Psicofísica E Métricas De Subjetividade
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Psicofísica E Métricas De Subjetividade - Marcelo Fernandes Costa
Psicofísica e Métricas d e Subjetividad e
Prof. Dr. Marcelo Fernandes Cost a
Professor de Psicofisiologia Sensoria l Livre-Docência em Psicologia Sensorial e Percepçã o Mestre e Doutor em Neurociências e Comportamento da US P
São Paulo, Maio de 202 0
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Copyright © by Marcelo Fernandes Costa, 202 0 Cap a
Marcelo Fernandes Cost a
Revisã o
Marcelo Fernandes Cost a
Nenhuma parte do conteúdo deste livro poderá ser utilizada o u reproduzida em qualquer meio ou forma, seja impresso , digital, áudio ou visual sem a expressa autorização do autor . (Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998) .
Vendas agBook s
https://www.agbook.com.br / M314 Costa, Marcelo Fernandes, 1974 – Psicofísic a
e Métricas de Subjetividade/Marcelo Fernandes Costa – 1 . ed. São Paulo, Edição Independente, 2020 .
151p.; 21c m
Inclui Bibliografi a
ISBN: 978-65-00-03437- 0
1. Introdução à Psicofísica. 2. Teoria da Medição e a Psicofísica. 3. Psicofísica Clássic a
I. Títul o
CDD 152. 1 CDU 159. 9
Contatos - email costamf@usp.br/ telefone: 11 3091191 8
Dedicatóri a
"Dedico este livro à minha espos a Rita Costa, que canta e encant a
minha vida, me apoiando com su a existência ao meu lado ,
e aos meus filhos Arthur e Edgard , aos quais espero que vivencia r
tanto trabalho e dedicação lhe s sirvam de inspiração. "
Fundamentos Psicofísica e Métrica Subjetiv a
Apresentaçã o
APsicofísica é a ciência psicológica que estuda a relaçã o métrica funcional entre as dimensões físicas e a s
dimensões subjetivas destas decorrentes. Esta é, no entanto , a definição original, cunhada há mais de 150 anos po r Gustav Fechner, nas origens da disciplina. Ao longo de se u desenvolvimento filosófico, teórico e científico até os dia s atuais, pequenas, mas fundamentais modificações em su a definição foram elaboradas, refinando e aprimorando o s fundamentos e aplicações desta área da Psicologia. Muita s destas definições ainda estão presentes em textos clássicos e nos livros de Psicologia Sensorial e Psicologia Fisiológica , porém, nos cabe aqui a responsabilidade de trazer o estad o da arte desta ciência psicológica .
Certamente, o aspecto mais fundamental que dá bas e para toda a Psicofísica e, em verdade, para muitos do s processos de medição, foi e continua sendo, o uso do própri o homem como instrumento de medida. Desde a concepçã o conceitual até aos processos e técnicas psicofísicas , colocando o homem como elemento central, as medida s psicofísicas permitem a obtenção de dados quantitativos d e altíssima precisão, quando devidamente empregados .
Iniciamos nossa jornada com uma visão histórica qu e busca aprimorar o entendimento mais profundo da orige m desta disciplina, seu desenvolvimento enquanto área d a Psicologia Clássica, bem como sua influência, contribuição e pertinência na Psicologia Moderna. Assim, o início dest e livro se destina a apresentar criticamente, os elemento s
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históricos da psicofísica e suas personalidades, seguido po r um capítulo sobre medidas e mensurabilidade, introduzind o os princípios filosóficos e metodológicos que busca m desmitificar a (im)possibilidade de se medir evento s subjetivos de qualquer natureza .
Os demais capítulos servem de unidades didática s destinadas à apresentação gradual dos termos, conceitos e de como a Psicofísica aborda metricamente questõe s fundamentais para o entendimento dos comportamentos e processos mentais, objetos de estudo da Psicologia, como su a definição. Dentro de cada unidade didática, apresentaremos , além dos princípios teóricos e metodológicos, aplicações e perspectivas da evolução destes assuntos para os dia s atuais. Fechamos cada unidade com uma lista de leitura s complementares, como forma de ampliação dos fundamento s apresentados na disciplina e de ilustração do estado-da-art e da área na investigação de mecanismos sensoriais e perceptuais básicos para a formação da consciência, be m como da aplicação da medida psicofísica em diversas área s como saúde, educação, artes etc .
Embora a Psicofísica faça parte das disciplinas qu e originaram o que, atualmente, conhecemos com um nom e mais amplo de Psicologia Experimental, ainda detém u m papel central nas áreas básicas e aplicadas da Psicologia . Seu desenvolvimento e aplicações constantes por mais de u m século e meio atesta sua real e atual importância , solidificando o uso do homem como instrumento de medida , e para o estabelecimento da Psicologia como uma Ciência d e Relações Objetivas
, moderna e baseada em evidências .
Prof. Dr. Marcelo Fernandes da Cost a
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Fundamentos Psicofísica e Métrica Subjetiv a
Índic e
Capítulo I - Introdução à Psicofísica......................................... 7
História da Psicofísica................................................................ 1 2
Capítulo II - Teoria da Medição e a Psicofísica.........................3 9
Instância Científica da Medida Psicológica.............................. 4 3
Capítulo III - A Psicofísica Clássica.......................................... 4 9
Conceito de Limiar..................................................................... 5 0
Metodologia Psicofísica Clássica................................................5 9
Métodos Adaptativos.................................................................. 7 0
Capítulo IV - Análise de Decisões..............................................8 3
Dispersão Discriminativa.......................................................... 8 4
Teoria de Detecção do Sinal....................................................... 8 5
Capítulo V - Escalonamento Psicofísico.................................... 9 7
Tipos de Escala........................................................................... 9 8
Lei de Fechner............................................................................ 10 6
Lei do Julgamento Comparativo................................................10 8
Lei de Stevens.............................................................................11 6
Comparações Entre Métodos..................................................... 12 5
Evolução das Escalas de Razão................................................. 12 9
Apêndices.................................................................................... 13 7
Referências..................................................................................13 9
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CAPÍTULO I
INTRODUÇÃO À
PSICOFÍSIC A
Gustav Theodor Fechner (1860) ao publicar seu livr o Elemente der Psychophysik tinha como propósit o
divulgar seus estudos sobre as relações constantes o u legítimas
entre o mundo material e o mudo espiritual , entre os mundos físico e menta l
"…has up to now remained merely a field for philosophica l argument without solid foundation and without sur e
principles and methods for the progress of inquiry". (Fechner , 1860 )
Neste período, os temas relacionados às experiência s subjetivas como as sensações, as percepções, o reconhecimento, a memória, as tomadas de decisões era m exclusivamente do domínio da filosofia. Em estabelecend o formas de se estudar sistematicamente as relações entre o mundo físico e o mundo privado, subjetivo, na verdade , Fechner estava contribuindo para o desenvolvimento de um a disciplina que atualmente, é conhecida como Psicologi a Experimental .
Os princípios filosóficos postulados por Fechner par a 7
Fundamentos Psicofísica e Métrica Subjetiv a
sua teoria Psicofísica envolviam dois níveis de acesso à à experiência consciente, os quais ele próprio chamou d e psicofísica externa
e psicofísica interna
. Brevemente, a Psicofísica Externa envolvia a relação estudada pelo seu s métodos psicofísicos, hoje chamados de Métodos Psicofísico s Clássicos, os quais, medindo as relações entre mundo físic o (por exemplo, um estímulo sonoro) e mundo menta l (habilidade do participante em detectar um som) , derivariam as leis que regem estas relações. No entanto ,
Figura I.1: O conceito teórico de Fechner sobre psicofísica. A Psicofísic a Externa foi assumida ser a relação obtida entre aspectos do mundo físic o e fenomenológico com base na descrição e controle dos estímulos. A Psicofísica Interna era um conceito puramente teórico que baseado no s achados de psicofísica externa, buscava inferir as leis de processamento e transformação dos estímulos pelos processos e funções neurais e a s sensações produzidas. Adaptado de (Ehrenstein & Ehrenstein, 2000) .
esta relação entre os estímulos físicos e as sensaçõe s reportadas eram plenamente operacionais e ignoravam a fisiologia mediadora. A Psicofísica Interna, na época, apena s um postulado teórico, regia as relações entre a os processo s cerebrais produzidos pelas energias físicas e os relatos da s experiências subjetivas (Scheerer, 1992) (Figura I.1) .
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Entendemos na atualidade, que o conceito teórico d e Psicofísica Interna do postulado teórico de Fechner, n a verdade, estava antecipando as leis entre fisiologia cerebra l e a atividade consciente da mente, campo dominado hoj e pelas áreas de Psicologia Fisiológica e Neurociênci a Cognitiva. Já a relação entre estímulo físico e atividad e fisiológica é explorada pelo campo da Psicofisiologia . Recentes avanços tecnológicos como potenciais evocado s relacionados a eventos (em inglês, ERPs) e técnicas d e imagiamento cerebral como a Ressonância Magnétic a Funcional (e, inglês, fMRI) representam um avanço e um a sofisticação tecnológica que permite que as áreas d e Psicologia Fisiológica e Neurociências Comportamentia s
Figura I.2: Concepção moderna da Psicofísica. Com o avanço de método s neurofisiológicos, a atividade neural periférica e central pode se r registrada e medidas objetivamente, permitindo, assim, as comparaçõe s quantitativas entre psicofísica e os correlatos neurais da percepção . Adaptado de (Ehrenstein & Ehrenstein, 2000) .
avancem no estudo científico da Psicofísica Interna .
O quadro atual do estudo sistemático e quantitativ o da consciência, Psicofísica Externa, se desenvolveu muit o desde o período vivido por Fechner. No entanto, sua teoria e
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Fundamentos Psicofísica e Métrica Subjetiv a
métodos continuam atual e dos mais relevantes. A evoluçã o da Psicologia Fisiológica, Cognitiva e da Neurociênci a Comportamental, juntamente com a evolução da Psicofísica , nos permitem ter acesso ao tripé necessário para o entendimento científico da origem ontológica e processos d a consciência humana (Figura I.2) .
Os processos mentais que ocorrem entre as instância s física, neurofisiológica e fenomenológica são importante s para o entendimento do curso do processamento d a consciência. A resposta associada à consciência necessit a passar por, pelo menos, duas instâncias: 1. a transdução d a informação por padrões de energia do mundo físico e m atividade neural; 2. e esta atividade neural tem que ser fort e o suficiente para gerar atividade mental consciente e é a í que aparecem as decisões e os julgamentos sobre a s respostas .
Figura I.3: Modelos de resposta ao estímulo em psicofísica. (a) U m modelo clássico tem que o estímulo provoca uma sensação que é diretamente traduzida em uma resposta precisa. (b) Um modelo mai s moderno reconhece que pode haver processos de decisão e julgament o humano envolvidos na tradução da sensação em uma resposta (um pont o de dados) e, portanto, há pelo menos dois estágios e dois processos par a estudar. Adaptado de (Lawless, 2013) .
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Para situações experimentais muito simples, podemo s também adotar uma concepção simples de interpretação e considerar que o processo psicofísico mede a tradução entr e estímulo físico e as sensações e que estas últimas, sã o idênticas às respostas obtidas (Figura I.3 – a). No entanto , mesmo para situações de alta simplicidade, podemos ter u m mínimo de efeito do critério do sujeito, uma vez que h á sempre um julgamento envolvido. Este efeito é muito mai s evidente quando estamos realizando experimentos de maio r complexidade e envolvendo medidas de atributos abstrato s como conceitos, atitudes, valores etc .
Desta forma, mesmo com os controles experimentai s desenvolvidos por Fechner para a Psicofísica Clássica e aprimorados pelos Métodos Adaptativos, devemos