de supermercado. Seu brilhoso sobretudo verde apertava seu corpo que um dia fora esguio. Simon apressou seu passo e tentou segurar a porta para ela, mas por uma fração de segundos atrasados ele acabou em uma posição embaraçosa, algo que lembrava a Manobra de Heimlich. 

    Calma lá, garanhão, a Sra. Fleming disse com uma risada, Pelo menos me leve para jantar primeiro.  

    Envergonhado, Simon recuou, ruborizando. Bom dia Janet, você está adiantada hoje. 

    Janet já tinha por volta de setenta anos, ele achava. Uma advogada aposentada que morava sozinha. Ela parecia apreciar o seu desconforto.

    Posso ajudar com suas sacolas? Ele perguntou, gesticulando para suas compras.  

    Não seja bobo, já estou chegando no elevador, mas obrigado. Como sempre, um verdadeiro cavalheiro inglês.  

    O som do elevador a fez correr de forma abobalhada, com seus tênis já gastos fazendo o chão abaixo dela ranger.  

    Vejo você mais tarde, Romeu, ela disse com um sorriso provocativo. 

    Janet ocupou basicamente o elevador inteiro, enquanto a porta se fechava vagarosamente, ela sorriu calorosamente para Simon, dando risadinhas sobre sua própria piada.

    Simon finalmente saiu e se deparou com a luz intensa de uma manhã de domingo. Ele parou logo após a porta e esfregou sua mão em seu rosto para mandar embora a vergonha. Com uma balançada de cabeça e um sorriso, ele começou a andar.

    Foi uma caminhada de dez minutos até a mercearia, fazendo-o admitir que estava gostando de respirar ar puro e de se exercitar um pouco. Antes de iniciar suas caminhadas regulares, ele teria sorte se o Fitbit que sua irmã lhe deu registrasse mais do que mil passos em um dia.

    Sua rota diária o levava da ponte acima da estação de trem até a feira. Mas primeiro, ele tinha que abrir caminho em um dos pontos de ônibus mais lotados da cidade. Em um dia de semana normal, haveria centenas de passageiros sonolentos espalhados pela calçada. Se esgueirar por entre eles se tornou um exercício um tanto quanto instintivo. Mesmo sendo um domingo de manhã, havia pelo menos oito ou dez pessoas no abrigo do ponto de ônibus.

    Simon balançou sua cabeça em profunda tristeza, observando que cada par de olhos ali estavam fitando seus respectivos celulares ou tablets. Em qualquer outro dia ele estaria sendo um hipócrita, mas domingo era um ‘dia desligado’ auto imposto para ele; sem celular, sem internet e sem televisão. Então, hoje, como um não-usuário de celular, ele poderia resmungar o quanto quisesse sobre como essa atual geração está perdida. 

    Hoje, no entanto, não eram apenas os jovens que estavam afundadas em seus celulares, mas todo mundo que ele encontrava pelo caminho tinha sua atenção voltada ao aparelho, algumas delas até partilhavam em grupos.

    Ele balançou sua cabeça negativamente. Uma geração de robôs, ele pensou.

    Simon chegou no ponto de ônibus logo quando um dos novos modelos híbridos estava saindo. Novamente, cada passageiro tinha seus olhos vidrados nas telas dos celulares, exceto uma garota que de chapéu vermelho que acenava para seu amigo do lado de fora. O rapaz respondeu com outro aceno, um sorriso e jogou um beijo. As memórias inundaram a mente de Simon. Seu coração se despedaçou e seu olhar desamparado procurou seus sapatos. Ele pôde sentir uma lágrima querendo escorrer. Por vezes, ele via, ouvia ou até mesmo sentia algo que transbordava uma tristeza inimaginável dentro dele.

    Um beijo jogado foi a última coisa que sua esposa havia feito, enquanto ela aguardava no sinal após tê-lo deixado na esquina. Eles trocaram caretas, enquanto ela esperava pelo sinal verde e ele pela permissão da figura verde no semáforo para atravessar na frente dela. Ela ganhou. Assim que o sinal ficou verde, ela lhe jogou um beijo e acelerou o carro.

    O carro andou menos de seis metros até que uma derrapante vã colidiu no mesmo lado em que ela estava. A vã arrastou o carro até amassá-lo contra um poste. O som do metal, dos gritos e choros de quem estava por perto continuam a fazê-lo acordar durante algumas noites. Sarah morreu na hora.

    Eles se apaixonaram rapidamente e sonhavam com um longo e feliz casamento. Estavam juntos há dois meses.

    De vez em quando, ele desejava estar no carro com ela. A vida sem ela parecia sem sentido.

    O motorista da vã confessou depois que estava distraído com seu celular e o declararam culpado por direção perigosa. Já fazia quatro meses que ele estava preso, em uma sentença de três anos.

    Enquanto ele se aproximava da mercearia, Simon afastou seus pensamentos. Ele era um freguês assíduo da mercearia, particularmente pelas últimas duas semanas. Um pouco maior que as lojas convencionais, a Owens’ Groceries vinha servindo a comunidade local por pelo menos quinze anos. Aberta por Seamus e Ethna Owens, marido e mulher, a mercearia era administrada pelos dois até Ethna morrer há alguns anos atrás. Seamus ainda tomava conta do lugar, mas parecia sentir a pressão da concorrência das lojas no centro da cidade.

    Quando ele virou a esquina, dois adolescentes passaram voando por ele, fazendo-o parar e enrijecer.

    Os adolescentes saíram correndo da mercearia, da qual o Sr. Owens agora emergia, com o rosto vermelho, gritando e armado com um porrete intimidador. A arma realmente era ameaçadora. Com 50 centímetros de madeira bruta envernizada e polida, era algo que certamente provocaria muito dano, independente de quem fosse seu portador.

    Apareçam aqui de novo e eu vou quebrar suas malditas pernas, seus moleques desgraçados. Os palavrões não pareciam combinar com o Sr. Owens, mas ele já estava cansado dos furtos.

    Simon se aproximou, timidamente, Está tudo bem, Seamus?

    Esses merdinhas têm roubado minhas coisas por semanas, ele fungou, apontando para dentro de sua mercearia. Se eu pego um deles, vou partir o seu crânio ao meio.

    Você já ligou para a polícia?

    Não tem porquê Seamus disse, voltando para dentro da loja, com a perna esquerda se arrastando levemente como uma memória indesejada de seu derrame há alguns atrás.

    Apesar de sua idade, Simon podia dizer que ele foi um homem saudável e robusto em seus melhores dias, e julgando pelo nariz quebrado, um boxeador também. Seu nariz ficava logo acima de um bigode branco de pontas viradas para cima, que fazia Simon rir toda vez que pensava que um dos membros do Village People havia se aposentado e aberto uma loja de esquina.

    A loja, ou melhor, Seamus, tinha um distintivo e desagradável cheiro que lembrava Simon o cheiro do sabonete Pears. Aquela barra oval translúcida de cor amarelada que todo parente mais velho parecia ter em seu banheiro quando ele era mais novo.

    O que você acha disso? Seamus disse, apontando para a TV no canto acima da caixa registradora. Eles não se decidem se está morto ou não.

    Quem? O que aconteceu? Simon perguntou, olhando para a TV, com a testa franzida.

    Eles atiraram no Trump noite passada, o dono da loja respondeu, enquanto Simon lia o enunciado da manchete que passava.

    Que merda, quando isso aconteceu? Eu não ouvi nada sobre isso, Simon disse, encarando de olhos arregalados a TV antiga enquanto lia vários trechos de reportagens que passavam pela tela.

    Noite passada, lá pelas quatro da manhã no horário daqui, Seamus respondeu.

    Simon agora se arrependia de não estar com seu celular. Ao invés disso, ele recebia um resumo generoso dos eventos ocorridos por meio de um empolgado Seamus.

    Há uma hora atrás, eles disseram que ele estava morto, agora estão dizendo que ele está em estado crítico. Eles nem sabem o que está acontecendo, ele disse, então balançou a cabeça em direção aos repórteres e apertou o controle com força até encontrar um jornal que fosse de seu gosto. Cada canal estava com sua programação normal interrompida com plantões de notícias próprias.

    Estão dizendo que foi um dos caras do serviço secreto, disse uma voz atrás deles.

    Outro cliente havia entrado enquanto Simon e Seamus prestavam atenção na TV. Simon havia visto essa pessoa algumas vezes, mas só conversaram em uma única oportunidade, que foi quando estavam se protegendo de uma tempestade. Eles nem mesmo sabiam o nome um do outro, mas ele escutou Seamus o chamando de Derek.

    Ele se juntou a eles, se impondo diante dos dois enquanto focava sua atenção na TV.

    O traje de Derek estava bem mais casual do que das outras vezes que Simon o viu. Ele geralmente estava de barba bem-feita, usando roupas formais com sapatos lustrados quase tanto quanto possível. Nessa ocasião, ele vestia jeans e um moletom cinza, e seu rosto aparentemente cansado traía sua aparência vibrante habitual, com sombras escuras profundas abaixo dos olhos. 

    A internet já está formulando outras teorias também, Derek adicionou, Eu acho que ele já era, e estão tentando ganhar tempo para descobrir o que fazer e como dar a notícia.

    É, eu não ficaria surpreso, Seamus disse, finalmente escolhendo um canal e descansando o controle sobre o balcão.

    Os três homens permaneceram em silêncio.

    Eu só vou pegar algumas coisinhas, disse Simon, erguendo um jornal que não dizia nada sobre o incidente, já que as primeiras impressões saíram bem antes disso acontecer.

    Ele pagou pelo jornal, um bolinho de amora e saiu, deixando Derek e Seamus debatendo sobre os eventos recentes.

    Em seu caminho de volta para casa, Simon estava mais compreensível quanto a fissura das pessoas em seus celulares, mas ver um motorista vidrado no aparelho enquanto dirigia o enfureceu.

    Simon jogou seu casaco no encosto da cadeira e pegou o controle remoto da TV. A programação normal havia retornado, mas as manchetes continuavam a todo vapor na parte inferior da tela, ao menos no primeiro canal que apareceu, o qual mostrava um programa de culinária. Um gráfico circulava pelas manchetes principais.

    O Presidente dos Estados Unidos foi baleado em um banquete no clube de golfe – condição desconhecida.

    Logo após, A Casa Branca diz que informações sobre possível morte estão incorretas.

    As manchetes continuavam a rolar em um loop interminável;

    O grupo terrorista ISIS reivindica a responsabilidade pelo assassinato do Presidente Americano, Trump está vivo ou morto? Quedas de energia generalizadas são esperadas essa noite, Wall Street suspenderá as negociações nessa segunda-feira. 

    Simon mudou para a Sky News. O apresentador estava acompanhado de experts em política e segurança, cada qual dando sua opinião sobre o acontecimento baseados nas poucas informações disponíveis.

    Por meio de satélites, correspondentes eram contatados em Washington e Seattle, onde o atentado aconteceu, trazendo informações conflitantes o tempo todo.

    Ele aumentou o volume e sentou-se no braço da cadeira, ansioso para ver o que tinha perdido.

    ‘... o hospital se recusou a comentar sobre o rumor da morte do Presidente, apenas confirmando o óbvio. Eles não darão mais nenhuma atualização sobre sua condição. Como sabemos Kay, uma funcionária da Casa Branca tweetou novidades sobre a morte do Presidente, mas deletaram em poucos minutos. O tweet oficial era sobre um erro administrativo desastroso. Poderia esse ser um desfecho estranho para uma presidência tão conturbada? Quem fala é Joy Little, do Hospital Larsson Memorial em Seattle’.

    O apresentador anunciou uma repórter que estava na Casa Branca.

    ‘Bom dia Kay, aqui ainda está um caos, o Secretário da Casa Branca se recusa a falar com qualquer um da imprensa, é um verdadeiro pandemônio. Desde o tweet publicado alegando a morte do Presidente e sua subsequente exclusão dez minutos depois, não houve nada oficial sendo divulgado. Em todos os meus anos em Washington, nunca havia visto tanto pânico e confusão.’

    A repórter repetiu os acontecimentos e o ciclo de debates e argumentos começaram novamente no estúdio.

    Simon foi até sua mesa, a qual ficava em uma pequena alcova ao lado de uma enorme janela que mostrava uma grande parte do rio marrom escuro. Ele apertou um botão e o barulho familiar de seu computador sendo ligado preencheu a sala enquanto seus três monitores ganhavam vida.

    Cada tela mostrava diferentes programas e portais de análises financeiras que estavam programados para abrirem junto à inicialização do computador. Com poucos cliques ele minimizou todos eles e abriu uma nova guia em seu navegador.

    Interessado em saber o que a internet estava dizendo e satisfazer uma certa curiosidade mórbida, ele procurou sobre imagens do atentado. Nessa era tecnológica, era impossível que não houvesse nenhum registro visual sobre um evento tão importante.

    Os canais jornalísticos mais famosos não mostravam nada visual sobre o evento, mas com certeza haveria outras fontes ou cópias por aí.

    Simon sempre lutou contra essa vontade de assistir vídeos como esses. Assistir cenas violentas ou mortes brutais em filmes era uma coisa, ele sabia que era pura ficção; efeitos especiais e maquiagem, mas assistir algo mostrando pessoas reais nessas situações aterrorizantes, tinha um certo efeito. Havia um sentimento de culpa ou vergonha em reduzir um episódio significativo da vida de alguém em um momento barato de entretenimento.

    Havia sempre o argumento que eram reportagens para o público interessado, mas ele sabia que na verdade era apenas uma forma de satisfazer uma curiosidade inata voyeurística.

    Alexa, me prepare um chá, Simon comandou enquanto ele buscava alguma coisa na internet, e então o som inconfundível do plug sem fio da cozinha se fez ouvir logo após suas palavras. 

    Uma busca rápida apresentou milhares de potenciais vídeos sobre o atentado. A maioria era clickbait, apenas sites usando do acontecido para atrair pessoas para seus próprios conteúdos, mas ele achou um que era genuíno. Ele iniciou o vídeo, o qual mostrava uma multidão em frente ao palco onde se encontrava em pé a figura singular do Presidente Trump fazendo um discurso.

    Não, Simon estremeceu diante a tela, com sua consciência ganhando de sua curiosidade. Se eu assistir, nunca mais esquecerei disso. O vídeo do atentado desapareceu com um clique em seu mouse.

    Fechando a janela, ele começou a passar um café.  Retornou com seu bolinho de amora e um Americano em sua caneca favorita de Game of Thrones.

    Ele sentou-se em sua cadeira e pegou seu celular, desgrudando-o do carregador sem fio. As notificações indicavam treze chamadas perdidas, seis novas mensagens e doze correios de voz.

    CAPÍTULO DOIS

    ––––––––

    Lisa Keenan sentou-se na borda do sofá, com os joelhos levantados, encapsulada confortavelmente em sua familiar camisola. Seu último encontro às escuras da internet havia indo embora, e só o que restou foi seu perfume. Uma memória repentina do encontro veio à tona e a fez arrepiar-se.

    Ela se deleitava em confiança, embora se lembrasse de sua mais recente avaliação de trabalho. Balançando sua cabeça, ela pensou, Me tira do sério que aquele idiota me descreveu como molenga! Eu sou qualquer coisa menos molenga, caralho!

    Escovando um chumaço avermelhado de cabelo para longe de seu rosto, ela mudava de canal com velocidade. Nessas horas, em um domingo, ela poderia estar indo para a missa, muito mais por força do hábito do que devoção, mas hoje não.

    A repentina vibração de uma mensagem de texto a despertou de seus devaneios sobre a noite anterior.

    SCTC: Todo o pessoal de plantão deve se apresentar em seus escritórios designados imediatamente. Responda com o consentimento e o horário estimado para suas respectivas chegadas.

    Que saco.

    Como uma oficial de comunicações para o Escritório Executivo do Governo Local, Lisa era a responsável das nove às cinco por todas os comunicados de imprensa, anúncios urgentes e conteúdo nas redes sociais. Ela achou que passaria despercebida quando se voluntariou para o plantão dos conteúdos do Setor de Conselho Técnico-Científico, o corpo emergencial que era ativado para noticiar crises nacionais ou locais. A única vez em que ela recebeu uma mensagem de urgência antes dessa acabou sendo um exercício de treinamento.

    O que um assassinato nos Estados Unidos tem a ver com a gente? Ela pensou. Mas isso estava além do que ela era paga para fazer, então apenas respondeu a mensagem e foi tomar um banho.

    Quarenta minutos depois ela já estava mostrando suas credenciais para o segurança no portão do escritório, dirigindo o seu Volkswagen Beetle amarelo nas vagas destinadas aos funcionários. Pela primeira vez ela pôde escolher onde estacionar.

    Barry Greer, seu gerente, havia chegada um pouco antes, e quando a viu se aproximando, ele aguardou e segurou a porta.

    Bom dia Lisa, ele disse, olhando para cima. Lisa não era particularmente alta, mas tinha com certeza uns quinze centímetros a mais que Barry, o que o deixava mais ou menos na altura de seu peito, situação da qual ela já havia percebido que ele tirava vantagem.

    Espero que não tenha planejado nada para hoje.

    Na verdade, não. E você? ela perguntou, admirada em como o cabelo de alguém poderia ser tão oleoso.

    "Só um dia de ‘Netflix and Chill’," ele respondeu.

    Ela olhou para o lado querendo esconder uma risada; ela tinha certeza de que ele não sabia o real significado sobre isso, mas não seria ela a explicar.

    Mas então, o que é que temos aqui? Mais um dia de exercícios? ela perguntou, enquanto andavam juntos até o escritório.

    Acho que não, ele disse. Eu geralmente sou avisado antes de qualquer treinamento.

    O assassinato de Trump então? ela perguntou, com a testa franzida. O que isso tem a ver conosco?

    Não faço ideia, Barry respondeu de forma um pouco seca. Farei algumas ligações. Ele não gostava de ser questionado por subordinados quando não tinha as respostas. Barry era um bom chefe pela maior parte do tempo, mas ele conseguia mudar isso em um estalar de dedos, entrando no ‘modo cuzão’ como o pessoal gostava de chamar. Isso ocorria mais regularmente quando algum superior estava por perto, particularmente quando ele estava dando sermão em algum funcionário do sexo masculino.

    Pegue o que precisar pegar e me encontre na sala de reuniões 2, ele instruiu, enquanto entrava em seu minúsculo cubículo que chamava de sala e fechava a porta. 

    Lisa colocou sua bolsa em cima de sua organizada e um pouco pequena mesa, onde tudo estava arrumado de forma lógica.

    Canetas e lápis estavam em um suporte de plástico, junto com um

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